O som de mais um abajur sendo quebrado ecoou pela sala. Andrey jogou o abajur na parede, muito irritado:
— Bando de incompetentes! Como não conseguiram trazer o Carlos para mim? Uma simples tarefa como essa e vocês ainda não conseguem cumprir, e ainda perdemos dois homens. Saiam daqui.
Andrey passava a mão no cabelo, tentando se acalmar. A informação de que havia vários homens de Alberto na casa de Carlos o irritou profundamente. Sabia que ele tinha impedido seus homens de trazer aquele que ele queria, e agora imaginava que Carlos estaria na casa de Alberto. Se ele ficasse lá, seria muito complicado conseguir pegá-lo. Tinha que fazer o médico sair de lá, sozinho.
O homem que acompanhou Carlos mostrou-lhe onde estavam as toalhas e os roupões, bem como as roupas de dormir que Alberto mencionou. Carlos se lembrou do gesto que o homem fiz antes e quis entender:
— Por que você pediu que eu não falasse nada e apenas concordasse naquela hora?
O homem olhou para o chão primeiro e, em seguida, ergueu o olhar novamente.
— Quando o senhor Alberto decide fazer algo por alguém, ele faz de coração. Pelo pouco que analisei do senhor, imaginei que iria dizer que pagaria pelas roupas que ele providenciaria ou que iria dizer para buscar as suas. Por isso, pedi que não falasse; ele poderia se sentir ofendido. Além disso, o senhor Alberto estava muito irritado naquele momento, achei melhor não contrariá-lo ainda mais.
Carlos franziu a sobrancelha ao ouvir aquela informação.
— Irritado? Por que ele estava irritado? Ele não me pareceu assim; até me abraçou. Não percebi essa irritabilidade nele.
— Acredito que ele não quis demonstrar isso ao senhor. Quando soube que haviam invadido sua casa e que o senhor tinha se machucado, ele ficou uma fera aqui. Ele até machucou a mão quando deu um murro na parede.
Carlos ficou surpreso com aquela informação. Não tinha prestado atenção na mão de Alberto. O homem mostrou onde estava o kit de primeiros socorros e saiu do quarto. Carlos pensou por alguns instantes no que o homem tinha dito; ainda não tinha visto Alberto com raiva e não sabia como iria reagir ao ver essa parte dele.
Carlos demorou um pouco mais no banho, tentando relaxar seu corpo de toda aquela tensão. As coisas necessárias para o curativo já estavam no banheiro. Ele se enxugou, enrolou-se na toalha e foi para a pia começar o procedimento. Assim que terminasse, pensou em procurar Alberto para ver sua mão.
No porão, o som de socos ecoavam naquele cômodo. Os dois homens ali já estavam ensanguentados. Alberto se levantou da cadeira onde estava de pernas cruzadas e foi até o homem que havia dado um soco em Carlos.
— A sorte de vocês é que decidi mandar um recado para o Andrey. Se não, já estariam mortos. Mas isso não impede que eu desconte minha raiva por machucarem ele.
Alberto sacou uma pequena faca e a cravou no ombro do homem à sua frente. O grito de dor não pôde ser contido.
— Diga ao Andrey para deixar o Carlos em paz, ou o mesmo vai acontecer com ele e com todos que ele mandar.
Alberto deu outro soco depois de falar, deixando o homem desacordado.
— Mande esses lixos de volta para o dono e coloque seguranças dentro da casa do Carlos. Tenho certeza de que ele vai querer voltar para pegar suas coisas. Alberto terminou de falar e começou a sair do cômodo, pegando um lenço para limpar as mãos ensanguentadas.
Carlos já havia terminado de fazer o curativo e desceu para procurar Alberto, e acabou ouvindo uma movimentação em um lado da casa. Foi devagar, tentando observar o que estava acontecendo. Viu dois homens totalmente ensanguentados sendo arrastados para fora da mansão. Alberto apareceu logo depois, limpando as mãos, que ainda tinham vestígios de sangue.
As roupas de Alberto também estavam manchadas de sangue. Alberto se virou e disse alguma coisa para Bruno antes de se dirigir na direção de onde Carlos estava. Este se escondeu atrás da parede e voltou apressado em direção às escadas para retornar ao seu quarto. Alberto, por outro lado, estreitou os olhos na direção da porta da casa, terminou de passar as instruções e entrou.
No quarto, Carlos tentava processar o que tinha visto. Não tinha certeza, mas parecia que os homens eram os mesmos que estavam em sua casa. Não sabia se estavam mortos, mas pela situação deles, as perspectivas não eram boas. Ele tentava manter a calma. Se Alberto realmente aparecesse no quarto, não queria que ele percebesse que estava nervoso ou que tinha testemunhado aquela cena.
Depois de um tempo, Carlos ouviu batidas na porta, abriu e viu Alberto parado na entrada. Ele já havia tomado banho e não tinha mais manchas de sangue. Sua expressão não era a mesma do hospital no dia em que passou mal, nem mesmo quando foi baleado. Estava tenso e até um pouco preocupado. Carlos fez um gesto para ele entrar, sem saber se toda aquela tensão estava relacionada a ele.
— Você está bem? Está sentindo alguma dor? — Alberto perguntou sem fazer contato visual.
Carlos percebeu que algo estava errado.
— Alberto, estou bem. Isso não foi nada. Já apanhei antes, então...
— O quê? — Alberto nem esperou Carlos terminar de falar, levantando o olhar e franzindo a sobrancelha. — Do seu ex?
Carlos achou até de alguma forma a reação de Alberto fofa quando falou que já apanhou antes.
— Não, Lucas é um idiota, mas não, a esse ponto. Pode não parecer, mas já briguei na faculdade.
Alberto pareceu relaxar um pouco, andou mais perto dele, tirando a mão do bolso e segurando seu ombro.
— Briga de colegas de faculdade é uma coisa; um gângster idiota é outra. Se o Bruno não estivesse lá, não quero nem pensar no que eles poderiam ter feito com você, Carlos. E pensar que tudo isso foi por minha causa.
Alberto soltou seu ombro, virando-se para se afastar novamente. Carlos segurou sua mão, impedindo-o de se afastar mais. Alberto ficou surpreso com o gesto de Carlos, e até o próprio ficou surpreso por tê-lo feito. Ele largou a mão de Alberto e o encarou.
— Em que isso é sua culpa? Você não tinha ideia de que eu tinha cruzado com o Andrey naquele dia. Se tem algum culpado aqui, é ele.
— Mas tudo isso é resultado da minha briga com ele naquele dia. Se eu não tivesse sido idiota, não teria caído naquele truque.
Carlos viu que não conseguiria convencer Alberto, olhou para sua mão e a pegou novamente, examinando os ferimentos.
— Como você conseguiu esses ferimentos? Venha, vamos desinfetá-los.
Ele puxou Alberto e o sentou na cama, foi até o banheiro e pegou o kit para fazer o curativo.
Os dois permaneceram calados enquanto Carlos limpava e aplicava remédio na mão de Alberto. Apenas alguns gemidos baixos de Alberto podiam ser ouvidos. Carlos mantinha um sorrisinho bobo no rosto, pensando como Alberto era diferente quando estava na sua presença, em comparação com quando estava com seus subordinados.
— Eles não estão mortos. — Alberto quebrou o silêncio, interrompendo os movimentos de Carlos, vendo que ele o olhou surpreso com o que ele disse.
— Eu sei que você viu aquela cena mais cedo. Não matei eles, caso estivesse se perguntando. Mandei de volta para o Andrey com um aviso, só isso.
Carlos terminou e o olhou novamente.
— Então foi assim que conseguiu esses machucados na mão?
Alberto confirmou com a cabeça, mas não admitiu que havia socado a parede. Carlos se levantou, guardando a maleta de primeiros socorros.
O mafioso agradeceu pelo curativo e se despediu, dizendo para Carlos descansar e que, se precisasse de algo, era só pedir. Por mais que parecesse que ele tinha relaxado um pouco, Alberto ainda parecia tenso. Ele foi para o seu quarto e logo pegou um copo de uísque antes de se dirigir à janela. Parado ali, lembrava de quando estava no sofá de Carlos, observando-o dormir, recordando de como ficava envergonhado e corado com algumas de suas palavras ou ações, e sorria involuntariamente.
Ele fechou os olhos e balançou a cabeça, estava com medo de se apaixonar por Carlos e se decepcionar mais uma vez. Lembrou de quando conheceu Pablo, de como ele tinha um ar inocente e tímido no início, e de como ele mudou com o tempo. Lembrou-se de como foi enganado, e não queria criar muitas expectativas para evitar mais decepções. Sua vida amorosa nunca tinha sido fácil, sempre acabava sofrendo alguma forma de traição, e a vida que levava tornava difícil manter alguém ao seu lado.
Carlos também não conseguia dormir, pensou em descer para ver se encontrava leite na cozinha, já que estava com fome. Desceu as escadas e se assustou com um segurança que apareceu. Ele perguntou onde ficava a cozinha e foi em direção a ela.
A cozinha estava iluminada pelos candelabros que havia ali, era enorme e tão bonita quanto o resto da casa. Carlos foi até a geladeira procurando o leite e se assustou ao ouvir uma voz vindo de trás.
— Lanche noturno?
Era a voz de Alberto, e Carlos endireitou o corpo de uma vez, já que estava abaixado procurando o leite.
— Au!
Carlos se assustou com a voz de Alberto e, ao se levantar, bateu a cabeça na parte de cima da geladeira. Carlos segurou a cabeça, e Alberto se apressou em se aproximar.
— Cuidado, deixa eu ver se você não se cortou. — Alberto segurou sua mão, puxando-a, ligou as luzes e se aproximou para examinar sua cabeça.
Alberto estava de frente para ele, era mais alto que Carlos, facilitando examinar sua cabeça. Carlos abaixou um pouco a cabeça, e seu rosto ficou próximo ao peito de Alberto. Carlos podia sentir o cheiro que vinha dele, já que estavam tão próximos, e Alberto ainda estava sem camisa. Era um cheiro cítrico que se misturava ao aroma masculino do mafioso. Continuava a mexer em sua cabeça de forma gentil, e Carlos até esqueceu a dor da pancada. Ele não podia acreditar que estava começando a se sentir excitado com aquele toque, combinado com o cheiro que emanava daquele homem.
Desde que terminou com Lucas, Carlos não tinha se envolvido com ninguém mais. Sua carência emocional e abstinência já estavam em seu limite. Alberto soprou em sua cabeça, fazendo-o engolir em seco.
— Sente-se, vou pegar gelo para você.
Alberto o soltou e foi até a geladeira novamente, pegando gelo que estava em uma bolsa térmica e entregou a Carlos.
— Você está com fome? Quer um sanduíche e leite?
Carlos não disse nada, apenas concordou com a cabeça.
Alberto se movimentou pela cozinha, pegando tudo o que precisava para fazer o sanduíche. Era torturante de certa forma ver aquele homem ali na sua frente, com os músculos à mostra, a calça de moletom que se ajustava, realçando sua bunda firme e perfeita. Carlos mordiscava o canto dos lábios, apreciando aquela visão, mesmo que não tivesse a chance de acariciar aquele corpo, pelo menos podia apreciá-lo.
— Está gostando do que está vendo? — Alberto falou e deu uma olhadinha de canto de olho para Carlos.
Seus lábios tinham um sorriso malicioso, fazendo questão de provocá-lo. Carlos pôde sentir seu rosto esquentar em questão de segundos. Como Alberto sabia que estava sendo observado por ele? Carlos se perguntava se além de perceber que ele o olhava, ele também percebeu o desejo que ele sentia naquele momento.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Wanderleia Menezes
Briga de peixe grande ninguém mete a colher
Vice
2025-03-20
0
Elliot Davis-----chegay
aí aí viu kkkkkkkkk
2025-03-07
1
Yedan Sonaecon
eita🤭😏
2025-02-21
1