Ele apertava o maxilar, tentando controlar a raiva.
—Você conhece James... Ele troca de mulher como troca de roupa...
— E daí? Não vejo problema em ter um amor passageiro. Você vive fazendo isso também...
— Andou pesquisando minha vida? —Ele estreitou os olhos, falando entre dentes.
— Assim como você que pesquisou a minha vida, e muito mal...— Ela imitou o gesto dele.— Eu não sabia que dava bola para esses jornais sensacionalistas!
— São mais verdadeiros que você!
— Seu grosso... Seu... Seu...
James voltou. Ele pôs as mãos na cintura e falou.
— Gente, preciso trabalhar! Vocês ficam brigando aí por minha causa , logo, logo, vão chamar a atenção de toda a vizinhança!
Mel olhou ao redor e realmente notou que começaram a atrair os olhares de alguns curiosos, que passavam pelo lugar!
Mel e Raul se enfrentaram novamente com o
olhar e sem se despedirem, afastaram-se um do outro com os ânimos aflorados.
Ela se voltou para o carro e antes de entrar falou a James bem alto:
— Valeu, aí, amigo! Esse brutamontes de seu primo me tira do sério, desculpe!
Ao ouvir o comentário de Mel, James gargalhou e meneando a cabeça, voltou para o escritório.
Contando até dez, Raul esforçou-se para não ir tomar satisfação com James. Teria prazer de tirar aquele sorriso debochado de sua cara.
Olhá-los juntos, trazia de volta o sentimento que conseguia ter apenas por Mel: O ciúme.
Desde o casamento de Rose, sua vida estava virando de cabeça para baixo. Aquela sensação estava incomodando-o.
Tentando acalmar-se, entrou em sua clínica. Queria trabalhar até a exaustão naquele dia para não ter que lembrar daquela mulher de cabelo encaracolado, que veio para atrapalhar sua rotina.
Quando saísse do trabalho ia passar o tempo com sua namorada Telma. Era uma ótima alternativa para distrair a mente. Só não sabia se sua ideia daria certo.
Enquanto isso, alguns minutos depois, quando Mel chegou na escola de Bia, ainda se sentia irritada com Raul.
O que ele pensava que estava fazendo? Por que parecia estar com ciúmes se não a queria? Estava muito confusa e odiava ter que admitir que mesmo sentindo raiva, desejava-o como antes.
Esse fato estava deixando -a mais frustrada ainda.
Tentando focar apenas no aqui e agora, concentrou-se em admirar a imensa escola de Bia.
O prédio era de muito bom gosto, não perdendo em nada às escolas das grandes cidades. Assim que Bia a avistou, apressou o passo toda feliz.
— Mel! Oh, Mel, que surpresa agradável!
— Oi, Bia, este prédio ficou magnífico! você realmente se superou!
— Ah, amiga, pois é, dá trabalho manter tudo isso, mas tem sido recompensador. É um sonho realizado e você sempre será bem
vinda, certo?!
— Com todo o prazer!
— Como você está se sentindo hoje?
— Ah, estou um pouco perdida com tantas coisas para serem resolvidas... Dei uma passadinha no escritório de James ainda a pouco.
— Ah, que bom! Ele estava mesmo querendo falar com você... — E mudando logo de assunto, Bia continuou, com tom malicioso : — Sobre ontem, fiquei sabendo que depois que saímos, Raul foi até o cemitério e vocês saíram juntos de lá.
— Nossa! A notícia corre rápido aqui, hein? — Mel falou, sem jeito.
— Estou na torcida por vocês...
— Que mente suja, amiga! Não houve nada do que você estão pensando... Ah, podemos ficar num lugar mais reservado?
— Claro! — Bia respondeu. — Venha até a minha sala!
Mel percebeu então o quanto a amiga estava curiosa. Ela entrou na sala de Bia.
Dali em diante, ela desabafou sobre a última conversa que tivera com a tia antes de vir a óbito.
Depois que a amiga ficou a par de toda a situação, continuou:
— Sabe, Bia, ouvir dela que estava arrependida de ter me separado de Raul, fez com que eu sentisse uma esperança de recuperar o tempo perdido. Quanto a minha tia... Pobre mulher! Não se permitiu viver como deveria.
— Verdade! Ela nunca conseguiu seguir em frente após o término do noivado com o meu pai...—Bia suspirou.— Nalva se tornou uma pessoa muito amarga, mas ainda bem, amiga, que mesmo tardio, pelo menos soube reconhecer seu erro. Agora como podemos encontrar as cartas que você mencionou?
— Não sei ainda. Tenho uma cópia da chave da casa da tia Nalva, tomara que esteja por lá.
— Certo. Você vai precisar de ajuda, então estarei disponível, ok?
— Oh, amiga! Sabia que podia contar com você!
— Sempre! — Bia retrucou. —Tenho certeza que Raul vai acabar cedendo, após ler sobre seus sentimentos daquela época.
— Tomara. Eu, sinceramente, queria muito que Raul me ouvisse, mas ele está disposto a ser uma muralha em pessoa! Aquelas cartas podem comprovar que eu nunca desisti de meu amor por ele.
— Não se deixe abater pelo que tem acontecido com ele. Deve estar sendo difícil te ver...Tenha só um pouco de paciência. — Bia avaliou.
— Está difícil...
— É.. Pensando bem, agora entendi porque ele estava tão estressado ontem. Eu estava lá com meus pais no momento que ele chegou, depois que deixou você em casa. — Bia falou, com um sorrisinho zombeteiro.— Acho que meu irmão está realmente pertubado com sua chegada, Mel . É como comentam por aí...A briga entre a velha razão e o coração.
— Será? Tenho minhas dúvidas, Bia! —Mel falou, relembrando o episódio no carro. — Parece que me odeia!
— Olha, Mel, não exagere... Mas é bom saber que Raul mudou muito. Não é aquele rapazinho meigo que você conheceu, mas ainda acredito que ele gosta de você e lá no fundo, continua sendo o mesmo.
— Ah, se pelo menos ele demonstrasse de alguma forma... Mas nós não estamos conseguindo nos entender.
— Ele está ferido, amiga! — Bia disse. — Mas embora você não seja um assunto que ele goste de comentar, é possível que nunca a esqueceu.
— E nem eu dele...— Ela falou com um olhar melancólico.
Bia achou bem explicar a presente situação do irmão:
— Agora é preciso que você saiba que ele tem uma namorada nova aí e certamente não vai ser tão fácil reconquistá-lo, mas não desista.
Mel sentiu novamente o impacto por aquelas palavras. Mesmo que imaginasse ser difícil ele não estar comprometido, ainda assim não pôde evitar um ciúme tomando de conta dela. Bia continuou a falar:
— Essa Telma não faz o tipo do meu irmão. Nem sei por que está com ela... Você vai ver, Mel, em pouco tempo ele cairá de joelho aos seus pés.
Mel confessou:
— Não sei não... Eu estava tão esperançosa, mas agora...ainda estou pensando se devo dar um passo a frente ou não. Estou me sentindo a outra.
— Que bobagem! Você não tem nada a perder. A minha opinião é que não custa tentar.
— É, Bia, vamos ver no que vai dar.
Mel ficou pensativa.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Jane Cleide
Eita que Raul vai dá trabalho pra Mel kkkk!!!!
2024-12-15
1
Lele “Lele” Almeida
James e muito bom kkkkkkkkkkk
2024-08-21
3
Jeneci Nunes
o James é engraçado 😂😂😂
2024-06-03
4