A FESTA NO GALPÃO

Mel foi novamente fazer compras e deparou-se com James, que ao vê-la se desmanchou em elogios:

— Meu Deus, você é uma deusa! Que mulher mais linda!

— Para, James! Fico sem graça!

— Pois não devia... Não estou mentindo!

— Sei... E então, alguma novidade?

Os olhos dele brilharam.

— Você lembra do antigo galpão da família Lopes?

— Sim, lembro!

— Pois agora é uma incrível casa de festas!

— Serio? Que maravilha! Aqui está precisando!

— Sim e hoje adivinha quem vai cantar lá?

Mel alargou o sorriso.  Já imaginava quem era.

— Oh, James,  como nos velhos tempos!

— Exatamente! Você nem imagina como estou empolgado!

Ela pegou nos ombros dele, sorridente:

— Vou aparecer  lá,  com certeza!

Ele aproveitou a proximidade de Mel e abraçou-a carinhosamente. Depois soltou-a, relutante.

Mel ficou vermelha e ele percebendo, atenuou a tensão com as seguintes palavras:

— Vou ligar para Bia e Rose também. — Ele já foi pegando o celular, todo afoito. —Preciso ir, querida! Nós nos vemos mais tarde! Tchau!

Mel observava o amigo indo embora e imaginou que se tivesse se apaixonado por James, em vez de Raul, sua vida seria mais fácil.

Provavelmente não teria que sofrer punições da tia e nem da mãe, que também era contra o namoro na época.

À noite, Mel terminou de se arrumar e saiu em direção à festa. O lugar era bem espaçoso e Mel avistou muitas pessoas, reunidas em mesas, conversando ou dançando.

Ela saiu do carro e ouvia a linda voz de James que cantava uma música  country .

(Imagem meramente ilustrativa da Internet. )

Enquanto passava, percebeu os olhares de admiração.  Ela trajava uma blusa quadriculada, amarrada na cintura, minissaia de couro sintético preta e  botas de couro.

Deixou os longos cabelos encaracolados  soltos e maquiagem bem mais elaborada, do que o comum, para esconder o cansaço das  noites mal dormidas.

De cabeça erguida, passou entre as pessoas que as cumprimentava, algo comum naquela cidade e não demorou muito avistou Rose e seu marido.

A amiga acenava e apontava  para que ela ficasse em sua mesa. Enquanto Mel seguia para ir até lá,  viu que mais atrás,  numa mesa, Raul estava acompanhado de uma mulher loira e magra.

( Telma. Imagem meramente ilustrativa da Internet. )

Pelo jeito que estavam próximos, Mel já sabia  de quem se tratava. Desviou o olhar rapidamente e passou o olhar pelo ambiente, localizando Bia, que dançava com Edu.

James acenou também para ela em cima do palco, que correspondeu sorridente. Sentou-se e Rose cumprimentou- a e falou.

— Linda como sempre, amiga!

— Você também,  Rose!

— Oi, Breno!

— Oi, Mel! Finalmente saiu da toca!

Ela sorriu.

— Realmente estava meio sumida, mas é que ainda estava tentando convencer o dono da Companhia, que preciso de mais tempo para resolver minhas questões pessoais.

— E conseguiu?

— Sim, depois de muitas telefonemas, agora finalmente estou mais aliviada. Ele entendeu.

— Que bom!

Rose retomou a fala:

— Amiga, quando eu e Breno chegamos, eu queria juntar as mesas, mas Bia achou melhor, não,  pois já sabia que Raul vinha acompanhado  e você talvez  não se sentisse bem lá.

— Você agiu bem, Rose! Fico grata! —Falou de forma categórica.

— Só espero que não fique aborrecida com essa víbora! Coloque o seu melhor sorriso essa noite e divirta-se!

Mel não respondeu.  Só fez um gesto com a cabeça,  concordando.

Bia foi lá depois e cumprimentou-a.

Elas conversaram por um tempo e Mel tentava a todo custo evitar olhar para a mesa de Raul, porém de vez em quando os olhares se cruzavam, criando uma atmosfera tensa entre os dois.

Os casais se juntaram para dançar.  O forró tomou conta do lugar e Mel apenas assistia tudo, tomando uma cerveja. 

O ciúme que estava sentindo, crescia a cada vez que via aquela tal de Telma agarrando Raul pelo pescoço para beijar, então não estava disposta a ficar olhando os dois daquele jeito. Virou -se de forma que ficasse de costas para Raul e sua namorada.

Depois de algum tempo, outro grupo começou a  cantar. James veio ao seu encontro, todo galanteador.

Mel não pôde deixar de sorrir do jeito teatral como ele agia.

— Não acredito que a melhor dançarina desse lugar está aí plantada! — Ele puxou a cadeira e ficou de frente à ela, com ar maroto. — Algum problema, Mel?

— Não,  estou só observando mesmo.

— Pois isso é inadmissível. — E cobrindo suas mãos com as dele, perguntou: — Por acaso você está assim por causa do meu primo bobalhão?

Mel deu um sorrisinho sem graça.

— Não mesmo! Só não fui convidada pra dançar ainda...

— O quê? Estão intimidados com a linda dançarina aqui? Não acredito! Venha, que vou mostrar pra esses homens medrosos como é que se faz!

Mel movimentou a cabeça para trás e riu alto. Ele se levantou e falou baixinho ao seu ouvido.

— Advinha quem tá me fuzilando com os olhos nesse exato momento? É muito cara de pau! — Ele voltou a encará-la com sorriso cínico. — Vamos, Mel, vamos fazer ciúmes para esse Raul!

Ele a puxou e ela acabou esbarrando no corpo dele.

— Você está  um arraso, moça! Já tinha me esquecido que esse corpão devia ser todo meu!

Ela deu umas batidinhas no seu peito, entrando na brincadeira:

— Jamais!

Ele gargalhou e pegando- a pelo braço,  levou- a até  o salão de dança. 

James, além de cantor, era um exímio dançarino e com Mel, a dança começou a  chamar a atenção dos presentes, que assistiam com admiração os dois se movimentarem.

A sintonia era tão grande, que eles já previam os passos e sincronizava-os.

Quando ela se espantou, uma plateia já estava formada e James, com habilidade, acompanhava a performance dela.

Ao final da música , ele a rodopiou de forma que encerrando, Mel acabou nos braços dele, atraindo uma salva de palmas.

Com as respirações alteradas, os dois sorriam. Mel então se sentira bem mais à vontade e não demorou muito estava dancando com outros homens que encorajados pelo gesto de James, convidaram-na pra dançar.

Depois de algumas danças,  viu -se nos braços de James outra vez.

— Mel, acho que você está encrencada. Veja se consegue olhar Raul. Ele está uma fera e a namorada dele mais ainda. Acho que o pivô de tudo isso é você.

Discretamente, ao virar-se sob os passos da dança com James, Mel observou a cara amarrada de Raul.

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