"Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o SENHOR; pois eu vos desposei; e vos tomarei, a um de uma cidade, e a dois de uma família; e vos levarei a Sião."
Por quanto tempo o filho vai ficar longe do pai?
"ONDE ESTÁ A ARCA QUE EU TE MANDEI CONSTRUIR? EU TE DEI TEMPO..."
P.O.V Alex
Depois dos escândalos governamentais, operações anti-corrupção e principalmente a queda dos grandes quartéis de tráfico só restou algumas milícias, essas que tem dado muito trabalho a polícia local.
Já fazia quase 12 anos que eu não ficava nessa cidade, só de passagem, era um garoto e sofri o que nenhum adolescente precisa sofrer.
Desembarco na estação Central, apenas uma mala, pequena, não pretendia ficar por muito tempo, mas ficaria o tempo que o trabalho exigisse. Poucas peças de roupa, alguns acessórios e coisas básicas. O apartamento já estava alugado, só precisaria assinar alguns documentos e esperar meu irmão chegar. Ele vinha depois. Éramos só nós dois contra o mundo, cada um em sua guerra.
Pego o primeiro táxi que encontro e vou para minha nova casa temporária.
...
Do jeito que esperava, sem tirar nem pôr. O apartamento era antigo, rústico, simples. Dois quartos, um banheiro, sala, cozinha, lavanderia e uma pequena sacada. A pintura um pouco gasta, os móveis já velhos mas ao menos tinha elevador, esse era meu único pré requisito.
Jogo minha mala num canto qualquer e fico olhando pro nada. O apartamento semi mobiliado continha um sofá empueirado, um móvel de madeira que parecia ter resistido muitos anos, alguns arranhões que eu adoraria saber como foram parar ali.
Sem opção me sento por ali mesmo, coloco os fones de ouvido e ligo o rádio do celular, notícias.
Era o que precisava para relaxar. Apoio a cabeça no sofá. Um leve sorriso surge ao ouvir que dois assaltantes foram mortos durante uma tentativa de fuga. "Menos dois vermes no mundo." Penso enquanto sou vencido pelo sono.
Brummhummm, brummhumm, brummhumm.
Acordo com meu celular vibrando.
-Fala!
- Oi mano, já estou chegando.
- Okay, vou descer para te ajudar.
- Rápido! Acho que já estou no lugar certo.
Desligo e me levanto. Dormi ali mesmo na sala. Havia anos que eu não sabia o que é isso. Dormir durante o dia é luxo.
Ainda zonzo vou até o térreo, para subir vim de escada mas preciso testar o elevador para meu irmão. Não demorou muito e ele já estava no nosso andar, entrei analisando o espaço.
- Vai servir.- Falei mais para mim mesmo.
Já na entrada cumprimento um senhor de idade.
- Boa tarde!
- Boa tarde, doutor.
Avisto do lado de fora dos portões meu irmão, ele estava com o cabelo maior do que eu me lembrava e mais magro também, o motorista terminava de tirar as malas. Esse é exagerado.
Vou até ele e o comprimento com um tapa nas costas.
- Que bom que chegou bem.
- Só não cheguei inteiro!- Ele debocha.
Aaron havia se habituado com a situação, já eu nunca vou conseguir.
Ajudo a colocá-lo em sua cadeira de rodas. O taxista se despede e vai embora. Olho para as malas e meu irmão. Não sei como vou fazer. Se escolho as malas ou ele.
-Pra que esse tanto de coisa?- aponto para as malas perdido.
-Sabe que a Tia nunca ia deixar eu vir sem elas.
O senhor que antes estava sentado se compadece da cena e vem ao nosso socorro.
- Posso ajudar?
- Por favor.- Respondo.
Peguei algumas malas e dependurei sobre os ombros enquanto empurrava meu irmão até o elevador, o senhor pegou o resto. Dos dois elevadores um estava em manutenção e o outro alguém do andar de cima o tinha solicitado, enquanto esperávamos pude ver pelo olhar do homem que ele tinha algumas perguntas.
- Acidente de carro.- Meu irmão se adianta.- fiquei preso nas ferragens, tive que amputar uma das pernas, fraturei a coluna e perdi o movimento de Boa parte do corpo.
- Rapaz... você é guerreiro!
Meu irmão sorri.
- Quando Deus está no controle de nossa vida o inimigo pode até tentar nos parar mas a última palavra vem do Senhor, ele tinha um plano maior para minha vida.- Eu não gostava de quando meu irmão dava o crédito da vida a um ser inexistente e não aos médicos e seus anos de estudo.
O elevador chega com um casal que olha-nos curiosos.
- Boa tarde, Manuel!-
cumprimentaram ao senhor que nos acompanhava com as malas.
-Boa tarde meus jovens. Esses são nossos novos vizinhos.- Ele fala olhando para mim e meu irmão.
-Sejam bem vindos!- O homem fala olhando mais para meu irmão
- Bem vindos!- A mulher loira segue o homem mas me olha da cabeça aos pés ignorando o resto. Vai ser divertido!
Eu respondo com um leve sorriso de canto enquanto a avalio. Empurro a cadeira para dentro do elevador.
Estranhei que meu irmão nada respondeu.
Subimos até nosso andar, abro a porta e espero o senhor "Manuel" passar.
Ele coloca as malas em um canto próximo a porta e se despede.
-Qualquer coisa que precisarem é só chamar...
-Obrigada!- Meu irmão responde por nós enquanto a porta se fecha.-
Simpático ele, não?!- Dou de ombros ao comentário. Ninguém faz nada sem querer algo em troca, isso inclui gentilezas.
- Eu ainda não escolhi o quarto então fique a vontade...- Mudo de assunto.
- Que novidade!- com o controle meu irmão guia sua cadeira até os quartos.
Olho as coisas que trouxe para dispensa mas nada decente para uma janta. Eu não me importo com comida, por mim o bom fast food é excelente, mas meu irmão precisava de uma dieta monitorada.
- Vou procurar um mercado aqui perto!- Grito para ele escutar. - Quer algo?
- Não. - Aaron responde.
Confiro minha carteira no bolso, e saio.
Desço pelas escadas, novamente no hall encontro com a loira, que agora sozinha sorria de forma provocante. Ela quer fogo mas não sabe o tanto que vai se queimar.
Encaro diretamente seus olhos fechando ainda mais meu semblante, passo do lado dela quase que ignorando a sua presença. Sim, gosto de jogar com as pessoas, e não entro para perder. Ela parece um pouco desconcertada com minha reação mas logo se recompõe. Loira, alta, olhos castanhos claros, corpo até bonitinho, vai servir.
Caminho em direção a uma rua mais movimentada que vi no trajeto até aqui, era bem perto, além de supermercados, farmácia também vi uma academia, mesmo tendo direito aos clubes que o sindicato patrocina, era algo que eu preferia pagar por conta própria. Ficar sozinho sem criar laços ou ser visto como arrogando por não gostar de conversas banais.
Marco mentalmente de voltar ali no dia seguinte.
Entro em um supermercado e compro o básico, na volta passo por um sacolão e termino de comprar algumas frutas e verduras.
Observo a movimentação das pessoas, muita coisa mudou. O bairro parecia ser até tranquilo, caminho de volta para casa com calma e dessa vez realmente ignorando os olhares famintos das mulheres e os mais variados tipo vindo dos homens.
.....
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Atualizado até capítulo 20
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