capítulo 04

ELISA FRANCO

Na noite passada, não consegui dormir. Depois do evento, ainda procurei por Sophie, mas ela já tinha ido embora. Não conseguia parar de pensar nela. Será que a morena não percebia o efeito que tinha sobre mim? Suas curvas estavam bem à mostra com o vestido que ela estava usando. Tudo que eu queria era tirá-la dali e sentir o gosto da sua pele contra os meus lábios e ouvir os gritos que ela daria quando minha boca estivesse em seu...

— Terra para Elisa. Você está bem? — Lembrei que estava no parque correndo com meu amigo Mateus Gomes.

— Desculpa, Mat, estou meio distraída. — Paramos de correr e começamos a caminhar. — O que você perguntou mesmo?

— Se você quer tomar sorvete depois, mas isso não importa. O que está acontecendo? E nem adianta negar porque eu te conheço muito bem. — Mateus era meu amigo desde a infância. Nossos pais eram amigos antes de nós nascermos. Em nossa infância e adolescência, fazíamos tudo juntos. Mesmo depois que meu pai morreu, ele sempre esteve comigo, me dando forças.

— Conheci uma mulher e ela não quer aceitar sair comigo. — Falei vencida e triste.

— O quê? E onde está essa mulher para eu poder venerá-la por ser a primeira a não cair nos seus encantos. — Dei um soco no seu ombro e ele riu.

— Obrigada, Mat, você é um grande amigo. — Falei ironicamente.

— Agora é sério, Lizzy. O que você fez para essa mulher não querer nem ir para cama com você?

— Ela não é assim e eu não quero levar Sophie para a cama, pelo menos não agora. — Mateus botou a mão no peito e fingiu surpresa.

— Nossa, eu nunca pensei que esse dia chegaria. Elisa Franco está apaixonada.

— Não seja idiota. Não estou apaixonada. É que ela mexe comigo. Não consigo parar de pensar nela. — Falei aflita.

— Então, por que você não deixa bem claro que não quer um relacionamento e que vocês podem apenas ter algumas noites incríveis de sexo?

— Você não conhece ela. Sophie é extremamente inacessível. — Lembrei da postura séria e defensiva que ela mantinha na sessão de fotos e em como rejeitou o meu convite ontem à noite.

— Quer dizer que não existe tensão sexual entre vocês? — Pensei em como me sentia aquecida toda vez que estava perto de Sophie e tinha quase certeza de que ela também se sentia assim.

— Isso é o que mais temos. — Admiti.

— Então, se aproveita disso. Se a Sophie está tão na defensiva, mostra-lhe que você pode dar o sexo que ela quer sem nada em troca. — Mateus agiu como se tudo tivesse sido solucionado.

— Não sei, Mat. E se eu acabar me envolvendo e depois não quiser apenas sexo? — Sem perceber, falei em voz alta. Por que falei aquilo?

— Aí, amiga, do sexo para o amor é apenas um passo.

Fiquei com aquilo na cabeça. E se ele estivesse certo?

******

No final da tarde, fui até uma praça na capital. Não teria trabalho até o dia seguinte, então resolvi sair para espairecer um pouco. Além disso, não conseguiria ficar no hotel com meus próprios pensamentos.

A praça estava movimentada. Antes de sair do hotel, coloquei um boné na cabeça e usei meu cabelo para cobrir parte do meu rosto, pois não queria que ninguém me reconhecesse. Isso havia se tornado comum nos últimos anos. Coloquei meus fones de ouvido e caminhei com a cabeça baixa entre as pessoas. Andei cada vez mais rápido, tentando sair daquele tumulto e encontrar um lugar tranquilo para ler. Só senti o impacto quando já era tarde demais. Meu corpo caiu para trás e senti um peso em cima de mim.

— Me desculpa, eu não queria... — Ela parou de falar no mesmo momento que me reconheceu. Era a morena dos meus pensamentos, e seu corpo estava colado no meu. Suas pernas estavam entre as minhas, e senti meu corpo começar a aquecer. Ela me encarou, e tudo que eu conseguia fazer era me segurar para não beijá-la ali mesmo.

— Sophie, você tá bem? — Uma jovem veio até ela e a ajudou a levantar. Eu também me levantei.

— Estou bem, Lara. — A mulher mais nova me olhava curiosa.

— Oi, meu nome é Elisa. — Me apresentei, e a menina logo falou.

— Com certeza. Sei quem você é. — Ela sorriu, mas não fez estardalhaço sobre isso. Olhei para Sophie e acrescentei.

— Desculpa ter te derrubado, Sophie. — Ela corou, ficava tão fofa quando estava com vergonha.

— Na verdade, fui eu que te derrubei, então não precisa se desculpar. — Nossos olhares estavam profundos, e eu estava gostando demais de toda essa situação.

— Vocês se conhecem? — A mulher ao seu lado perguntou.

— Elisa, essa é a minha irmã mais nova, Lara, e Lara, essa é Elisa. — E foi só isso que ela falou.

— É um prazer conhecê-la, Lara. — A cumprimentei novamente, e ela beijou meu rosto em resposta. A mais nova era muito diferente de Sophie. Ela era ruiva e tinha a pele pálida. Seus olhos eram azuis, e ela também era mais baixa.

— Como você conheceu minha irmã? — Lara era bem direta, gostei daquilo.

— Realizei um ensaio fotográfico no estúdio da Sophie. — A mais nova olhava para a sua irmã, que estava tentando se enterrar em algum lugar.

— Interessante. E vocês se viram depois disso? — Nesse momento, Sophie interrompeu a conversa.

— Lara, vamos deixar a senhorita Elisa em paz. Ela, com certeza, estava indo para algum lugar com toda essa pressa.

— Na verdade, não. Estava apenas procurando um lugar tranquilo para ler. — Mostrei o livro e Lara ficou entusiasmada.

— Eu já li esse livro, é muito bom! Estamos indo na pizzaria, você não quer ir conosco? — Sophie olhou surpresa para a irmã, mas ela teria que me aturar, pois não perderia essa oportunidade por nada nesse mundo.

— Claro, eu adoraria. — Lara sorriu, colocando seu braço enlaçado com o meu e me puxando em direção à pizzaria.

Lara começou a falar sobre o livro, estava super empolgada. Olhei para trás, e Sophie nos acompanhou com a cara fechada. Involuntariamente, meus lábios se curvaram em um sorriso. Agradeci a Deus por ter uma desculpa para estar perto dela novamente.

SOPHIE LOPES

O que Lara estava fazendo? O que deu na cabeça dela de convidar Elisa para vir conosco? Agora, as duas estavam de papo na minha frente; elas pareciam que já se conheciam há anos. Elisa por vezes me olhava descaradamente, e eu só conseguia hiperventilar.

Para quem tem um corpo tão perfeito, a modelo não economiza nas fatias de pizza. Me peguei várias vezes querendo ser o pedaço de pizza em sua boca. O que eu estava pensando? O que estava acontecendo comigo? Forcei minha mente a não divagar por esses pensamentos, mas era muito difícil com aquela loira me provocando. E como ela podia ficar mais linda com sua jaqueta larga e calça de moletom? Sem falar naquele boné que agora estava virado para trás. Ela estava tão sexy.

— Sophie, você já assistiu Vis a Vis? — Elisa me perguntou, fazendo com que eu voltasse à Terra.

— Não. Ainda não tive tempo. — Elas ficaram espantadas, e eu me senti uma alienígena.

— Como assim, irmã? Você tem que assistir. É uma série muito boa. — Lara estava toda entusiasmada ao redor da loira, afinal, Elisa provocava essa reação em quase todo mundo, menos em mim, é claro.

— Qual é a sua personagem preferida, Lizzy? — Que intimidade era aquela? Lara mal conheceu Elisa e já estava usando apelidos.

— Com certeza, a cachinhos. — As duas concordaram, e eu teria que ver aquela série para entender o olhar sugestivo que a loira me lançou. O celular de Elisa começou a tocar, e ela saiu da mesa para atender, pedindo desculpas.

— Então quer dizer que é uma mulher? — Lara falou me analisando. Engasguei com suco, e a maldita começou a rir.

— Não sei do que você está falando. — Me fiz de desentendida.

— Você sabe sim. A propósito, eu aprovo. — A pestinha falou sugestivamente.

— Lara, é sério, eu não tenho nada com Elisa. Você está louca se pensa que estamos em um relacionamento.

— Quem está em um relacionamento? — Elisa me assustou sentando ao meu lado. Porque ela tinha que provocar essas coisas em mim?

— Ninguém! — Falei rápido demais. — Só estamos falando dos ficantes da Lara. — Se minha irmã pudesse me matar com um olhar, eu já estaria morta.

Ela estava pensando o quê? Que eu iria deixar barato o constrangimento que ela me expôs durante o jantar inteiro. Essa danada não perdia por esperar. Lancei um olhar maligno em sua direção, e funcionou, porque ela ficou caladinha.

— A propósito, nós já vamos para casa, Elisa. O jantar foi ótimo, e agradecemos pela sua companhia. — Me levantei, e Lara me imitou. Até que enfim, minha irmã estava do meu lado.

— Estou de carro, posso levar vocês em casa se quiserem. — Elisa se ofereceu. Eu já estava recusando quando Lara falou.

— Eu aceito a carona. Vamos? — Ela foi em direção a Elisa, e as duas me olharam com cara de cachorro pidão. Quando chegássemos em casa, eu ia matar minha irmã.

— Tudo bem. — Falei vencida. As duas saíram vitoriosas, e eu as segui muito irritada.

Elisa abriu a porta do passageiro para mim, e eu entrei sem falar nada. Lara já estava super à vontade no banco de trás. A loira sentou no banco do motorista, não consegui encará-la, apenas fiquei olhando pela janela enquanto seguíamos para casa. Sentia seu olhar sobre mim, mas eu a ignorava. Diferente da minha irmã, que falava animadamente e Elisa agia da mesma forma. Tudo que eu queria era que aquela viagem acabasse logo para que eu pudesse entrar em casa e voltar a ter controle sobre meu corpo, que não estava nem um pouco comportado.

ELISA FRANCO

O caminho até a casa dos pais de Sophie não era longo, mas eu agradecia por Lara estar no carro. Ela deixava o clima mais leve e me deu muitas informações essa noite. Descobri que Lara e seus pais moravam em São Paulo há cinco anos por causa do trabalho do seu Luiz, que era o pai de Lara e padrasto de Sophie. Descobri também que a morena foi adotada aos dois anos pela sua mãe, Helena Lopes, e que depois se tornou Helena Lopes Fontenelle, quando casou com pai de Lara, que nem existia e só nasceu quando Sophie tinha 5 anos, por isso as duas eram tão apegadas. Lara me disse que a irmã era super protetora e que sempre cuidou dela, além de ser sua melhor amiga. Pensar em Sophie como uma criança órfã até os 2 anos me deixou triste. O bom é que ela foi adotada por uma família que a amava muito. Eu ainda queria conhecer tanto dela. Tinha tantas perguntas a fazer, mas como iria me aproximar se ela sempre estava tão distante? Nesse exato momento ela está com o rosto virado para o trânsito ao invés de me olhar. Lembrei da minha conversa com o Mateus e agora não pareceu uma solução tão ruim assim. E se eu conseguisse me aproximar através do desejo? Sei que não era um jogo limpo, mas o que eu poderia fazer quando ela se esforçava tanto para me afastar? Eu precisava tentar, se não fizesse nada, iria enlouquecer.]

— Chegamos, garotas. Vocês estão entregues sãs e salvas. — Falei quando estacionei na frente da casa dos pais de Sophie.

— Obrigada, Lizzy, foi ótimo te conhecer. Entrarei em contato. — Lara beijou meu rosto e saiu do carro entrando na casa e fechando a porta atrás de si. O clima no carro se tornou sufocante. Até que Sophie falou.

— Obrigado, Elisa. Tenha uma boa noite. — Ela já estava abrindo a porta do carro. Fiquei desesperada, tinha que fazer algo para impedir.

— Espera, quero falar com você. — Fechei a porta e me virei para ela. Sophie ficou estática.

— Elisa, já conversamos sobre isso. Eu não vou a um encontro com você. — A morena falou.

— Eu sei, não precisamos ir a um encontro. — Ela pareceu surpresa. Eu não gostava da ideia de resumir nossa relação apenas a sexo, mas o que eu podia fazer?

— Então, o que você quer conversar comigo? — Esse era o meu momento, tinha que usar as palavras certas.

— Olha, você e eu não podemos negar a tensão sexual que existe entre nós. — Ela ameaçou me interromper, mas por algum motivo mudou de ideia, então continuei.

— Sei que você não quer um relacionamento e eu também não quero. — Essa parte foi meia verdade, mas ela me afastaria se soubesse minhas intenções.

— Por que nós não agimos como duas mulheres adultas e exploramos esse desejo que sentimos uma pela outra sem qualquer amarra? Apenas prazer.

Vi que conseguira desestabilizar a morena; ela olhava para o chão do carro indecisa. Resolvi forçar um pouco mais.

— Prometo que não forçarei a barra; será só sexo. — Seu silêncio estava me deixando desesperada. Será que ela aceitaria?

Fiquei nervosa com seu silêncio e já estava começando a me arrepender do que disse. Quando eu ia voltar atrás e dizer que era apenas uma brincadeira, Sophie falou.

— Tenho que pensar. — Só isso, depois de tudo que ofereci, ela só disse que ia pensar.

— Tudo bem, vou esperar sua resposta. Daqui vou para um evento em Nova York, mas segunda-feira estou de volta ao Rio de Janeiro. Se já tiver minha resposta, vou estar nesse endereço. É um evento da revista Bella Cosméticos. — Entreguei o convite e ela aceitou. Não conseguia decifrar suas expressões, e aquilo me deixava nervosa.

— Boa noite, Elisa. — Ela se virou para sair. Não sei o que deu em mim; eu me soltei do cinto de segurança e grudei meus lábios nos dela.

SOPHIE LOPES

Ainda não tinha digerido a proposta de Elisa quando, sem ao menos eu esperar, ela me puxou e me beijou. No início, mantive minha boca fechada, mas o seu gosto era tão bom que eu só queria sentir mais. Então sua língua invadiu a minha boca e eu a chupei. A loira gemeu, e aquele som me deixou fora de si. Coloquei minha língua na sua boca, explorando cada canto. Ela aprofundou nosso beijo, puxando minha nuca; dessa vez, não reconheci o som que saiu da minha boca. Estava embriagada por seu cheiro e por seu gosto. Quanto mais provava, mais queria. Seus lábios eram cheios e macios, e eu os mordi e queria muito mais. Me senti molhada e muito excitada. Se um beijo daquela mulher me deixava em um estado tão deplorável, imagine fazer sexo com ela. Minhas mãos foram para sua cintura, e a segurei com força. Levantei um pouco o tecido do seu moletom e senti sua pele quente contra os meus dedos. Então ela começou a acalmar o beijo. O que ela estava fazendo? Sua boca se tornou calma, e aos poucos ela se afastou, depositando leves selinhos em meus lábios. Minha respiração ficou pesada, eu acho que tinha esquecido de respirar. Levantei meu olhar, que encontrou o seu, muito escuro. Ela piscou algumas vezes antes de dizer.

— Espero ter ajudado na sua decisão. — Depois saiu do carro e abriu a porta para mim. Eu saí ainda afetada pelo seu beijo. Apenas a olhei rapidamente, e ela sorriu. Fui em direção à porta de casa sem coragem para olhá-la novamente. Só ouvi o barulho do seu carro indo embora.

Soltei minha respiração, e minhas pernas se sentiram fracas. O que eu iria fazer? Aquele beijo foi o melhor da minha vida, e tudo o que eu queria era continuar de onde paramos. Mas, e se fosse um território muito perigoso? Do que eu tinha medo? Ela foi bem clara sobre ser apenas sexo, sem pressão, sem preocupação, só prazer. Um prazer que eu ainda não conhecia e que se mostrava cada vez mais impossível de resistir.

Mais populares

Comments

Maria Clara

Maria Clara

É a famosa frase " da fruta que tu gosta eu chupo até o caroço "😜

2023-12-29

2

Gabskull

Gabskull

parabéns autora , adorandoo a história

2023-10-06

2

Adriana Gomes

Adriana Gomes

❤️❤️❤️

2023-07-04

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!