A pulga atrás da orelha

Já estavam no caminho para casa, Rafael com milhares de planos de como poderia aproveitar um pouco a noite, enquanto Eluar pensava no que deveria revisar antes de dormir, quando Katarina, mãe de Rafael liga para ele.

* CHAMADA ON*

— Querida, mamãe! Como você está? Acredita que eu estava pensando em você agora? —Mentira! Rafael estava pensando em tudo, menos em sua mãe.

— Você pode ser muito lindo, mas é um cachorro. Volte para casa logo. Sua noiva essa chorando aqui na minha sala tem mais de uma hora, dizendo que você não atende a porcaria do celular. Não me importo com o que você está fazendo, mas faça essa mulher sair da minha sala. — Katarina disse antes de desligar.

* CHAMADA OFF *

— Vida de noivo não é fácil. Pode parar ali rapidinho? — Eluar disse apontando para próximo de uma farmácia. Rafael achando que ela precisava de algum medicamento, prontamente atendeu.

Eluar desceu do carro, ficou parada na frente da farmácia pedindo um Uber. Ela não iria se meter no meio da confusão. Já tinha feito besteira no carro, não iria continuar com isso. Nada de bom sairia disso.

— Eluar, o que você está fazendo? Entra no carro. Eu te deixo em casa. — Rafael gritou do carro.

— Sabe, Rafael, eu sou fod@ demais para me submeter a ser a outra. Resolve seu b.o antes. Posso até gostar de você, mas eu me respeito mais ainda. Não vou me colocar em uma situação dessa. Já errei hoje com você e comigo, não deveria ter me deixado levar pelo momento, mas não vou me permitir ficar nessa posição. — Eluar disse acenando com a mão para um carro que se aproximava, por sorte tinha um Uber perto, ela não queria ficar próximo de Rafael mais tempo. Não sabia quão forte ela era. — Boa noite, Rafael. Até manhã.

Eluar partiu para casa, pensou que iria chorar o caminho todo, sentia seu coração doer, mas ao contrário, ela sorriu, mas não por está feliz de ter estado com Rafael, mas pela mensagem que recebeu de sua mãe.

" Filha, você é o orgulho da nossa família. Na ferias irei te visitar. Voa, filha. O céu não é o limite. Só você mesma vai saber seu limite. Estamos com você. "

Eluar sorriu com aquilo. Ela daria seu melhor. Continuaria sendo o orgulho de sua família. Precisava ter paciência e controle com Rafael. Não precisava fazer algo que não concordava, uma hora ou outra sua memória iria voltar. Ela só precisava se manter presente para achar o gatilho. Enquanto isso, iria focar em seus estudos.

Enquanto isso, Rafael estava irritado. Não apenas por Eluar está arrependida do que aconteceu, ninguém nunca havia se arrependido por está com ele, mas também por Isabela está mais uma vez fazendo cena na sua casa, sua família já não suportava mais ela.

Rafael entrou com tudo na sala. Encontrou Isabela chorando de um lado, seu pai tomando whisky com uma cara de poucos amigos e sua mãe destruindo uma maçã. O clima estava bem pior do que ele imaginava.

— Leve-a daqui. Eu não quero ser presa por assassinato. — Katarina falou se levantando do sofá. Subindo sem ao menos se despedir de Isabela.

— Filho, espero que não aconteça novamente. Já não temos mais idade para lidar com tudo isso. — Kleiton, pai de Rafael disse levantando. — Tenha uma boa noite, Isabela.

Rafael só esperou seus pais subirem, não estava nenhum pouco com paciência para mais um surto de Isabela. Ela todos os dias fazia seu teatro por um motivo diferente, os funcionários se escondiam dela para não ter que lidar com nenhum surto.

— Pegue sua bolsa. Vou te deixar em casa. — Rafael disse se virando para sair.

— Somos noivos. Eu posso dormir na casa da família do meu noivo, não? Não irei embora. — Isabela falou se levando.

— Fique a vontade. Estou indo então. Pode ficar o tempo que quiser. Até o bebê nascer, caso queria, mas eu vou embora daqui. — Rafael andava em direção da porta, Isabela correu e puxou a sua mão.

— O que você está fazendo? Iremos nos casar. Vai deixar sua noiva grávida sozinha e ir embora? Você não tem nenhum receio por seu filho? Você é o pai dele. — Isabela gritou.

— Se fosse em outra situação, eu estaria chamando a polícia. Por ter preocupação com essa criança que você ainda está aqui. — Rafael abriu a porta, saindo de dentro de casa, Isabela correu.

— Rafael, não faça assim, vamos conversar. — Isabela gritava chamando atenção de todos da mansão, que assistiam tudo através das janelas.

— Parou para pensar que se eu quisesse conversar com você eu teria atendendo o celular? Você é chata, Isabela! Você quer forçar uma relação que não existe para mim. Passa o dia todo me monitorando, acha que não sei? Se eu não respondo mensagem, você me liga. Se eu não atendi, você aparece onde eu deveria está. E se eu não estiver, o escândalo começa. Me poupe. Quero passar minha vida inteira dessa forma não. — Rafael falou entrando no carro, mas Isabela ficou na frente.

— Estou grávida. É normal se sentir insegura. Vamos conversar sobre isso. Não acha que o fato de você não lembrar de mim, me deixa ainda mais insegura? Você nem sequer sente nada por mim. — Isabela gritava em meio as lágrimas.

— Já parou para pensar que você não precisa chorar e fazer um show toda vez que estiver descontente com algo? Que me monitorar e me sufocar só vai me fazer ter uma aversão maior em relação a você? Eu nunca fui um ser preso. E tenho certeza, que se tivemos algo sério, você saberia disso. — Rafael falou ligando o carro.

— Eu sei. Eu sei. Estou errada. Saia do carro. Vamos entrar conversar e dormir. — Isabela sugeria calma, ou pelo menos tentando, percebeu que seu plano estava indo por água a baixo.

— Você escolhe, quer ficar ou que eu te deixe em casa? Não vamos dormir no mesmo teto. Na verdade, melhor, vou cancelar nosso noivado. — Rafael disse dando ré para sair.

— Se fizer isso... Eu aborto a criança. — Isabela ameaçou.

— Que mãe amorosa. Então quer dizer que a criança só está viva ainda para você conseguir casar comigo? Você está usando essa criança? — Rafael falou saindo do carro.

— Não, eu apenas não posso criar uma criança sozinha. Eu não tenho condições para isso. Você sabe muito bem. — Isabela respondeu nervosa. A noite não tinha acabado como havia imaginado.

— Eu não casar com você, não tem nada com a criança. Sendo minha ainda irei assumir ela. Agora, não foi essa sua preocupação, você está querendo usar a criança como pretexto para casar comigo? — Rafael ficou com uma pulga atrás da orelha depois da reação de Isabela.

— Eu não quero ser mãe solo. Não vou criar essa criança sozinha, enquanto você envia dinheiro e tem sua vida de solteiro como quer. — Isabela bateu o pé. Rafael riu.

— Não precisa. Você me passa a guarda da criança e não precisa nem lembrar da existência dela. Você decide aí o que quer. Alias, se também decidir ir para casa, peça ao motorista. E boa noite. — Rafael disse dando ré e saindo com tudo.

— Maldito! — Isabela gritou — Você acha mesmo que pode contra mim? Nunca vai conseguir fugir. Você é meu.

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