..."A distância traz saudades e nunca o esquecimento."...
Estava ansiosa em meio à aula. Sofya mandou mensagem me chamando para almoçarmos juntas, algo que não é muito normal. Ela realmente está disposta a aproveitar estes últimos dias. Batuco os dedos sobre a mesa em sequência impaciente, a aula se encerra e começa o alvoroço para a saída da sala. Eu estava ali, no meio daquela grande multidão pensando que daqui alguns dias não estarei em meio a tanto alvoroço, mas também sentirei falta daqui e de todas as amizades verdadeiras que fiz durante todos esses anos. Sentirei falta desse lugar, dessa cidade. Desse novo lar que me acolheu tão bem quando eu me sentia tão sóbria.
Saio da faculdade e atravesso a avenida movimentada, andando mais dois quarteirões até o lugar marcado. O sol estava quente. Adentro o restaurante e corro o olhar à procura de Sofya, mas ela não havia chegado. Vou mais para o fundo e me sento num lugar mais reservado. Fico ali por cerca de cinco minutos à espera, até que Sofya chega e vem em minha direção.
— Me desculpe a demora! Te chamo para almoçar e me atraso — ela diz me dando um selinho e se sentando, o que chama a atenção de algumas pessoas ali.
— Tudo bem. Cheguei agora mesmo também…
— Você viu? — ela pergunta animada.
— O quê? — pergunto curiosa.
— Ah, você não sabe então? Será que eu devo dizer? — ela fala pensando alto como sempre quando está em dúvida, sorrio com isto.
— Do que se trata? Diga e eu falarei se me interesso.
— Não tem como alguém não se interessar quando se trata do CEO mais badalado do mundo…
— CEO mais badalado? — digo confusa, o que meu pai está fazendo desta vez?
— Sinceramente Giulia! Às vezes acho que você não tem acesso à internet… — ela reclama fazendo bico.
Sofya é fã do meu pai. Mas ela não sabe que ele é meu pai.
— Você sabe que eu não ligo muito para isso…Só uso para coisas necessárias. O que foi dessa vez?
— Edgar está no tópico das notícias mais quentes do mundo. Aparentemente, foi visto ontem à noite saindo bêbado de uma boate, com uma mulher loira — ela complementa.
— Uma mulher — repito secamente. Não dá para disfarçar. — Tem certeza Sô? Pode ser que não seja ele. Ouvi dizer que ele não frequentava boates e que não assumiu nenhuma outra mulher desde a morte de Helena.
Boate. Eu não sabia que agora ele tinha passado a comer püta. Passo a língua pelos lábios disfarçadamente em sinal de nervosismo. Meu rosto está levemente inclinado. Preciso de uma forma para extravasar minha raiva.
— Pode ser que seja verdade Giu…sei lá…esses ricos são meio loucos.
— Você está falando que somos loucas então. Mas será mesmo? Só acredito vendo — digo e procuro o celular pela bolsa. — Mërda! Descarregado! — furiosa enfio o celular na bolsa, cruzando os braços.
— Descarregado de novo? — ri. — Acho que não é necessário sair com um celular descarregado —ela fala e tira de sua bolsa o celular. — Aqui! — Sosô me entrega o aparelho.
Ali estava o nome de meu pai muito bem estampado, no #1 — primeiro lugar — das notícias mais quentes do mundo. Abro as fotos e lá estava ele, meu pai, bêbado saindo de uma boate sendo praticamente carregado por uma mulher que não é possível identificar o rosto. Respiro fundo e entrego o celular de Sofya a ela, antes que eu o tacasse na parede. Ele não pode ter feito isso!
— Eu não acredito! — falo irritada.
— Você está bem Giu? — ela pergunta confusa.
— Não, mas vou ficar.
Vejo Sofia chamar o garçom.
— Um copo de água, por favor!
O garçom se retira, indo buscar o pedido de Sofya.
— No que você não acredita? Não estou entendendo.
Respiro fundo, tentando controlar a raiva que estou sentindo de Edgar. Calma Giulia! Por favor, não se descontrole aqui! Vamos, pense! O que dizer a Sofya?
— Esqueci que ontem fez doze anos que minha mãe faleceu, sabe? E eu nem falei nada para o meu pai. Com certeza ele deve ter ficado mal ontem… — falo parte da verdade, alterando algumas partes. — Estou me sentindo um pouco culpada por isso agora. Estou com raiva de mim mesma — sorrio, contendo o soco que quero dar na mesa.
Estou com raiva de Edgar. O garçom chega e coloca o copo sobre a mesa.
— Muito obrigada! — Sô diz ao garçom que se retira. Não ligo para a olhada dele na minha namorada, até porque não estou com cabeça para isso e também porque eu me garanto. — Beba Giulia! Precisa se acalmar.
Pego o copo e o viro todo de uma vez, o colocando sobre a mesa.
— Está mais calma agora? — ela pergunta docemente.
— Mais ou menos Sô. Vou ficar bem. Vamos almoçar! — sorrio.
— Prometa-me que não vai fazer nenhuma besteira.
A única coisa que posso prometer é não matar Edgar…
— Por que eu faria alguma besteira?
— Assim…não deve ser fácil perder a mãe sabe…
— Também não deve ser fácil não saber quem é o nosso pai. Eu não vou fazer nada que me coloque em risco. Não se preocupe.
— Tudo bem. Mas não entendo porque seu pai não casou de novo. Você não aceitou eles seguir em frente?
Eu aceito ele seguir em frente a Sofya. Mas ele não está seguindo em frente. Ele só está fazendo isso porque ontem fez doze anos que minha mãe se foi. Ele fez isso para não se lembrar dela, será que você entende? Ele não está seguindo em frente e sim arruinando sua reputação, não só dele como a minha também. Eu não quero isso para nós. É isso que eu queria poder dizer a Sofya. Mas não posso e ela não pode me entender. Ah! Porque tem que ser assim?
— Não me importo que ele siga em frente Sofya. Talvez ele amasse minha mãe demais para isso ou simplesmente não quer outra mulher ao seu lado. Muitas vezes meu pai é incompreensível.
— É…você tem razão Giu. Mas não posso dizer que estes talvez sejam os mesmos motivos de minha mãe. Não entendo ela às vezes…
— Irei vê-lo depois desse almoço. É o mínimo que posso fazer — digo séria.
— Mas você tem faculdade depois do almoço, vai mesmo perder as aulas?
— A família em primeiro lugar — digo e faço sinal para um garçom.
No caso, a dësgraça de minha família em primeiro lugar.
[ … ]
Sofya e eu andamos de mãos dadas por todo o trajeto de volta. Deixo-a na porta da faculdade e sigo para o estacionamento, entrando em meu carro e saindo com o mesmo em direção ao outro lado da cidade. Pego meu celular reserva no porta-luva e conecto ao carro, discando o número de Any, que demora um pouco para atender.
...|•Ligação on•|...
...— *Giu! Que bom que você ligou, realmente precisava conversar com você. Já deve estar sabendo de seu pai…...
...— Você sabe como sou…não ligo muito para estas mälditas manchetes, mas Sofia e sua espontaneidade já me colocaram a par da situação…...
...— É…seu pai não está nada fácil! — suspira. ...
...— Onde ele está? ...
...— Na sala dele. Proibiu a entrada de qualquer pessoa em sua sala, está lá trancafiado com a mesma mulher das fotos e mais outra…...
...— Outra? ...
...— Sim. ...
...— Cuide para que ele não saia e para que ninguém o atrapalhe — ordeno....
...— Mas Giulia…a reputação de vocês vai para o ralo desta forma! ...
...— Você não deixou eu terminar…Estou indo para aí. Em breve chegarei, por volta de meia hora, por isso cuide para que ninguém o atrapalhe, quero pegá-lo no pulo. Será que ele terá vergonha na frente da própria filha? — sarcástica. ...
...— Esta é a nossa futura CEO! — Any fala do outro lado da linha com certo alívio. ...
...— Não brinque Any! Não deixe ninguém avisá-lo que estou chegando, desligue o sistema telefônico da sala de Edgar para ninguém avisá-lo. ...
...— Ok! Farei tudo o que está pedindo, já não aguento mais essa ignorância de seu pai, ele simplesmente não quer fazer nada. ...
...— Prometo resolver isto, ou ao menos tentar*…...
...|•Ligação off•|...
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Atualizado até capítulo 27
Comments
Maria Fabiana
já gostei!
2024-08-26
0
Didi Oliveira
mais autora!
2022-11-11
2