P.O.V ALEX
Meu despertador toca e eu me sento na cama, nunca fui exigente. Quando você já dormiu no meio do mato, literalmente sobre a terra, aprende a valorizar qualquer colchão que tenha um pouco de espuma.
Tomo um banho quente e coloco uma roupa simples, uma blusa de malha preta e fico esperando a moça que contratei por meio de uma agência. Ela vai cuidar do Aaron enquanto eu trabalho. Não demora para meu irmão acordar, ajudo ele no banho, já que o mesmo acha constrangedor deixar essa função para uma mulher estranha. Depois escovo seus dentes e faço a sonda para retirar a urina.
-Sabe que eu não tenho tempo de ficar em casa cuidando de você, porquê quis vir passar esse tempo comigo?- Perguntei me referindo ao fato de que nós não nos víamos a uns 5 anos.
- Achei que a Tia Helena estava precisando de férias, ela abriu mão de muita coisa por mim, você sabe...- Fala se referindo ao fato de que a tia ficou responsável por cuidar de nós a 13 anos atrás, acompanhou meu irmão em todos os momentos, cirurgias, fisioterapeuta, tratamento e todo o resto- Além do mais, sinto sua falta...
Engulo em seco. A verdade é que eu não queria vê-lo tão cedo, ele representa toda a dor que eu passei antes e depois que meus pais morreram naquele acidente.
- Eu posso ficar pouco tempo aqui, você sabe, é perigoso ter alguém comigo...
-Sim, mas mesmo que seja por pouco tempo Acho que vai ser bom nos reaproximarmos e você se reaproximar de Deus também.
Ignoro seu último comentário e enquanto terminamos de colocar a sua blusa o interfone toca, olho no relógio e era 7:15 am, ao menos a moça era pontual, estava adiantada.
Abro a porta com certa expectativa, sentia que algo de bom estava por vir.
Do outro lado estava uma senhora pequena, ruiva, de aproximadamente 50 anos. Não foi isso que pedi.
- Bom dia, sou a Maria, a cuidadora.
- Deve ser algum engano.- A olho com seriedade.- Não foi com você que eu falei.
- Ah sim, era a Júlia, mas ela infelizmente está de atestado. Eu vou cobrir os horários dela.- A mulher me entrega uma pasta e já entra sem eu dar licença.- Gostei dela. Aaron se manteve calado por todo o tempo mas pareceu gostar da senhora também.
Olho os documentos que ela me entregou e parecia tudo certo. Ela tinha mais experiência que a tal Júlia.
A apresento para meu irmão, brevemente a mostro o apartamento e passo as orientações necessárias.
- (...) Esse aqui é apenas metade do comprimido.- término de mostrar o remédio e dar as indicações assim como o minha tia me deu e como o médico possivelmente deu a ela, deixei também a receita para ela não se confundir, apesar de que a maioria eram apenas vitaminas, a saúde do Aaron era muito boa.
-Meu jovem, eu faço isso a minha vida toda, e o senhor já deveria ter ido trabalhar, não?
Olho para ela, petulante, depois olho para o relógio, realmente eu estava atrasado.
Apenas balanço a cabeça em confirmação e me apresso para sair.
O caminho até a delegacia foi mais rápido do que havia calculado, ainda assim preciso procurar uma locadora de carros o mais breve possível.
A decoração interna era quase que padrão, um espaço amplo, alguns bancos acoxoados e a parte do acolhimento, logo mais a trás um banner estampando toda a parede com imagens sobre a delegacia, apenas um casal permanecia sentado, ao lado direito, mais ao fundo dois bancos de madeira, gastos com várias marcas de unhas, muitos nomes escritos por pessoas que não estiveram ali por livre e espontânea vontade. Alguns policiais que antes conversavam e outros que analisavam papéis, param para me observar. Caminho tranquilamente até a porta que dava acesso ao interior e um dos policiais logo corre para me abordar.
- Hey, Você!- Falou achando que tinha alguma autoridade. -Quem pensa que é?
- Seu pesadelo. -Falo baixo o ignorando.
A porta abre com um rangido comum de coisa velha, me dando acesso a um Curto e Largo corredor que logo a frente fazia curva.
Entro deixando o idiota ainda estupefato com minha resposta.
Caminho olhando as placas de identificação sobre as entradas e o sujeito parece acordar ao passo que a porta livre começa a se fechar.
Sinto que ele pega meu braço na intenção de imobilizar-me mas no reflexo quem o imobiliza sou eu, o puxo para frente batendo seu corpo contra a parede. O homem corpulento ainda me ameaça com o rosto amassado contra parede.
-Você está preso por desacato!- Nunca tinha recebido voz de prisão, ainda mais em uma situação tão patética. Rio do homem enquanto afroxo o aperto.
-Precisa melhorar sua defesa amigo...- Mal completo a frase e ouço uma voz familiar ao fundo, uma das únicas pessoas no mundo ao qual tem meu total respeito.
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Atualizado até capítulo 20
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