CONFUSO

No sábado, Mel chegou por volta das onze horas da manhã na casa dos pais de  Bia e Raul.

Assim que foi aberto o portão, ela estacionou o carro. Antes de sair, respirou profundamente, tentando reprimir as lembranças que tivera com Raul ali.

Em cada compartimento havia uma recordação deles. Forçou os pensamentos para o presente.

Bia veio sorridente para recebê -la.

— Ei, amiga, vai ficar aí mesmo?

— Só um momento, Bia! Estou apenas procurando minha bolsa.

— Ah, tá!

Bia sabia quando a amiga estava mentindo. Ela ficava vermelha e desviava o olhar.

— Encontrei.

Mel balançou a bolsa no ar e saiu do carro. As duas se abraçaram.

— Venha! Meus pais estão no quintal.

Mel seguiu Bia, que ao invés de entrar por dentro da casa, seguiu por uma área espaçosa que dava acesso ao quintal.

Os pais de Bia estavam ocupados.  Pedro assava carne na churrasqueira, enquanto Fabricia arrumava a enorme mesa para os convidados, porém notou que Raul não estava lá. Manteve-se em silêncio sobre isso.

— Olha, mãe,  nossa convidada especial chegou para almoçar conosco!

— Oh, querida! Que bom revê-la! —Fabricia veio com os braços abertos e abraçou-a calorosamente — Fique à vontade!

Mel mostrou um belo sorriso.

— Eu estava com muita saudade de vocês!

— Ah, eu também! Veja como você está bonita!

— Ah, obrigada!

— Então,  Mel finalmente lembrou de nós,  hein? — Pedro falou,  bem humorado.

Ela se aproximou do pai de Bia e abraçou-o também.

— Ah, na verdade,  eu queria ter vindo há muito tempo, mas eram tantos compromissos!

— Entendo. Nem tudo é do jeito como gostaríamos, mas no final, tudo é na hora certa!

O casal se olhou, com cumplicidade.  Mesmo não falando abertamente, Mel sabia da torcida que eles faziam para que ela e Raul

se entendessem.

Fabrícia continuou:

— Falando nisso, queremos manifestar nossos pêsames pela sua tia. Que Deus a tenha!

— Obrigada. 

Os três ficaram pensativos. Rompendo o silêncio,  Bia perguntou à mãe:

—  Raul já foi buscar as crianças?

Fabricia respondeu:

— Sim! Estão para chegar. Ah, antes que eu me esqueça, seu marido disse que não é para você esquecer do churrasco dele!

Bia suspirou em desaprovação e disse:

— Mesmo? Se for por mim ele vai ficar assim mesmo! Não sei onde já se viu ficar trabalhando até no sábado!

A mãe dela, falou em socorro ao genro Edu:

— Oh, Bia! Raramente eu vejo ele fazer isso!

— Ah, mas eu não gosto!

Mel sorriu do jeito carrancudo da amiga. Se bem lembrava, Bia era tranquila, mas quando implicava com uma coisa era um Deus nos acuda.

Para amenizar a situação, Mel perguntou:

— E Rose? Será que volta mesmo amanhã da lua de Mel?

— Sim, pois ela tem aula segunda-feira. A apressadinha não quis deixar para julho, o mês de suas férias...

— É, mas também ela ficaria com muita saudade de Gisele...

— É, deve ser isso. Sei que os dois estão exultantes com o próximo bebê. Eles merecem... Aquele casal lindo!

— Verdade!

Mel suspirou. Seu sonho entre outras coisas, era ser mãe.

O barulho da hilux chamou a atenção deles.

— Chegaram! — Bia disse afoita, enquanto seguia ao encontro dos gêmeos Beatriz e Leandro.

Assim que eles saíram do carro, a amiga beijou-os. Mel assistia a cena e os olhos ficaram marejados de lágrimas,  emocionada. Se sua vida tivesse tomado outro rumo teria os seus também. 

Raul desceu do carro. Os olhos dos dois se encontraram e ele, inexplicavelmente, virou -se devagar. Pegava algumas coisas do carro como se quisesse adiar o momento de ficar frente a frente a ela.

Distraída da situação tensa entre a amiga e o irmão, Bia chamou os filhos:

— Venham crianças,  olhem quem está aqui? A tia Mel!

Os filhos de Bia, ambos com seis anos, aproximaram-se dela.

— Oi, tia Mel!

Os dois a olhavam com curiosidade. Eles tinham os traços da mãe,  mas herdaram os olhos verdes e cabelos loiros do pai.

— Vocês são lindos!

— Obrigada,  você também é! Eu me lembro de vê-la algum tempo atrás na TV. Você dança tão bem! —A menina falou.

— Mesmo? Quel legal!

—Eu também  vi. — Leandro falou, entusiasmado.

Mel sorriu com ternura.

— Venha tomar banho na piscina conosco, tia Mel! — O menino disse.

Ela ficou sem ação. Não sabia o que responder.

— Não, meus filhos, a tia Mel primeiro vai conversar! Vocês se quiserem podem ir!

Eles se olharam empolgados.

— Tá, mãe, depois ela vai, né?

Mel respondeu rápido.

— Sim, vou com certeza.

As crianças saíram alegres.

— Eles gostaram de você!

— Sim, mas na hora da piscina, você também vem, tá?

— Claro! Quanto mais com esse calor, preciso me refrescar! Ah, lá vem Raul!

Mel levantou o olhar para contemplar detidamente cada centímetro do homem que amava.

Enquanto, Raul se aproximava, ela sentiu seu coração acelerar como já estava acontecendo desde que o reencontrou. Ele deu um bom dia, educado.  Ela respondeu com um sorriso cativante nos lábios. 

Bia arrumou um pretexto para deixá -los a sós:

— Só uma licença a vocês dois, acho que ouvi Beatriz me chamar.

— Tudo bem, Bia! — Mel respondeu timidamente.

Assim que a amiga saiu, eles se fitaram.

— Obrigado por ter vindo. Agora, acho que hoje não serei massacrado.

Ela mostrou um sorriso divertido.

— Se eu não viesse você estaria em maus lençóis, né?

— Com certeza.

— Sobre ontem, no supermercado eu e Jamos tínhamos ido antes na casa...

Ela não terminou de completar: "do lago das flores", pois ele a interrompeu.

— Não precisa me explicar nada. Você é livre!

— Pessoal , já podemos almoçar! — O pai de Raul falou.

Ela ficou atônita com a resposta fria dele. Raul amenizou a expressão e convidou-a como se tivesse tudo bem

— Bom... Não sei você, mas estou com água na boca com esse cheirinho delicioso de carne.

Ela disfarçou a tristeza.

— Então vamos atacar!

— Vamos!

Ele começou a andar e ela o acompanhava em silêncio.

Depois, todos se sentaram a mesa e começaram a se servir.

Mel continuou dando atenção às crianças que a enchiam de pergunta sobre as viagens e ela os respondia prontamente.

Raul ouvia a voz serena de Mel e notava que era difícil se concentrar em algo mais. Como desejava que suas palavras, seus sorrisos, seu olhar fossem direcionados a ele.

A capa de frieza aos poucos ia se desfazendo de uma maneira difícil de conter.

À noite, procuraria a carta que ela escrevera a anos atrás e que dera-lhe a certeza que ela não era a mulher certa para ele.

Tinha que sufocar a paixão que sentia por Mel. Não podia sucumbir ao seu charme. Na verdade nem sabia mesmo o que queria.

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Comments

Jane Cleide

Jane Cleide

coitado,batalha perdida kkkk!!¡!

2024-12-17

1

Jeneci Nunes

Jeneci Nunes

tá um pouco difícil,mais você vai conseguir Mel ,esse homem tá predestinado a você ❤️

2024-06-03

6

Maria Gonçalves Xavier

Maria Gonçalves Xavier

mulher VC fica muito empolgada, não seria James 🤭🤭

2023-12-07

6

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