Capítulo 3

Carlos abriu a porta, permitindo que os homens lá fora entrassem. Todos eles estavam armados, sem saber o que encontrariam lá dentro. Carlos permaneceu perto da porta, ao lado daquele homem.

— O que você pensa que está fazendo, Paulo? — disse o homem — Baixem as armas. Não há nenhum inimigo aqui.

O homem repreendeu seus homens, fazendo com que todos abaixassem suas armas. Carlos estava com um braço abraçando seu próprio corpo e com o outro segurava a gola do roupão, incapaz de negar que estava assustado. Diferente do hospital, na sua casa, ele estava sozinho e ninguém veria caso o matassem ali.

— Me desculpe, meus homens precisam de melhores modos — pediu desculpas tentando deixar Carlos tranquilo.

Carlos fez um gesto com a cabeça, aceitando suas desculpas.

— Vi bolsas de sangue jogadas ali. Você fez uma transfusão em mim? — o homem perguntou intrigado.

— Você perdeu muito sangue e precisava disso. Eu tinha o meu sangue guardado para emergências, então tive que usar — Carlos respondeu, preocupado que o homem se sentisse ofendido por ter utilizado seu sangue nele.

O homem se aproximou mais de Carlos, levantando uma sobrancelha. — Então, agora tem o seu sangue correndo nas minhas veias, doutor? Podemos dizer que estamos ligados pelo sangue? — terminou de falar e deu um sorriso de canto.

Carlos engoliu em seco e desviou o olhar do homem. Eles se afastaram da porta e foram em direção ao sofá. O homem perguntou por sua arma e Carlos indicou a mesa no canto. Paulo pegou a arma e guardou. O homem calçou os sapatos e olhou novamente para Carlos.

— Quanto às despesas médicas, gostaria que me passasse a sua conta para depositar o valor — disse o homem, apalpando sua calça em busca do celular.

— O senhor não me deve nada. Não fiz isso por honorários. Sou um médico e jurei salvar vidas, independentemente de quem seja. E se está procurando o seu celular, ele está carregando logo ali na frente. — Carlos respondeu de forma firme, encarando o homem. Não queria ter nada a ver com eles, então claramente não queria receber pagamento deles.

— Bem, então, como posso agradecer, doutor… não fomos devidamente apresentados. Sou Alberto, Alberto Castelhano — disse Alberto, estendendo a mão para Carlos.

Carlos não pôde deixar de apertar a mão de Alberto. Ele se apresentou:

— Sou Carlos. O sobrenome não importa.

Naquele momento, ele estava preocupado. Em uma única madrugada, conheceu dois mafiosos das duas famílias mais perigosas da cidade. Se não era azar, não sabia o que era.

Alberto pediu um cartão a Paulo e entregou a Carlos

— Este é o meu cartão, Carlos. Me ligue caso precise de algo. Você salvou a minha vida, então a partir de hoje tenho uma dívida com você.

Carlos pegou o cartão, olhando para o número. Ele não tinha intenção de ligar, mas era melhor não dizer isso. Só queria que Alberto fosse embora o mais rápido possível.

Alberto mandou seus homens saírem e aguardarem no carro. Todos saíram imediatamente e Alberto se aproximou de Carlos. Ele olhou nos olhos de Carlos e falou de forma satisfatória

— Obrigado. Quero que saiba que o que falei foi verdade. Tenho uma dívida com você. Não deixe de me ligar se precisar de alguma coisa. Se alguém te ameaçar, seja pelo que for, eu virei imediatamente.

Alberto pegou a mão de Carlos e a beijou. Ele sorriu de lado e se virou para sair da casa. Carlos sentiu seu coração acelerar enquanto Alberto falava aquilo olhando em seus olhos e beijando sua mão daquela forma.

Ninguém nunca havia dito algo parecido, que viria imediatamente se ele precisasse. Carlos balançou a cabeça, recobrando seus sentidos. Não poderia se deixar levar pela carência, por mais que aquele homem fosse atraente, sedutor e muito poderoso. Aquela oferta era apenas por gratidão.

Carlos correu até a porta, fechando-a e olhando pelo visor para ter certeza de que eles tinham realmente ido embora. Estavam terminando de entrar no carro. Carlos apertou o botão, fechando novamente o portão antes que pudessem mudar de ideia e voltar.

Ele estava exausto, mal tinha percebido que havia adormecido daquele jeito próximo a Alberto. Carlos foi em direção ao quarto para dormir. Fechou as cortinas e se jogou na cama, só queria dormir e esquecer a pior madrugada de sua vida.

Alberto entrou no carro seguido por Paulo. Nem havia fechado a porta direito, e Alberto já deu ordens.

— Entre em contato com Michael. Quero todas as informações sobre Carlos, desde a conta bancária até quantas vezes ele vai ao banheiro. Não deixe passar nada, quero isso o mais rápido possível. — ordenou e Paulo olhou um pouco intrigado, mas fez um sinal indicando que faria aquilo.

— Quero que coloque alguém vigiando-o. Se os Marastrove souberem que fui salvo por ele, podem querer machucá-lo. Se virem alguém o espreitando, seja na casa dele ou no trabalho, me avisem.

Alberto cerrou os dentes, e um semblante de ódio se seguiu por seu rosto ao se lembrar de Andrey e de como foi traído por Pablo.

— Encontre o desgraçado do Pablo e me traga ele vivo. A traição dele não ficará impune.

Paulo e outro homem se entreolharam. Sabiam que Alberto era leal, odiava traições e enganos, e imaginavam que ele estava furioso, não sabiam o que ele poderia fazer quando se encontrasse novamente com Pablo.

Alberto havia conhecido Pablo em uma de suas boates. Pablo parecia ser do tipo ingênuo e inexperiente. Aos poucos, ganhou a confiança de Alberto, até chegar à sua cama.

Alberto cuidava e protegia Pablo, pois este relatou que só teve um namorado em sua vida e que era um relacionamento abusivo. No entanto, depois de um ano, acabou sendo apunhalado por Pablo, que armou uma emboscada junto com Andrey para matá-lo.

Descobriu ainda naquele dia que Pablo estava tendo um caso com Andrey, e que tudo não passou de fingimento para enganar Alberto. Pablo foi baleado na troca de tiros e ele não sabia se estava vivo ou não, mas, se estivesse, não seria por muito tempo. Alberto definitivamente iria matá-lo.

Andrey estava impaciente para saber notícias de Alberto

— Encontrem aquele bastardo, descubram em qual hospital ele está, ou em qual viela ele morreu. Só o encontrem, droga! Se ele estiver vivo, deve estar fraco, pois perdeu muito sangue. Será mais fácil terminar o serviço. Não deixem Pablo sozinho na clínica. Por mais que seja nossa, não podemos arriscar.

Andrey queria provar ao pai que podia cuidar dos negócios. Essa tarefa tinha que ser terminada logo e com sucesso. Ele tocou seu ombro onde foi atingido por aquela bala.

Ele lembrava de Alberto e do ódio entre eles, mas, ao mesmo tempo, lembrava de Carlos enquanto fazia o tratamento. Andrey deu um sorriso de lado e chamou seu subordinado.

— Descubra mais sobre aquele médico, os dias em que ele trabalha, onde mora. Quero um relatório completo. Aqueles olhos não saem da minha cabeça.

Carlos acordou bem depois do meio-dia e ainda se sentia cansado. Talvez toda aquela mudança em sua rotina o tivesse estressado além da conta. Ele tomou um banho e decidiu comer fora, precisava respirar ar fresco e sair um pouco dali. Sempre que passava pela sala, podia ver Alberto deitado no sofá. Queria esquecer toda aquela experiência do hospital, bem como sua própria casa.

Carlos olhou pelo visor do interfone e pelas câmeras externas para ter certeza de que não tinha ninguém esperando ali. Trancou as portas, entrou no carro e abriu o portão, ainda com o coração acelerado. Saiu em direção à avenida e não percebeu que havia uma moto parada próxima à sua casa. Assim que Carlos saiu, a moto começou a segui-lo de longe.

— Senhor, o médico saiu de casa — disse o homem na moto.

— Certo, siga-o de longe e não deixe que ele perceba que está sendo seguido. Não se aproxime ou interfira, a menos que seja absolutamente necessário. Se os homens do Marastrove aparecerem, me avise imediatamente.

Alberto encerrou a ligação e voltou sua atenção novamente para o médico à sua frente. Estava em uma clínica particular que era usada por eles quando se feriam. Tinha que se recuperar o mais rápido possível daquele ferimento. O médico afirmou que, mesmo sendo algo improvisado, o trabalho foi bem feito, e ele se recuperou rapidamente, mas não poderia se esforçar demais.

Sem perceber que estava sendo seguido, Carlos se dirigiu ao restaurante que costumava frequentar. Depois de se sentar, viu um casal na mesa da frente e logo se arrependeu de ter ido àquele lugar. Ali foi onde pediu Lucas em namoro e onde sempre iam para comer ou comemorar algo. Precisava encontrar outro lugar que não trouxesse lembranças de seu ex.

Do lado de fora, o homem que o estava seguindo reportou a Alberto onde Carlos estava. Aquele era um dos restaurantes da família Castelhano. Alberto sorriu e disse para que continuasse a segui-lo. Alberto ligou para o restaurante e deu ordens para que não cobrassem a refeição de Carlos, passou toda a sua descrição e pediu que inventassem alguma promoção ou algo semelhante.

Carlos aproveitou a refeição enquanto olhava a vista. Ainda se pegava pensando nos acontecimentos da madrugada, no medo que sentiu no hospital, na forma como Alberto segurou seu roupão para que seus homens não vissem seu peito.

Ao pensar no último acontecimento, seus lábios se ergueram inconscientemente. Percebendo que estava sorrindo, ele limpou a garganta e olhou em volta. Não tinha motivo para sorrir com aquele gesto de Alberto, afinal, não veria aquele homem novamente.

Carlos pediu a conta, e o garçom informou que a conta já estava paga. Como era um cliente regular, ele estava aproveitando uma promoção.

Carlos não achou estranho e agradeceu antes de sair do restaurante. Estava próximo ao shopping e decidiu dar uma passada por lá. Olhou algumas vitrines, comprou algumas coisas e, em seguida, decidiu voltar para casa.

Chegando ao estacionamento, Carlos foi em direção ao seu carro. Viu um carro preto se aproximando e parando próximo a ele.

Carlos se sentiu apreensivo por alguns instantes e viu um homem descer do carro. Estava vestido de forma elegante, com o blazer jogado por cima do ombro, óculos escuros e um cigarro nas mãos.

Andrey se aproximou de Carlos sorrindo, e Carlos deu dois passos para trás.

— Se não é o meu querido Doutor Carlos. Então, doutor, como tem passado?

Carlos olhou ao redor para os outros homens antes de responder. Tentou manter a mesma calma que teve no hospital.

— Estou bem. Vejo que você está se recuperando muito bem.

— Graças ao seu tratamento, doutor. Já que estamos aqui, poderia me acompanhar para um café?

Carlos pensou cuidadosamente antes de responder

— Me desculpe, mas vamos deixar para a próxima. Tenho algumas coisas para resolver antes de voltar ao meu plantão.

Carlos fez um gesto com a cabeça se despedindo e dirigiu-se ao carro. O homem de Andrey, que havia sido agressivo no hospital, deu um passo à frente, mas foi detido por Andrey, que lhe lançou um olhar severo.

— Arisco, hein? Mas pode apostar, doutor, ainda vou conquistar você. — Andrey sorriu e entrou no carro, dirigindo para estacionar em outro lugar.

Carlos entrou no carro e passou a mão pelo rosto, tentando se acalmar. Ficou pensando se seria daquele jeito, ter que se encontrar com mafiosos o tempo todo. Aquela sensação de não estar mais no controle estava o corroendo por dentro.

Em outra parte da cidade, Alberto já tinha recebido a notícia do encontro de Carlos com Andrey, o que o deixou intrigado e preocupado. Será que Andrey havia descoberto que ele o ajudou, ou será que eles já se conheciam? Alberto ligou para Michael novamente.

— Descubra como Andrey conhece o médico que você está investigando. Quero essa informação ainda hoje. — Aquela informação o incomodou de tal forma que ele nem mesmo entendeu o porquê.

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Comments

louca por BLs!!🤭

louca por BLs!!🤭

tomara que seja trisal 😓😓

2024-05-12

0

Rony Da Silva

Rony Da Silva

e cadê as fotos , ou uma caracterização precisa

2024-04-23

0

Millyjuliana_Morte

Millyjuliana_Morte

Se não for trisal e com enemies to love eu vou chorar

2024-04-16

2

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