TUDO SERIA DIFERENTE

Não era a sua intenção participar do casamento de Rose, mas ao mesmo tempo, ficara curioso .

Esse evento era um pretexto perfeito para saber se os seus sentimentos por Mel não passavam de bobagens de adolescente.

Entendia agora que cometera um erro em estar ali.

Não podia acreditar que os velhos sentimentos que a todo custo tentara abafar, agora vinham como um terrível terremoto.

Para seu pesar, Mel não era mais a garota ingênua que conhecera. Ela se transformou em uma mulher muito elegante, com uma beleza arrebatadora.

Os cabelos encaracolados, que tanto gostava de enroscar em seus dedos, enquanto fazia amor com ela, estavam mais compridos do que se lembrava e o corpo não era mais tão franzino.

Seus impulsos primitivos começaram a entrar em cena desde o momento que a vira chegar na ilha e ele não estava gostando nada daquilo, afinal ela desperdiçara sua chance quando fizera questão de terminar tudo através de uma carta que deixou-o muito magoado.

Distraído em seus pensamentos, assustou-se quando ouviu a voz da irmã, trazendo-o à realidade.

— Ei, mano, o que faz aí escondido?

Raul fitou Bia, escondendo seus verdadeiros sentimentos. Não evitava o olhar de acusação.

— Não sei onde eu estava com a cabeça quando aceitei ser padrinho de casamento. Você e Rose, como sempre só vivem tramando! Agora sou obrigado a esperar uma lancha chegar na ilha para poder dar o fora daqui!

Bia fingiu falsa inocência.

— Meu Deus, Raul, que bicho te mordeu? Você precisa relaxar, conversar com as pessoas... Hum... Por acaso viu Mel por aí?

Ele suspirou lentamente . Estava à ponto de xingar a irmã.

—Você está tentando me provocar, né, Bia? Eu não tenho nada com ela! E se depender de mim, nunca mais!

— Calma, Raul! Você está cada vez mais mal-humorado, maninho. Se eu fosse você teria aproveitado! Está na cara que ela ainda gosta de você!

Ele não acreditou.

— Olha, Bia, cuide de sua vida, tá? E pare com suas fantasias de mau gosto!

Raul se levantou irritado e saiu.

Edu, o marido de Bia, aproximou-se e abraçou-a por trás.

— O que aconteceu aqui, princesa?

Bia comprimia os lábios, com satisfação.

— Tenho certeza que Raul está brigando contra seus sentimentos. Que bobinho!

— E por quê?

— Ele está percebendo, que não importa quantas namoradas tenha, nunca vai esquecer Mel.

Edu a beijou no pescoço.

— Se quiser, posso dar uns conselhos para ele... Sou expert em saber como não perder a mulher que ama...

Ela virou-se e beijou-o, com paixão. Os dois ficaram abraçados, ouvindo seus corações acelerados.

Bia voltou ao assunto do irmão:

—Melhor pegarmos leve. — Ela suspirou. — Entre esses dois, há muita coisa envolvida e Raul tem uma terrível dificuldade de perdoar...

— É... Estou vendo...Não imaginava que reencontrar Mel mexesse tanto com ele!

— Nem eu, Edu... Nem eu.

Por volta das nove da noite, a lancha chegou para levar os convidados de volta até Formosa. De lá, voltariam para suas casas.

Mel aproximou -se novamente de Rose e Breno.

— Oh, gente, a festa de vocês foi tão linda! Desejo felicidades!

—Obrigado, Mel! — Breno respondeu, abraçado a Rose. — Foi um prazer conhecê-la! Esperamos que faça uma boa viagem!

A amiga estava com os olhos cheios de lágrimas e Mel se admirou.

— Meu Deus, Rose! Cadê a moça durona que conheci? Nem acredito que está querendo chorar.

Rose sorriu e as lágrimas caíram.

— Deve ser um cisco, é isso.

As duas se abraçaram.

— Obrigada, Mel por ter vindo. Vou sentir saudades.

— Eu também, amiga. Se cuida!

— Por favor, Mel, não demore voltar... Eu e Bia sentimos a sua falta.

— Eu também, amiga. Prometo que não vou demorar.

As duas se despediram.

Minutos depois, todos estavam a bordo na lancha e acenavam para o casal, que correspondia efusivamente.

Uma hora depois, Mel estava no aeroporto, aguardando o seu voo.

Sentia-se triste. Na lancha, não conseguiu falar novamente com Raul, pois muitas pessoas vieram conversar com ela.

O seu voo era o próximo, mas repentinamente, notou que o celular vibrava.

Pegou-o da bolsa e com um peso no coração, viu que era o seu primo Álvaro, filho da sua tia que estava hospitalizada.

— Alô?

— Mel? Você continua em Formosa?

— Sim, estou no aeroporto... Aconteceu alguma coisa?

— Sei que me falou que não daria tempo de vir aqui ver a mamãe... Acontece que sem querer acabei falando que você estava por perto...Então o que vou te pedir agora... Quero que faça por mim...Mamãe quer te pedir perdão.

Mel suspirou, desgostosa . Não estava preparada, mas não podia recusar àquele pedido dado as circunstâncias.

— Ela... Está por perto?

— Não! Saí do quarto para falar com você... Por favor, Mel, não custa nada.

Mel se sentou.

— Tá bom... Faço isso por você.

Ele agradeceu, a voz emocionada.

Depois de uns segundos, Mel ouviu a voz entrecortada e enfraquecida da tia Nalva:

— Mel... Que bom poder falar com você ...Sei que errei muito ...Se não fosse meu egoísmo...Tudo seria diferente.

A garota sentiu as lágrimas se derramarem com facilidade. Havia uma mistura de mágoa e tristeza ao ouví-la. Não imaginava que um dia a irrepreensível tia pudesse reconhecer o que fizera.

— Se tiver chance ...diga a ele que peço perdão. E desejo que você me perdoe também.

Mel, mesmo com sentimentos conflitantes, forçou-se a dizer.

— Tudo bem, tia... Tudo isso é passado.

— Não ... — Ela começou a tossir. — Eu forjei sua caligrafia...Ele nunca recebeu... As cartas... Nem você recebeu as dele. Eu... Sou culpada...

Ela não conseguiu terminar. Uma tosse forte a dominava.

Mel estava impactada com a confissão da tia. O tempo todo imaginava que Raul nunca respondera as suas cartas por não amá-la de verdade.

Por outro lado, ele também imaginava o mesmo e ainda recebera uma que certamente destruiu qualquer esperança de Mel reconquistá-lo.

— Tia, onde as cartas estão?

— Eu... Eu..— A mulher não conseguia falar mais. Mel percebeu que faltou-lhe o ar.

Aflita, ouviu um ruído como se o celular tivesse caído das suas mãos.

Ouviu -se o grito de Álvaro e outras vozes.

Ele pegou o celular e disse-lhe, muito nervoso.

— Vou desligar...Mamãe acabou de ter uma parada cardíaca.

Mel ficou imóvel, o olhar perdido e uma decisão: não pegaria o voo. Não podia deixar seu primo sozinho num momento tão crítico. Apesar de tudo, Nalva era a irmã do seu falecido pai.

Não sabia o que a esperava, mas naquele momento compreendeu que não podia mais deixar nenhuma pendência em sua vida.

Levantou-se do assento, e caminhou para a saída do aeroporto. Voltaria para Monte Serra.

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Comments

Jane Cleide

Jane Cleide

Uma tia Nalva pervessa kkkkk, é o nome da minha sogra kkkk!!!

2024-12-14

1

Elizabeth Fernandes

Elizabeth Fernandes

Essa tia é uma bruxa tomará que ela as cartas

2024-11-13

1

Cris Regina Rodrigues

Cris Regina Rodrigues

acho q a tia as guardou , e Mel vai voltar a casa e achar as cartas tanto dela como as de Raul 🙏🙏

2024-04-02

12

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