SOBRE A HERANÇA...

No dia seguinte, Mel foi ao centro da cidade para resolver as pendências em relação à sua herança,  então aproveitou para alugar um carro, a fim de ter dias mais práticos,  já que a casa do seu pai era bem distante.

Enquanto dirigia, viu com satisfação que a pacata cidade se desenvolvera bastante.

Para todo lado, havia lojas comerciais com o conforto das grandes cidades.

Aquele lugar agora, parecia com a cidade de Formosa de alguns anos atrás e isso era importante para o comércio e o turismo também. 

Sentiu-se orgulhosa dos moradores dali que conseguiram se adaptar às constantes mudanças da tecnologia e serviços.

Ao estacionar em frente ao escritório que pertencia ao pai e agora era administrado por James, observou que um pouco mais à frente ficava a clínica veterinária de Raul. Deveria ser interessante os dois primos rivais trabalhando praticamente no mesmo espaço.

Entrou no escritório e James a olhou com admiração e sorriso nos labios.

— Meu Deus! Estou no paraíso? Que mulher é essa? — Ele a fitava dos pés a cabeça.

— Bom dia para você também,  James!— Ela desconversou sorridente.

Os dois se abraçaram calorosamente.

— Oh, Mel, apesar do que aconteceu com a sua tia, que bom que você voltou para Monte Serra!

— Obrigada,  James! Que coisa, né? Por Isso agora tenho tempo de sobra para nós conversarmos sobre a herança...

— Ah, claro! Antes quero te pedir desculpas por não ter ido ontem ao velório. Tive que ir à Formosa e cheguei muito tarde.

— Tudo bem! Não se preocupe.

— Sente-se ! Vou mostrar para você o que temos.

Ele ligou o notebook e enquanto aguardava iniciar, perguntou a ela:

— Raul já viu você?

A mera menção do nome dele já fazia um reboliço em sua mente e coração.

A lembrança do dia anterior fez sentir-se desconfortável, pois ficara magoada pelas suas palavras ferinas.

— Sim... Ontem mesmo.

Ele a olhou atentamente.

— Só um bobo perderia você outra vez.

— James... Por favor...

— Ok. Não quer falar. Eu entendo.

— Não mesmo. Ainda é muito cedo para certas coisas...

Eles se fitaram . Cada um na imensidão dos próprios pensamentos. Depois ele resolveu assumir o tom profissional:

— Então vamos ver nossos assuntos aqui. Bem, Mel, como você já sabe, seu pai deixou algumas propriedades para serem alugadas ou vendidas. Atualmente, sete propriedades estão alugadas,  três pontos comerciais e quatro casas à venda. Você,  caso desejar,

pode deixar a situação assim, eu administro para você,  ou  pode negociar e se desfazer desses bens por uma boa quantia de dinheiro.

Ela pensou um pouco. Depois, disse:

—Bem, James, minha intenção é voltar , após umas boas férias para meu apartamento em São Paulo, mas eu confio em você,  então aos poucos, podemos ir negociando esses imóveis. 

James continuou, amigável :

— Obrigada, Mel!Tudo o que sei, aprendi com seu pai. Sempre tive muito respeito por ele, que se estende a você também.

Mel ficou com os olhos marejados de lágrimas. 

— Não tenho palavras. Obrigada.

Silenciaram por alguns segundos,  James voltou a falar, depois que se recuperou da emoção momentânea:

— Além desses bens, há mais dois imóveis: a casa de seu pai e a casa do lago.

— A casa do lago?! Qual lago você está se referindo?

— O lago das flores, já ouviu falar? É uma beleza! Era de um casal rico que comprou o terreno e construiu uma belo casarão  à beira desse lago. Depois de alguns anos, eles cansaram do interior e voltaram para a cidade. Eles venderam o lugar para seu pai, mas ele nunca revendeu ou alugou. A intenção dele era dar de presente a você.

Mel sentiu como se uma ventania tivesse invadido todo o seu ser.

Lembrava perfeitamente do lago das flores. Sim, com detalhes.  Quantas vezes não se encontrara com Raul ali? Agora por ironia do destino, o lugar lhe pertencia. Sem o seu pai nem imaginar, ele deixou para ela um local cheio de lembranças do passado .

— Se você quiser vender, eu mesmo tenho interesse.

— Não,  amigo, ainda preciso pensar no que vou fazer sobre esse imóvel. Quero vê-lo pessoalmente e então eu posso tomar uma

decisão.

— Justo. Se você quiser podemos marcar um dia e iremos lá. 

— Combinado . Agora preciso ir. Tenho outras coisas para resolver. — Ela se levantou e ele a acompanhou até o carro.

James não perdeu a oportunidade de comentar:

— Se você me visse primeiro, você não teria se apaixonado por meu primo.

Surpresa, ela o encarou. James gostava de brincadeiras, mas ele estava sério e aquilo fez com que ficasse sem graça.

— Você não está falando sério...

— É verdade, o danado a reencontrou naquele parque.. mas quando a vi , meu Deus! Fiquei caído por você... Depois que você se foi,  acabei tendo a sorte de me apaixonar por uma ruivinha e você acabou sendo superada.

Mel sentiu um certo alívio por aquela informação.

— É,  mais você,  James se apaixona com muita facilidade.

Ele gargalhou alto.

— Nem tanto assim ...

— Quase as mocinhas da cidade inteira!

— Pena que não conquistei a melhor! —O olhar dele era enigmático.

Mel comentou, desviando o olhar.

— Ainda bem que não. Para sua própria segurança física.

Eles começaram a rir. Ambos se lembravam perfeitamente da briga entre ele e Raul.

Refeito da risada, James se aproximou e encostou seus lábios no ouvido de Mel:

— Caso mude de ideia sobre o meu primo, sou uma ótima opção.

Mel se afastou e riu com gosto.

— Você não tem jeito, James!

Nesse momento,  Mel percebeu que estavam sendo observados por ninguem mais que o próprio Raul, que com cara de poucos amigos, caminhou até eles.

— Bom dia! — A voz era fria. O olhar ferino fez com que James alargasse mais ainda o sorriso, com deboche, aumentando a ira do primo.

— Para mim não é só um bom dia. Depois da chegada de Mel, meu dia hoje está excelente!

Mel enrubeceu e olhou em direção a Raul, constrangida.

— Bom dia, Raul! —Falou baixinho.

Ele a olhou zangado.

Um silêncio constrangedor pairou entre os três.

Percebendo,  que estava sobrando, James intencionalmente foi saindo, mas antes disse:

— Bem, gente, tenho que ir... Nosso encontro amanhã,  viu, Mel? Eu te ligo para combinarmos o horário! — E com ar zombeteiro, voltou -se para Raul. — Até mais, primo!

Mel ficou sem ação com as palavras de James. Sentiu que continuava sendo observada. Ele, em tom de acusação,  disse:

— Você não perde tempo, hein?

Ainda que o encontro mencionado por James fosse estritamente profissional, Mel preferiu não desmenti-lo. Observou o amigo  entrar no escritório e só depois,   pegando fôlego,  encarou Raul com ar desafiador.

— O que você tem a ver com isso? Sou solteira e ele também.  Além disso, você foi bem claro ontem sobre nosso passado, o que me dá a certeza de seguir em frente.

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Comments

Jane Cleide

Jane Cleide

Kkkk Raul morrendo de ciúmes !!

2024-12-14

1

Marcia Porto

Marcia Porto

Melissa tô contigo e não abro

2024-04-06

12

Marilena Yuriko Nishiyama

Marilena Yuriko Nishiyama

toma seu babaca,bem feito,agora aprende a não destratar as pessoas principalmente a Melissa ,seu jumento 😂😂😂

2023-12-07

5

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