Strike

Eluar saiu daquele banheiro outro ser humano, seu cabelo estava amarrado, sua maquiagem impecável e um sorriso enorme estava estampado no seu rosto, ela já havia decidido, não teria como vencer aquela mulher de forma limpa, então começaria a jogar sujo.

— Você está bem melhor do que eu imaginei que estaria. Não decepciona. — Katarina disse surpresa ao ver Eluar entrando em sua sala. Ela imaginou que nem ao menos a garota voltaria depois de toda aquela cena.

— Doutora Katarina, eu estava estudando um dos seus artigos ontem a noite. Pesquisar por horas na internet o procedimento para compreender melhor sua técnica, mas eu consegui, se você tiver algum paciente que estiver precisando desse exames, poderia me convidar como observadora. Eu tenho bastante interesse. — Eluar falava com uma grande empolgação. Ela decidiu que derrubaria Isabela jogando baixo, começando por ganhar Katarina para seu lado. Quanto menos apoio, maior a queda.

— Sério? Ficaria feliz, qual seria o procedimento? — Katarina estava surpresa. Já gostava muito de Eluar, percebendo que ela não se abalava ou saia do foco com o externo, fez com que ela tivesse ainda mais interesse na garota.

— O procedimento de Chama TurTur, não conseguir entender direito o motivo do nome, pelo que compreendi, se trata de um exame rápido, o médico não pode demorar muito ou acaba se perdendo. Então, porque chamar de tartaruga? — Eluar questionou.

— É baseado na fábula do lebre e da tartaruga, para fazer exame, o profissionais não pode ser afoito e confiante como a lebre, mas como a tartaruga, não precisa ser um exame rápido, mas sim, constante. Você não pode acelerar ou diminuir no meio dele, deve manter o ritmo do início ao fim, como a tartaruga na história. — Katarina explicou animada, gostava de falar sobre esse procedimento, era um dos que mais gostava e se orgulhava. E Eluar sabia disso, por isso decidiu falar sobre ele.

— Faz todo sentido. Por isso ele obtém um resultado tão eficaz e confiável. A constante faz com que o resultado tenha precisão. Fantástico. — Eluar disse olhando para Katarina que estava com um sorriso enorme.

— Deixa eu ver aqui! Ah! Achei. Tenho um procedimento em algumas horas. Vamos comigo. Eu te ensino. Preste bem atenção que na próxima você fará e eu vou só monitorar — Katarina estava contente, finalmente tinha encontrado uma aluna para passar seus conhecimento. Ela precisava de alguma para replicar sua habilidade. Estava cada vez mais óbvio para ela que Eluar era essa pessoa.

— Eu irei adorar. Muito obrigada. Estou ansiosa por isso — Eluar disse animada, não apenas pelo fato de ter conseguido atenção que buscava de Katarina, mas também por criar uma oportunidade para ela no futuro, ela matou dois coelhos com uma cajadada.

— Ah! Um minuto. Preciso fazer uma ligação — Katarina falou voltando a mesa, tirando o telefone do gancho. — Aqui é Katarina, avise a todos os seguranças que a entrada de Isabela está proibida nesse hospital, até mesmo no estacionamento. Divulgue uma foto dela para todos. Se eu encontrar ela nesse hospital, vocês todos estavam no olho da rua.

Eluar queria gargalhar por dentro, mas manteve um rosto neutro, por precaução. Não podia causar nenhum conflito com Katarina, Rafael havia falado bastante sobre ela, conhecia ela o suficiente para saber como lidar sem grandes dificuldades.

— Então, vamos? Preciso passar na farmácia e solicitar o material. — Katarina passou alegre ao lado de Eluar.

A tarde saiu como Eluar imaginou, Katarina era simples, gostava de ser respeitada e valorizada, além de gostar de está cercada de pessoa com conteúdo e profissionais. Ela não suportava conversa banal.

— Já tem onde jantar, Eluar? — Katarina perguntou enquanto lavavam as mãos depois do procedimento.

— Tenho certeza que tenho a opção miojo de galinha, de carne ou pipoca. Não tive tempo ainda de fazer compras, sempre que chego tenho que revisar o material, me sobrando pouco tempo. Estou esperando o final de semana chegar, farei comida para semana inteira e vou congelar uma para cada dia. Mais simples e saudável. — Eluar não estava mentindo, mas um dos motivos de não ter comprado também era por não ter tempo para cozinhar.

— Eu compreendo. Quando comecei a minha residência, passei mais de uma semana jantando torrada ou pipoca. Na época não havia o tal do miojo, mas eu acabaria nele também. Que tal jantar na minha casa hoje? — Katarina sugeriu animada. Queria levar a conversa para o jantar também.

— Não seria incomodo? Ainda mais depois de tudo que aconteceu hoje. — Eluar perguntou realmente preocupada. Não queria outra cena naquele dia. Não sabia até quando iria conseguir lidar com a vontade de puxar os cabelos dela.

— Não se preocupe. Veja como uma retribuição por ter desistido de fazer um B.O contra ela. Hoje o jantar terá pernil, tenho certeza que você vai gostar. — Katarina disse puxando Eluar pela mão, não dando nem ao menos chance para ela escapar.

O caminho todo Katarina falou sobre seu tempo de estudante. Contou um pouco sobre se sentir sozinha em casa, Rafael e nem seu marido conversavam com ela, sempre teve outros interesses. Katarina passou a se sentir a vontade com Eluar rápido, assim como nossa protagonista planejou.

Já na casa, quando chegaram o jantar não estava pronto, mas todos estavam na sala, incluindo Rafael. Por sorte, Isabela não estava. Depois da briga com Rafael, ela sumiu.

— Boa noite a todos. Desculpa o incomodo. Tentei resistir, mas me disseram que o pernil era de outro mundo. Não tinha como negar. — Eluar disse rindo.

— Menina boba. Se sente. Pedirei um chá enquanto esperamos o jantar. — Katarina saiu em direção da cozinha.

— Katarina parece animada. Enfeitiçou ela? — Kleiton, pai de Rafael perguntou sorrindo. Gostava de ver a esposa daquela forma.

— Seria uma honra ter esse dom. A doutora Katarina tem bastante conhecimento. Se eu conseguir absorver 20%, já mudará minha vida. Não seria mal saber um feitiço para ter ela perto sempre. — Eluar respondeu. Sim, estava bajulando descaradamente.

— Vejo que estão falando de mim. — Katarina voltou com algumas taças e vinho.

— Acho que Eluar é a sua fã, sabia? — Kleiton brincou com a esposa que sorria de lado a lado.

— Sim, ela sabe valorizar quando encontra algo bom. Quer uma taça? — Katarina ofereceu para seu marido.

— Como não poderia aceitar um vinho oferecido por tão belo sorriso? Aliás, obrigada, Eluar. Estava com saudade do sorriso da minha esposa. — Kleiton agradeceu. Rafael havia dito uma vez, que seu pai era ainda mais fácil de se agradar, se sua mãe estivesse feliz, estava ganho. Ponto para Eluar. Strike.

— Que marido bobo esse meu. E você, filho, quer vinho? — Katarina ofereceu já entregando uma taça para Eluar.

— Eu vou passar. Não devo dormir em casa hoje. Só vim jantar com minha mãe que me abandonou e não me atendeu o dia inteiro. — Rafael passou o dia tentando contato com sua mãe, ele queria conversar sobre uma forma de resolver as coisas com Isabela.

— Se for sobre o tema que eu ficarei infeliz, eu passo, tive uma tarde ótima, quero tomar meu vinho com um belo jantar e dormir como um anjo. E prefiro que não beba. Assim poderá deixar Eluar em casa. — Katarina respondeu enquanto a funcionária avisava que o jantar estava pronto.

— Eu pensei que você não queria que eu arrumasse problema, o que aconteceu? — Rafael perguntou rindo.

— Você só vai conseguir algo de Eluar se ela quiser. Algo me diz que você terá que lutar por ela e não o contrário. Então, vamos? O jantar já está servido. — Katarina disse já de braços dados com Eluar indo para sala de jantar.

— Filho, boa sorte. Acho que sua mãe já escolheu a nora dela, só não faço ideia do que você e ela farão com Isabela. — Kleiton realmente não se importava com isso, mas sabia que sua esposa sim.

— E o que eu quero? Não importa? É minha vida. Me fazem noivar com aquela surtada e agora ela já está querendo outra? — Rafael perguntou indignado.

— Não se estresse. Sua mãe conhece você muito bem. Sabe que você fará apenas aquilo que quer. E, acho que pelas risadas da sala de jantar. Acho que você será deserdado e Eluar adotada. Como disse, boa sorte, aquela menina ali sim, sabe como jogar. — Kleiton desconfiava da mudança repetida de Eluar. Ela estava muito simpática e quase não deu bola para Rafael, era bem claro o que ela pretendia.

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