Enquanto Raul dirigia de volta para casa, sua irmã começou a ligar insistentemente. Pensou em ignorá-la, mas lembrou que se fizesse isso teria que se desentender com Bia também.
— Alô, Bia! —Sua voz era de desânimo.
— Alô, Raul! Estou nervosa até agora... O que aconteceu entre você e Telma?
—É que... Bem... Telma está com ciúmes de Melissa!
— Meu Deus, ela estava histérica, maninho! Você disse alguma coisa sobre o passado? foi isso?
Ele pensou um pouco, depois respondeu:
— Não, mas eu sou culpado de tudo... Eu e Melissa estávamos discutindo...
— Ah, não! De novo? Mas então por que ela estava tão irritada?
Ele respirou profundamente. Estava sem jeito de falar o que aconteceu, mas como imaginava que amanhã os boatos voariam, falou a verdade.
— Fiz uma grande besteira... Não sei como aconteceu, eu quase a beijei e isso só não foi possível porque Telma apareceu.
— Que babado! Raul você pisou na bola e feio!
— Pois é, agora Telma está furiosa...
— Olha, Raul, sempre reclamei com você... Esse seu gênio terrível ainda pode atrapalhar você bastante! Lembre-se que você não é mais um adolescente! Tem que controlar-se!
—É muito fácil dizer isso... Acontece, Bia, que essa sua amiga me tira do sério!
— Mel? Eu não a vi incomodar vocês, muito pelo contrário, ela estava se divertindo com...Ai , Meu Deus! Então é isso! Raul, seu danadinho, você estava com ciúmes de Mel por causa de James?
Ela gargalhou.
Aquilo fez Raul se irritar novamente só de lembrar como os dois estavam dançando bem juntinhos.
— Você vai ficar zombando de mim, é? Não estou achando graça!
— Oh, mano! Se você ainda ama Mel, por que não resolve logo isso? Comece do zero, pois se continuar dando uma de durão, sabe o que vai acontecer? Você vai acabar sendo superado por James, já pensou?—
Bia riu novamente.
Chateado com a possibilidade dessa situação se concretizar, Raul nem se deu ao trabalho de responder. Resolveu encerrar a chamada:
— Boa noite, Bia, estou dirigindo!
Ele desligou, mas as últimas palavras da irmã o perseguiram até chegar em casa.
Ele desejava apagar da memória tudo o que se referisse a Mel, mas com a sua chegada, não era mais o mesmo.
Chegou em casa e retirando a roupa de qualquer jeito, deitou-se na cama, e mais uma vez lembrou o dia que conversara com o pai sobre Mel, no dia que a levaria para o lago das Flores.
Com dezessete anos, Raul era apenas três meses mais velho que Mel. Ele de julho, ela de outubro.
Os dois se conheciam desde criança, mas naquele período, ele a via apenas como a amiga da irmã.
Às vezes, participava de algumas brincadeiras do grupo fechado de Bia, composto apenas por Rose e Mel.
Como sentia-se excluído, com o tempo preferiu ir com o seu pai às fazendas para ajudá-lo no manejo com o gado.
Quando Mel passou dois anos sem ir para Monte Serra, muita coisa aconteceu e uma delas foi o assédio por parte de muitas garotas da escola e da vizinhança que se interessavam por ele, mas focado no seu futuro profissional, queria apenas terminar o ensino médio e logo em seguida, começar o curso de Medicina Veterinária.
Só não imaginava que a mesma menina, que tantas vezes frequentou a sua casa, transformara-se numa linda garota e ao avistá-la no parque, sentiu pela primeira vez um sentimento desconhecido que depois reconheceu como amor.
E transbordava de alegria por tê-la como namorada.
O seu desejo era dizer para todos o que ela representava para ele, mas era impedido por Mel, que com medo da tia, preferia que mantivessem segredo sobre o namoro.
Nalva, inimiga da família dele, nem sonhava que os dois se encontravam às escondidas.
Ele se arrumava no quarto para encontrar-se mais uma vez com ela.
Segundo Rose, ela estaria às três da tarde, na casa dela, então ele pegou a viola e foi até o pai. Queria o carro emprestado para chegarem mais rápido ao lago.
— Pai, você pode me emprestar o carro?
— Tudo bem, mas seja cuidadoso! Você ainda não tem habilitação e não quero problema...
— Ah, pai... Dirijo desde os quinze. — Ele riu, bem-humorado. – Mas o senhor tem razão.
— Você vai se encontrar com Mel?
— Sim... Como você sabe?
O pai riu, cúmplice.
— Dá para ver em seus olhos e essa alegria fora do comum... Meu Deus! Ela vale a pena, é uma excelente menina!
– Eu amo aquela garota!
O pai ficou surpreso com a declaração do filho.
— Você é muito jovem para dizer essas coisas e vocês começaram a namorar outro dia...
— Pode até ser, mas sei o que sinto. Pai, eu jamais vou deixar de amá-lá.
O pai balançou a cabeça, tendo suas dúvidas.
—Espero que esteja certo disso. Assim que o pai de Mel chegar, vamos conversar para que você possa assumir esse compromisso. Não acho bom vocês namorando assim. Aquela Nalva não é confiável!
— Pai, não entendo por que essa mulher não gosta de nós... Nunca fizemos nenhum mal a ela!
— Não é isso o que ela pensa! Nalva é uma mulher muito vingativa... Não se pode subestimá-la, meu filho! Ela pode se transformar num grande problema para vocês...Infelizmente.
— Por que? O que aconteceu,?
— Bem, assim como você e ela, conheci Nalva ainda na infância, e Brandão, o pai de Mel , meu melhor amigo. Ela casou, teve Álvaro e permaneceu com o marido por uns cinco anos, depois se separaram. Você conhece Nalva, ela não é feia e como estava solteira, acabei me envolvendo com ela e chegamos a ficar noivos.
— Nossa...Eu não imaginava...
— Sim, éramos noivos, mas o nosso relacionamento era muito conturbado. Ela brigava por qualquer motivo. Ela era uma mulher extremamente complicada e isso fez com eu me distanciasse. Nesse mesmo período, conheci a sua mãe.
Pedro ficou pensativo e quando continuou estava emocionado.
— Foi amor à primeira vista. Mas como eu tinha compromisso com ela, achei por bem conversar e romper o noivado. Isso principiou o inferno na minha vida e na da sua mãe. Ela, inconformada, vivia me xingando por onde me encontrava e isso se estendia à sua mãe. Depois não satisfeita começou as ameaças, até que num certo dia ela tentou nos matar, passando com o carro por cima.
— Pai, essa mulher é louca! E a polícia?
— Fingiram não acreditar em nós. Na verdade o delegado era amigo dela. Por isso meu filho, o quanto antes precisamos reaver essa situação ente você e Mel.
Raul, voltando à realidade, sentiu o peito arder de tristeza. Tudo seria diferente se não fosse a interferência de Nalva.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Jane Cleide
Eita que a Nalva era o cão kkkkk,tá ardendo a essa altura kkkkkkk.
2024-12-18
1
Marlene Souza
esse Raul é muito besta, dá até vontade de torcer pelo James, mesmo sabendo que no final a Mel fica com ele
2023-12-27
13
Maria Gonçalves Xavier
🤔🤔 Aqui com meus botões, será que a tia não foi responsável pelo acidente do pai dá Mel 🤔🤔
2023-12-07
4