Alguns reencontro são difíceis

Vendo a mão da senhora estendida para ela, ainda em choque, ela cumprimentou a mulher. Que parecia animada, diferente de Eluar que estava aterrorizada.

— Bom, Eluar. Eu sou atendo emergência e pediatria. Você estará de plantão e trabalhando sempre que eu estiver. Eu avisarei quando for folga ou não vier trabalhar. Como meu filho sofreu um acidente, estou pegando menos horas, para ficar de olho nele. Sabe como é, ele não consegue seguir as recomendações, sempre acaba dando um jeito de aprontar algo. Aliás, pelo que vi no seu currículo, vocês são da mesma turma. Conhece o Rafael? — Katarina perguntou. Estava procurando amigos da faculdade para ajudar seu futuro lembrar. Ele havia esquecido apenas os últimos anos, no caso, sua época na faculdade.

— Sim, eu o conheço — Eluar admitiu. Bem, não era uma mentira, estava mais para uma omissão.

— Que tal você jantar conosco hoje? Vocês vão trabalhar juntos. Ele fará estágio junto com você. Peço que o ajude se ele tiver com algum problema. Eu sei que é bem mais do que você está instruída a fazer, mas te peço como mãe. — Katarina estava preocupada que alguém com amnésia fosse cuidar de alguém, talvez ele nem lembrasse do que aprendeu na faculdade, mas seu filho insistiu muito. Não queria ficar em casa e sua mãe não deixou ele voltar para o Campus.

— Tudo bem. Vai ser um prazer ajudar ele nesse momento. — Eluar estava agora ainda mais feliz, iria encontrar com Rafael hoje, também teria convivência diária com ele.

— Então aqui está meu endereço. O jantar é às 20h. Uma das técnicas de enfermagem vai te apresentar todo hospital e tirar suas dúvidas. Te vejo mais tarde. — Katarina disse entregando o papel com endereço e pegando sua bolsa para sair.

— Até mais tarde — Eluar se despediu, indo encontrar com a técnica de enfermagem que iria apresentar ela ao hospital.

O hospital era enorme, levou quase a tarde inteira para mostrar todos os lugares importantes, a técnica de enfermagem, Rosi, muito simpática apresentou Eluar as responsáveis pelo setor, deu algumas dicas sobre os profissionais mais problemáticos, quem ela precisava procurar em casa problema e por fim, apresentou ela ao restaurante mais próximo. Boa parte dos estagiários literalmente moram no hospital, não tem tempo para ficar indo e voltando. Preferem dormir no hospital mesmo, para conseguir mais tempo para dormir.

Depois de conhecer todo hospital e algumas pessoas. Voltou para casa, iria se arrumar para o jantar na casa de Rafael. Lis não gostou muita da ideia. Sabia que de alguma forma, sua amiga acabaria ferida naquela história.

— Tem certeza que está tudo bem você ir? Sabe que o Rafael não se lembra de nada. E conhece muita bem ele. Talvez não fosse melhor você encontrar com ele no hospital mesmo? Na casa dele você não pode nem fugir, ainda mais, se a mãe dele é sua orientadora. — Lis tentou alertar a amiga, que não se importava nenhum pouco com isso.

— Não tem nada que ele faça ou fale que vá me magoar. Só ver ele será o suficiente para meu coração aliviar. Sei que ele vai acabar lembrando de tudo uma hora ou outra. Só precisamos de paciência. Talvez, trabalhando juntos acabe sendo ainda mais fácil que isso aconteça, não acha? — Eluar estava confiante que com o contato diário, tudo voltaria ao normal e ela teria o namorado de volta.

— Apenas... Tome cuidado. Não se empolga muito. Lembre que ele não é o mesmo Rafael que você namorava. É um antes de vocês ficarem juntos. Um excelentíssimo babaca. Então, vá com calma. — Lisandra no começo do namoro odiava Rafael, ele era um playboy mimada que tinha tudo nas mãos e era profissional em desmerecer e diminuir as pessoas. Depois que Eluar e Rafael ficaram juntos, ele acabou mudando bastante, ficando até tolerável.

— Não se preocupe. Vai ficar tudo bem. — Eluar disse enquanto colocava o perfume favorito de Rafael. Na verdade, ela estava vestida para ele, a roupa que ele mais gostava, um vestido preto se tubinho, o cabelo preso em um enorme rabo do cavalo alto, uma maquiagem leve e um batom vermelho. Tudo que ele sempre gostou e amava ver usando. Para finalizar, colocou um colar que havia ganho ano passado dele.

Pronta e ansiosa para esse reencontro, ela saiu de casa um pouco mais cedo que deveria, chegando 15 minutos para as oito. Envergonhada, entrou na casa que era enorme, já tinha seu nome liberado na entrada com os seguranças. Desceu do Uber e tocou a cigarra. Para sua enorme surpresa quem abriu a porta foi Rafael.

— Olá, boa noite. Você deve ser... Eluar, certo? Prazer, sou Rafael Carvalho, mas aparentemente você já me conhece. — Rafael falou sorrindo, o que desmontou ela. Quando ele se aproximou para dar os dois beijinhos, sentiu o cheiro do perfume dela. — Esse perfume... Ele..

— Querido! O que faz na porta. Não íamos jantar? — A mulher que Eluar tinha esbarrado apareceu segurando na mão de Rafael.

— Eu vim abrir a porta para a convidada. Aliás, Eluar, essa é Isabela, minha noiva. — Rafael apresentou sorrindo, mas os olhos de Eluar se encheram de lágrimas. — Você está bem?

— Sim, caiu um cisco no meus olhos. Prazer, sou Eluar. Sou estudante de medicina que fará parte da equipe da senhora Katarina. — Eluar tentava não se deixar abalar. Esticou sua não para cumprimentar a Isabela, que acabou não fazendo o mesmo, deixando a mão de Eluar sozinha erguida.

— Eu te conheço de algum lugar... ah! Você foi a vadia que se levantou contra mim. Não acredito que minha sogra vai dar aula mesmo para a ralé sem educação — Isabela debochou olhando para Eluar. Rafael se sentiu muito desconfortável ao ver Eluar inquieta, pegou em sua mão puxando para ela entrar.

— Vamos. Entre, o jantar já deve está sendo servido. — Rafael puxou Eluar até a sala de jantar. Quando ambos entraram de mãos dadas e a noiva gritando irritada pela situação, sua família olhou para eles confusos.