As peças estão se movendo

Logo se iniciaram as rondas. Rafael não teve muita escolha além de chegar na hora, Eluar não deixou ele parar em lugar nenhum. Quem estava conduzindo a ronda era a mãe de Rafael, que se surpreendeu ao ver seu filho no lugar pontualmente.

— Bom, como sabem, aqui trabalhamos com a ideia de parceria. Todo o estágio será dividindo as atividades e relatórios com o seu parceiro de estágio. Usem disso para tirar dúvidas, estudar. Vocês precisam contar com seus parceiros. Caso tenha qualquer problema, nos procure. É imprescindível que vocês tenham sintonia. Para começar hoje, vou mandar vocês para os professores responsáveis por cada um nessa prime etapa. Por favor, vão para os seus respectivos setores. Os responsáveis estarão esperando por vocês. — Katarina, mãe de Rafael disse, os estagiários começaram a se dissipar — Eluar, Rafael, venham comigo.

— Bom dia, doutora Katarina, achei que outro professor ficaria responsável por nós dois hoje. — Eluar disse surpresa.

— Me contatam que senhor Rafael já chegou atrasado no primeiro dia, ainda por cima, fez uma cena na lanchonete. Peço desculpas pelas ações impensadas de Isabela. Ela se mantém insegura já que Rafael não reconhece ela. — Katarina se desculpou envergonhada pela atitude, não era o tipo de coisa que ela gostaria que fosse ligada a sua família.

— Me desculpe, Doutora Katarina, mas acho que você não precisa se desculpar, não foi a senhora que causou o problema. E não se preocupe, estou bem. Por onde iremos começar hoje? — Eluar sabia bem como era a mãe de Rafael, ela odiava que o nome da família foi respingado por qualquer boato ou situação complicada. Era melhor apenas tirar eles do assunto e se resolver depois com Isabela.

— Bom, quero que vocês fiquem no lugar das enfermeiras primeiramente, fazendo triagem, quero que aprendam as etapas e também que aprendam a avaliar os sintomas dos pacientes, não apenas aqueles que dão ditos, mas aqueles que pode ser percebido apenas ao olhar. Qualquer dúvida, estarei por perto, junto com as enfermeiras. Podem começar. — Katarina orientou, Eluar concordou e seguiu, Rafael foi segurado pelo pulso por sua mãe. — Eu não sei que tipo de pessoas baixas você estava relacionado ou de onde veio aquela mulher, mas eu quero ela longe do meu hospital e dos meus negócios. Não me faça ter outra vergonha.

— Sabe que não tenho culpa das atitudes dela. — Rafael se defendeu.

— Tem. Para alguém agir daquela forma achou abertura. E até onde eu sei, você é o pai daquela criança. Então, você que escolheu aquele tipo de pessoa baixa para sua vida. Você sabia muito bem quem era sua pretendente, tivemos que finalizar um casamento arranjado de anos por conta desse problema que você arranjou, então me faça o favor, não me traga mais dor de cabeça, apenas escute Eluar e seja um bom parceiro. — Katarina disse com um tom autoritário para o filho.

— Mãe, acho que Eluar é bem mais que uma conhecida. Poderia pedir para investigarem ela? Acho que tem mais nessa história que eu não sei. — Rafael pediu para mãe.

— Muda alguma coisa você saber o que ela era sua? Vai fazer dela sua amante? Acabar com o futuro dela sujando ele com polemicas desnecessárias. Eluar é o tipo de garota que olha para o futuro, não para problemas. Não estregue o futuro de alguém tão brilhante com sua presença. Você será apenas uma sombra que atrapalha sua visão. — Katarina disse saindo em direção a cadeira.

O que sua mãe disse acabou ficando na cabeça de Rafael, mesmo que ele e Eluar tivessem tido algo, não era correto se envolver com ela, estava noivo e preste a ter um filho. Não era justo nem com Eluar e muito menos com Isabela.

— Rafael! Onde você está com a cabeça. Me desculpe, senhor. Poderia abrir a boca e estirar a língua. — Eluar disse tomando a frente de Rafael que já estava liberando senhor que havia sido salvo de um incêndio.

Eluar olhou muito a língua do senhor, sorriu e pediu que esperasse um minuto. Foi em direção de Katarina, conversou um pouco e ambas voltaram em direção do senhor.

— Bom dia, senhor... George. Eluar avaliou e detectou que o senhor havia inalado mais fumaça do que é seguro, a partir do exame da sua língua. Poderia me acompanhar? Iremos precisar fazer alguns procedimentos e colocar no oxigênio para efeito de tratamento. — Katarina explicou para o paciente que concordou e acompanhou a médica.

— Eu ia fazendo uma merda, né? O que aconteceria se eu tivesse liberado ele sem sinalizar sobre isso? — Rafael perguntou colocando seu tablet de atendimento em cima de uma mesa.

— Ele poderia ter morrido em poucas horas. Você tem que ser cuidadoso e observar os sinais. E mais importante, sempre ler a ficha dele, isso vai nortear como você deve lidar com a triagem, onde deve prestar mais atenção. — Eluar explicou.

O resto do dia se passou bastante rápido, Rafael comentou ainda outras gafes, mas nada que fosse realmente crítico como a primeira.

— Bom! Vocês estão liberados. Podem ir. Lembrando que amanhã haverá a aula pela manhã e a noite vocês terão plantão. Então descansem bem. — Katarina disse focada em alguns papéis.

— Obrigada! Até amanhã! Boa noite a todos. — Eluar disse sorrindo antes de sair.

— Até mais tarde mãe! — Rafael gritou já correndo atrás de Eluar.

— Esse garoto ainda vai acabar conseguindo atrapalhar a vida de Eluar. Espero está enganada. Mesmo que ela seja aquela que ele realmente tinha um relacionamento, eu espero que ela foque na carreira, ela é brilhante. — Katarina pensou alto vendo Eluar andando sem ao menos olhar para trás e seu filho correndo atrás dela. — Mas não seria ruim meu filho aprender um pouco e amadurecer com ela. Agora... O que farei com Isabela?

Enquanto Katarina pensava uma forma de colocar Isabela nos eixos sem causar mais problema, Rafael finalmente conseguia alcançar Eluar.

— Eluar, posso te deixar em casa? — Rafael pediu, queria conversar com ela.

— Estou bem. Não moro longe. Chegarei rápido, não precisa se incomodar. — Eluar não queria que o boato dela está com um homem noivo rodasse por aí, ainda mais por Rafael ser bastante famoso, eles faziam de tudo para não serem fotografados antes do acidente para não dar material para os paparazzis.

— Eu insisto. Quero conversar um pouco mais com você. Poderia me dar essa honra? — Rafael perguntou com um sorriso galanteador.

— Saiba que esse sorriso só me lembra o quão você é galinha e safado. — Eluar brincou. Rafael com o tempo de namoro mudou a forma de sorria para ela. Antes era um sorriso malicioso, com o tempo se transformou em um sorriso sincero e doce.

— Quanta violência gratuita. Prometo que será só uma conversa. Não tentarei nada mais. — Rafael realmente queria apenas descobrir o que ela era, não podia envolver ela em problemas se envolvendo na loucura que era a vida dele naquele momento.

— Está certo. Vou trocar de roupa. Deveria fazer o mesmo. Não pode sair de jaleco. Você sempre faz isso. — Eluar falou apontando para o jaleco que Rafael usava.

— Sim, senhora. Irei retirar ele agora. — Rafael estava satisfeito que sua carona foi aceita.

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