Quando Raul sai batendo a porta, Liz fecha o seu pijama sem o abotoar, apenas o fecha, escondendo o seu corpo. Ela nunca se sentiu tão rejeitada, nunca se sentiu tão ofendida, ela não merecia passar por aquilo, não havia necessidade de permitir que alguém a machucasse assim emocionalmente.
Raul parecia está brincando, entre quero e não quero, mas ela não era um objeto que pudesse ser devolvido a prateleira sem danos.
Nunca se sentiu assim por ninguém, e a atitude de Raul a deixou arrasada. Quem será que o impediu de ir até o fim? Helena? Cecília? Não conhecia a resposta, a única coisa que tem ciência é que era ela ali rejeitada mais uma vez.
Cansada de tentar entender o que aconteceu, Liz se deita no sofá encolhida, sente as lágrimas rolar por seu rosto, era a primeira vez que chorava por pensar em um homem.
Na manhã seguinte ela acorda com dor de cabeça, mas decidida a dar a Raul o que ele merecia, o seu desprezo. Agora era ela quem o colocaria na prateleira, existia outras opções melhores, não iria perder tempo com um homem indeciso.
Glória estranha encontrar Raul na sala, ele estava dormindo no sofá, sem coberta e sem travesseiro.
Raul acorda com o barulho que a mãe faz na cozinha. Ele pensa no que aconteceu na noite passada e se arrepende de ter deixado Liz daquele jeito, apenas lhe virando as costas. Se sente péssimo, ela não merecia a atitude que ele teve.
Ele vai direto para o banheiro e toma um banho. Veste uma bermuda e uma camiseta, fica descalço, pois estava muito calor. As crianças ainda dormiam e ele foi falar com a mãe.
Quando chega na cozinha a abraça, há muito tempo ele não se sentia tão perdido. Era justo comparar Liz com Cecília? Elas eram diferentes mas isso não fazia de Liz uma mulher com menos valor.
— Oi meu filho, o que está havendo?
— Nada mãe, queria apenas um abraço.
— Você sempre terá o meu abraço. Não sabia que ficaria aqui em casa ontem, eu nem te vi chegar.
— Eu cheguei tarde, a senhora já estava dormindo. Fui no quarto das crianças, dei um beijo neles e fiquei na sala mesmo.
— Liz os colocou para dormir ontem, eles ficam tão felizes quando ela os põe para dormir, lendo uma história para eles. Vá chamá-la para tomar café com a gente.
— Acho melhor não. — Logo cedo Liz já era assunto, era como se ela já fizesse parte da vida deles.
— O que aconteceu com vocês ontem?
— Como assim? Do que a senhora está falando? — Raul fica imaginando como ela soube do que aconteceu entre eles.
— Ontem Liz te procurou no restaurante para agradecer pelo bolo, e parece que Helena apareceu fazendo cena.
— Não foi bem assim, Helena não disse nada para ela.
— Você realmente prefere Helena a Liz.
— Nenhuma das duas. — Ele sabe que agiu errado com Liz, mas não há chance para eles.
— Papai, Bom Dia!!
— Bom Dia, filha. Dormiu bem?
— Muito. Ontem tia Liz nos contou a história de Pinóquio e ela disse que não podemos mentir para o nariz não crescer.
— Cuidado Raul, para o seu nariz não crescer. — Glória ri e Raul prefere não responder.
Era quase a hora do almoço e Raul já havia negado o pedido das crianças de irem a casa de Liz. Mas antes dele terminar de preparar a comida a campainha toca.
— Oi minha filha, que carinha é essa?
— Nada Glória, estava com um pouco de dor de cabeça pela manhã.
— Oi tia Liz!
— Oi tia Liz, papai está fazendo o almoço, você veio almoçar com a gente? — As crianças já correm para ela.
— Eu não vou poder almoçar com vocês, eu já tenho um compromisso e só vim me despedir de vocês.
Raul é capaz de ouvir a conversa e sabe que ela está chateada, ou mesmo triste pelo que aconteceu entre eles na noite anterior.
— Oi Liz. — Raul aparece na sala, com as mãos no bolso da bermuda.
— Oi Raul. Dormiu bem? — Raul a olha e ela está o encarando com um sorriso irônico no rosto.
— Não vai almoçar com a gente hoje?
— Não vou poder, tenho um compromisso, vim só me despedir das crianças já que você provavelmente as levará para casa.
— Sim, você está certa. Divirta-se então.
— Vou me divertir, pode ter certeza.— Liz volta a atenção para as crianças, e Raul apenas observa a forma fria com que ela fala com ele.
Liz abraça as crianças e as enche de beijos, até Betina ela pega no colo, que a abraça pelo pescoço.
— Tchau Tia Liz.
Liz olha para Raul, mas não fala com ele, se despede de Glória e volta para o seu apartamento, na verdade ela não tinha compromisso, só precisava se manter longe dele.
Liz prepara uma salada para ela e aproveita a tarde para organizar algumas atividades que gostaria de fazer com os seus alunos. Ela liga para os pais e avisa que irá visitá-los na semana seguinte.
Liz não consegue esquecer o constrangimento que passou, mas não iria perder tempo se remoendo com o que lhe aconteceu. Talvez tenha sido melhor assim, ela não iria disputar um homem com uma megera e muito menos com uma falecida, não havia necessidade disso.
Na sexta feira, ela leva as suas coisas para o trabalho e de lá mesmo ela segue caminho para o sítio de seus pais. Ela avisou a Glória na noite anterior, pretendia ir sem falar com ninguém, mas Glória não tinha culpa das atitudes do filho, e nem ela mudaria o seu comportamento com Glória e com as crianças por causa dele.
Glória sabia ter acontecido algo entre os dois, mas acreditava que fossem adultos o suficiente para resolverem seus problemas sem incluir as crianças.
No sábado Glória liga para Raul.
— Oi filho. Como estão as crianças?
— Estão ótimos mamãe. Agora estão brincando aqui do meu lado.
— Estou pensando em ficar em sua casa esse final de semana, acho que me desacostumei ficar sozinha, até o corredor parece mais silencioso.
— Liz não está em casa?
— Ela viajou, só volta amanhã a noite, provavelmente nem irei vê-la chegar.
— Ela viajou hoje? — Raul pergunta curioso, querendo saber para onde ela foi e com quem.
— Foi ontem, nem voltou da escola para buscar as suas coisas, ela foi direto do trabalho.
— Que ela se divirta com o namorado.
— Raul, quem te disse que ela tem namorado?
— Esquece isso mamãe, não tenho nada a ver com a vida dela, ela namore e viaje para onde ela quiser.
— Eu só espero que você não perca a chance de ser novamente feliz.
— A senhora quer que eu vá te buscar? — Pergunta para mudar de assunto.
— Não precisa, eu sei o caminho — Glória sabe que Raul está gostando de Liz, só não quer assumir para si mesmo, e talvez esteja fazendo tudo errado.
...
Liz chega no sítio ainda cedo, os seus pais a esperavam animados, seu pai depois do almoço nem se afastou de casa, pois queria receber a filha. Amélia fez bolos e doces em compotas para Liz comer e poder levar.
— Ela chegou, ela chegou — O pai avisa feliz e os cachorros também avisam que alguém conhecido estava chegando, eles fazem festa, deixando Liz toda suja por pularem nela.
— Meu amores, como vocês estão? Saudade de vocês. — Liz brinca com eles — Sol, Lua! Meus peludinhos lindos — Os gatos estavam deitados na varanda como se nada estivesse acontecendo.
Ela brinca com eles, mas eles não fazem muita festa, diferentes dos cachorros que ainda pulam e latem em volta dela.
— Mamãe, papai!! Quanta saudade.
Liz abraça os pais, recebendo de volta um abraço caloroso. Ela não sabia que estava com tanta saudade deles, já tinha uns quatro meses que ela havia saído do sítio, e durante esse tempo ela só falou com eles por telefone ou por chamada de vídeo.
Depois de guardar as suas coisas no quarto ela recebe mimo e atenção dos pais, ela adora o tratamento que eles lhes dão, mesmo as vezes achando exagerados.
— Porquê não trouxe o namorado para a gente conhecer?
— Eu não tenho namorado mamãe.
— E o Sandro, aquele jovem tão bonito.
— Ele não é meu namorado, apenas um bom amigo. Além do mais ele é gay...
— Eu sabia, eu falei pra sua mãe que ele não era homem, pois ele parecia ter uma munheca mole.
Liz ri do jeito que o pai fala, eles não eram preconceituosos, mas seu pai sempre falava de uma forma roseira sobre essas pessoas.
— E pela primeira vez estou muito bem sozinha.
— Muito bem filha, talvez esteja na hora de você encontrar o seu grande amor.
Quando a mãe fala isso, Liz pensa em Raul, mas esse parece não enxergá-la, não demonstra nenhum sentimento por ela, apenas aceita a sua relação com os filhos dele.
Amélia percebe uma sobra de tristeza nos olhos da filha.
— Você já encontrou essa pessoa?
— Eu nunca vou encontrar mamãe, a senhora sabe que não sonho em me casar, não acredito em contos de fadas e muito menos em final feliz.
'Os homens são frios e insensíveis, e gostar de alguém pode ser sinônimo de sofrimento' Liz pensa a mudar de assunto em seguida.
— Quer dizer que papai aumentou a criação de cabras para atender a procura do leite?
Assim eles seguem noite adentro conversando. Liz fala de Glória e das crianças e a noite ela recebe uma mensagem de Glória avisando que ela estava com as crianças.
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Atualizado até capítulo 55
Comments
Edna César
é por isso que eu amo os gatos 🥰🥰
2024-12-17
1
karvalho Heloiza😍
hummm tá interessante
2024-12-13
1
Nilce Fernandes
Estou ansiosa,eles fazem um casal muito lindo e cheio de amor pra dar.
2024-11-13
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