Capítulo 5

Carlos estava deitado na cama, Lucas o estava examinando mais uma vez, Alberto estava do lado observando Lucas atentamente e Nina observando os três homens à sua frente, ela já tinha percebido a tensão naquele quarto e sabia que algo interessante estava por acontecer.

— Bom, os sinais vitais estão bons, acredito que foi só estresse, provavelmente não se alimentou ou dormiu direito e seu corpo não aguentou, mas logo ele deve acordar. Acredito que não haja a necessidade do senhor ficar aqui, já que não é parente dele. Vamos cuidar bem dele. — Lucas falou de uma forma arrogante, encarando Alberto.

Alberto levantou uma sobrancelha, sabia que aquele era Lucas, o ex de Carlos. Michael, como sempre, havia feito um bom trabalho e passou o relatório das informações sobre Carlos para Alberto, inclusive o fato de Andrey ter sido atendido ali. Nina começou a filmar disfarçadamente porque viu que a coisa ia esquentar, colocou o celular no bolso da frente e começou a roer as unhas.

Alberto deu um sorriso e se aproximou mais da cama onde estava Carlos, Lucas estava com uma mão no pulso de Carlos e parecia que não tiraria ela dali.

Alberto pegou a mão de Carlos e segurou com as suas duas mãos, encarou Lucas e respondeu sem desviar seu olhar:

— Não sou parente dele, mas sou seu namorado, então acho que isso conta como família, não é, doutor?

Nina abriu a boca com o que ouviu aquele homem lindo dizer, começou a olhar de um para o outro, podia ver as faíscas saindo do olhar de ambos. Alberto estava a fim de provocar Lucas e continuaria aquele teatro até onde pudesse.

— Ele nunca disse que estava namorando, como podemos saber se você está mesmo falando a verdade? — Lucas retrucou com raiva.

— Mas por que meu bebê deveria ter te informado do nosso namoro? Vocês não são apenas colegas de trabalho?

Nina não aguentou ouvir aquela história de “meu bebê” e tentou segurar o riso o máximo possível, tampando a boca. Gostava da ideia de Carlos namorando aquele homem, mas sabia que não era bem verdade, poderiam estar se conhecendo, mas não estariam namorando. Carlos a tinha como confidente e não contou nada sobre ele como namorado.

— Seu o quê? – Lucas fez uma cara engraçada ouvindo a fala de Alberto.

— Desculpe, não deveria chamá-lo dessa forma na frente de vocês, já que é algo íntimo só nosso. Mas, como disse, ele teria que te informar do nosso namoro?

Lucas fez uma cara de desgosto e antes de abrir a boca, Nina falou de forma tímida.

— Não mesmo. — respondeu vendo os dois olharam para ela ao mesmo tempo — O quê? Não disse nada de mais, ele não iria te falar sobre a vida pessoal dele e você sabe disso. — Nina falou, olhando para Lucas.

Lucas olhou de volta com a cara feia, Nina só deu de ombros e virou o rosto para outro lado.

Alberto observava a reação de Lucas, que estava claramente incomodado com sua declaração. Ele não tinha soltado o pulso de Carlos ainda e isso já estava incomodando Alberto.

— Já que ele está bem, pode atender seus outros pacientes, que vou ficar do lado do meu namorado até ele acordar. — Alberto falou de forma séria para Lucas.

— Do lado de quem? — Carlos falou e os dois o olharam ao mesmo tempo.

Nenhum deles percebeu o momento em que Carlos acordou. Carlos olhou para seu pulso sendo segurado por Lucas, o mesmo percebeu o olhar de Carlos e soltou imediatamente. Alberto, por sua vez, não soltou sua mão, continuou de forma descarada a segurando.

Lucas se despediu e saiu do quarto. Carlos olhou para sua mão, mas Alberto fingiu ignorância e não a soltou.

— Você está melhor? Estava preocupado com você.

— Estou bem, foi só estresse, você não precisa ficar aqui. Imagino que tenha muitas coisas para fazer.

Carlos já estava se sentindo constrangido com Alberto segurando sua mão e ficando ao seu lado, ainda mais depois de ouvir claramente ele dizendo que era seu namorado.

— Eu, sim, tenho muitas coisas para fazer, então, melhoras, doutor, e você cuide bem do seu namorado, faça ele comer alguma coisa. — Nina saiu o mais rápido que pôde depois de lançar a bomba ali dentro. Ela não queria estar por perto quando ela explodisse.

Alberto pigarreou e soltou a mão de Carlos, colocando-a na cama. Ele olhou para Carlos, que naquele momento tinha uma sobrancelha levantada, como se estivesse esperando uma explicação.

— O médico não queria me deixar no quarto, já que não sou um parente, então disse que era seu namorado. Me desculpe se te ofendi de alguma forma.

— Tudo bem, você não me ofendeu. — Carlos respondeu e tentava imaginar a cena daquele homem grande e com cara de mal fazendo cena de namorado preocupado.

— Realmente estava preocupado com você, não quero que nada de mal te aconteça. — Alberto estava com as mãos nos bolsos e parecia sincero quando falou — Você e seu ex ainda têm alguma coisa?

Carlos se surpreendeu com aquela pergunta.

— Ah? Como assim? — Carlos não tinha ideia de como ele sabia sobre Lucas.

— O médico que saiu, ele pareceu incomodado quando eu disse que era seu namorado, parece que ele ainda sente algo por você. — Alberto falou, observando a reação de Carlos.

— Se sentisse, não teria feito o que fez, acho que ele se incomodou com a ideia de eu ter finalmente seguido em frente.

Alberto se aproximou de Carlos, que já estava sentado na cama. Ele tirou a mão do bolso e a colocou próximo ao corpo de Carlos na cama, inclinando em direção a ele, ficando bem próximo dele.

— E o que te impede de seguir em frente, doutor?

A proximidade de Alberto fazia Carlos tremer as bases. Ele separou os lábios na intenção de dizer algo, mas a porta foi aberta, atrapalhando Carlos de falar. Alberto apenas moveu a cabeça de lado sem mudar sua posição, cerrou os dentes ao ver que era Lucas de novo. Já estava perdendo a paciência com aquele cara. Olhou novamente para Carlos, tirando a outra mão do bolso e levando-a ao seu rosto.

— Te vejo mais tarde, bebê.

Alberto endireitou seu corpo e se virou para sair do quarto. Carlos nem teve tempo de processar o que tinha acabado de acontecer. Alberto passou por Lucas, dando-lhe um olhar intimidador e Lucas engoliu em seco, sentindo o ar intimidador daquele homem.

Depois que Alberto saiu, um silêncio constrangedor se instalou no quarto. Carlos, que estava incomodado com aquela situação, quebrou o silêncio.

— Por que voltou? Precisa de alguma coisa?

Lucas sentou na cama, olhando para Carlos, pôs sua mão sobre a dele, falando de forma doce.

— Ainda tem volta?

Carlos abriu a boca, sem conseguir pronunciar uma palavra por um tempo. Ele não estava acreditando no que Lucas estava perguntando. Afinal, ele queria voltar? Sentia sua falta? Ou não deu certo com seu namorado? Carlos estava totalmente confuso com aquela pergunta e totalmente surpreso, se perguntava o que teria feito Lucas mudar de ideia.

— Por que está me perguntando isso? O que te fez mudar de ideia quanto a nós? — Carlos conseguiu depois de um tempo fazer essas duas perguntas.

Lucas sorriu de lado, olhou para sua própria mão antes de responder.

— Senti sua falta e naquele dia, ver você tomando as rédeas daquela situação, agindo de forma impulsiva, me fez ver que aquele era o homem que eu queria apreciar em você e que você consegue ser esse homem.

Carlos não acreditava no que estava ouvindo. Então, era aquilo que tinha acontecido? Ver ele ali correndo perigo e enfrentando um mafioso, isso era o que ele queria dele?

— Mas foi você que não me deu a chance de ser esse homem. Sabe como me senti frustrado, em saber que perdi uma luta sem nem mesmo ter tido a chance de lutar? — Carlos respondeu decidindo que era o momento de pôr para fora tudo o que estava preso por muito tempo.

— Na minha cabeça, estava tudo bem entre nós, a convivência, o sexo, tudo. Meu chão se abriu quando descobri que você tinha outro e quando me disse tudo aquilo, eu... eu me senti destruído. Eu te amava tanto que estava disposto a perdoar sua traição e mudar o que fosse preciso para não te perder, mas você só jogou fora todos os nossos anos juntos. Por que antes de tudo não me disse que não estava feliz? Ou que não estava satisfeito, ou a porra que fosse. Por que não me deu a chance de lutar?

As lágrimas já haviam escorrido pelo rosto de Carlos sem sua permissão. Essas perguntas já o corroíam há muito tempo, e de certa forma, foi um alívio colocar tudo para fora.

— Eu pensei que você jamais estaria disposto a mudar por mim. Eu acabei me deixando levar quando conheci alguém que era o que eu queria que você fosse. Mas eu ainda tenho sentimentos por você e sei que você ainda me ama. — Lucas disse isso tocando o rosto de Carlos.

Aquele toque, aquelas mãos em seu rosto, como sentia falta delas. Carlos fechou os olhos, permitindo-se sentir de novo o toque daquelas mãos. Não deveria, mas gostou de senti-lo de novo. Carlos abriu os olhos encarando Lucas.

— Eu estava com medo que machucassem você. Quando vi eles te empurrando, eu só agi, não pensei em mais nada. Não sei se posso ser esse homem o tempo todo.

Carlos sabia que, no fundo, não conseguiria ser daquela forma que Lucas queria. E apesar de ter dito que mudaria por ele, não achava certo ter que mudar para se encaixar no padrão de outra pessoa. Se ele o queria, não seria o certo querer ele como era?

Quanto mais Carlos pensava naquilo, mais se convencia de que não daria certo. Durante todos aqueles meses em que foi deixado por Lucas, sempre pensou que se ele voltasse atrás, diria sim na mesma hora. Mas naquele momento, não tinha mais certeza se gostaria de voltar com ele. O que havia mudado, não sabia, mas estava questionando seus sentimentos.

Lucas se aproximou mais de Carlos, ainda com a mão em seu rosto.

— Podemos tentar?

Carlos abriu a boca, mas não conseguiu emitir nenhum som. Lucas quis beijá-lo, mas Carlos desviou o rosto. Não sabia por que tinha feito aquilo, mas fez. Queria aquele beijo, mas não era certo, Lucas ainda estava com outro.

— Me dê um tempo, vou pensar sobre isso. Não posso te dar uma resposta agora.

Lucas se afastou, levantando-se, sorriu sem graça, pois imaginou que Carlos não hesitaria em voltar com ele.

— É por causa dele? Você está gostando dele?

Carlos não entendeu a pergunta de imediato, mas imaginou que ele estivesse falando de Alberto, já que o outro disse que era seu namorado.

— Não tem nada a ver com ele. Só preciso pensar bem se isso seria mesmo o melhor para nós dois.

— Tudo bem, vou esperar sua resposta. Descanse.

Lucas saiu do quarto e Carlos começou a pensar em tudo o que tinha acabado de acontecer. Até todos aqueles acontecimentos, ele não tinha certeza de que ainda o queria, mas até então, só sabia que algo tinha mudado. A pergunta de Lucas ecoou em sua mente e ele se perguntou se a mudança tinha realmente algo a ver com Alberto.

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Comments

Cida Gomes

Cida Gomes

Toma prumo Carlos, não sacou que ele só ficou assim porque te viu seguir a vida?? Não dá oportunidade para ele aprontar de novo contigo. E outra não deve mudar seu jeito, até porque não tem nada de errado no seu jeito. Só pra se encaixar na vida de quem não tá feliz com sua essência.

2024-05-06

1

Iracema Aparecida Costa

Iracema Aparecida Costa

O CARLOS LUGAR DE PASSADO É NO PASSADO. NÃO TRAZ PARA SUA CASA O LIXO QUE O LIXEIRO JA RECOLHEU NEM TUDO NA VIDA DÁ PARA RECICLAR

2024-05-06

0

Rony Da Silva

Rony Da Silva

vim com pipocas nos comentários para escutar o esculacho 😂😂

2024-04-23

2

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