capítulo 10

SOPHIE LOPES

— Soph?

— Soph?

— O que é, Rick? — Falei irritada.

— É sábado, vamos sair. — Falou todo empolgado.

Ainda não me esqueci da última que você me aprontou, Henrique. Não vou a nenhuma festa de trabalho. — Falei séria.

— Esquece isso, Soph. Já pedi desculpas. Vou te compensar, vamos a qualquer lugar que você quiser. — Propôs esperando minha resposta.

— Ok. — Respondi e Rick pulou de alegria.

— Então, onde vamos?

Deixa eu pensar... A lugar nenhum. — Falei maldosa.

— Nossa, Soph, você tá uma chata. Que bicho te mordeu? — Falou ofendido.

Henrique, para de me encher o saco. — Fui até a cozinha pegar uma xícara de café.

Pensei que fazer sexo com a Elisa te deixaria mais feliz. — Engasguei com o café e comecei a tossir. Henrique apenas riu.

— Quem... Te disse que estamos...? — Gaguejei nervosa.

— Não precisa ninguém me dizer. Não sou surdo e vocês são bem escandalosas. — Eu fiquei vermelha com o seu comentário e ele riu mais ainda. — A propósito, cadê ela?

— Foi resolver algumas coisas do trabalho. Não sei direito.

— Que bom porque eu tô louco pra saber como é o sexo com Elisa Franco. — Rick não tinha filtro.

— Isso não é da sua conta. — Sentei e abri meu notebook.

— Vamos, Soph, deixa de ser assim! — Falou com uma cara de coitado.

— Tá bom... — Pensei por um momento. — O sexo com ela é a melhor coisa que já fiz na vida. — Rick bateu palmas.

— Claro, Elisa é uma mulher determinada, super glamorosa, incrivelmente bela. — Ele continuou enumerando as qualidades de Elisa, um tanto exagerado eu diria.

— E o que isso tem a ver com sexo, Rick?

— Tudo, ela é incrível. — Suspirou de admiração.

— E você é louco. — Brinquei.

— Mudando de assunto. Ela te contou como foi o desfile em Nova York? — Perguntou curioso.

— Sim. Foi legal. — Falei não querendo entrar naquele assunto.

— Só isso, Sophie? Seja mais detalhista. — Reclamou.

— Porque você não pergunta pra Elisa depois? — Voltei minha atenção para o computador.

— O que aconteceu nesse desfile pra você tá agindo assim? — Perguntou me analisando.

Nada. — Menti.

— É sério, Soph, pode confiar em mim.

— Uma foto nossa saiu em uma matéria e um repórter perguntou quem eu era pra ela. — Falei lembrando da conversa que tive com Elisa ontem.

— Mentira, amiga! Deixa eu ver isso. — Henrique pegou seu celular e pesquisou pela fofoca. — Quando foi isso? — Mostrou a foto que eu ainda não tinha visto. Eu e Elisa estávamos de mãos dadas entrando em um hotel.

— Acho que já tem duas semanas. — Falei fingindo desinteresse.

— Pena que não dá pra ver direito o seu rosto. — Rick lamentou.

— Isso é a melhor parte. — Falei mais para mim mesma do que pra ele.

— Como assim? Não quer marcar território, minha filha?

— Deixa de ser besta, Rick. Elisa não é minha.

— Isso porque você não quer. — Acusou.

— Talvez ela também não queira porque disse para o repórter que éramos apenas amigas. — Pensar nisso me fez ficar triste.

— Não seja boba, Sophie. Elisa falou isso porque é uma mulher discreta. Não vai ficar falando da vida amorosa dela pra qualquer um, ainda mais na internet. E se ela tivesse falado, você teria surtado. — Falou muito seguro.

— Quando você virou um especialista em relacionamentos? — Brinquei, mas sabia que ele tinha razão.

— Quando minha amiga virou tapada demais pra enxergar o que está bem na cara dela. — Acusou.

— Do que você tá falando?

— Faça-me o favor, Soph. A Elisa é incrível, um milhão de vezes melhor do que qualquer namorado que você já teve... Não, ela nem merece ser comparada com aqueles embustes porque ela está em outro nível.

— Eu sei que a Elisa é uma mulher incrível, você já falou isso mil vezes, mas ainda não entendi onde você quer chegar. — Fingi distração.

— Você devia pedir-lá em namoro. — sugeriu.

— Não quero namorar com ninguém, Henrique, e você sabe disso. Com Elisa é apenas sexo. — Falei tentando me convencer.

— Você está se sabotando e pode acabar perdendo ela. — Falou.

— Rick, ela não quer um relacionamento. Esse foi nosso acordo e eu estou muito bem com isso. — Falei tentando afastar os sentimentos que insistiam em invadir minha mente.

— Tudo bem. Não tá mais aqui quem falou... você não quer mesmo sair comigo?

— Foi mal, Rick. Tenho mesmo que ficar em casa. Ainda tenho fotos para editar. — O acompanhei até a porta e nos despedimos.

— Fala pra Elisa me ligar. — Rick falou sorrindo.

— Por quê? — Droga, por que eu tinha que soar tão possessiva.

— Vou arrumar uma mulher fodona pra ela te fazer ciúmes. — Não queria me afetar, mas só de pensar em Elisa com outra mulher ou com qualquer outra pessoa me deixava com raiva.

— Cala a boca, Rick. — Tranquei a porta na cara dele e nem me importei com o seu pé. Escutei ele falando um palavrão e dei uma gargalhada.

Tentei muito não pensar no que Henrique tinha falado, mas a minha mente me traía a todo momento. Elisa não sairia com outra pessoa? Ela não era assim. Por que eu estava tão afetada? Ela não era minha.

ELISA FRANCO

Minha vida, literalmente, se tornou uma loucura. Desde que cheguei em casa, meu celular não parou de tocar um minuto. Apesar da minha coleção de roupas só ter sido inaugurada em Nova York, muitas lojas brasileiras já estão querendo fazer parceria com a marca Elisa Franco. É muita coisa para mim assimilar.

— Filha, você já almoçou? — Minha mãe perguntou ao entrar no quarto.

— Não, mãe, não tive tempo nem de respirar. Esse telefone não para de tocar. — Falei desesperada.

— Vou trazer o seu almoço aqui então.

— Você é perfeita, mãe. Muito obrigada. — Mandei um beijo para dona Cláudia e atendi mais uma ligação.

— Boa tarde, senhorita Elisa Franco. Aqui é da revista Bella Cosméticos. Queria convidá-la para um evento em comemoração ao grande sucesso do seu perfume. Hoje tivemos a confirmação de que ele é um dos produtos mais vendidos no país. Estamos muito felizes.

— Não estava acreditando naquilo, que notícia maravilhosa.

— Nossa, eu nem sei o que dizer. Estou tão animada. É claro que eu aceito. Qual é a data?

— No próximo sábado às 20 horas na sede da revista Bella Cosméticos. — A assistente me informou.

— Ok. Estarei presente.

— Obrigada, tenha uma boa tarde.

— De nada, para você também. — Desliguei.

Aquilo estava mesmo acontecendo?

— Filha, vou colocar aqui, tá. — Mamãe colocou meu almoço na mesa de estudos.

— Mãe, a senhora não vai acreditar! — Falei toda animada.

— O que é, minha filha?

— Meu perfume é recordista de vendas no Brasil. — Mamãe começou a pular de alegria, e eu pulei também. Nos abraçamos.

— Estou tão orgulhosa de você, minha pequena. — Ela me beijou e me abraçou mais forte.

— Ai, nem me fala, mãe. Estou tão feliz. Mas também quase louca com tantas notícias de uma vez só. Tenho que contratar um assistente. Não estou dando conta.

— É, minha filha, vai se acostumando. Agora você é uma empresária... Minha menina, uma grande empresária. — Falou toda orgulhosa, e eu ri.

Mamãe saiu do quarto ligando para suas amigas para contar a novidade e eu mandei uma mensagem para Sophie contando tudo o que tinha acontecido. Ela respondeu na mesma hora e começamos a trocar mensagens:

SOPHIE: Elisa que notícia maravilhosa!👏👏Você merece tudo isso. Vou comprar seu perfume agora mesmo.😊😊😊

ELISA: Obrigada Soph.😊😊 Eu vou levar alguns perfumes pra você e vou levar minha linha de batons também. Não precisa comprar.

SOPHIE: Já que você insiste. hahaha.😄😄 Eu aceito.

ELISA: Hahaha...

Quer fazer uma coisa legal comigo? 😎

SOPHIE: O quê? 🤔🤔

ELISA: Visitar algumas casas amanhã. Quero comprar uma ainda essa semana e preciso de ajuda.😅

SOPHIE: Claro! Você vem me buscar ou nos encontramos?

ELISA: Eu passo aí umas 9 horas, tudo bem?

SOPHIE: Ok.👌

ELISA: Ok. bjos.😘

SOPHIE: Bjos.😘😘

Encerramos as mensagens e eu estava com um sorriso bobo na cara. Sophie era tão fofa. Nunca tinhamos conversado por mensagem antes. Eu gostei!

Depois de sair da casa de Sophie hoje de manhã, fiquei refletindo sobre nossa conversa. Fiquei aliviada por ela não ter se afastado de mim, e sua reação me pegou de surpresa. Ela estava visivelmente chateada, mas não exatamente pelo motivo que eu esperava. Comecei a me perguntar se talvez Sophie tivesse sentimentos por mim. A esperança encheu meu coração, e decidi que faria o possível para conquistá-la. Eu precisava tentar, pois não sabia como lidaria com a ideia de ela desistir do nosso acordo. Queria que Sophie conseguisse enxergar além de seus medos. Ela precisava entender que nunca a magoaria, e que jamais feriria seu coração.

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