CAPÍTULO 17 - Esse assunto não acabou.

Raul sai arrasado do apartamento de Liz, ela disse não sentir nada por ele, e se já sentiu, ele fez questão de mostrar que não valia a pena tentar um relacionamento com ele. Ele vai para casa, sem nem mesmo ir no apartamento da mãe. Não consegue esquecer aquela boca, aquele corpinho, aquele bumbum bem desenhado. Como queria ter outra chance de fazer amor com ela, talvez fosse apenas uma atração física, mas por qual motivo ele não conseguia deixar de pensar nela.

Ele não queria mais comparar ela com Cecília, isso era injusto com as duas. Cecília era meiga e carinhosa, doce e tímida, ousadia não fazia parte do seu dicionário, mas com o seu jeitinho lhe dava prazer, Betina e Pedro eram o fruto desse amor, mas ela não estava mais ali. A sua ruivinha era um furacão, ousada, safada e despudorada, assim como doce e carinhosa com as crianças. Liz tinha de tudo um pouco, era divertida e atrevida e seria uma ótima amante assim como uma ótima mãe, mas ele conseguiu estragar tudo.

Cecília foi o seu grande amor, ele a respeitou enquanto estiveram juntos, ela continuaria sendo a mãe de seus filhos e o seu primeiro amor, mas talvez ele merecesse uma chance para um novo amor. Mesmo que esse novo amor não fosse a sua ruivinha, foi ela quem lhe despertou esse desejo de amar de novo.

...

Na sexta feira Liz decide sair para dançar com Sandro e alguns amigos. Sandro estava no apartamento dela, ele estava sem carro e Liz seria a sua carona para a boate.

Estavam se arrumando quando Glória chega no apartamento de Liz.

— Pelo jeito a noite será animada.

— Vamos Glória com a gente — Sandro a chama, lhe dando um abraço.

— Você está doido, já passei dessa idade, agora eu só quero curtir os netos e viajar no futuro.

— Glória, você é linda, fofa e muitos coroas irão se apaixonar por você. — Glória ri das palavras de Sandro.

— Onde está o namorado?

— Viajando, começamos a namorar agora e ele já inventou uma viagem para ir. Preciso ficar de olho, pois é muito lindo para deixar dando sopa.

— Então, vamos?

— Uau!!! Que ruiva mais linda é essa?

— Se Raul te ver assim ele vai ficar louco.

— Sinto muito Glória, mas acredito que se eu aparecer totalmente nua na frente dele fingirá que não está me vendo.

— Liz, tenha paciência com ele...

— São dois teimosos Glória, só estão perdendo tempo.

— Vamos Sandro, pois hoje quero encontrar alguém para namorar, daqui a pouco até minha boca volta a ser virgem.

— Divirtam-se, e Liz se comporte. — Glória abraça Liz — Eu conheço o meu filho e sei que ele gosta de você.

Liz sorri, mas prefere não responder.

Quando chegam na boate Liz logo vai para a pista de dança, ela não gostava de bebida alcoólica e só ficou na base dos coquetéis sem álcool. Há muito tempo não divertia tanto e até encontrou um loirinho para beijar na boca, ele ficou a secando a noite toda, mas quando ele a chamou para sairem da boate ela optou por não ir, estava se sentindo em paz sem ir para a cama com alguém apenas por ir.

Chegaram de madrugada em casa, Sandro dormiu no apartamento dela como gostava de fazer quando tinha oportunidade.

Eles acordam cedo, mesmo Liz estando com muito sono, Sandro precisava ir embora cedo, pois precisava ir para a academia onde trabalhava como gerente. Enquanto tomam o café da manhã Raul volta a ser o assunto.

— Vocês dois são dois cabeçudos. Tá na cara que você está amarradona no Deus grego e ele arrasta um bonde por você.

— Você está vendo coisa onde não existe.

— Vocês que parecem dois adolescentes, com birrinha de quem vai ceder primeiro.

— Eu só faltei desenhar para ele que eu estava afim, mas nem assim ele entendeu. Veio com uma desculpa de eu ter namorado, além disso tem aquela cobra loira.

— Vocês estão perdendo tempo como eu já disse. Agarra logo esse homem, o leve para o quarto tranque a porta e jogue a chave fora e dê uma surra de sexo nele.

— Acho que nem assim...

— Não exagera bonitona, ele veio te procurar e você o colocou para correr.

— Mas ele...

— Não existe mas ele, se ele veio é porque se arrependeu de ter fugido — Eles riem, pois Sandro dizia que Liz era a tentação e Raul por querer ser santo fugia dela. — Ele já está apaixonadinho por você, e sabe que se ceder à tentação será mais difícil se manter longe.

— Mas tem a loira...

— Essa daí não é nada para ele, o problema dele é a falecida, conheço casos assim, ele precisa entender que é necessário dar o primeiro passo para se livrar dos fantasmas do passado, no caso dele do fantasma da mulher.

Liz estava se despedindo de Sandro na porta, quando o elevador abre as portas saindo dele um homem e duas crianças.

Raul estava vestido com uma bermuda jeans justa e uma camisa de malha branca, nos pés um sapatenis. 'Que visão deliciosa pela manhã' Liz pensa o olhando desejosa.

— Bom Dia! — Raul cumprimenta os dois parados a porta.

— Tia Liz! — As crianças correm para serem abraçados, Liz como sempre pega Pedro no colo.

— Beijos gostosa, vou aproveitar o elevador. — Sandro nem se despede dos demais, ele já estava atrasado para o trabalho.

– Vamos crianças. — Raul chama os filhos.

– Vão com o pai de vocês — Liz desce Pedro e sente o olhar de Raul sobre ela, sente uma vontade louca de o puxar para o seu apartamento e fazer amor com ele. 'Se controla dona Liz, que fogo é esse por um homem que vive a rejeitando?' Liz se repreende com raiva de si mesma.

— Ele é o seu namorado?

— Isso importa?

— Nenhum pouco. — Raul responde com ironia — Vamos crianças, a vovó está esperando para tomar café.

— Tchau Tia Liz, depois a gente pode ficar com você.

— Devem, pois estou morrendo de saudade de vocês.

Raul entra no apartamento da mãe, com uma expressão de raiva.

— Que cara é essa? — Glória pergunta vendo o semblante chateado do filho.

– O namorado da sua vizinha foi embora agora – Responde irritado.

– Ah... bobagem, deve ser Sandro, o amigo dela.

– Se engana porque quer — Ironiza, mas ver aquele cara saindo do apartamento dela o deixou com muita raiva, pensar que eles dividiram a mesma cama era quase insuportável.

– Já deu fim ao seu caso com aquela tal Helena.

– Com Helena eu me entendo — Ele não queria que mãe soubesse ainda que eles não estavam mais juntos.

– Mulher insuportável.

– Papai, posso ir na tia Liz? — Betina pede assim que acaba o seu café da manhã.

– Ela deve estar dormindo – Quando ele acaba de responder a companhia toca.

– Deixe que eu abro – Raul vai em direção a porta, dando de cara com Liz vestindo um vestido de malha justo, revelando suas curvas.

– Bom Dia, Glória! — Liz entra sem pedir licença, indo direto para a cozinha, as crianças a seguem, assim como Raul que a segue em silêncio. – Hoje eu que vim trazer guloseimas. Sandro ontem me comprou um  bolo de chocolate de uma confeitaria que eu amo, então eu trouxe a metade para as crianças.

– Ebaaaa... – As crianças gritam felizes

– Não trouxe mais, pois ontem comemos quase a metade.

– Sandro foi embora hoje de manhã? – Liz olha para Raul e o mesmo fica sem graça.

— Claro, chegamos tarde e Sandro é o meu gostosão, por isso dormiu comigo – Ela o provoca.

– Fala assim não que alguém vai ficar com ciúmes

– Até parece – Ele responde irritado indo para a sala.

Glória e Liz também seguem para sala e Liz senta ao lado das crianças que a chamam para brincar.

– Almoce com a gente hoje, sei que não gosta de cozinhar, será ótimo ter um marido que cozinhe para você.

– Vou adorar ter um chefe a minha disposição – Ela fala rindo olhando para Raul, fazendo ele revirar os olhos pela provocação dela, essa garota era doida, será que ela esqueceu que o namorado dela tinha acabado de ir embora.

– O seu "gostosão" não sabe cozinhar? – Ele pergunta debochado.

– Infelizmente não – Ela se aproxima dele e fazendo biquinho sussurra só para ele ouvir – Só sabe comer – E mais alto acrescenta – Mas adora comer bem — Ela ri da cara dele, que parece está espumando de raiva — E a megera oxigenada? Não vai vir almoçar? – Ela pergunta para ele

– Não sei de quem está falando – Ele finge não saber a quem ela se refere

– Kkkkkkk... sério? – Ele não responde, e ela continua o provocando.

– Então ela vai vir?

– Não.

– Imaginei. Glória, vou em casa arrumar algumas coisas, mas volto para almoçar.

— Tia Liz podemos ficar com você?

— Claro meus amores. — Liz sai levando as duas crianças com ela. Raul a segue, a puxando para a cozinha depois que es crianças já estavam assistindo TV

– Qual o seu problema? — Pergunta irritado

– Não sei sobre o que está falando.

– O que pensa que está fazendo? Falando desse tal gostosão, você está brincando comigo.

– O que você quer que eu faça? Te dei uma chance, você rejeitou. Agora vem com essa ceninha? Me poupe. — Ela tenta sair da cozinha, mas ele a segura pelo braço.

— Quer dizer que ele gosta de comer bem?

— Você está mesmo com ciúmes? — Liz pergunta rindo, enquanto corre os dedos pelos braços dele.

Raul a beija, sem aviso, Liz tenta empurrá-lo, mas ele continua forçando o beijo, com esforço Liz consegue se desvencilhar dele e ficam se encarando.

— Esse assunto não acabou.

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