Carro embaçado

Eluar olhava para Rafael sem saber o que dizer, estavam estampado em seu rosto que a informação não era nada do que ele esperava, mas agora estava dito, ela não podia voltar atrás.

— Me desculpe... — Rafael disse olhando para ao chão e chamando o garçom.

— Não era exatamente a resposta que você esperava. Me parece prestes a sair correndo daqui. — Eluar sorriu, mas por dentro queria chorar. O que aconteceu com eles?

— Eu... não .. não esperava. Pensei que sei lá... Acho que não pensei direito. Era óbvio que você me conhecia demais para ser alguém que eu peguei ou apenas uma colega. Você... era... algo mais. — Rafael respondeu sentando na cadeira olhando para Eluar.

— Acho que o jantar chegou ao fim. — Eluar disse segurando seu celular para chamar o Uber, era claro que Rafael precisava de um tempo. Era muito para digerir, mesmo que fosse angustiante, ela sabia que era necessário.

Quando Eluar estava passando por ele, Rafael segurou a mão dela, impedindo que ela continuasse a sua fuga do restaurante.

— Pode se sentar? Acho que tempo muito para conversa. Não me parece certo. Nada disso me parece certo. — Rafael não sabia o que pensar. Poderia ser mentira de Eluar? Ou ele um grande canalha?

— Podemos fazer isso em outro lugar? Acho que todo o restaurante está olhando para nós. E vamos dizer que você é conhecido o bastante para de problemático. — Eluar não queria problema com a mídia.

— Sim, vou apenas pagar a conta. Pode me esperar no meu carro? — Rafael pediu entregando a chave para Eluar.

Eluar concordou com a cabeça, era melhor do que ficar com todos olhando para ela, como se fosse um animal de zoológico. Enquanto Rafael pagava tudo, Eluar fez como ele havia sugerido. Já no carro, ligou uma música para tentar se acalmar. Seu coração estava a mil.

— Eu gosto dessa música. — Rafael disse abrindo a porta, fazendo com que Eluar gritasse de susto e ele tivesse uma crise de riso. — Me desculpe, não tinha o intuito de assustar.

— Você sempre me assusta e depois começa a rir. — Eluar disse dando leves tapinhas em Rafael. Que brincando segurou sua mão, fazendo com que eles se encarassem.

— Se você continue me olhando assim, vai complicar minha vida. — Eluar explicou para ele.

— Que tipo de complicação seria maior do que um namorado que está noivo de outra e não lembra de você? — Rafael perguntou puxando Eluar para seu colo.

— Ser a amante do meu namorado que não lembra de mim e tem uma noiva super barraqueira. — Eluar respondeu.

— Eu sei, mas todo meu corpo quer o seu beijo. Não entendo o que está acontecendo. — Rafael explicou passando a mão pela nunca de Eluar, fazendo ela se arrepiar.

— Não acha melhor a gente conversar sobre isso antes? — Eluar sugeriu, conhecia os dois juntos o suficiente para saber que não duraria muito tempo de roupa sentada no colo de Rafael.

Rafael bem ao menos chegou a responder a sugestão de Eluar, o desejo parece dominar todo seu corpo. Ele já não mais estava sobre as rédeas. Quando puxou Eluar para próximo de si e beijo sua boca, parecia que havia entrado em êxtase. Se perdeu totalmente naquele beijo. Quando se deu conta já estava tirando a roupa dela, enquanto ela rebolava em seu colo.

Rafael até pensou em chamar ela para um lugar mais confortável. Um pouco mais a vontade. Onde tivessem mais liberdade, mas sentia a necessidade de ter ela naquele momento. Não podia de forma alguma esperar um minuto que fosse. Como se estivesse com sede e ela fosse sua água.

Sem qualquer romantismo ou qualquer palavras a mais, só se pode ouvir seus gemidos misturados com o som da playlist que Eluar havia colocado antes de Rafael chegar, os dois se entregaram aos seus desejos. Quando finalmente estavam saciados, já vestidos e olhando um para o outro.

— Eu trai você? — Rafael perguntou olhando para a lua, com um misto de felicidade e culpa. Havia sentido com Eluar algo único, mas ao mesmo tempo, ele sabia que havia feito besteira, complicado ainda mais tudo, ele era noivo ou já havia traído ela.

— Eu duvido muito. Se tivesse uma pequena suspeita que você realmente fosse um traído covarde... Eu não estaria aqui no seu carro. Bem.. se pensar bem.. você é comprometido e acabou de trair sua noiva. Eu estou confusa. — Eluar disse começando a sentir culpa. Tinha acabado de dormir com alguém comprometido, mesmo que fosse seu namorado, ainda era noivo de outra mulher

— Podemos retroceder um pouco, sem pensar no agora. Quero saber do passado, você acredita que eu fui fiel a você? Não conhecia Isabela? Nunca ouviu falar dela? — Rafael sentiu uma conexão absurda com Eluar, desde a primeira vez que viu na porta da sua casa para o jantar, não havia como negar que entre eles tinham uma atração assustadora, mas já com sua noiva, nada disso existia.

— Nunca vi você sequer falando dela. Mal saímos do Campus e não lembro dela na universidade. Eu não faço ideia de onde ela saiu. — Eluar respondeu.

— Então, você acha que é um golpe? — Rafael logo entendeu que Eluar não desconfiava dele nenhum pouco. O que era estranho, porque ele conhecia muito bem a fama que tem.

— Se fosse antes de começar a namorar com você, eu diria que podia ser você o traidor da história, mas... Depois de tantos anos de namoro, você nunca sequer me deu um motivo para desconfiar de você. E sempre estávamos juntos.. Nas aulas.. nos intervalos... a noite. A história não faz sentido para mim. Só posso imaginar que é alguém querendo ganhar em cima do seu estado de saúde. Aproveitar que você não tem memórias. — Eluar pensava dessa forma.

— Posso te pedir um favor? Por enquanto, podemos deixar tudo isso em segredo? Nós dois. Não estou querendo te converter em minha amante ou te enganar. Preciso descobrir a verdade sobre Isabela, se ela souber que está em risco, pode acabar sendo mais difícil ver quem ela realmente é ou o que precisa. — Rafael pediu alisando o rosto de Eluar.

— Está me dizendo para esconder daquela mulher tudo que temos como se eu fosse a errada? Enquanto isso ela fica com você? Onde que isso está certo? — Eluar não queria imaginar Rafael com outra mulher. Era doloroso demais.

— Eu não tocarei um dedo nela. Eu prometo a você. Só não posso deixar que ela descubra tudo. Preciso está um passo na frente para descobri o que está acontecendo e o que pretende. — Rafael realmente não queria enganar Eluar, mas tinha certeza que iria complicar ainda mais se Isabela ficasse sabendo. Ele precisava descobrir toda a verdade e só conseguia imaginar dessa forma.

— Como vai me provar isso? — Eluar perguntou.

— Você disse que confiava em mim.. — Rafael ficou confuso com a dúvida de Eluar.

— Confiava no homem que me amava. No meu namorado. Você não está apaixonado por mim e nem se lembra de nossa história. E eu sei muito bem o quão mulherengo você pode ser. — Eluar sabia a lista enorme de garotas que Rafael havia se envolvido no curso antes de namorar com ele.

— Irei me mudar. Assim Isabela não terá acesso a mim, como tem na casa dos meus pais. Enquanto eu não resolver essa confusão, acho melhor me manter um pouco distante de lá. — Rafael explicou.

— Coloque a senha o meu aniversário e me passe o endereço. Se realmente quer que eu confie em você, me dar razões racionais para isso. — Eluar não pretendia aparecer no apartamento de Rafael, mas queria saber até onde ele estava disposto.

— Tudo bem. A senha será seu aniversário.. Só precisa me contar qual é. Tudo bem assim? — Rafael não conhecia Eluar, não estava fazendo isso para ficar com ela, mas para que ela confiasse nele. Se vazasse na mídia que ele havia traído sua noiva com uma colega de curso, poderia complicar bastante.

— Certo. Agora... Pode me deixar em casa? Eu preciso dormir. Amanhã começamos cedo. — Eluar disse amarrando os cabelos.

— Que tal você não dormir no meu apartamento e você mesmo colocar a senha? — Rafael sugeriu ao ver a nunca de Eluar exposta. O corpo todo dele não queria permitir que aquela mulher se afastasse.

— Não, se quiser, pode dormir no meu quarto, mas será apenas dormir! Já passamos muito do limite hoje. — Eluar por mais que sentisse falta de Rafael, sabia que não era correto se transformar em sua amante, mas não era fácil dizer não para ele.

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