Recupere sua alma

O sangue passou a fazer parte da minha vida, já fazem 60 dias que estou tendo sangramento, não chega ser uma hemorragia, é como uma mestruação mais intensa. Acabei me acostumando com o uso de absorvente o tempo todo, eu gostaria de ir ao médico ao ginecologista, mas vivo sobre o medo de não poder contar sobre o aborto medicado, e também vivo sobre o receio de ter ocorrido um aborto incompleto e por isso este sangramento insistente.

Sigo na tentativa de me recompor, de me reconstruir, sigo firme apesar de ainda não superar a minha perda, eu sinto muito, me perdoe, foi necessário, foi melhor assim.

Eu não sei se era um menino ou uma menina, ele tinha o tamanho da minha mão fechada, eu estava de 12 semanas, ele caiu no vaso, o feto foi direto para o esgoto, eu não pude fazer nada, eu não teria condições para criar uma criança sozinha, já passo muita humilhação com meus parentes por causa do meu filho, minha vida é um verdadeiro inferno.

(...)

Algumas semanas passaram-se desde a última vez que escrevi.

Eu não quero escrever hoje!

Tenho vivido um verdadeiro inferno dentro de mim mesma.

Eu não vou rever o que eu escrevi, não sei qual parte parei, vou atualizar-me a partir deste ponto.

Eu mudei-me da casa onde estava a morar e larguei o meu antigo emprego. Peguei um estágio para fazer na área escolar, já que estou a cursar pedagogia, é foda, eu não recebo um salário integral, e não tenho como me manter, manter a mim e o meu filho, então voltei morar na casa do meu pai, é um verdadeiro inferno, mas tenho que ser forte, tenho que suportar, preciso ir atrás de meios para um dia finalmente ser independente, viver de verdade, ser eu mesma longe de parentes e familiares.

Logo a frente irei esclarecer o motivo de estar a vivenciar o inferno em casa, a razão de sentir tanto nojo e repulsa por familiares.

Eu estou a ter muita insônia, muitos pesadelos, e tenho sentido claramente que estou perto de morrer, ou pessoas próximas vão morrer, tenho pensamentos muito fúnebres, é estranho, sinto a morte como se estivesse tão perto de nós.

Todos os dias, todas as manhãs quando vou atravessar a rua sinto que estou prestes a ser esmagada, atropelada, e quando estou caminhando na calçada sozinha ou até mesmo próxima de outras pessoas eu sinto que estou sendo seguida, e imagino que vou ser esfaqueada até a morte.

Aos domingos na missa eu fico imaginando meu funeral, eu me vejo deitada em um caixão de madeira escura, com o corpo coberto por margaridas e apenas o meu rosto pálido ali naquele caixão.

Eu preciso de ajuda, quando era criança me lembro de ter alucinações do tipo, ver pessoas flutuando, ver cabeças explodir, e agora eu sou adulta e tenho visto pessoas enquanto conversam comigo eu as vejo com os olhos derretendo, e a boca cheia de vermes.

Eu não posso enlouquecer, eu preciso me formar, preciso de um bom emprego, preciso cuidar do meu filho e proteger ele contra tudo.

Marquei uma consulta com minha psicóloga, já fazem meses que não dou as caras lá, mas dessa vez eu vou, irei ser mais forte, preciso de uma resposta, preciso de uma cura, preciso ser normal eu não aguento mais!!!

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