capítulo 15

ELISA FRANCO

Uma semana depois...

O evento da Bela Cosméticos tinha sido maravilhoso, mas eu não estava tão feliz quanto pensava que ficaria, e o motivo não tinha nada a ver com a festa.

Finalmente minha casa estava pronta. Claro, que algumas coisas ainda precisavam ser ajustadas, como a limpeza do quintal. Mas eu já conseguia me locomover livremente e tinha tudo o que precisava.

— Bom dia. — Sophie falou entrando na cozinha.

— Bom dia, princesa. — Me aproximei e beijei seus lábios.

— O que você está aprontando?

— Nada de mais. Só estou fazendo panquecas. — Apontei para a pilha de panquecas no balcão.

— Você chamou alguém pra comer com a gente? — Sua expressão era de surpresa.

— Não, porque?

— Tem muita panqueca só pra nós duas. — A morena sorriu.

— É que fazer panqueca me acalma. — Me arrependi do que falei na mesma hora.

— Tem alguma coisa te incomodando. — Afirmou.

— É só o estresse do trabalho. — Até pra mim essa desculpa soou esfarrapada.

— Tem certeza? Você nunca se importou com a correria do trabalho. — Sophie me encarava intrigada. A quem eu estava querendo enganar? Em tão pouco tempo ela já me conhecia tão bem. Mas eu não podia lhe contar o que realmente estava me incomodando.

— Está tudo bem, linda. Vamos comer. — Puxei a cadeira para que ela sentasse.

— Você quer jantar comigo essa semana? — Seu convite me deixou surpresa. Desde o nosso final de semana juntas só tínhamos nos encontrado na minha casa ou no apartamento dela.

— É claro que quero. Aonde vamos?

— Não sei. Acho que no restaurante do Lorenzo. Eu gostei do lugar. Mas se você não quiser, podemos escolher outro lugar.

— Não, princesa, está perfeito. O chefe Lorenzo vai adorar nossa visita. — Servi sua xícara com café e continuamos a conversar sobre amenidades.

Depois que Soph foi para o seu trabalho, eu fui até o meu canto preferido da casa. Transformei meu sótão em um estúdio de artes. Era aqui que eu desenhava as minhas coleções e pintava alguns quadros também. Tentei começar uma tela nova, mas não tinha inspiração. A alguns dias eu tenho pensado em contar para Sophie o que sinto por ela. Que talvez esse acordo já não seja o que eu quero. Ter que ver a mulher dos meus sonhos ir embora toda manhã e não poder dizer que eu a amo tem sido um grande fardo. Todas as palavras que não posso falar pra ela, estão se acumulando na minha mente e me deixando mal. Não quero passar mais um dia sem dizer para Sophie que eu a amo e que quero que ela seja minha namorada.

SOPHIE LOPES

Era difícil entender o que se passava na cabeça de Elisa. Ela estava estranha já tinha alguns dias. Eu não conseguia descobrir o motivo. A nossa relação era perfeita e o sexo estava cada vez melhor, nunca me senti tão viva. Sei que ela está trabalhando bastante agora que sua loja está sendo construída, mas Elisa sempre foi leve e descontraída quanto ao trabalho, afinal ela amava tudo aquilo. Então por que eu ainda sentia que tinha alguma coisa errada? O problema é que toda vez que eu a questionava ela dava um jeito de mudar de assunto.

A ideia de convidá-la pra sair foi a desculpa perfeita para descobrir o que estava acontecendo. Talvez um ambiente romântico e divertido faça ela relaxar. A ocasião vai ser muito boa pra mim descobrir o que está deixando minha loira tão estressada.

— Soph, essa posição ta boa? — Olhei para Flávia, que ajeitava uma das luzes do estúdio.

— Sim, Flá, está ótima. Os modelos estão prontos?

— Acho que sim. Vou ver se eles precisam de alguma coisa. - Minha amiga foi em direção ao camarim.

Hoje tiraria fotos para uma campanha de roupas de praia. O legal dessa marca era que eles ofereciam roupas para todas as idades, uma variedade enorme de opções. O estúdio estava lotado, ao todo doze modelos se arrumavam nos camarins. O dia seria longo, mas tudo o que eu pensava era na minha noite com Elisa. Iria buscá-la às 20 horas para jantar comigo e depois lhe faria uma surpresa. Fiz amizade com a senhora que trabalhava na casa dela e combinamos tudo em segredo. Assim que Elisa sair de casa, Dona Lupita irá preparar tudo. No quintal daquele casarão tem uma casinha de madeira, que é muito bonita. Desde a primeira vez que vi aquela parte do imóvel pensei em fazer algo romântico para nós duas. Já tinha comprado tudo e deixado com Lupita. Se o jantar não fizer Elisa falar o que estava lhe incomodando, a segunda parte do encontro, com certeza, fará.

 

 

*******

O dia foi extremamente cansativo. Organizar tantos modelos de uma só vez não era uma tarefa fácil. Que bom que eu ainda tinha a Flávia para me ajudar. O que não duraria muito já que sua formatura estava chegando e logo ela começaria o seu estágio. Nem queria pensar na possibilidade de encontrar outra assistente, mas eu não tinha escolha.

Já estava quase na hora de encontrar Elisa. Tomei um banho e me arrumei o mais rápido que consegui.

Quando estacionei na frente da sua casa, ela já me esperava. Fiquei de boca aberta ao ver sua roupa. Ela estava impecável com uma saia lápis e uma camisa social. Parecia uma linda executiva. Daquelas que todos param para admirar.

— Você está linda. — Falei quando ela entrou no carro.

— Desculpa, eu acabei de chegar da reunião dessa tarde. Nem consegui trocar de roupa.

— Você está perfeita assim. — Me aproximei e beijei seus lábios.

— Obrigada. Você também está muito linda. — Elisa colocou a mão por dentro da minha jaqueta e apertou minha cintura. Depois me puxou para outro beijo mais intenso. — Senti saudade. — Sussurrou em meu ouvido. Aquilo me arrepiou por inteira.

— Podemos ir pra dentro e sair outro dia? — Sugeri.

— Se você quiser. — Rapidamente lembrei dos meus planos para aquela noite.

— Pensando bem, é melhor jantarmos primeiro.

— O que você está aprontando, Senhorita Lopes? — A maneira como ela me chamou fez eu querer desistir do jantar e levá-la direto para a cama.

— Nada linda. Eu só quero levar você pra jantar.

— Ta bom. Vamos fingir que essa é toda a verdade.

— Pensei que eu era a curiosa. — Ela fez um bico enorme.

— Ei, eu não estou curiosa.

— Sério? — Brinquei.

— Você vai ficar aí me encarando ou vamos sair em algum momento? — Sua carinha de dengosa se tornou mais apeladora.

— Ta certo, Senhorita Franco. Vamos jantar. — Liguei o carro e segui rumo ao restaurante. Elisa estava mais descontraída e eu esperava que isso fosse um bom sinal.

ELISA FRANCO

Quando chegamos no restaurante, o chefe Lorenzo nos recepcionou com muita alegria. Nos sentamos na mesma mesa da semana anterior e ele nos convenceu a provar o novo prato da casa. Que consistia em um guisado de carne vermelha com vinho tinto. Depois se retirou e nos deixou a sós.

— O restaurante está mais bonito hoje. — Sophie falou olhando para a nova ornamentação do lugar. — Eu poderia fazer umas fotos aqui.

— Tenho certeza que o chefe Lorenzo iria adorar.

— Você acha?

— É claro, você é a melhor fotógrafa do Rio de Janeiro.

— Não é pra tanto né. — Ela ficou vermelha de vergonha.

— Não seja modesta, Soph. Quando cheguei aqui, perguntei da Bella qual era o melhor estúdio de fotografia da cidade e ela me indicou o seu. Então não vamos discutir sobre isso. Você é a melhor e ponto. Pelo menos pra mim você é.

— Obrigada, Elisa. Ouvir isso é tão importante pra mim. Eu sempre batalhei muito pra transformar o meu estúdio em um local de alto nível. Não foi fácil, mas eu nunca pensei em desistir.

— Eu admiro muito você, sabia. — Segurei a mão de Sophie e ela sorriu o sorriso mais lindo desde que nos conhecemos. Se é que isso é possível.

— Você é uma mulher incrível, Elisa. — Senti uma vontade enorme de dizer que a amava.

— Sophie, eu queria te dizer que...

— Aqui está, senhoritas. Boeuf Bourguignon. — O garçom colocou a comida na mesa. Ele estava muito sorridente, e eu não consegui esconder minha frustração por ter sido interrompida. Afinal, não sei se teria coragem para tentar de novo.

— Obrigada. — Eu apenas acenei com a cabeça, e ele se retirou.

Sophie começou a comer, e eu a observava. Será que aquele era o momento certo para eu falar o que sentia? Acho que não. E se ela se entalasse de surpresa? Eu ia ficar me sentindo mal o resto da noite. Decidi deixar esse assunto para um outro momento e comecei a comer também. O que me fez muito bem porque a comida estava ótima.

SOPHIE LOPES.

Mesmo que o jantar esteja sendo leve e descontraído, eu ainda sinto que tem algo incomodado a Elisa. Ela está menos falante e seu olhar fica perdido às vezes. Quando o garçom deixou a sobremesa na mesa, tomei coragem e perguntei.

— Linda, eu fiz alguma coisa de errado?

— O que? Não. Porque você tá perguntando isso?

— Não sei. Talvez porque te sinto meio diferente essa semana. — Estava tentando escolher as palavras certas.

— Como assim diferente? — Elisa estava séria. Eu pensei em deixar para outro momento. Mas a curiosidade estava me matando. Eu precisava saber o que estava acontecendo.

— Você parece distante e às vezes triste. Quando você acha que não estou olhando, sua expressão é de tensão e nervoso. Se está acontecendo alguma coisa, você pode me contar. — Segurei sua mão para que ela entendesse que eu estava falando sério. Ela ficou em silêncio por alguns minutos. Eu estava nervosa. E se ela quisesse acabar com nosso acordo?

— Sophie, eu...

— Sophie, é você? — Aquela voz não me trazia boas recordações. Eu tinha certeza de quem era, mas esperava que estivesse enganada. O que eu fiz pra merecer aquilo?

 

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Comments

Angelica Saldanha

Angelica Saldanha

Coitada da Sophie gente, manda este encosto se ferrar, que cara chato 😡😡

2024-05-13

0

Rita H.

Rita H.

A segunda parte do encontro poderia ser revelada. Só acho!

2022-06-30

3

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