"Você confiou, e ele
Ah, ele mentiu
Mas lhe digo garota bem melhor chorar agora
Do que uma vida toda
Deus te livrou de quem não te cuidou
Ele sim sempre te amou
Acaso, um pai daria sua querida filha
A um homem de mentiras?" Marcela Tais
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Hoje o dia amanheceu sombrio, talvez seja para poder conciliar com meu humor, não me sinto nada bem.
Ontem encontrei meu noivo, agora ex, aos beijos com uma mulher que ele dizia ser apenas amiga, ele só esqueceu de avisar que a amizade era "colorida".
Estou me sentindo o pior ser humano do mundo, não consegui nem ir à escola dominical, perdi a hora. E tudo que consigo pensar é naquele safado me dizendo que entendi tudo errado, essa frase já é velha, eu não dei tempo para ele dizer mais nada, apenas corri, sabe esses corredores de maratona? Então, tenho quase certeza que corri mais rápido que eles.
Porque Deus permitiu que isso acontecesse? Não vou deixar nenhuma lágrima cair por aquele traste que tem o nome de Pedro. Foram alguns anos de côrte, depois namoro até ele pedir minha mão (Eu inteira) em casamento.
Começamos a côrte quando eu tinha 17 anos e ele 19 anos, logo que fiz 18 ele me pediu em namoro, e agora eu tenho 24 anos de idade e um casamento marcado para daqui a cinco meses, talvez você esteja se perguntando porque demoramos tanto tempo, em partes a culpa foi minha, eu estava muito envolvida em meus estudos e depois em abrir o meu próprio negócio, e ele sempre foi muito compreensivo. Dizia que não era a hora de nós juntarmos as "escovas de dente".
Como eu vou dizer para todo mundo que o noivado acabou porque fui traída? Pior, o que dirão sobre mim?
Quando meu pai e meu irmão descobrirem, o Pedro será um homem morto!
Entretanto a vergonha pelo o que aconteceu é maior.
Distraída em meus pensamentos escuto alguém bater na porta do meu quarto, eu moro com meus pais então privacidade não faz parte da rotina.
Não preciso nem responder um mísero "Entra" e a porta já é aberta.
- Filha, ainda está deitada?! O pessoal perguntou porque você não foi hoje na escola dominical... Ah, e o Pedro disse que mais tarde passa aqui para conversar com você, ele me pareceu tão estranho.
Ela falou tudo muito rápido mas parou e ficou me analisando fazendo uma cara um tanto que curiosa.
Ela se aproxima de mim e senta na beirada da cama.
- Porque está com essa carinha triste?
- Nada que a senhora precise se preocupar, apenas estou cansada.- Bocejo dramaticamente enquanto estico os braços para cima.- Ontem tive um dia cheio lá na loja.
Ela respira fundo e olha para o teto.
- Taís Ferreira dos Santos, eu sou sua mãe e te coloquei nesse mundo, então fala logo o que aconteceu!-
Nunca dá para esconder nada da minha mãe.
- Eu só estou confusa, mas não quero falar disso.- Me antecipo antes dela continuar.- Nem adianta insistir!
Ela me olha em repreensão mas não diz nada.
- Tá bom.- Fala a contra gosto, aperta os lábios e se levanta contrariada.
Eu não podia viver aquele momento sozinha, tinha que reconhecer.
-O Pedro me traiu.- Solto de uma vez.
Minha mãe me olha sem reação por um tempo até finalmente entender o que disse.
-A essa altura do campeonato?!- Minha mãe fala exaltada e meu pai entra no quarto.
-O que aconteceu?
-Nada.- Falo.
-O Pedro traiu ela.- Minha mãe replica por trás.
-Eu mato aquele moleque!- Meu pai também se exalta e é a vez do meu irmão aparecer.
- Matar quem, pai?
- O Pedro!- Eu falo jogando minha cabeça contra o travesseiro e cobrindo minhas orelhas. O plano de ficar quieta na minha não iria funcionar.
-Ele te traiu?!- Meu irmão pergunta já constatando os fatos.
- EU SEMPRE SOUBE QUE AQUELE MOLEQUE NÃO PRESTAVA, TE FALEI TAÍS. NUNCA APROVEI ESSA RELAÇÃO.- Meu pai gritava a Plenos pulmões.- AGORA APRENDE A ESCUTAR SEUS PAIS.
- Ah se eu pego ele, não vai sobrar nada! Aquele filhote de...
- EU VOU É ENFIAR O MURRO NA CABEÇA DO MOLEQUE PARA VÊ SE ENTRA JUÍZO. MELHOR, VOU ENFIAR A BALA MESMO!
- É pai, o Pedro merece morr...
- THIAGO, Menos!- Minha mãe o repreendeu.- E você para de gritar.- Ela aponta para meu pai.
Não tinha percebido que estava chorando. Chorei tudo que estava guardando.
Chorei por saber que fui praticamente abandonada no altar, chorei por que me senti interiorizada, chorei por que meu pai de fato estava certo mas a verdade dói, chorei por saber que minha família me ama e chorei por que estava muito sentimental.
Meu pai se sentou na cama ao meu lado e começou a afagar meus cabelos.
-Deixa que o papai resolve isso.
- Você não vai fazer nada, Vitor!- Minha mãe o repreendeu de novo.- Deixa as coisas como estão. Olhe só para vocês, fica armando a justiça com as próprias mãos em vez de dobrar os joelhos e entregar para Deus, uma hora ou outra o menino vai colher o que planta.
Confesso que me aliviava mais saber que Pedro ia receber uma boa surra mas minha mãe tinha razão, não podia deixar minha família sujar as mãos. Só Deus tem o poder de condenar alguém.
Meu pai não era velho, com seus 48 anos era delegado da policia, alto e forte, olhos claros, os poucos fios de cabelo branco era por causa da pressão do trabalho, poucas rugas de expressão e cansaço no rosto, causava medo em qualquer bandido e com certeza faria um estrago no meu Ex. Já o meu irmão tinha 27 anos, era forte como meu pai, tinha os olhos negros da minha mãe, mas era médico, recém formado em pediatria.
-Agora você, senhorita, faz o favor de se levantar daí, o rapaz nunca foi santo e você ainda insistiu nessa relação.- Oh bela delicadeza familiar para dizer verdades que dói.
Meu telefone tinha muitas chamadas perdidas, com certeza era Pedro pedindo para conversar, mas o que vi já era suficiente para dar um fim.
Decido fazer como minha mãe disse, me sento novamente enxugando as lágrimas e meu pai deposita um beijo sobre minha testa.
-Minha garotinha é forte.
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Atualizado até capítulo 20
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