CAPÍTULO 16 - Sou eu que não te quero

No dia seguinte Liz acorda cedo, coloca um short, uma camisa de botões com as mangas dobradas, amarrada na cintura, calça as suas botas e coloca o seu chapéu. A pessoa que estava fazendo o trabalho que ela fazia antes já havia chegado e Liz o alugou pata fazer a gravação do seu dia no sitio.

"Oi Betina, oi Pedro. Espero que estejam suportando a saudade de mim, pois eu já estou morrendo de saudade de vocês. Dessa vez não pude trazer vocês, e talvez vocês nunca conheçam aqui o sítio, mas eu quero mostrar para vocês como é aqui e o que eu costumava fazer antes de morar em um prédio e acordar sem esse barulho..." Liz fica em silêncio e é possível ouvir o canto dos pássaros.

"Estão ouvindo isso? São os pássaros cantando, o galo também canta, mas eu acordei depois dele e ele já cantou, me desculpem. Aqui se levanta antes do sol nascer, mas eu estava com muito sono e perdi a hora. Esses são os meus gatos. Esse amarelinho é o Sol e essa branquinha é a Lua, eles não são lindos? Agora vou mostrar para vocês os meus cachorros, isso é, se eles não me derrubarem" Liz mostra os três cães os apresentando um por um, Max, Bob e Luna.

"Agora vamos para as tarefas do dia, primeiro eu vou cuidar das galinhas, elas comem milho e ração também. Agora eu vou jogar milho para elas, e depois elas ficam por aí ciscado e a noite elas vão para o galinheiro dormir, fechamos o galinheiro para as proteger, para que não entre um outro animal e as coma, ou apenas as matem." Liz finaliza com as galinhas, mostrando o galinheiro e os pintinhos que haviam nascido.

" Antes de cuidar dos porcos, iremos recolher os ovos. Veja, ali tem um ninho com vários ovos, mas eu nem me atrevo a chegar perto, porque a mãe está por perto, e eu já fui atacada com uma mãe furiosa." Liz ri com essa lembrança mostrando para eles também esse processo de recolher os ovos.

"Agora é a melhor ora, cuidar dos porcos, só não podem rir, se vocês rirem a avó de vocês irá me contar e eu irei fazer muita cócegas em vocês dois"

Liz põe suas luvas e segue com dois baldes nas mãos, ela entra no chiqueiro com um balde, e os porcos quase a derruba, ela coloca a ração em um cocho e em outro cocho ela põe as folhas de verduras e alguns legumes picados, era tudo misturado e os porcos se deliciavam com aquilo.

Depois disso, ela limpa parte do chiqueiro com uma vassoura e uma mangueira d'água, mesmo sabendo que antes do final do dia estaria tão sujo quanto agora, ela precisava limpar. Ela lava tudo, retirando primeiro os excrementos, quando acaba, até o chapéu tem lama. Ela finaliza o vídeo mandando beijos para eles, com a cara toda suja.

Glória estava preparando o café da manhã, quando recebe uma mensagem de Liz. Era cedo e as crianças ainda estavam dormindo. Glória olha a hora e ainda ia dar nove horas da manhã, além da mensagem tinha um vídeo.

"Bom Dia Glória! Se puder mostre esse vídeo para as crianças, eu prometi os trazer aqui um dia, mas sei que isso nunca será possível"

Quando as crianças chegam para tomar café, Glória fala sobre o vídeo que Liz mandou para eles, era ela no sítio, cuidando dos bichos como fazia antes. Raul estava na cozinha e ouviu a mãe falar com as crianças, 'ela foi na casa dos pais' ele pensa e se sente em paz por saber que é com eles que ela está.

— Deixa eu vê vovó...

— Tia Liz, quero vê Tia Liz — Pedro pede.

— Tomem o café de vocês e depois eu coloco o vídeo na televisão para vocês assistirem — Raul propõe, a verdade era que ele também queria assistir ao vídeo de Liz.

As crianças ficam encantadas com tudo o que vê no vídeo e ao asistirem Liz limpando o chiqueiro com caras e bocas, eles pareciam estar vendo um filme de comédia, até Raul riu, quando viu a lavagem espirrar quando ela jogou no cocho, fazendo Liz virar a cara e fazer careta.

Quer dizer que era assim que ela vivia antes. Ele queria um dia poder acompanhá-la naquelas atividades, ela era linda, mesmo toda suja de lama. Antes da filmagem acabar ele pensou ser o namorado dela filmando, mas ao final ela apresenta um jovem que havia sido contratado para fazer o serviço que ela fazia antes.

As crianças assistiram o vídeo duas vezes. Liz havia filmado a casa, a mãe na cozinha, o pai caminhando com um outro homem com uma caixa de ferramentas na mão, eles davam tchauzinho a Liz e lhes sorria. Liz parecia uma moleca, com as suas botas e shorts mostrando as pernas.

Ele teve certeza que ela gostava realmente de seus filhos, pois mesmo estando com a família, se preocupou em deixar os seus filhos felizes.

— Papai, podemos ir na casa da vovó Amélia? — Betina pede ao pai, querendo muito estar naquele lugar com a tia Liz.

— Quero um gatinho papai — Pedro pede vendo os gatos brincando com uma bolinha.

O assunto entre as crianças foi o sítio e o que eles iriam fazer quando fossem lá. Raul não fala nada para não os entristecer, quem sabe um dia ele permitisse que Liz os levasse, se sua mãe acompanhasse, ele poderia até deixar.

Na segunda feira, as crianças fizeram festa quando viram Liz na escola. Eles ainda ganharam geléia sem açúcar, era saudável e as crianças poderiam comer sem problemas. Para Glória, ela deu doces caseiros e um pão que a mãe havia feito no final da tarde do domingo, antes dela sair.

Para Beth, Liz precisou fazer quase uma mudança, mas no domingo mesmo ela deixou na casa da irmã. Ao chegar em casa ela nem desarrumou a mala, apenas guardou as coisas de geladeira e depois de um banho foi dormir.

Os dias que passou no sítio pensou pouco em Raul, apenas quando estava sozinha em seu quarto, mas isso não a fez perder o sono, estava decidida a deixar ele na prateleira, talvez um dia sentisse vontade de pegá-lo de novo, mas por enquanto queria o manter bem longe.

Na terça a noite ela estava assistindo TV depois de corrigir atividades quando a campainha toca, ela já estava de pijama, dessa vez era um de malha, estilo camiseta, com um short curto. Ela pensou ser Glória e abriu a porta despreocupada.

— Oi Liz. — Liz não consegue responder, foi uma grande surpresa para ela dar de cara com Raul a sua porta em uma terça feira a noite. — Posso entrar?

— Não vejo motivo para isso. O que você quer?

— Apenas falar com você.

— Se quer saber, não me interessa nenhum pouco o que quer falar comigo.

— Deixa eu entrar por favor. — Liz se afasta da porta permitindo que ele entre.

— Eu quero te pedir desculpas pelo que aconteceu naquele dia.

— Hummmm sério? Desculpas, sei. Você quer me pedir desculpas, parece piada — Liz vira as costas para ele, e Raul é atraído para aquele bumbum lindo e perfeito, pouco coberto pelo short do pijama.

— Liz...

— Você me quer agora? — Liz o provoca, se voltando para ele para o encarar, se antes ele a rejeitou, tinha chegado a hora da vingança. — Você quer me beijar de novo, por isso veio me pedir desculpas, para terminar o que começou?

Liz se aproxima e encosta o seu corpo no dele, Raul engole em seco, ele a abraça pela cintura, mas Liz afasta as suas mãos e se afasta dele, ela queria, e como queria, mas não ia correr o risco de ser rejeitada outra vez.

— Eu não suporto mais ficar longe de você ruivinha. O que você está fazendo comigo? — Raul tenta a abraçar de novo, mas ela se esquiva dele. — Eu quero você.

— É melhor você ir embora — Liz se aproxima da porta.

— Liz...

— Sai! Hoje sou eu que não te quero. — Ela abre a porta para ele —  Cansei dessa sua indecisão.

— Me desculpe, eu sei que te magoei.

— Raul, só nos sentimos magoados quando gostamos de alguém e esse não é o caso, não somos nada, não sentimos nada um pelo outro, eu até senti tesão por você, não vou negar, mas o encanto acabou, perdeu a vez.

Liz espera Raul sair, e se sente infeliz por vê-lo sair cabisbaixo. Deixar ele ficar era tudo o que mais queria, mas ele precisa saber o que realmente quer para a vida dele, ela não iria deixar ele a magoar novamente.

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