Capítulo 17

...A paz temporária começa...

Irina Darkmore

Depois de preparar o chá e a pasta, fui até os aposentos do Rei.

Toc toc toc

Depois de um tempo de silêncio, que para mim estava demorando horas, ele respondeu:

— Entre.

Cheguei até lá, e ele estava sentado em uma poltrona, olhando uma carta, seus olhos estavam marejados, mas ele disfarçou isso na hora quando olhou para mim, e se levantou.

— Pode entrar.

Com uma bandeja com o chá, eu coloquei em cima de uma mesa.

— Por favor, Majestade, beba esse chá, que depois eu farei a massagem nas suas têmporas.

— Por que você não mostra o que é de verdade, e acaba logo com isso?

De novo essas palavras que eu não entendo, mas como eu percebi que ele falou baixo, fingi que não ouvi.

E como fingi que não ouvi continuei com a instrução com relação ao chá:

— Você precisa tomar enquanto estiver quente, para o efeito vir mais rápido.

Ele olhou para a xícara como se estivesse numa luta interna, mas tomou o chá e se preparou para deitar.

Então, ele já estava tirando a blusa, acho que ele costuma dormir sem camisa, quando me dei conta disso, eu fechei os olhos e virei o rosto.

Mesmo com o rosto virado e com os olhos fechados, consegui ouvi o risada sarcástica dele, ou seria uma risada de indignação...

— Não tem nada aqui que você já não tenha visto.

Quem ele pensa que eu sou? Sim, com relação a isso, ele tem razão, eu já vi, mas apenas para examinar quando a pessoa está doente, e não era esse o caso.

Além de não prestar mais atenção do que o necessário.

— Por favor, assim que vossa Majestade estiver preparada, me avise para poder aplicar o remédio.

Depois de algum tempo, ele respondeu:

— Já pode olhar.

Ele estava deitado, mas me olhando, mas seu olhar não era o mesmo, aquele de ódio mas... de tristeza.

E com esse olhar ele faz uma pergunta...

— Será que a sua atitude agora é por que se arrependeu?

Continuo não entendendo ele, por isso, continuei me fazendo de desentendida.

— Preciso que você feche os olhos e tente relaxar, vou aplicar a pasta, você não pode mais falar, tente não pensar em nada que te preocupa.

Ele fechou os olhos e eu comecei a massagem, quando estava quase terminando ele já estava dormindo.

E quando terminei, vi uma lágrima saindo dos olhos dele.

Que tipo de tristeza uma pessoa poderosa como ele, pode carregar? ele ajuda tantas pessoas humildes, mas quem conseguiria ajudá-lo?

Eu poderia fazer isso, mas ele me odeia tanto.

Ajuntei tudo e saí, mas antes de abrir a porta olhei para trás e desejei que tivesse mais uma noite de sono tranquilo.

Não sei qual é o meu problema, mas naquele momento, ele me lembrava alguém do passado, talvez até uma pessoa que eu e minha tia tenha ajudado.

Mas me senti em paz.

Fui para o meu quarto, para tentar dormir, com o pensamento de que esse Rei poderia ser alguém mais próximo do que eu imaginava.

Princesa Lizi.

— CONSEGUI!

Finalmente achei! pensei que tinha ouvido errado do meu pai uma vez, mas realmente ele criou essa lei.

Assim que a tragédia de nossas mães aconteceram, meu pai começou a acordar, e perceber que ele deveria ter dado mais valor à sua esposa.

Então, ele criou um decreto, de que no palácio, qualquer amante poderia ficar até no máximo três meses, e depois deveria partir.

Essa lei, nunca foi vista pelos meus irmãos, porque eles nunca concordaram com a ideia de ter uma amante, mas agora o assunto é diferente, e eu terei a chance de cumprir a minha promessa com a Irina.

Vou deixar isso para depois de amanhã, preciso que meu irmão fique mais um dia em paz com ela, e quem sabe, ele mesmo tome essa decisão.

Logo quando saí da biblioteca, fui até a porta do quarto do meu irmão para me certificar de que ele estava mesmo dormindo... Que alegria.

E segundo o Chad, foi bem tranquilo entre os dois, mas quando ele entrou no quarto após a Irina partir, ele viu a carta do Harry na mesa.

Toda vez que ele olha essa carta é como se um pedaço dele fosse embora.

Mas graças a promessa que ele me fez, ele não descontou na Irina, então, isso já é uma vitória.

Amanhã será mais um dia, e eu vou aproveitar e ficar um pouco com ela, quero conhecê-la melhor.

Ela me faz querer fazer isso, e segundo a lei do meu pai, logo ela irá embora.

**Dia seguinte**.

Tudo ocorreu como planejei.

Meu irmão estava calmo, sem dor de cabeça e mais um dia acordou depois do horário, me dando a certeza de que o tratamento estava funcionando.

Enquanto ele estava na corte, fui atrás da Irina que estava arrumando o escritório dele.

Entendi que o seu senso de limpeza, se devia aos ensinos de sua tia, e passei a entendê-la melhor.

Ela me disse, que tinha um rapaz que o meu irmão havia prendido como forma de fazer ela "andar na linha", decidi ver aonde estava esse rapaz chamado Declan.

Embora o meu irmão tenha feito ela acreditar que ele seria maltratado, ele está bem, e exercendo a profissão dele.

Ele só não tem permissão de sair do Palácio, mas ele ainda dá aulas, e até para aqueles que são criados, para os guardas e seus filhos.

Me lembrei da Ayla falando que o professor dela, não só conhecia a Irina, mas também disse que ela tinha excelentes habilidades no uso das ervas, era o próprio Declan.

Não pude promover o encontro deles ainda, porque ela ainda é amante do Rei e isso seria considerado um crime gravíssimo.

Mas tudo ao seu tempo, pelo menos é o que eu espero. Embora às vezes a minha intuição diga que não seja algo tão fácil assim.

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