A Emboscada

A Emboscada

Veaceslav correu o mais rápido que pode tentando inutilmente não chamar a atenção de seus algozes, entrou em casa nervoso, em seu descontrole, bateu a porta. Sem tempo para delicadezas, acordou a esposa sem esconder seu desespero.

— Liana! Acorde! Acabei de ver Iulian e os caçadores de vampiros vasculhando o mercado! Não é mais seguro ficar aqui!

A jovem despertou assustada, estavam a tanto tempo vivendo de forma tranquila que por um breve instante acreditou que poderiam viver seu “felizes para sempre” entretendo apesar de terem uma história linda, sua relação com Veaceslav estava longe de ser um conto de fadas. Confusa, pensou em trocar de roupa, porém foi alertada que não havia tempo para isso:

— Pequena flor... eu lamento, mas devemos sair daqui agora mesmo. Iulian está perto de mais! Certamente está usando algum tipo de artificio para nos encontrar e em breve estará batendo em nossa porta.

A Sr.ª Dalca cobriu o corpo com um manto e pegou seu véu dedicando para isso o mesmo tempo que o vampiro levou para colocar todas as economias do casal em uma bolsa de couro.

Estavam prontos para sair, deixariam tudo para trás, sem ao menos saber para onde iriam. Todavia, não tiveram tempo para cruzar a porta, Iulian os aguardava na entrada da casa, exibindo um sorriso triunfante, regozijando-se com sua pequena vitória.

— Por que a pressa? Por acaso pretendem ir a algum lugar? — Perguntou irônico.

Veaceslav não esperava ser apanhado tão rapidamente, não lhe foi dada oportunidade de escapar. Em um gesto instintivo, o vampiro depositou a mão sobre o ombro de sua amada e inutilmente tentou aconchegá-la em seu peito, na ilusão de que seu gesto pudesse fazer alguma diferença. Imediatamente foram separados pelos caçadores do Clã Van Alene, que fingiram não ouvir as suplicas da jovem mulher. O andarilho foi imobilizado e Iulian com satisfação acomodou um artefato de prata em seu punho, golpeando o ventre do rival com toda sua raiva acumulada pelas diversas vezes em que foi ludibriado pelo desafeto. O vampiro gemeu de dor cuspindo muito sangue, Iulian voltou a golpeá-lo inúmeras vezes, só parou quando ficou exausto e seu rival extremamente ferido, desmaiou.

A jovem desesperou-se, chorou compulsivamente em vão, implorando que o Sr. Albesco parasse. O desespero e a suplicas de Liana eram a música que embalavam seus golpes. O prazer que estava sentindo não poderia ser descrito em palavras.

O Sr. Dalca caiu no chão inerte, havia perdido muito sangue, porém, isso não seria suficiente para leva-lo ao óbito. Liana não sabia ao certo quão grande era a capacidade de seu marido para suportar a dor de golpes tão severos, tentou acudi-lo ajoelhando-se sobre seu corpo inerte, todavia os fies cães de guarda do jovem mestre a impediram de acolhê-lo em seus braços.

O andarilho foi acorrentado com grilhões de prata e sem piedade arremessado em uma jaula coberta de feno, rebocada por uma carroça. Iulian fez questão de proporcionar sofrimentos inomináveis ao seu rival, saboreando sua vingança como um banquete que degustaria frio. Segurou Liana pelo queixo apertando com força enquanto a atormentava com ameaças esbanjando toda a sua crueldade, destilando todo o seu veneno.

— Realmente acreditou que poderia fugir de mim menina tola? Não se passou um dia depois que me traiu que eu não sonhasse com esse glorioso momento.

Farei esse maldito se arrepender do dia que te conheceu... o farei implorar por misericórdia... não vou matá-lo logo... vou torturá-lo, fazê-lo de exemplo, humilhá-lo até ele finalmente desejar estar morto... e você meretriz desfrutável... vai presenciar cada etapa desse tormento, como se estivesse na primeira fila da tribuna de gala do mais requintado teatro londrino...

— Faça o que quiser comigo, mas deixe Veaceslav ir... eu imploro...

— Liana... Liana... acredita que está em condição de fazer alguma exigência? — Indagou o Sr. Albesco beijando-a a força.

Em resposta ao violento beijo, a jovem mordeu o lábio de Iulian agressivamente com toda sua ira. O mestre ficou furioso respondendo seu atrevimento com um violento tapa com as costas da mão, gritando descontroladamente:

— Vai se arrepender de cada instante de humilhação que me fez amargar vadia depravada!

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