Capítulo 13

...O Primeiro encontro com a irmã...

Rei Dimas

Já era hora do jantar, e eu e minha irmã estávamos chegando, a amante já esperava em pé, perto da mesa e quando nos viu, fez a reverência respeitosa de sempre.

Olhei para a minha irmã, que estreitou os olhos para ela, isso vai ser interessante.

— Então, você é a Irina? A amante do meu irmão?

Percebi que ela fechou os olhos, e respirou fundo, antes de responder.

— Sim, vossa Alteza. É uma honra conhecê-la.

Ela saiu de perto de mim, e se aproximou da mulher.

Ficou olhando um pouco ela nos olhos, e depois sorriu... Sorriu?

— Por favor, me chame de Lizi, e se sente ao meu lado, vamos ter um jantar EM PAZ hoje, tudo bem?

— S-sim Lizi!

— É assim que se fala.

Mas que recepção mais frustrante foi essa? Nenhum tapa se quer, Mas como eu entendi a indireta do "jantar Pacífico", decidi deixar essa conversa para depois.

Após o jantar, antes mesmo de eu dizer qualquer coisa, minha irmã foi na frente.

— Irina, por favor pode se retirar. Essa noite eu vou fazer companhia para o meu irmão, sabe, para matar a saudade.

— Eu entendo! Obrigada e com licença.

Estou sem reação, ela dispensou aquela mulher sem a menor cerimônia, pretendia continuar o que paramos ontem.

— Irmão, vamos no escritório.

Perfeito! Agora minha irmã mais nova decidiu que deveria mandar em mim.

Nem esperei ela falar nada, assim que fechei a porta quis logo perguntar:

— Achei que você queria conhecer aquela vigarista para bater na cara dela, nunca pensei que era para tratar ela daquele jeito.

Certo, não foi bem uma pergunta.

Ela me olhou e perguntou:

— O que é aquela marca no pescoço dela?

— Ela mereceu.

— Irmão! Não estou te reconhecendo.

— Isso é entre mim e ela.

— Tudo bem! Então vamos a uma outra parte.

— Então diga.

— Você se lembra do que a nossa mãe sempre falava a respeito de nossas heranças genéticas?

— Herança? tá falando do fato de eu ter herdado o lado sádico do nosso pai?

— Também, mas ela falou que eu herdei o dom de enxergar a alma das pessoas.

— E o que é que tem?

— Você sabe que ela sempre teve razão, a Lena foi um exemplo, que família que você conheceu onde a esposa e a amante pudessem viver em harmonia com direito até a trazer o filho fora do casamento para ser o herdeiro? E ainda por cima ao trono.

Meu instinto dizia que o rumo dessa conversa não iria me favorecer... E pra piorar a minha inseparável dor de cabeça já estava me avisando que seria mais uma longa noite pra mim.

Decidi cortar logo a conversa.

— Vá direto ao ponto, minha enxaqueca está me matando.

Ela respirou fundo, como se tivesse tomando coragem pra dizer a que conclusão ela tinha chegado, e quando ela disse, foi direta:

— Não vi maldade naquela garota.

— O quê?

— Tem certeza que não se enganou?

— Já disse que foi investigado.

Não vou repetir pela centésima vez que não existe outra com o mesmo sobrenome em todo o reino, que alguns guardas foram na casa de muitas pessoas que já tinham ouvido falar nesse sobrenome.

Não tem outra Darkmore no reino de Conad.

— Mas a testemunha principal não confirmou.

— Só o sobrenome já é o bastante, não acredito que você caiu naquela pose de Santa que ela ostenta, aquilo é puro teatro.

— Eu é que não acredito que você acha que ela é culpada, acredite no que eu digo, aquela moça é inocente, tem que haver alguma explicação.

— Sim, que às vezes sua intuição falha. Já disse ela é a única Darkmore na região.

— Ai irmão! Você sempre foi teimoso,.mas desta vez, você se superou.

— E você já sabendo disso, posso te garantir que essa conversa é uma perda de tempo.

— Que assim seja, mas por favor, não faça mal a ela, você vai se arrepender no futuro.

Era só o que me faltava, a minha irmã protegendo aquela mulher.

— O fato dela não estar aqui no escritório hoje, acredite, já é um bem que estou fazendo a ela.

Com aquele olhar de despertar a compaixão de qualquer um, que só ela sabe como fazer, ela continuou:

— Não vou ficar aqui muito tempo, logo voltarei para Sparish, poderia nesse período por favor só focar em nós? somos tudo o que sobrou.

Se existe alguém que consegue me deixar sem palavras e acabar me fazer cedendo a qualquer coisa, esse alguém é a Lizi.

— Eu prometo! Vamos ficar juntos quando eu não estiver ocupado.

Ela deu um sorriso, mas percebi que tentou disfarçar o suspiro de alívio.

Quando eu achei que ela já tinha terminado, ela perguntou:

— E você, ainda não resolveu esse problema da enxaqueca?

— Nem um pouco, parece que só piora.

— E a insônia?

— Pior ainda, parece que estou dormindo cada vez menos, e o pouco que consigo, ainda tenho pesadelos.

— Sobre o Harry?

— Quase sempre sobre o Harry. Eu d-deveria ter percebido, eu deveria ter percebido que ele estava se despedindo, deveria ter ficado ao lado dele o tempo todo.

Isso é uma culpa que me atormenta cada vez mais.

— Irmão!!! Não se culpe, mesmo se você desconfiasse você não conseguiria ficar com ele o tempo todo.

Ela me abraçou e já estava começando a chorar.

— Ele terminaria isso, mais cedo ou mais tarde.

— E você ainda acha que eu deveria ser bom com aquela mulher.

— Sim, porque ela é inocente.

— Então chegamos a um impasse. Acho que você precisa descansar, hoje o dia foi longo.

Essa conversa não vai acabar tão cedo, pois eu não posso abrir mão dessa vingança, ela precisa sofrer, eu não posso deixar que ela se vá.

— Está bem, preciso fazer algo, talvez eu volte aqui mais tarde, na verdade, por que não vai para o seu quarto? eu irei pra lá daqui a pouco.

— Acho que você pensa que é a minha mãe.

— Sou sua irmãzinha, e me preocupo com você, por favor, por mim, vá para o seu quarto, eu já volto.

Depois eu é que sou teimoso, mas a minha enxaqueca só piorava e discutir não estava ajudando.

Não nego lá no fundo que de certa forma esse momento de paz que teria com a amante vai me ajudar e que ficar o máximo de tempo possível com a Lizi vai me tranquilizar.

Então, me levantei e fui para o quarto.

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