+ TRÊS

Quem diabos sugere a uma pessoa que acabou de conhecer para se casar. Eduardo nem sabe meu nome, fez nenhuma questão de saber. Deve ser o álcool falando por ele. Não faz sentido. É melhor eu sair logo daqui.

— Me ouve primeiro. Sua ideia é boa. Está certa. Podemos fazer um contrato. Você me ajuda a realizar o plano e assim que eu conseguir tudo, nos separamos. Te darei dinheiro suficiente para viver toda sua vida sem se preocupar com absolutamente nada. — Eduardo explicou.

— Segue sendo um absurdo. Quem diabos vai casar de mentira? Sabe que casamento não é simples. Divórcio é tão complicado como. Quando disse arranjar uma esposa, era uma de verdade, não uma de mentira. — Eu não conseguia entender onde aquele ser queria chegar com toda aquela loucura.

— Acha mesmo, que depois de ter sido traído dessa forma, eu vou confiar em alguém? Me envolver? A mulher que eu mais amava me traiu com meu primo. Eu não quero um casamento real. Eu quero vingança. Quero fazer com que meu primo perca toda sua esperança. Eu quero fazer ele pagar por trair assim alguém da família. Se você aceitar, podemos colocar as condições que você quiser. Não vai afetar sua vida. Vai facilitar. Você poderá fazer o que quiser. Só em determinadas situações, terá que agir como minha esposa. — Eduardo estava realmente insistindo nisso.

— Você enlouqueceu. Eu tô indo para casa. — falei já me virando.

— Um milhão e meia de reais. Eu pago. Quando conseguir tudo que preciso, você estará completamente livre. Pense nisso. Amanhã a noite você pode me dar a resposta. Tire a noite para pensar. Você é a minha esperança — Eduardo sugeriu.

Nem quis responder. Era loucura demais para uma pessoa só. Apenas me virei e sai. Quando estava passando pela porta, um motorista me abordou.

— Senhorita, o senhor Eduardo pediu que eu a levasse para casa. Ele disse que estava tarde, era perigoso para que a senhorita seguisse sozinha. Mandou dizer que não tem segunda intenção, que acabou sendo culpa dele seu atraso. — o motorista disse. Eu pensei em dispensar a carona, mas olhei para hora, estava realmente tarde.

— Está certo. É realmente tarde. Eu agradeço. — Eu sei. Não deveria ter aceito, mas só de pensar tudo que poderia acontecer comigo essa hora, me fez parecer mais seguro aceitar uma carona. Não vai mudar em nada minha decisão. Se é isso que ele quer.

Foi bem mais rápido a volta, não havia trânsito nenhum. Quando entrei no apartamento, Patrícia pulou em mim. Denise estava do lado contrário da sala, de braços cruzados me olhando sério.

— Onde você estava? Nós ficamos preocupadas com você. Olha hora. Você nem para atender o celular. — Patrícia disse brava.

— Foi mal. Tanta coisa aconteceu. Eu não posso nem acreditar. Parece coisa de Dorama. — Expliquei me jogando no sofá. Na mesma hora, cada uma sentou de lado meu. A curiosidade delas dava para ver no olhar.

— Precisamos de mais informação. O que rolou? Deu problema no emprego novo? Descobriu um escândalo do gato do seu chefe? Se for a segunda opção, eu quero detalhes. Será um grande furo. — Patrícia estava animada.

— Deu errado? Se for isso, eu preciso saber exatamente o que aconteceu para reportar para empresa. — Denise me olhou preocupada.

— Tá bom. Tá bom. Eu conto, mas as duas tem que prometer guardar segredo. Sem furo, dona Patrícia. É segredo. Eu não faço ideia de como ele vai lidar com tudo isso. — Eu alertei elas. Algo me dizia que essa história não poderia vazar de forma alguma. Quando mais gente soubesse, mais problemas em sua imagem Eduardo teria. Só complicaria tudo.

Quando finalmente as duas juraram que naquela sala a história não iria sair daquela sala, eu comecei a contar desde o começo. A surpresa de encontrar ele naquela situação. Contei sobre a traição da sua noiva com seu primo. E por fim, falei sobre o que ele me propôs.

— Eu teria aceito. Você vai luxar um tempo, depois com o dinheiro que ele te dará, você pode abrir aquele restaurante que sempre sonhou. Na verdade, acho que seria um bom investimento. Os dois estão na mesma situação. Ninguém vai querer se envolver por muito tempo. E não deve ser ruim, está casada com um gato daquele. — Patrícia concordou na mesma hora com a ideia de Eduardo.

— Acho que é desnecessário fazer isso. Você já dependeu de alguém e acabou em problemas. Teve que se podar e mudar inteira para se encaixar nas expectativas. Isso quase destruiu você. Até mesmo está tendo dificuldades de se reconhecer. De confiança. Você vai acabar entrando na mesma situação. — Denise mais uma vez, me alertando sobre os riscos, pelo menos, eu não penso em ir por essa opção.

— Você está certa. Eu quero recomeçar. Quero voltar a me sentir dona de mim. — Eu falei sorrindo. Era exatamente isso que eu precisava. Me refazer, não conseguir ainda mais problemas.

— Ah! Sobre isso. — Denise se levantou, demorou um pouco e voltou com uma caixa de tinta e uma tesoura. — Que tal voltar para suas madeixas pretas?

— É uma ótima ideia. Você pinta? Podemos cortar antes? Não suporto nem olhar meu cabelo tão longo — Eu falei fazendo careta ao me olhar no espelho.

— Sim, madame. Senta ali na cadeira da cozinha. Vamos fazer essa transformação. Se livrar de tudo que estava de limitando. — Denise disse me puxando para uma cadeira na cozinha.

Denise molhou meus cabelos, penteou, fez várias vezes. A parte boa era o perfeccionismo dela. Quando todo cabelo estava igualado. Ela cortou meu cabelo um pouco abaixo do ombro. Exatamente no tamanho que usava antes.

— O que achou? — Denise perguntou.

— Eu amei! Vamos ao preto? Mal vejo a hora de me ver de cabelos pretos novamente. — Eu disse animada.

— Vou preparar a tinta. — Denise disse indo pegar algo no banheiro.

Enquanto ela preparava a tinta, eu conversava com Patrícia sobre um dos contatinhos dela que estava estava insistindo para viajar. Ela sempre teve problemas para se relacionar, subia um muro enorme depois de uma desilusão amorosa. Quando ia aconselhar ela. O cheiro da tinta chegou até mim. Corri na mesma hora para o banheiro. Vomitei até a alma. A menina do exorcista está perdendo para mim.

— O que você tem, Sabrina? Você anda vomitando por tudo esses dias. Será que está com gastrite? — Patrícia perguntou me passando o enxaguante bocal.

— Deve ser. Vou marcar um médico. Tem algumas comidas que só com o cheiro estou vomitando. — eu concordei com ela. Deveria ter ido mais tempo.

— Sua menstruação está atrasada? — Denise me soltou do nada. Eu não entendi na hora o que ela quis dizer.

— Ela nunca foi regular. Então não sei. Porque? — perguntei confusa.

— Você pode está grávida. Você anda reclamando de está dormindo muito. Vomitando para caramba por nada. Faz mais sentido que gastrite. — Denise explicou. Eu tive uma crise de riso.

— Eu tomo remédio, louca. Impossível. — Eu falei entre as risadas.

— Sabe que diversas coisas pode cortar o efeito, né? Além disso, ele não é 100% seguro. Algo me diz que você não usava camisinha. — Denise parecia certa que eu estava grávida. Que loucura.

— Eu ia me casar com aquele idiota. Quando noivamos, parei com a camisinha e fiquei apenas com os remédios. Não faz sentido, Denise. Deve ser gastrite. Tem nem risco. — Eu não podia está grávida. Não agora. Não dele. Não pode acontecer.

— Vou pedir o teste no Rappi. — Denise disse saindo no banheiro.

Eu fiquei olhando para Patrícia em choque total. E acho que ela estava se sentindo da mesma forma. Nenhum de nós mexia nenhum centímetro. Depois de muito tempo em pé, fomos sentar no sofá. Todas em um silêncio perturbador. Quando a cigarra tocou. Gritando de susto.

— Pega. Faz nos três. Para ter certeza. Independente do resultado, saiba que estaremos por você. — Denise me disse antes de entregar o saco com os exames.

— Obrigada, eu acho... — Eu não sabia nem o que fazer ou dizer. Estava assustada.

No banheiro, passei mais tempo entendendo como fazer o teste do que realmente fazendo ele. Tudo feito. Fui esperar na sala. Não ia aguentar ficar sozinha esperando o resultado. Três minutos se passaram. Em um dos exames apareceu +3.

— Aí Meu Deus! Você está grávida de trigêmeos? — Patrícia gritou surpresa. Eu não sabia se ela estava brincando ou falando a verdade.

— Eu estou grávida.... O que eu vou fazer? Eu não quero ter mais nenhuma conexão com Levi, mas como vou fazer isso? O filho é dele. Eu também não tenho condições nenhuma de ter uma criança. Não tenho nem onde morar ou um emprego. O que vou fazer? — Eu estava me tremendo. Não esperava essa reviravolta na minha vida.

— Você pode abortar. Assim não terá nenhum desse problemas. — Patrícia sugeriu.

— Ou pode aceitar a proposta de Eduardo e impor algumas condições. Em vez de te pagar agora. Você pode pedir para que seja sócio do seu restaurante. Assim, você terá certeza de como manter a criança, mesmo que ele nunca consiga concluir seu objetivo, mas conte antes a ele sobre a gravidez. Talvez acabe não aceitando. E talvez você precise de um marido falso. Sua mãe vai infartar se souber que você não apenas está sem noivo, como grávida. Sem contar com seu pai. Seria uma loucura. Talvez aceitar a proposta seja o melhor para os dois agora. Deveria realmente considera. — Denise mudou totalmente de opinião.

— Pensei que tivesse dito que era uma péssima ideia, mas parece que esqueceu totalmente o que era. — Eu brinquei.

— Isso foi antes de descobrir que você estava grávida, de um completo idiota. Seus pais são absurdamente conservadores. Quase você é expulsa de casa por ter saído de casa, se é que isso é possível. Passaram meses para aceitar seu noivado. Antes disso estavam ameaçando vir te buscar. Acha mesmo que eles vão aceitar? Você solteira e com um filho na barriga. Acho que é a melhor opção que você tem

Vai facilitar sua vida e a do bebê. O restaurantes deixará certo que vocês não vão passar fome — Denise estava certa. Capaz dos meus pais nunca aceitarem ver meu filho.

— Isso é loucura. Acho que eu preciso dormir. Deixarei para pensar no que fazer amanhã. Tenho muito o que pensar e pesar. — Eu disse antes de ir para meu quarto. Parece que só piorava.

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