Mudança

Chego na casa da minha mãe e Daniel está ajudando a Carol colocar as coisas dentro do baú, eu passo direto e vou ao banheiro lavar meu rosto e melhorar meu aspecto. Peço a Carol uma roupa emprestada e ela me dá um short que eu jamais usaria e uma camiseta, me sinto uma adolescente com essa roupa. Daniel para ao me ver e me sinto constrangida, finjo não perceber seus olhares e sua respiração ofegante. Carregamos o caminhão e levo a minha mãe no meu carro. Ela ainda está se convalescendo e não pode fazer esforço.

__ O que está acontecendo Paula?

__ Nada, é só cansaço.

__ Você não me engana, seus olhos são sinceros demais para mentir.

__ A senhora não existe, mãe!

Ela ergue a sobrancelha por cima do óculos e espera uma resposta.

__ Eu descobri que Laerte foi casado antes de nos conhecer, pelo que eu entendi ele começou namorar comigo assim que terminou o casamento.

__ E o que tem isso?

__ Ele voltou a encontrar com essa mulher. Deu a ela uma cachorrinha que chamavam de filha.

__ Paula, você ainda vai saber muita coisa que não sabia. Laerte nunca me enganou, ele era muito misterioso, quase não saia com você e com as crianças, fazia questão de manter você nessa redoma de dona de casa.

__ Eu sei, mãe. Depois com calma vou contar para a senhora o que está acontecendo, só peço que não comente com ninguém, muito menos com a Carol, ela é amiga do Daniel e eu não quero que ninguém saiba, até descobrir tudo que está acontecendo.

__ Pode contar comigo, minha filha. Você não está sozinha e vou te ajudar. A Carol está apaixonada por esse rapaz, mas ele gosta de você e isso pode ser um problema entre vocês duas.

__ Não da minha parte, eu não quero mais ninguém na minha vida, vou cuidar dos meus filhos e da senhora. Esse é o meu objetivo de vida.

__ Não diga nunca mais, você é muito nova e tem uma vida inteira pela frente.

__ A senhora fala, mas nunca mais arrumou ninguém. Papai foi embora nós éramos pequenas, a senhora é tão linda, porque não arrumou um namorado?

__ Você disse bem, eu tinha duas filhas pequenas e sempre pensei em vocês, como eu poderia colocar uma pessoa desconhecida junto com minhas pérolas. As pessoas podem nos enganar, ferir até nossa alma, mas se tocar nos nossos filhos aí sim nos destrói.

__ E agora, somos adultas e sabemos nos defender, porque a senhora não arruma uma pessoa?

__ Ainda não apareceu essa pessoa, não tive essa oportunidade, um colega no trabalho ficou interessado em mim, mas queria só um relacionamento aberto sem compromisso, eu quero uma pessoa para ser meu companheiro e que me ame, me respeite e seja importante para nós.

Ouço ela falando e percebo o quanto é difícil aparecer essa pessoa, tem que ter muita sorte para encontrar alguém disposto a dividir uma vida.

Chegamos em casa e as crianças estão com a mãe de Daniel, elas vem correndo e abraçam minha mãe que vai acabar de estragar o resto.

O caminhão para na porta da garagem e começamos a descarregar. Daniel pega as coisas pesadas juntamente com dois ajudantes. Eu e Carol vamos colocando dentro de casa já em seus devidos lugares, convenci minha mãe a trazer somente o básico, e colocamos o resto dos móveis a venda.

Agora eu estou no baú do caminhão retirando as caixas em quanto Carol e Daniel os carregam para dentro.

Terminamos de descarregar e vou descer do caminhão, Daniel me ajuda e me desequilibro e ele me segura, novamente nossos corpos estão colados um no outro, ele me aperta em seus braços e sua boca bem próxima a minha, eu o driblo e rapidamente beijo seu rosto em agradecimento.

__ Obrigada! Sempre me segurando para eu não cair.

Falo e dou lhe um sorriso, ele passa sua mão pela extensão do meu braço e segura minha mão me fazendo voltar até seu corpo, me colocando diante do seu olhar:

__ Não me agradeça por isso, eu faço com prazer.

__ Eu sei, mas não tenho como retribuir o que você quer, por favor, não insista.

Falo e saio de perto para não enlouquecer.

Ele entrou em casa e ajudou Carol a montar o quarto da mãe em quanto preparo um lanche.

Depois de tudo no lugar fui tomar um banho, quando saio do banheiro Carol entra no meu quarto, ela está muito chateada:

__ Aconteceu alguma coisa, irmã?

__ Eu preciso saber, você está gostando do Daniel?

Ela me pergunta com um olhar triste.

__ Se você estiver eu prometo me afastar dele, se for preciso eu até saio da sua casa.

__ E o que te faz pensar que eu goste dele, dessa maneira que você gosta?

__ O jeito como ele te trata, o carinho dele com as crianças e a amizade de vocês.

__ Carol, ele é meu amigo, eu nunca vou amá-lo de outra forma, já falei isso para ele. Agora, se você quer investir nele, fique à vontade, vou lhe dar o maior apoio.

Ela me abraça e agradece muito pela nossa conversa franca. Sinto que estamos mais unidas do que nunca.

Eu estou sem cabeça para pensar em um dia ter um relacionamento, agora eu preciso de sossego.

Ligo para Henrique e ele não atende, mando uma mensagem querendo contar a ele o que descobri, mas ele não visualiza.

Não vou ligar mais, ele deve estar ocupado com sua família ou namorada e eu não quero atrapalhar. Segunda eu o vejo e lhe conto antes de me encontrar com a advogada.

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