Nem posso acreditar que às coisas vão se ajeitando, minha mãe está bem e em casa, Carol e eu vamos cuidar dela e assumiremos as despesas da casa. Isso vai me ajudar bastante. Passo um dia tranquilo e com a família reunida. Não vi Daniel hoje, eu já acostumei a vê-lo todos os dias e estranhei não ter aparecido.
Estou fazendo o jantar e ouço gritos vindo do quarto dos meninos, corro pensando ter acontecido alguma coisa e Antônio está aos gritos numa crise de nervoso, ele chora e se debate. José disse que ele começou com isso por não conseguir montar uma peça do quebra-cabeça. Ele mexe com as mãos e com a cabeça até ficar fraco. Eu o abraço forte e o prendo em meu peito, ele anda nervoso e dormindo mal, já tive três reclamações dele brigar com outras crianças na escola. Sinto que ele está enfrentando uma batalha dentro dele. Perder o pai, conviver com outras pessoas dentro de casa, mudar de escola, nossa rotina mudou muito e ele parece não gostar e não querer se adaptar.
O deito na minha cama e o abraço, deixo Carol terminando o jantar e fico com os dois juntinhos a mim.
Antônio é muito esperto e muito inteligente, ele sente quando as coisas não estão bem ele é perceptivo e carinhoso. Ele é muito diferente de José, que é desligado, tem muitos amigos e talvez por ser mais velho já se adapta facilmente as mudanças.
Observando Antônio dormindo, e lembro-me de quando ele era menor, que tinha dificuldades para dormir por causa dos pesadelos, ele tinha crises terríveis em que eu e Laerte ficávamos desorientados, até que descobrimos que cantar baixinho para ele e colocá-lo a montar lego o acalmava, eu ficava com ele montando as minúsculas peças até ele dormir novamente. Ele agora voltou a ter pesadelos, não são como antes, mas ele dorme a maioria das vezes comigo.
Os acordo para jantar e depois os coloco para o banho. Antônio está começando a sentir vergonha do seu corpo e não gosta que eu entre com ele no chuveiro. O espero do lado de fora do banheiro e ele está lindo com seus cabelos loiros cacheados na altura dos ombros. Ele me olha com um sorriso lindo eu me sinto aliviada por ele estar melhor.
Assisto um desenho com os dois no meu quarto, ele se distrai deitado de bunda para cima, não tem comportamento para assistir televisão, fica de cabeça para baixo e coloca os pé para cima. De vez em quando eu o pego no colo para que não caia.
Dormimos os três agarradinhos. Acordo e não vejo Antônio na cama, já levantou e está ajudando sua avó arrumar o café. Com ela, ele fala sem parar, é uma confiança e uma amizade incrível.
__ Bom dia! Vocês dois vão acordar com as galinhas, todos os dias?
__ Bom dia, querida! Antônio está me contando que as crianças na escola estão implicando com ele, apertam a bochecha dele e o chamam de doido. Você precisa ir até a escola resolver isso.
__ Eu vou! E por quê você não me contou a respeito disso?
__ A senhora não acreditaria. Falaram que meu pai morreu e a senhora está namorando o tio Daniel.
__ Quem falou isso com você?
__ O Thiago, neto da dona Josefa, ele falou que a senhora não deixou nem o corpo do meu pai esfriar.
Eu o abraço e desminto a conversa, como as pessoas são más e gostam de caluniar às outras.
__ Antônio, você é meu amigo, eu não tenho ninguém e amei muito o seu pai, mas papai do céu o quis lá em cima, porque precisava dele. Agora eu cuido de você e você de mim. As pessoas más não sabem de nada da nossa vida, e quando você tiver uma dúvida, venha e fale comigo. Vamos resolver isso juntos.
__ Eu confio na senhora, por isso eu dei um murro na cara do menino.
Eu fico assustada, como se não bastasse todas as lutas e provas que tenho passado, agora esse ataque ao meu filho.
Saio para o trabalho com a cabeça a mil. Entro no elevador e não encontro o Henrique.
__ Estranho, sempre chegamos juntos e o carro dele está no estacionamento.
Chego na minha sala, procuro a chave na bolsa, meu celular toca e é a secretária da advogada confirmando o horário. Entro na minha sala ainda ao telefone e deparo-me com uma pasta em cima da mesa. Nela está escrito: Para a advogada.
Só pode ter sido Henrique, desligo o telefone e começo a olhar os documentos da pasta e fico em choque. É um emaranhado de coisas formando um quebra-cabeça. Leio com atenção e precisa ser investigado.
Ligo para ele e não me atende, lhe mando uma mensagem e ele não visualiza. É tudo muito estranho.
__ Obrigada por me ajudar. Vou entregar junto com os outros documentos.
Passo essa mensagem para ele que depois de duas horas é visualizada. Ele não responde, mas ao menos visualizou. Deve estar ocupado e não pode conversar.
Recebo ligações dos meus primeiros clientes e confirmam a compra dos apartamentos, são dois na primeira hora do dia, nem tudo é tristeza. Marco horário para assinarem o contrato na parte da tarde.
Arrumo a documentação e deixo pronta, sei que é serviço da secretaria, mas ela não me passa confiança.
Tranco a minha sala e estou pronta para sair, quando Fernanda me pergunta:
__ A senhora não quer deixar a sala aberta, a faxineira vai limpar daqui a pouco?
__ Minha sala está limpa, marque com ela para limpá-la amanhã cedo quando eu chegar.
__ A senhora tem algum compromisso para colocar na sua agenda?
__ Não se preocupe, eu tenho controle da minha agenda, você só anote se alguém me procurar ou tentar entrar na minha sala na minha ausência.
Ela está espantada, mas não consigo confiar nela, meu sexto sentido não falha e para mim ela sabe muita coisa que eu não sei.
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Atualizado até capítulo 77
Comments
Rosilene Oliveira
o filho dela deve estar com autismo se ela comentar com o Henrique ele vai saber, e falar para ela ir ao médico para cuidar desde cedo 😮🫣
2024-12-27
2
Patrícia Barbosa Ferrari
Paula o seu filho Antônio tem TEA Autismo ,tem que levar ele ao médico para fazer o tratamento correto.
2024-12-12
0
Vanda Farias de Oliveira
Minha neta de 5 anos foi detectada com Autismo na escolinha e foi ao médico e fez terapia e todos na família teve que aprender a lidar é muito inteligente e é muito agarrada a mim e fora da família não se socializa fácil . Há pessoa que ainda não entendi .
2024-11-30
3