Raul estava tão absorto em seus pensamentos que nem percebera o seu celular vibrando, em cima da mesa.
Fabricia chamou a sua atenção:
— Filho, seu celular!
Ele caiu na realidade e pedindo licença, afastou-se. Era a sua namorada. Mel observou-o se distanciando. Sentiu uma pontada de ciúme por imaginar quem era.
— Oi, amor, onde você está?
Ele disfarçou o desconforto e explicou:
— Estou na casa dos meus pais... Aconteceu alguma coisa?
— Sim... Você saiu e nem se despediu de mim hoje cedo... Fiquei triste.
— É que... Não quis incomodá-la. Você estava dormindo e... Bem, eu tinha que atender uma emergência na clínica
Ele ouviu o suspiro dela.
— Ah, você vem hoje aqui? Ontem foi tão rápido... Hoje eu queria algo mais romântico...
Ele lembrou a noite de amor com a namorada. Foi uma tentativa frustrada em esquecer os momentos antigos com Mel, mas a única coisa que conseguira foi chegar ao êxtase achando que estava nos braços do seu amor do passado.
— Não, Telma, hoje preciso resolver umas coisas...
— Que pena! Vou ficar tão carente sem você!
— Não se preocupe... Assim que der, eu apareço aí!
— Tá... Vou esperar ansiosamente!
— Ok! Vou desligar agora! Um beijo!
— Quero mais que um beijo, você sabe...
Ele desligou.
Raul voltou pensativo para a mesa e os presentes ouviam as histórias de Pedro.
De vez em quando os olhares entre ele e Mel eram inevitáveis.
Quem se divertia com todo aquele clima era Bia, que não escondia o ar matreiro no rosto.
Mais tarde, todos foram tomar banho de piscina. Mel estava em dúvida se devia se juntar a eles. Bia incentivava:
— Vamos, Mel, só falta você!
Mesmo insegura, ela foi despindo a roupa, exibindo um corpo bem feito no maiô vermelho.
Mel agradeceu o fato de Raul estar de costas, no momento que ela entrou na água.
Os filhos de Bia aproximaram-se dela e bons nadadores que eram, queriam fazer uma competição.
Mel entrou na brincadeira deles, permitindo que eles ganhassem.
Raul fingia indiferença, mas por dentro, sentia o desejo dominá-lo, ao vê-la seminua. Aquilo era uma tortura. Ela estava mais linda que antes, isso era fato.
Depois, todos começaram um jogo com a bola. Que não conseguisse pegá -la no ar, sairia.
A brincadeira trancorria normalmente, até que ficou apenas Bia, Mel e Raul.
Os três já estavam alguns minutos, imbatíveis, sem deixar a bola cair até que, num descuido de Mel, ela se desequilibrou ao tentar pegar a bola e acabou caindo por cima de Raul.
Os dois se embolaram numa tentativa de se equilibrarem e os corpos, ao se juntarem, reagiram num passe de mágica fazendo com que os dois num instinto se abraçassem, conscientes do perigo que aquilo representava.
Provavelmente, se não fosse o fato de estarem sendo observados, beijariam-se apaixonadamente.
Mesmo relutante, Raul afastou-se do corpo dela, sentindo que seria difícil esquecer aquele contato.
Mel por sua vez, trêmula de desejo, tentou disfarçar com a seguinte fala:
— Pra mim já chega! Bia, você ganhou!
Raul não questionou. Estava perplexo com a reação do seu corpo. Devia sair dali, antes que saísse em uma tentadora armadilha da paixão.
Horas mais tarde, Mel despediu-se da família de Bia e Raul. Ninguém comentava o episódio na piscina, mas pelos rostos satisfeitos, imaginava-se que estavam esperançosos por uma possível reconciliação dos dois.
Raul abriu o portão para que ela saísse. Novamente agradeceu por ela ter aceitado o convite, no entanto, mais uma vez sua fisionomia era sem emoção.
Depois daquele dia, passaram -se mais duas semanas.
Rose já havia chegado e queria ajudar na procura pela cartas.
Era um desafio, mas Mel acordou cedo para encontrar com as amigas na casa de sua tia. Ao chegar, resolveu aguardar Bia e Rose no carro mesmo.
As lembranças do último dia que ficara naquela casa há sete anos atrás, fez com que deixasse escapar algumas lágrimas.
Se fosse por ela nem se aproximaria daquele lugar. O único motivo de estar ali era porque estava com a missão de encontrar as cartas para que Raul pudesse entender que não o enganou.
Procuraria em cada canto, até finalmente chegar a seu objetivo.
Depois de um tempo, refletindo, suas amigas chegaram e então estava na hora de enfrentar seus traumas mais uma vez.
— Mel, se não quiser entrar, deixa que nós duas faremos isso por você. — Rose lhe disse, preocupada com os olhos avermelhados de Mel.
Bia permaneceu quieta. Mel reconhecia que ela também não gostava de estar ali. Tudo ocasionado pelas lembranças negativas daquele lugar.
Quantas vezes a sua tia a tratara mal também. Sabia que a amiga estava fazendo um grande sacrifício para ajudá-la.
— Não, Rose, tudo bem! Vamos logo! Quanto mais cedo encontrarmos, melhor e obrigada Bia por ter vindo.
Bia apenas aquiesceu.
Ela saiu do carro.As duas a acompanharam. Abriram a casa empoeirada.
Evitar pensar em Nalva naquela casa não era nada fácil, mas para passar o tempo conversavam sobre coisas engraçadas que faziam na infância, então essa estratégia tirou o peso das lembranças traumáticas. Enquanto procuravam pelas cartas, riam a todo momento, porém três horas se passaram e após vasculharem toda a casa, inclusive o quintal, decidiram encerrar a jornada.
— Puxa, será que ela guardou mesmo essas cartas? Muito estranho... — Perguntou Bia, que tirava o suor da testa de tanto procurar.
— Talvez ela tenha guardado na casa do meu pai. Vou ficar procurando por lá, pois aqui tenho certeza que não está.
— É...Vi dois sacos enormes com roupas e um outro, só de calçados. Em um deles, havia várias fantasias de seu pai. Ele gostava muito de carnaval, né? — Rose perguntou.
— Sim, eu me lembro que ele vestia uma fantasia para cada dia do carnaval! — Mel falou, saudosa. — Vou recolher essas coisas para doar. As freiras do convento ainda fazem bazar?
— Sim, uma vez por mês. — Rose confirmou. —Elas vão gostar de receber tudo isso.
— Então pronto. Vou levar para lavar e depois faço a doação.
— Enquanto isso, nenhuma pista das cartas, né ? — Bia, suspirou de cansaço.
— É, meninas, desistir é que não vamos! — Rose falou, otimista — Tem que estar em algum lugar.
As duas concordaram.
— Bem, por hoje é só, né? — Bia disse. —Se quiser, Mel, nós procuramos outro dia na casa do seu pai.
— Tá certo! Vou amar a companhia de vocês!
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 60
Comments
Jane Cleide
A Infame devia falar onde estava as cartas antes de morrer né kkkkk!!!!
2024-12-17
1
Marlene Souza
que idiota, usando a mulher e se fazendo de coitado, merecia levar um pé na bunda das duas 😡
2023-12-27
9
Maria Gonçalves Xavier
Raul seu babaca 😡😡😡😡😡
2023-12-07
3