A RIVALIDADE DOS PRIMOS

Raul tomou mais um gole da bebida e enquanto seguia para um lugar mais afastado possível, relembrou como envolveu-se numa briga com o primo, por causa de Mel.

Naquele tempo, o namoro seguia a dez dias, após o encontro no parque de diversões.

James assim que a viu sempre buscava uma forma de chamar a sua atenção. Até então, eles dois não se importavam, pois Rose e o namorado, Bia e o noivo estavam por perto e passaram a assistir os ensaios da banda musical dele.

Num dos ensaios, uma das bailarinas se machucou e ele pediu para Mel substituí-la.

Ela atendeu o pedido prontamente.

Os primeiros dias não viu nada de anormal, até que no quarto ensaio, enquanto ia fazer compras para o pai, viu uma das integrantes da banda no mesmo supermercado que estava.

Ele achou estranho, pois havia acabado de deixar Mel na porta do galpão onde haveria o ensaio.

— Oi, Suzy!

— Olá, Raul!

— O que está fazendo aqui? Hoje não tem ensaio?

— Não... James disse que é para estarmos lá só amanhã!

Raul teve a péssima impressão de que seu primo estava, portanto, querendo dar em cima da sua namorada.

Agradeceu a garota e saiu sem fazer as compras.

Raul chegou no lugar rapidamente. Bateu, mas ninguém apareceu.

Como dentro havia um estúdio improvisado que ficava na parte de cima, provavelmente não ouviriam, então resolveu encontrar uma forma de entrar.

Após procurar, conseguiu entrar por uma janela que estava encostada apenas.

Enquanto subia as escadas, idenficou a voz dos dois.

— Será que não vem ninguém? — Era a voz de Mel.

— Bem... Acho que não...

— Ah, então vou embora, James!

— Não precisa ter pressa... Daqui a uma hora Raul aparece.

— É... Você tem razão .

— Olha, Mel, já que estamos sozinhos, eu queria falar com você... Por favor, não me leve a mal ...

— Nossa, você está tão sério... Aconteceu algum problema?

— Não, claro que não! Na verdade eu...

As pisadas de alguém vindo, fez com que silenciasse. Em segundos, Raul surgiu na porta.

Ao vê-lo, Mel abriu um sorriso de satisfação e correu para os seus braços.

Sem ela perceber, Raul olhava seu rival de forma ameaçadora. James estava sem graça, com o possível flagrante do primo.

— Você voltou cedo... O que aconteceu?— Ela o interrogou, surpresa.

— É que descobri que não ia haver ensaio.

Mel se virou para James, sem entender:

— O quê?

Ele respondeu:

— Desculpe, Mel, acho que com tanta coisa na cabeça, acabei me confundindo com a data.

Ela inocentemente acreditou, mas Raul, conhecia o primo. Sabia o que ele estava querendo.

Ainda com o olhar vingativo, direcionado para Raul, disse:

— Vou levar você, Mel, para a casa de Rose... E James, preciso falar com você. Espere-me aqui.

— Tá! — Ele deu de ombros.

Raul a deixou com Rose e, sem demora, voltou até o galpão. James o aguardava.

— Por que você mentiu?

— Não menti... Eu só confundi as datas... Errar é humano, Raul!

— Olha, James, eu conheço você muito bem...Sabe de uma coisa, Mel não vai mais participar dos ensaios!

— Você virou dono dela?... Ah, entendi! Você está com ciúmes?! Esqueceu que sou seu primo?

— Eu não esqueci disso... Agora você deve ter esquecido, pois está dando em cima da minha namorada!

Raul gritou, enfurecido.

— Você enlouqueceu! — O primo se defendia.

— Não sou cego! Depois dessa, ficou bem claro pra mim o jeito como você olha pra ela!

James ficou quieto. Depois de uns segundos, pensativo, percebeu que não adiantava disfarçar seus sentimentos.

— Ela é bonita, cara! Quer que eu faça o quê?

— Quero que você faça o favor de sair do nosso caminho! Ela namora comigo!

— Não estou fazendo nada... A gente estava só conversando.

— Não foi isso que eu percebi! Você estava prestes a se declarar para ela.

— Claro que não.

Raul se aproximou e irritado, incentivou:

— Vamos! Fale logo! O que você está escondendo?

James foi se afastando, mas decidiu não esconder a verdade.

— Olha, Raul, não foi porque eu quis... Não foi minha intenção eu me apaixonar por ela. — Ele falou de forma sarcástica, mas, dava para perceber que por trás disso, havia a verdade.

As palavras do primo foi a gota d'água.

— Seu desgraçado!

Então numa fúria enorme, Raul avançou para cima do primo e desferiu-lhe um soco. Meio estonteado, James tentou revidar, mas ele conseguiu se desviar a tempo.

Os dois se atracaram, numa luta corporal que ficava mais agressiva, com pontapés.

Num certo momento, James tentou derrubar Raul, mas ao segurá-lo acabou se desequilibrando e caiu por cima da sua própria bateria, levando-o junto.

Com o peso de Raul por cima dele, e caindo de mal jeito, torceu o braço esquerdo.

Contorcia-se de dor.

A briga resultou em James sendo levado ao hospital com o inchaço no olho esquerdo, maxilar machucado e um braço quebrado.

Quando Mel soube que se envolvera numa briga, foi atrás dele, preocupada.

Ele estava no quarto, recém-saído do banho e tinha acabado de fazer curativo de alguns ferimentos.

— Raul, oh, meu Deus!

Ele a abraçou com força.

— O que aconteceu? Por que brigou com James?

Ele se sentou próximo à cabeceira da cama e trouxe-a com ele, abraçando-a.

— O cretino está interessado em você, Mel... Aquele idiota!

Mel estava perplexa.

— Não é possível! Você só pode estar brincando...

— Não, Mel! Ele admitiu isso.

— Oh, não!

— Ele teve o que merecia! E...

Mel, implorou, interrompendo-o:

— Por favor, não faça isso outra vez. Fiquei tão preocupada...E coitado do James.

— Se ele der em cima de você de novo, não sei se vou conseguir me controlar...Não abro mão de você! Vem cá, querida!

— Não faça isso de novo! Fiquei tão preocupada! Só tenho olhos pra você. Oh, Raul!

Ela se abrigou mais em seus braços e um beijo apaixonado se seguiu.

Os hormônios foram tomando de conta dos seus corpos e quando menos perceberam, já estavam em carícias mais ousadas.

Ele estava curioso para conhecer o corpo da namorada, mas limitou -se apenas em alisar seus seios por cima da blusa.

Ela arfava, num convite mudo para continuar.

—Ah, Mel, estou caidinho por você!

Ela não soube o que dizer. Tinha vergonha de expressar o que estava sentindo no momento.

— Raul...

Com o coração batendo violentamente e trêmula, olhou-o com um profundo desejo de continuar as carícias, mas acabou se afastando.

— Tenho que ir... Minha tia, está por perto...

— Poxa... Não! —Ele também estava trêmulo de desejo e precisava falar algo banal para aquietar sua libido.— Como você chegou aqui?

Mel levantou-se e enquanto se aproximava da porta, disse:

— Rose me trouxe de bicicleta. Ela está me aguardando. Tchau!

E saiu rapidamente antes que se entregasse ali para ele.

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