..."O jeito que você me faz sentir, eu não consigo descrever."...
Quando eu cheguei a empresa após ter ido comprar roupas para Giulia — o palpite dela para roupas estava horrível ultimamente —, mal saí do elevador e Stella, a recepcionista do andar presidencial veio em minha direção com malícïa. Tive sim que me segurar para não revirar os olhos de tédio. Garota atirada!
— Acho que a senhorita chegou um pouco tarde — ela cantarola, arqueio uma sobrancelha em sua direção, não só por conta da fala, mas também por causa dos botões desabotoados da camisa revelando seus seiøs.
Prestes a passar por ela e seguir para a sala de Giu, Stella segura meu antebraço, fazendo-me parar no mesmo instante e encará-la.
— Acredito que a chefinha não vai gostar de tê-la se intrometendo em suas coisas e você poderia se divertir também — a voz era um ronronado que chegou a me causar náuseas.
Stella se aproxima, em seus olhos explicita a intenção de beijar-me. Bruscamente solto meu braço e dou um passo para trás.
—Do que você está falando? — tento soar o menos irritada possível para que não haja nenhuma precipitação por parte da morena.
— Ah, estou falando da loira que suponho ser amante da senhora Paliwal — dá de ombro, fazendo bico.
Olho para o teto, voltando a encarar a garota à minha frente. Não tenho nada a dizer a ela então retomo o meu caminho dessa vez em direção a minha sala, mas novamente eu sou impedida pela mesma pessoa segurando o meu braço. Muito a fim de soltar uma enxurrada de xingamentos em Stella, me viro para ela de novo.
— O. Que. Foi. Dessa. Vez — sibilo na cara dela, a paciência por um fio para eu perdê-la de vez.
— É que ninguém nunca me negou antes sabe… — o sorriso viperino em seus lábios chegava a ser mais entediante que a sua voz.
Antes que eu possa dizer algo, Stella cola nossos lábios, mas rapidamente e sem delicadeza eu a empurro, limpando a boca com a mão com uma provável cara de nojo.
— Se alguém nunca te negou antes doce Stella — seguro seu queixo e sorrio enquanto encaro os seus olhos —, saiba que para tudo na vida há uma primeira vez.
Dessa forma saio de perto dela com as mãos nos bolsos, em direção a minha sala. Jurei ouvir uma bufada e me segurei para não rir disso. Garota idiøta, literalmente! Ao passar em frente à porta da sala de Giulia tudo parecia silencioso. Silencioso demais. Talvez a brincadeira por aqui já tenha acabado. Eu realmente fui uma inocente ao pensar que depois de tanto tudo Giulia deixaria Beatriz. E se formos pensar pelos dois pontos de vista dessa história — entre ela e Sofya —, Gil pode sim ser considerada a mais errada, mas é minha amiga. E enquanto essa tonta não resolve encarar seu passado e consertá-lo, o que posso fazer é apenas ajudá-la até que enfim tome coragem.
Sei que no começo pus a culpa praticamente toda em Sofya, mas eu não havia tido tempo para pensar em tudo isso com calma até então. Esse tempo em que saí da empresa para fazer compras para Giu também serviu para refletir. Acredito que as duas estão erradas, pois Sofya se envolveu com uma pessoa que Giulia aparentemente não gosta porque dava em cima dela. Foi algo como uma facada pelas costas — pode-se até supor que ela traía minha amiga com esse cara antes, mas Sofya não parece ser esse tipo de pessoa. Já Giulia disse a garota que voltaria mas simplesmente sumiu no mapa e em pouco tempo também se envolveu com aquela püta — føda-se, é o que ela é — além do mais também se deve levar em consideração o fato de ter escondido de Sofya quem realmente era, vivendo por anos como uma falsa pessoa.
Eu particularmente me sentiria traída no lugar da garota mas não tenho nada a ver com isso, então que Sofya e Giulia se virem e se entendam — apesar de eu estar ajudando Giulia a fazer o contrário disso. Bem, de qualquer forma uma hora ou outra ela terá de encarar os fatos e com certeza vai ser melhor quando ela estiver pronta, mas eu penso que ela deveria encarar essa pørra toda para acabar com tudo de uma só vez. Ela não pensa assim pelo visto e eu falar o que penso não vai adiantar de nada a não ser atiçar sua ira. Então sim, permanecer calada é a melhor opção.
[ … ]
A mansão da família Coleman parecia mais um palácio, mas de um padrão um grau abaixo da família Paliwal. Exuberante e intimidadora. Para quem sabia que ali havia todo tipo de assassinøs, mais intimidadora que o normal — que o que já é. A noite de lua cheia então…chegava a dar arrepios. Giulia parecia reparar no mesmo, enquanto lado a lado seguíamos para entrada atrás de um dos seguranças. Quando chegamos à porta da frente o homem sumiu na escuridão ao redor do imóvel e se fechar aquele negócio com o senhor Coleman não fosse de extrema importância para Giulia e a empresa eu teria saído correndo dali antes mesmo de colocar um para dentro dessa propriedade. Quando estou prestes a dizer algo a Giulia, uma mulher vestida de empregada que aparentava ter pouco mais que cinquenta anos aparece, abrindo a porta e com o que me pareceu seriedade nos encarando.
— Sejam bem-vindas! — ela dá espaço para entrarmos e o fazemos. — Me sigam por favor.
Depois de fechar a porta a mulher começou a caminhar, Giu a seguindo e eu dei um espaço, seguindo logo atrás. Diga-se de passagem que na retaguarda. Passamos por uma sala de estar, um corredor…até que enfim começo a ouvir vozes. Em segundos estamos numa sala de jantar — desculpe se isso soar brega mas — chic pra caralhø. Um homem já de cabelos grisalhos estava sentado numa das pontas da enorme mesa com uma mulher também já bem madura e de cabelos ruivos à sua direita. Em frente a ela um homem ruivo de uns quase trinta anos ou um pouco mais. Ainda ao lado da mulher estava uma garota também ruiva — essa família é totalmente ruiva pelo jeito —, a irmã que Melody havia dito a mim que tinha. Dezesseis anos.
E ela; autoritária, linda, sorridente: Melody. O assento entre ela e o irmão mais velho estava vazio, provavelmente o lugar do filho que estava faltando. O senhor Coleman tinha quatro filhos, sendo que Melody e o homem que estava faltando são gêmeos. A assassina implacável e sua temida sombra. Elijah era o sucessor do pai e já cuidava de quase tudo quando se tratava dos negócios — majoritariamente sujos — da família e era exatamente com ele que Giulia estava fechando a parceria, mas como a ordem final vem do senhor Coleman, aqui estamos.
E por fim, a garota mais nova: Pearl. Essa sabia tudo sobre tecnologia e não duvido nem um pouco que em breve será nomeada uma hacker oficial da máfia. Se ela quiser pode invadir agora meu celular e saber tudo sobre minha vida — minha vida literalmente está toda no celular. Aquela família estava mais para uma família real cheia de hierarquia do que um bando de metidos a criminosos. Ao menos é o que os de fora pensam que mafiosos são. Ao nos ver, Melody se levanta, vindo em nossa direção e sussurrando algo no ouvido de Giulia discretamente ao abraçá-la. E então ela vem até mim e sinto meu corpo enrijecer a cada passa seu. O sorriso dela só aumenta. Quando ela me abraça, faço de tudo para soar normal aos outros, mas eu realmente tive que buscar por meu autocontrole perdido a um quarteirão daqui quando ela sussurrou toda sėxy em meu ouvido:
— Estava com saudade de você esquentadinha!
Quando ela finalmente se afasta, respiro fundo, fechando as mãos em punho ao lado do corpo para esconder o estado trêmulo. Se Melody não fosse assassïna da máfia eu estaria com ela. Dá para ver, não é? Pørra, a minha pressão deve ter caído de uma só vez! Não me pergunte porquê de eu não aceitar quem a ruiva é. Fatos do passado às vezes nos deixam traumas e feridas e talvez eu conte sobre isso em outro momento.
— É um prazer revê-las — Melody diz sorrindo de orelha a orelha ao lado do irmão que eu nem havia percebido que estava de pé.
Vocês devem estar pensando que o senhor Coleman é o um medíocre por não se levantar para nos receber, mas Elijah havia nos avisado que o pai não faria isso por estar um pouco debilitado por conta de uma cirurgia.
— O jantar será servido e trataremos dos negócios logo após. Sintam-se à vontade por favor — de costas para o pai, Elijah ofereceu-nos um sorriso de desculpas, mais direcionado a Giulia.
Se Melody é uma amiga de infância de Giu, ela com certeza deve ter convivido com Elijah também, já que ele age de uma forma aberta com ela como com a irmã.
— Para mim está ótimo — Giulia concorda, o meio sorriso na direção do homem.
Elijah podia estar de costas mas nós não estamos. Ele seguiu para a mesa então, puxando assuntos para mim e Giu, que olhou para o senhor Coleman e ele lhe deu um aceno de reconhecimento. O homem não havia abrido a boca até então. Melody voltou ao seu lugar e o jantar foi servido. Os Coleman então começaram a conversar. Pearl começou a falar sobre moda com Giulia e as duas me pareceram bem próximas. Minha amiga sorria de uma forma que eu nunca havia visto antes e um pensamento bem idiøta acaba me ocorrendo. Se esse bando de ruivos e ela fossem irmãos, se Giulia fosse uma Coleman, talvez ela teria sido mais feliz, mesmo que enfiada na máfia.
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Atualizado até capítulo 27
Comments
🪬⃝△𝑲𝒊𝒎 𝒚𝒆𝒐𝒏
Mais
2023-02-01
1
Naya
mas profavor
2023-02-01
1
Cleidiane Oliveira
quero mais.
2023-02-01
1