capítulo 12

Elisa Franco:

— Você quer almoçar comigo? — Perguntei a Soph.

— Sim, estou morrendo de fome. — Falou rindo e eu me aproximei beijando sua bochecha. Depois saímos do condomínio.

Elisa Franco:

— Onde vamos? — Perguntou entrando no carro.

Sophie:

— Na verdade, estava esperando que você me indicasse algum restaurante. — Soph, sorriu olhando para o chão do carro. Liguei o veículo e saí esperando suas instruções. — O que foi? — Perguntei.

— Lembrei da primeira vez que você me chamou para sair. — Ela falou tímida.

— É mesmo, você me deu um belo de um fora. — Fingi tristeza.

— Me desculpa, eu não queria...

— Tudo bem, Soph, só estou brincando. — Segurei sua mão e beijei mostrando que estava mesmo tudo bem.

— Para onde você teria me levado se eu tivesse aceitado? — Perguntou curiosa.

— Sai comigo hoje à noite que você vai descobrir. — Será que ela aceitaria dessa vez?

— Tudo bem. — Falou.

— Sério! — Pisei no freio com tudo.

— Você tá louca Elisa, quer matar a gente? — Soph falou botando a mão no coração assustada.

— Foi mal, é que fiquei surpresa. — A encarei.

— Não vamos mais falar sobre isso, tá? Não até chegarmos no restaurante. Vira à direita, depois à esquerda e vai direto. — Fiz tudo o que a morena me disse com um sorriso enorme na cara.

Depois de alguns minutos estacionamos em frente a um restaurante ao ar livre. Tinha algumas mesas vazias com uma espécie de sombreiro cobrindo as cadeiras. Soph me levou até uma mesa um pouco afastada das outras. Sentamos e um garçom veio nos atender.

— Boa tarde senhoritas. O que vão pedir? — O garçom falou educado.

— Uma porção de camarão com salada. — Sophie pediu.

— Eu quero o mesmo e um copo com suco de maracujá, por favor.

O rapaz levou nossos pedidos. Olhei ao redor analisando o lugar, era um restaurante praiano e bem tropical. O mar estava próximo e dava pra sentir a brisa em meu rosto.

— Adorei esse lugar. — Falei.

— Venho aqui sempre que posso. Que bom que você gostou.

— Você gosta muito da natureza, não é?

— Ficar perto da natureza, do mar principalmente, é uma terapia pra mim. Me deixa calma e consigo pensar melhor. — Falou olhando para o mar à nossa frente.

— Eu não tive oportunidade de crescer perto da natureza, mas sempre gostei de me hospedar em hotéis que tinham, ao menos, algumas plantas. Acho que por isso escolhi aquela casa. — Falei lembrando da minha infância e adolescência. Pensei em meu pai, nas nossas brincadeiras.

— O que você gostava de fazer quando era criança? — Sophie perguntou.

— Lembro de brincar muito dentro de casa. Meu pai comprou uma casa de bonecas para mim e eu passava horas ornamentando os cômodos da casa e costurando roupas para as minhas bonecas.

— Eu consigo imaginar você fazendo exatamente isso. — Sophie falou.

— E você, o que gostava de fazer quando era criança? — Perguntei adorando o rumo que aquela conversa estava tomando.

— Durante a infância eu não gostava muito de sair. Talvez seja por conta da adoção. Sempre fui muito tímida, passava a maior parte do tempo sozinha até que minha irmã nasceu. Sei que Lara te contou sobre eu ser adotada. Eu amo minha irmã, mas às vezes tenho vontade de matá-la por ser tão linguaruda. — A morena riu, mas sabia que ela estava falando sério.

— A Lara é uma figura, gosto muito dela. Nos falamos por mensagem às vezes. Não fica brava com ela. Tadinha, ela só respondeu o que eu perguntei. — Tentei livrar um pouco a cara de Lara.

— Tadinha? Você não conhece a Lara. Ela é muito intrometida e não tem um pingo de vergonha na cara. Não sei como ela consegue fazer amizades tão rápido. Eu só tive amigos depois da adolescência e olha lá. — Falou indignada.

— Você deve tá brincando, né? Todo mundo naquele estúdio te adora e são seus amigos.

— Eles têm que me adorar, afinal, eu sou a chefe. — Caímos na gargalhada.

O garçom trouxe nossos pedidos e começamos a comer enquanto Sophie me contava sobre sua família. Estava aproveitando que ela estava tão falante hoje. Isso não era normal, então eu iria aproveitar.

— Eles são maravilhosos. Acho que eu não mereço tanto amor. Meus pais sempre me apoiaram em tudo e a Lara é minha melhor amiga. Desde que ela nasceu, temos uma ligação muito forte. — Os olhos de Soph brilhavam quando ela falava da sua família.

— Ela falou que você é super protetora. — Brinquei.

— Só tento ser a irmã mais velha. Não quero que nada deixe ela triste. E se um dia isso acontecer, sei que ela vai me contar tudo e eu vou poder confortá-la. Além de acabar com a vida de quem a magoou. — Sophie estava séria e eu sabia que ela faria qualquer coisa pra defender sua irmã.

— Ela tem sorte de ter você. Alguém para cuidar dela e se preocupar.

— Chega de falar de mim. E você, tem irmãos? — Perguntou.

— Sou filha única... Bom, tem o Mateus, ele é meu melhor amigo. Nossos pais eram amigos e por isso, crescemos juntos. Estudamos na mesma escola e ele vivia lá em casa. É como se fôssemos irmãos, até brigamos do mesmo jeito. — Acabei rindo ao lembrar de Mat.

— Sei como é. Parece eu e o Henrique, apesar de não nos conhecermos há tanto tempo quanto você e o Mateus. Quando meus pais se mudaram para São Paulo, ele se tornou a minha família aqui, e depois conhecemos a Flávia, que também é muito minha amiga.

— A Flávia e o Rick são ótimos. Eles me tratam super bem desde que nos conhecemos. — Falei simpática.

— Eles te adoram, Elisa. Vivem falando de você.

— É mesmo? E o que eles falam de mim? — Perguntei curiosa.

— A Flávia adora moda, então você se tornou a referência dela.

— Me lembra de dar para ela algumas roupas da minha coleção.

— Ela vai pirar com essa notícia... Agora o Rick adora implicar comigo quando o assunto é você. — Falou meio chateada.

— Sério? Como assim? O que ele fala? — De repente fiquei super curiosa para saber o que o amigo de Sophie falava de mim. A morena pareceu se arrepender na mesma hora do que disse e demorou um tempo para me responder. Por fim, ela falou.

— Ele sabe que estamos... você sabe... — Falou envergonhada.

— Fazendo sexo? — Sophie corou violentamente.

— Sim. Ontem ele disse que queria te arrumar uma mulher para me fazer ciúmes. — Sua voz estava cada vez mais baixa. Ri do seu comentário. O que será que eles tinham conversado para Rick falar uma coisa dessas?

— E o que você falou para ele? — Realmente eu queria saber aquela resposta. Será que Sophie sentia ciúmes de mim?

— Nada. Apenas fechei a porta na cara dele. — Falou rindo.

— Tadinho...

— Tadinho nada, ele mereceu. — Falou irritada.

— Você sentiria ciúmes de mim se eu saísse com outra mulher? — Perguntei, e ela se mexeu desconfortável na cadeira.

— Você está saindo com outras mulheres? — Ela era esperta. Nada melhor do que fugir de uma pergunta do que fazendo outra.

— É claro que não, Soph. Temos um acordo. Mas você não respondeu minha pergunta. — Fiz questão de enfatizar a última parte para que ela não mudasse de assunto.

— Nós temos um acordo e no momento você faz sexo comigo. Não gosto de dividir. — Ela não falou que tinha ciúmes, mas não querer me dividir com mais ninguém já era ótimo de se ouvir.

— Ok, você não precisa dividir. Nosso acordo não é aberto, e eu nem quero que seja. — Falei tocando na sua mão e me aproximando para beijá-la. Soph virou o rosto para que eu beijasse apenas sua bochecha. Tentei entender por que ela fez aquilo, mas me lembrei dos paparazzis, que podiam estar em qualquer lugar. — Desculpa, eu me esqueci...

— Tudo bem. Só vamos tomar mais cuidado. — Falou me interrompendo e assumindo uma postura séria. Odiava quando ela agia assim. Era a mesma expressão de quando nos conhecemos.

— Você já terminou de comer? — Perguntei.

— Sim. Vou só pagar a conta e já podemos ir. — Falou.

Dirigi até o apartamento de Sophie em silêncio. Ela se manteve distante, e eu não queria falar nada que a afastasse mais ainda. Quando chegamos, perguntei:

— Que horas passo aqui para te buscar? — Tomara que ela não tenha desistido do nosso encontro.

— 21 horas. Pode ser? — Perguntou, e sua voz já estava mais tranquila. Eu respirei aliviada.

— Pode sim. — Me aproximei antes dela sair do carro e tomei sua boca em um beijo que não demorou muito, mas foi o suficiente para fazer com que sua expressão séria se transformasse em um sorriso.

— Até depois, Elisa. — Falou saindo do carro.

Fui para uma reunião com meu assistente. Tinha que avisar sobre a compra da casa e pedir para que ele procurasse algum local para nosso escritório o mais rápido possível. Oficialmente, eu estava me tornando uma mulher de negócios. Apesar de tudo isso, o que tomava meus pensamentos era o fato de que finalmente Sophie tinha aceitado meu convite para um encontro, e eu sabia exatamente onde iria levá-la. Só que precisava correr porque o nosso encontro seria em poucas horas, e eu ainda tinha muita coisa para resolver.

SOPHIE LOPES

Eu vou a um encontro com Elisa!

Ajudar ela a escolher uma casa e depois almoçar juntas era bem diferente de ir a um encontro. Todo aquele clima romântico e a ansiedade de não saber o que vestir. Porque eu me coloquei nessa situação? Já não bastava eu ter que lidar com aqueles novos sentimentos que ela me causava.

Agora eu teria que ir a um encontro. "Sophie, você precisa se controlar. Você não é assim. Assuma o controle dessa situação. Não é nada demais. Vai ser apenas duas amigas saindo para jantar. É isso. Se concentra e tudo vai dar certo." A quem eu estava querendo enganar? O nervosismo tomava conta de mim e eu estava quase passando mal.

Coloquei mais uma roupa e aquela também não iria servir. O que vou usar? Olhei para montanha de roupas em minha cama. O meu quarto estava uma zona. O que se usa quando você sai com uma estilista e supermodelo? Isso não vai dar certo. Vou ligar para Elisa e desmarcar esse encontro. É isso que vou fazer. Peguei meu celular, mas a campainha começou a tocar. Fui correndo até a porta e Flávia estava na minha frente.

—Nossa, você tá uma bagunça, amiga.

— Deu para perceber foi? — Falei irônica.

— O que aconteceu? — Flávia me perguntou.

Uma hora ou outra ela iria descobrir, e eu, definitivamente, precisava da sua ajuda.

— Elisa me chamou para sair e eu não sei o que vestir. — Admiti.

— Sério! — Flávia bateu palmas. — Pode deixar que vamos encontrar uma roupa bem bonita para ela ficar doida por você.

— É um encontro de amigas, Flávia. — Falei tentando convencer a nós duas.

— Amigas... Sei... Vamos ver a roupa perfeita para você usar.

— Que bom, porque se dependesse de mim, iria de moletom e regata.

— Ainda bem que estou aqui. — Minha amiga me puxou até o quarto, revirou o meu guarda-roupa e tirou um vestido vermelho transparente de alcinha.

— Nem pensar, eu não vou usar isso. — Neguei com a cabeça.

— Porque não, Soph? É perfeito, nunca vi você com ele.

— Isso é muito decotado. Elisa vai pensar que quero seduzi-lá.

— Ata, esqueci que ela é só sua "amiga", né? — Senti ironia na sua voz, e ela enfatizou bem as aspas com as mãos. — Então, veste esse aqui. — Flávia me entregou outro vestido, que era bonito, simples e bem recatado, de mangas compridas, e seu comprimento ia até os meus joelhos. Estava parecendo que ia para a igreja.

— Tá bom, você venceu. Me dá o vestido vermelho. — Ela pulou de alegria.

Fui até o banheiro, tomei banho e me depilei. Flávia me ajudou com o cabelo e a maquiagem. Coloquei o vestido e me olhei no espelho.

— Você tá linda, amiga.

— Me sinto linda. — E realmente estava. Era como se a mulher no espelho fosse uma versão selvagem e sexy de mim.

— Pega esse sapato, vai combinar muito bem com esse vestido. — Flávia me entregou um salto agulha preto. Muito ousado, nem sei quanto tempo aguentaria com aquele sapato.

— Você quer me matar! — Falei séria.

— Quem vai morrer é a Elisa quando te ver, amiga. — Ela estava certa.

Estava com vontade de provocar Elisa, e aquela roupa, com certeza, me ajudaria.

— Obrigada, Flávia, sem você eu não sei o que teria feito. — Agradeci e a abracei.

— É verdade, eu sou demais. — Se gabou. — Quase ia me esquecendo, vim aqui porque deixei minhas anotações do TCC na sua mesa. — Ela foi até a cozinha, e eu a segui.

— E como estão as coisas da faculdade? — Perguntei.

— Uma loucura, Soph. Estou louca para apresentar esse trabalho e me formar. Mal posso esperar! — Falou animada.

— Vai dar tudo certo. Você se esforçou muito para isso. Pena que vou perder minha assistente.

— Vai mesmo. Recebi uma proposta de emprego em uma emissora de televisão. Vou estagiar lá por um tempo.

— Isso é incrível, Flávia. Meus parabéns. —Nos abraçamos novamente.

— Obrigada por tudo que você fez por mim. Não sei como teria pagado a faculdade sem esse emprego.

— Que isso, Flávia, você é minha amiga e uma ótima funcionária. — Ela começou a chorar, e eu também.

— Ei, pode parando. Vai estragar a minha obra-prima. — Ela falou, e eu me abanei.

— A culpa é sua que fica dizendo essas coisas melosas.

— Tá bom, parei. Queria ver a cara da Elisa quando ela te ver, mas tenho que ir. Me conta tudo depois.

— Ok, se cuida, tá?

— Tá bom.

Depois que Flávia foi embora, não demorou muito, e Elisa mandou uma mensagem:

Elisa: Oi, linda. Estou na sua porta.

Meu coração começou a acelerar imediatamente, minha mão começou a suar, e eu estava nervosa. Respirei fundo, peguei minha bolsa e abri a porta.

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Comments

Pattrycia Rafaelly Mendes

Pattrycia Rafaelly Mendes

continua continua continua continua

2024-01-04

1

Sophia

Sophia

tá vendo q mesmo com medo de morrer ela pensou em Elisa kkk

2023-12-23

0

Adriana Gomes

Adriana Gomes

lindeza de história...
❤️❤️❤️❤️

2023-05-24

1

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