Baile de Mascaras

Baile de Mascaras

O mês de maio durou uma eternidade, todavia, a véspera da grandiosa festa de aniversário de Iulian finalmente chegou. Liana fingiu uma falsa alegria quando o mordomo do Sr. Albesco lhe trouxe um magnifico vestido de baile branco perolado.

— Alegre\-se minha jovem... hoje é o dia de seu noivado disse o mordomo com muita cortesia.

A jovem respondeu a frase do criado com um sorriso artificial, só conseguia pensar se estava tudo bem com Veaceslav e se o plano de fuga ainda estava de pé.

No dia seguinte, Mircea a ajudou e se banhar e fazer um penteado. Seu pai estava orgulhoso e alheio a todo o sofrimento que Liana carregava no coração.

Anoiteceu, Iulian mandou uma carruagem buscar Liana e seu pai. Ela estava belíssima, elegante como uma dama da alta sociedade romena. Entretanto já quase não conseguia esconder toda sua aflição.

Logo o coche parou em frente ao casarão dos Albesco. O cocheiro ajudou Liana a desembarcar e a acompanhou até a porta da mansão. Iulian já estava aguardando\-a e entrou na festa de braços dados com ela. Seria o sonho de qualquer jovem: Noivar com o rapaz mais rico do vilarejo... porém Liana só tinha um homem em seu coração.

— Você está linda! Mas não pude deixar de notar seu semblante preocupado...

— É impressão sua jovem Sr. Dalc... quer dizer Sr. Albesco.

— Respondeu Liana rapidamente, rogando a Deus que seu erro não fosse notado.

O engano não passou batido, entretanto Iulian escondeu bem sua desconfiança. Decidiu que ficaria de olhos bem abertos e que nada passaria despercebido ao seu olhar atento.

Não muito distante dali, na estrada que ligava o vilarejo as cidades vizinhas, Veaceslav aguardava atrás de uma pedra a passagem de alguma carruagem trazendo convidados para a celebração. Já tinha todo seu plano para aquela noite friamente arquitetado, mas antes de mais nada precisava de roupas adequadas e de um convite do baile.

Ficou escondido ali por mais de duas horas. Já estava preocupado que nenhum convidado havia passado por aquele caminho, quando de repente, conseguiu ouvir os galopes dos cavalos de uma carruagem que se aproximava.

Veaceslav deitou-se no meio da estrada como se tivesse sido espancado, para dar mais veracidade a sua interpretação, mordeu a língua com força e fez o sangue correr pelo canto de sua boca. Ainda precisou aguardar alguns minutos até a carruagem alcança-lo.

— Senhor... há um homem ferido no meio da estrada. O que devo fazer? — Perguntou o cocheiro preocupado.

— Veja se seus ferimentos são graves e se ele está vivo. — Ordenou o Lorde.

Quando o cocheiro se aproximou de Veaceslav, o vampiro com um movimento brusco o mordeu no pescoço e alimentou-se do seu sangue até deixá-lo desacordado. Após se alimentar do criado, Veaceslav calmamente caminhou até a carruagem saudando cordialmente seus ocupantes.

— Boa noite senhor... boa noite jovem dama.

— Você matou nosso cocheiro? — Perguntou a moça aflita.

— Claro que não... ele apenas desmaiou...

— O que quer de nós? Isso é um assalto?

— Não sou bandido senhor... mas preciso de suas roupas e de seu convite para o baile.

— Ficou louco? — Indagou o homem apontando uma arma de fogo para o vampiro.

— Senhor... não perca seu tempo... a menos que tenha balas de prata sua arma é inútil... Você vai soltar essa pistola no chão da carruagem bem lentamente e depois vai me dar suas roupas. — Disse o vampiro flamejando seus olhos cinzentos como opalas.

O homem não conseguiu resistir ao forte poder hipnótico do vampiro. Sem mais tentar se opor ele deposita sua arma no chão, entrega o convite do baile e começa a tirar seu luxuoso traje. Veaceslav sorri satisfeito.

— O que você fez com meu pai? É algum tipo de bruxaria? — Perguntou a menina muito assustada.

— Não se preocupe... seu pai apenas foi hipnotizado, o efeito

vai passar em algumas horas e ele não vai lembrar de nada...

Gostaria de me ajudar menina? No convite diz que o Lorde deve comparecer ao baile acompanhado de sua filha. E além disso... você vai estar unindo um casal apaixonado, separado por conveniências sociais.

— Ajudá-lo? Mas e meu pai? — Perguntou a garota confusa.

— Bem... preciso trocar de roupa com ele. De qualquer maneira, seu o cocheiro está desacordado... seu pai poderia ocupar o lugar do cocheiro e nos levar ao baile. O que acha? Posso contar com sua ajuda?

A menina não pode evitar ficar interessada no romance de Veaceslav e Liana... era como visto nos livros que costumava ler. Resolveu que se havia uma chance daquele casal ter seu “felizes para sempre” ela deveria tomar parte do plano.

— Promete que ninguém sairá machucado?

— Prometo! — Respondeu o vampiro sinalizando com dois dedos sobre seu peito.

Veaceslav trocou de roupa com o Lorde e acomodou o cocheiro desmaiado no interior da carruagem, sem mais perder tempo seguiram pela estrada em direção a mansão dos Albesco.

Chegando à festa, o vampiro desceu do coche ajudando a menina a descer também. Entraram no salão de braços dados. A sorte desta vez, estava ao seu serviço pois receberam mascaras no hall de entrada. A sofisticação do baile garantiria seu anonimato. O vampiro acompanhou a menina até a mesa do banquete onde ela poderia se deliciar com os doces.

— Aqui nos separamos mademoiselle... preciso encontrar minha noiva... ela deve estar agora mesmo tentando escapar dos cortejos do aniversariante. Obrigado por tudo.

O Sr. Dalca tratou de procurar Liana, a encontrou minutos depois tentando se esquivar das mãos avidas de Iulian que insistiam inutilmente em tentar abraçá-la.

Veaceslav se enfureceu, porém precisava agir com cautela. Esperou Iulian se afastar, o que aconteceu alguns minutos depois ao ser convidado para um drink com alguns homens amigos de seu pai com grande influência política na província.

Sorrateiramente ele se aproximou da jovem posicionando-se atrás dela dizendo de forma intrigante:

— Seu noivo sabe que está sendo cortejada por esse riquinho

arrogante e mimado, senhorita Ardelean?

— Veaceslav? Como conseguiu entrar? E de onde tirou esse traje elegante? — Perguntou ela surpresa.

— Tenho os meus truques... precisamos dar o fora daqui o mais breve possível. O joalheiro me deu o endereço de uma pequena igreja na região da Moldávia onde há um padre que aceitará nos casar sem fazer perguntas.

— Então vamos! Nós só poderemos viajar durante a noite, então devemos sair agora.

— Bem Liana... Eu tive uma ideia... antes de partir devemos aproveitar as acomodações desse palacete e ter alguns minutos de privacidade... você sabe que eu jamais poderei te proporcionar algo parecido...

— Se eu fosse uma garota ambiciosa e estivesse buscando conforto e luxo, me casaria com Iulian!

— Todavia, não devemos perder essa oportunidade...

Veaceslav tomou a jovem pela mão e discretamente subiram as escadarias. Em frente a um dos inúmeros quartos havia dois homens montando guarda, o vampiro entendeu que aquele deveria ser os aposentos do jovem senhor da mansão e tratou de improvisar:

— Boa noite senhores, minha amiga está um pouco indisposta... ela poderia entrar e descansar um pouco?

— Claro que não! Esse e o quarto do mestre Iulian!

— Então... vocês vão deixar eu e minha noiva entrar e cuidaram para que ninguém nos interrompa... nem mesmo o mestre Iulian. — Afirmou Veaceslav mais uma vez colocando seus talentos em pratica flamejando os olhos azul-acinzentados.

— Usou com aqueles homens o mesmo truque que usou com Mircea? — Perguntou curiosa.

— Evidente! — Afirmou jogando-se na cama.

Liana ficou admirando a ousadia do noivo, era inegável que o atrevimento dele provocou nela reações que ela desconhecia.

— Não fique aí parada... deite aqui comigo. — Suplicou ele.

A jovem o obedeceu sem hesitar, encontrou no conforto de seus braços uma paz que a muito tempo procurava.

— Eu te amo Veaceslav.

— Liana... eu também te amo! E hoje, antes de sairmos daqui eu vou fazê-la minha.

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