CAPÍTULO 6 - Castelo de areia

Liz se espreguiça antes de se levantar da cama, ela vai ao banheiro, e faz a sua higiene matinal. Ainda descalça segue até a cozinha e agradece a vizinha em pensamento pelo café da manhã, a cesta estava caprichada com bolo, pães e frutas.  Após se alimentar ela toma um banho e resolve aproveitar seu último dia de folga, já estava preparada psicologicamente para preparar aulas e corrigir atividades.

Ela pega a garrafa e a cesta já vazia e vai até o apartamento 302, depois de agradecer a Glória pela gentileza do café da manhã, avisa que vai a praia e que o almoço ficará para uma próxima oportunidade.

Liz volta ao seu apartamento para se arrumar para ir a praia. Escolhe um biquini preto, o sutiã era tomara que caia, já que os seus seios não eram volumosos, a calcinha tinha argolas nas laterais e o tamanho era razoável, já que ela não gostava de chamar atenção para o seu bumbum. Por cima, ela veste uma saída de praia estampada e calça um chinelo simples. Arruma a sua bolsa com protetor, canga, toalha, biscoitos, checa a carteira, celular e depois de pronta segue para a praia em seu carro, ouvindo sertanejo como gostava de fazer.

Chegando, escolhe um lugar tranquilo para ficar, ela tira a sua saída de praia e percebe os olhares de alguns marmanjos, ela não era feia o seu rosto era comum, tinha até algumas sardas próximo ao nariz, mas os seus cabelos ruivos e cheios chamavam a atenção, mas o que ela sabia que chamava atenção mesmo, era o seu corpo, principalmente o seu bumbum, pois apesar de ser baixinha o seu bumbum era bem desenhado. Por isso ela tentava o esconder, mesmo sua mãe dizendo que os seus shorts só serviam para chamar ainda mais atenção.

Ela deixou as suas coisas em cima da mesa da barraca onde estava e vai até a água, estava muito calor e depois de um bom mergulho, ela sai revigorada. Estava indo em direção a mesa onde estava as suas coisas, quando sente uma bolada nas costas, ao olhar aquele moreno alto, suado, vestindo uma sunga de praia preta revelando o volume, com um físico de tirar o fôlego correndo em sua direção rindo, ela pensou que podia ser Poiseidon que vinha ao seu encontro. Como seria ser esfregava naquele tanquinho, ela pensa com os olhos fixos no monumento vindo em sua direção.

Mas com toda a beleza ali exposta, não podia deixar passar uma bolada nas costas.

– Você não enxerga não!? — Liz o fuzila com os olhos.

– Me Desculpe, foi sem querer.

– Acho que não sou tão pequenina para não ter me enxergado – Ela sente ele correu os olhos por todo o seu corpo e ela se sentiu nua, mesmo o seu biquíni não sendo pequeno. 'Abusado' Liz pensa furiosa.

– Com certeza não é... – Ele responde sorrindo malicioso.

– Palhaço – Ela fala pegando a toalha para secar o rosto e os cabelos

– Papai, trás a bola – Chega ao lado dele uma criança com os seus três anos, vestindo uma sunga de praia do capitão América

– Vim pedir desculpas a moça pela bolada nas costas que demos nela.

O homem fala com a criança, mas sem tirar os olhos dela. Ela o olha com os olhos cheios de faíscas por se sentir intimidada com aquele olhar, mesmo ela não podendo ver os seus olhos, já que ele estava de óculos escuros.

– Desculpa moça – A criança fala com voz meiga e doce.

– Oi lindo, não se preocupe. VOCÊ está desculpado – Fala ela se abaixando a frente da linda criança, que parecia ser uma miniatura do pai.

– Amor... – Uma loira ao lado o chama, fazendo ele pegar o filho no colo e se afastar de onde ela estava.

'Idiota, flertando com outra estando com a esposa e filho' Ela pensa, enquanto se ajeita na espreguiçadeira na sombra, evitando pegar sol.

Ela fica observando ele com a esposa e as crianças, ela logo descobre que tinha também uma menina, ela estava com um maio um pouco grande nela. Ela pode ver que a mulher nada fazia com as crianças, tudo era ele. 'Mãe desnaturada' ela pensa enquanto ver o garotinho chorando por algum motivo e a menina cruzando os bracinhos como se estivesse irritada. Liz vê que a menina estava tentando fazer um castelo de areia, ela sente pena da menina, pois ela não está conseguindo.

Liz ama crianças, por isso resolveu ser professora, e a situação da família em relação às crianças a esta incomodando. Ela coloca um boné, pega a garrafa d'água que ela tinha acabado de beber, vai até a água e enche, faz algumas viagens molhando bem a areia que está sob o guarda sol.

Ela se senta na areia de frente para a menina que ainda estava com os bracinhos cruzados e com a carinha de aborrecida. Liz tira o óculos escuros e começa a fazer um castelo, a menina a olha e ela lhe sorri, enquanto o pai tenta acalmar o filho que ainda está chorando. A menina se aproxima timidamente.

– Oi!

– Oi, princesa.

– Você está fazendo um castelo? – Ela pergunta se abaixando em frente de Liz.

– Sim, para uma linda princesa. Você quer me ajudar?

– Quero. Eu posso? — A menina pergunta animada.

– Sim, mas avise a seus pais que você está aqui me ajudando.

– Ela não é a minha mãe. Vou avisar ao papai — A menina corre até eles e fala com o pai, que lhe olha, Liz confirma com a cabeça e a  menina volta trazendo o irmãozinho pela mão.

– Meu irmão pode ajudar?

– Claro. Vamos fazer um castelo bem grande para um príncipe e uma princesa.

– Eba... – As crianças gritam felizes.

– Qual o nome de vocês?

– Eu sou Betina e ele é o meu irmão Pedro.

– Lindos nomes. Eu sou Liz.

Eles ficam se divertindo fazendo o castelo, Betina fica com o irmão enquanto Liz pega água com o baldinho de Betina e uma garrafa. Em uma dessas idas e vindas ela encontra o "poiseidon" com as crianças

– Eles estão incomodando?

– De maneira nenhuma, não se preocupe pode os deixar comigo enquanto você namora – Ele ergue uma das sobrancelhas

– Posso cuidar dos meus filhos.

– Não duvido disso, mas eles querem um castelo, e estamos fazendo.

– Amor, deixe as crianças com a moça, eles estão se divertindo – A tal namorada aparece tentando o puxar.

– Você trouxe água para eles?

– Já bebemos tia Liz, papai acabou de nos dar – Betina fala, mostrando que estava atenta a conversa.

– Ótimo – ela o olha e não sabe o porquê se sente irritada vendo aquela loira irritante agarrada ao braço dele, e ignorando as crianças.

– Pode ir Helena, já estou indo ficar com você.

– Crianças vou pegar mais água – Lizandra vai pegar água e o "poiseidon" vai atrás dela

– Eu não preciso de uma babá para os meus filhos.

– De nada, não precisa agradecer – Ela debocha – Vá ficar com a sua namorada, afinal, pelo que parece, é só isso o que ela quer na.mo.rar – Ela soletra olhando para ele, ela lhe vira as costas e se abaixa para encher a garrafa  e o baldinho de água, voltando para terminar o castelo.

– Tia Liz tô com fome.

– Espera meu amor, a tia tem biscoito aqui – Ela pede uma água e lava as mãozinhas de Pedro, antes de lhe dar o biscoito.

–Crianças, vamos – o homem se aproxima das crianças, encarando Liz que nem o olha – Vamos embora, já passou da hora do almoço.

– Veja papai o nosso castelo

– Ficou lindo filha – Ele elogia fazendo um carinho na filha.

– Vamos amor – Chega Helena , derrubando o castelo

– Olha o que você fez – Grita Betina

– Oh desculpa, foi sem querer.

– Sua bruxa – Betina fala chorando

– Porquê fez isso Helena?

– Porque perto de todo o castelo existe uma bruxa má – Betina para de chorar e começa a rir com a resposta de Liz, que está parada encarando a tal Helena

– Olha aqui garota... – Liz levanta o seu indicador, fazendo Helena se calar.

– Olha aqui você pessoinha, não te conheço, nunca te vi, e não tenho o menor interesse em saber quem é você, mas saiba que eu não fiz nenhum favor a vocês dois, mas quando você se dispor a sair com crianças, aprenda primeiro a lidar com elas, não apenas com o pai delas.

– Idiota... – Helena fala com voz alterada

– Chega Helena! Vamos embora crianças.— "Poiseidon" encerra a discussão.

– Tia Liz posso levar o biscoito?

– Claro meu amor. Adorei te conhecer, você é muito lindo — ela pega Pedro no colo, não se importando com a areia em seu corpinho, ela lhe dá um beijo na bochecha e o coloca no chão.

– Tchau Tia Liz. Eu vou te ver de novo? — Betina pergunta segurando a mão de Liz.

– Isso eu não sei te responder, mas quem sabe nos encontramos aqui outro dia.

– E vamos fazer outro castelo?

– Com certeza, e vamos fazer um ainda mais bonito – Liz ganha um abraço carinhoso de Betina e se despede do pai apenas com um olhar, ela vai para a água tirar a areia do corpo e evita olhar outra vez para "poiseidon"

Quando volta eles já tinham ido, mas o balde das crianças ficou com ela, ela sorri ao lembrar de como as crianças ficaram felizes por tão pouco.

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