O problema não é a vovó

A senhora de aproximou de mim, parecia tão séria. Será que ela é aquela matriarca das novelas? Que pagam para a mulher sair da vida do filho ou neto? Se for isso, estou no lucro total. Fujo de ter que viver na mesma casa que Eduardo e ainda de quebra banco meu restaurante, mas para minha surpresa, a senhorinha abriu um enorme sorriso para mim.

— Bom dia, Sabrina. Eu me chamo Tereza. Sua a avó do seu marido. É um prazer te conhecer. — A Tereza disse. Todo meu corpo se arrepiou. Algo estava errado.

— Ah. O prazer é todo meu. — Falei desnorteada.

— Acabei de ver em seus registros médicos que está grávida. — O sorriso que Tereza me dava, me causava arrepios até a alma.

— Vovó, podemos conversar lá fora? Sabrina acabou de descobrir que pode ter afetado o bebê. Ela está preocupada. Vamos. Te responderei lá fora. — Eduardo disse tentando tirar a avó do quarto.

— Não quero suas respostas. Quero as dela. Você nunca é sincero com nada na sua vida. Algo me diz que ela é totalmente diferente de você. — Tereza voltou a me olhar sério. — Então, essa criança é do meu neto? Você está tentando dar o golpe no baú nele? Quanto você precisa para parar de enganar ele? Vai dizer que ama meu neto?

A raiva tomou conta de mim, eu sei, esperava que acontecesse como nos filmes e novelas, queria receber o dinheiro para sair da vida dele e ele casar com alguém mais adequado, mas não queria ser reduzida a uma vigarista.

— Você está totalmente enganada. Eu não amo Eduardo. O filho não é dele. Ele sabe de toda a verdade, mesmo assim, vai assumir essa criança. E eu não preciso da porcaria do dinheiro de alguém que se acha superior a todos apenas por ser rico. No fim, todo mundo vai para o mesmo lugar. Ninguém é melhor que ninguém. Use esse dinheiro que está me oferecendo para conseguir caráter. Não sei de vende, mas deve ter algum curso na internet. — Eu quase que avancei nela. Não ia deixar uma pessoa aleatória falar o que quiser de mim.

Todos olharam para mim totalmente desnorteado. Ok. Fui um pouco intensa demais. Será que posso argumentar que estou grávida? Os hormônios? Um jantar de desculpas. Eu e minha vida grande me colocando em problemas.

— Você está certa, minha querida. — O sorriso de Tereza mudou completamente. Ela sorria carinhosamente, enquanto alisava meu cabelo. — Ninguém deve se sentir superior ao outro. Alguns valores são mais importantes que qualquer dinheiro. Como a sinceridade. Espero que você e meu neto se dêem bem.

Olhei para Eduardo sem entender nada, parecia que ele estava tão confuso quanto eu. A avó dele era imprevisível. Isso já foi provado, mas não sinto mais aquele sentimento negativo vindo dela.

— Aluguei uma casa para todos nós. No Brasil todos já estão sabendo do casamento de vocês desde ontem. E vocês deixaram claro onde estavam. Aqui já deve está com jornalista. Aqui está o endereço do lugar. Evite sair pela frente do hospital, Sabrina deve evitar estresse. — Tereza orientou o neto.

— Eu não estou entendo. Pensei que tentaria jogar Sabrina pela janela. — Eduardo falou tentando compreender o que estava acontecendo. — Você praticamente expulsou Marília quando te apresentei ela. Nunca gostou de nenhuma namorada minha.

— Claro. Tu só arrumava quenga. Estava na cara que todas as outras eram apenas corpos bonitos em busca de dinheiro. Nenhuma aparentava sinceridade. Te disse várias vezes e você nunca me ouviu. Bem, sabemos como acabou. Aliás, deveria se preocupar com a sua mãe, não comigo. Vou fingir que não sei que essa criança não é sua. E aconselho que não falem mais a ninguém sobre isso. Tenho certeza que a sua mãe vai tentar de tudo para que o casamento seja cancelado. — Tereza explicou.

— Pensei que tinham dito que essa senhora era má. Quem é o problema é a sua mãe? — Denise perguntou surpresa.

— Bem... Não exatamente... é que... — Eduardo estava sem saber o que responder. O que me deixava ainda mais ansiosa. Quão complicada era a família dele?

— Sabe o que é minha querida. Muita gente rico, usa o casamento como uma forma de multiplicação. Então, casam com alguém que trará algum lucro para empresa. A Marília, esposa agora do Kevin, é filha de um dos sócios. E a mãe de Eduardo, sempre gostou muita da ideia de multiplicar. Está possessa com o fato dele ter acabado o noivado, perdendo aquela vaca para o primo. O surto será ainda maior quando ela descobrir que ele está casado com uma funcionária dele. Vai fazer de tudo para que vocês se divorciem. — Tereza explicou.

— Quer dizer que sua mãe vai me tratar mal? — Perguntei querendo me preparar.

— Não, querida. Ela vai fazer o mesmo que se faz com batatas. Ignorar sua existência ou matar você. Tratar mal seria ela ao menos direcionar a atenção para você, mas a mãe dele é do tipo que não interage com ninguém que não trará benefício para ela. — Tereza fazia careta enquanto falava, analisando bem, acredito que ela é a avó paterna. Falava não com decepção, que era esperado caso um filho fosse dessa forma, mas com nojo.

— Se sua mãe vier me atacar, eu não vou me segurar. Melhor deixar ela bem longe de mim. Eu não garanto que ela saia intacta. — Gritei para Eduardo. Senti minhas lágrimas caindo. Minhas emoções estão cada vez mais intensas.

— Não se preocupe. Se algo acontecer me procure. Aqui está meu cartão. Peço somente que deixem essa conversa e o encontro comigo em off. Ou poderiam usar isso para supor que eu estava favorecendo o Eduardo na disputa pela empresa. — Tereza explicou.

— Muito obrigada, vovó. Eu estou um pouco confuso como você chegou aqui tão rápido? — Eduardo perguntou

— Seus funcionários são todos vendidos. Contratei um sem dificuldade para me dizer tudo que você fazia. E algo me diz, que ele não é o único que passa informação. Estou recebendo várias mensagens do seu primo dizendo que precisamos falar sobre você. Acho que você caiu em uma armadilha. Não deveria confiar em funcionários nesse nível. A maior parte dos seres humanos são comprados. — Tereza alertou.

— Talvez seja melhor fazer o que Sabrina sugeriu. — Eduardo coçava a cabeça.

— O que foi? — Tereza questionou.

— Ela sugeriu que fossemos morar em um lugar menor e dividíssemos as tarefas. De 15 em 15 dias chamaríamos alguém da confiança dela para fazer uma limpeza mais profunda. — Eduardo explicou.

— Podem ficar no meu primeiro apartamento com seu avô. Será uma desculpa para a saída da mansão sem chamar atenção. Podemos argumentar que fui eu que mandei, para que pudessem viver as dificuldades de um casal. Vão pensar que não gosto de Sabrina e sou contra o casamento. E é melhor que seja assim. — Tereza sugeriu

— Obrigado, vovó.— Eduardo agradeceu aliviado.

— E menina, me ligue se qualquer coisa acontecer, com você, Eduardo ou essa criança. Não sei a natureza dele, mas é bem-vindo na família Veloso. Algo me diz que é o início de um capítulo maravilhoso da nossa família. — Tereza disse antes de ir.

— Acho que gosto da sua avó. — Falei sorrindo.

— Eu acho que precisamos sair daqui o mais rápido possível. Os jornalistas conseguiram invadir o hospital, André me mandou mensagem. Temos que correr. — Eduardo disse já tirando meu soro e me pegando nos seus braços. — Segura no meu pescoço. Vamos correr.

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