Capítulo 16

...Plantando uma "semente" de dúvida...

Rei Dimas

Confesso que quando a minha irmã saiu do quarto eu fiquei um pouco pensativo.

Essa mulher, tem sido um mistério desde que a conheci.

Ela não só continua com aquela expressão, mesmo depois de tudo que fiz, como agora me deu um tratamento que muitos médicos até hoje falharam.

E o pior de tudo, segundo a minha irmã, ela sabia que era para mim.

Esse tipo de atitude não combina com aquela crueldade que aquela senhora disse, na verdade, não combina em nada com uma pessoa capaz de brincar com os sentimentos de alguém, quem dirá tirar a vida de um ser dentro de si, o que para muitas mulheres é um sonho, já que é muito difícil engravidar.

Sua tia foi uma curandeira famosa e me lembro que a mulher que me salvou quando estava à beira da morte era uma curandeira.

Será que são a mesma pessoa? A moça que estava com o rosto coberto, aquele dia parecia uma moça doce e preocupada com a minha segurança, seria a mesma pessoa? Confesso que não consegui esquecer aquele dia e queria muito ter conhecido não só a tia que me salvou,as também, a ela.

Preciso mandar alguém investigar o passado dessa mulher mais a fundo.

Mas até lá, preciso cumprir a minha promessa de não tratá-la mal, pelo menos por esses dois dias.

Porém, isso não quer dizer que ela vai ficar quieta no seu canto, agora que minha irmã a proibiu de trabalhar nas minas, ela vai fazer outra coisa, antes de ir à corte, chamei o chad e disse para convocá-la.

Na verdade, embora o trabalho nas minas não seja pesado para as mulheres como costumava ser (eu me certifiquei disso) confesso que também não quero que ela fique longe daqui, mas não me pergunte o porquê, essa é uma pergunta que até hoje eu não entendo.

Minutos depois, ela estava na minha frente.

E pela primeira vez, não soube o que falar.

Depois de pensar um pouco...

— Vou ser direto, enquanto você não voltar para as minas, será a responsável pela ordem e a limpeza dos meus aposentos e do meu escritório.

— Sim, Majestade.

— Se quiser, pode começar pelo escritório, estarei na corte por agora, e mais tarde vou usar o escritório, quero ele limpo.

— Sim, Majestade.

— já pode se retirar.

Acho até que se ela pudesse ela correria, talvez por um momento, ela tenha pensado que eu mudaria de ideia, e não vou mentir, confesso que se não fosse pela promessa a minha irmã, eu quase o fiz.

Mas não é hora de pensar nisso, dormi mais do que deveria, embora merecido, mas com isso, já estava atrasado.

Após resolver os assuntos da corte e que Graças aos céus eram mais rápidos talvez pela boa noite de descanso que tive, fui até o escritório, como eu faço isso sempre no automático não reparei em nada.

Mas de repente me senti relaxado e bem mais disposto.

Foi quando eu reparei e olhei a minha volta...

Na minha mesa, tinha um vaso, com um ramo de lavanda, que perfumava o ambiente, as janelas estavam limpas e abertas.

O lugar era o mesmo, mas ao mesmo tempo, estava diferente.

Essa mulher fez um bom trabalho, e estava sentindo uma "paz" que há muito não sentia.

Acho que por isso vou conseguir manter a minha promessa com relação a ela.

Tudo graças ao ambiente que esse lugar está me proporcionando agora.

As horas sempre passam mais rápido, ainda mais agora, e sem perceber, já estava escurecendo.

Quando uma das criadas me avisou que o jantar já estava pronto, me preparei para ir.

Minha irmã estava me esperando, não percebi que tinha abrido a boca quando perguntei:

— Onde está a amante?

Com um sorriso vitorioso, e meu arrependimento de ter feito essa pergunta ela me responde:

— Ela já jantou, e agora ela está preparando as ervas pra você.

Numa tentativa patética de mudar o rumo da pergunta que eu fiz no começo e fingir que nada estava me afetando, acabei perguntando:

— Tem certeza que é uma boa ideia ela cuidar de mim?

Com um sorriso cínico ela respondeu:

— Agora! Mais do que nunca.

Fizemos o nosso jantar no silêncio confortável, e após o término ela disse que precisava voltar a biblioteca.

— Você acabou de jantar Lizi, você pode passar mal.

— Não se preocupe, só vou arrumar a minha bagunça, e depois vou me retirar porque estou muito cansada, nos vemos amanhã.

O que tanto ela faz nessa biblioteca que a deixa tão concentrada assim, para mim ainda é um mistério, mas acredito que logo ela vai me dizer.

O que me resta agora é ir aos meus aposentos.

A minha dor de cabeça estava começando, embora com menos intensidade, mas de certa forma estava ansioso pelo chá.

Chegando aos meus aposentos, tive a mesma reação do que tive com o escritório, só que mais rápido.

O lugar estava bem aconchegante, com algumas plantas distribuídas em alguns vasos e o lugar limpo.

Mais limpo do que as próprias criadas fazem.

Respirei fundo, e ao inalar aquele leve perfume no ambiente senti uma paz que tinha sentido logo quando entrei no escritório e claro, depois que percebi que tudo estava mudado, isso me relaxou.

Como disse antes, ela não cansa de me surpreender.

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