Capítulo 12

Vamos de táxi até a joalheria que a mãe do Ryan escolheu. Chegamos praticamente juntos nos dois táxis. Entramos na loja e o Ryan segura fortemente nossas mãos entrelaçadas.

Um senhor nos cumprimenta e pergunta o que desejamos, a mãe do Ryan faz menção de responder só que o pai a segura e indica algumas cadeiras confortáveis para se sentarem.

- Estamos procurando por alianças de compromisso ou anéis de noivado.

Ele nos leva a um balcão cheio de alianças de todos os tipos, desenhos e materiais.

Fico olhando várias, nada me chama a atenção até que localizo um par de alianças prateadas que possuem pequenos desenhos em sua superfície. Aponto para elas.

- Bela escolha. Esta tem pequenos entalhes de arabescos, na aliança feminina e um pequeno brilhante.

- Gostou dessa? - ele me pergunta.

- O que você acha?

- Gostei também, mas quero comprar outro para acompanhar a aliança. Você permite?

Apenas concordo com a cabeça e o senhor mede nossos dedos e pergunta os nomes para gravar e seu sorriso se alarga quando ele percebe quem somos.

- Bem vou ajustá-las e estarão prontas amanhã a tarde. E desde já quero parabenizá-los pelo noivado e por estarem juntos. Vocês formam um belo casal.

Ryan agradece e me abraça. Chamo minha mãe e Megan para mostrar nossa escolha, elas aprovam. Saímos da joalheria e vamos caminhando até o restaurante.

Somos direcionados para uma mesa em uma das laterais.

O jantar é calmo e tranquilo e voltamos para o flat de táxi. Fico com minha mãe já que os pais do Ryan só vão embora no final da semana.

Estou deitada na minha cama e não consigo arrumar uma posição para dormir, esta será uma noite daquelas. Ouço minha mãe na sala e na cozinha, depois ela fala com alguém, deve ser no telefone. Estou tentando me fechar para o mundo senão não durmo quando ouço a porta do meu quarto abri e fechar silenciosamente.

O colchão cede um pouco devido ao peso e braços fortes me apertam num peito sólido e suspiro ao reconhecer seu cheiro.

- Não me mande embora. Não consigo dormir lá sabendo que você está há alguns andares abaixo de onde estou.

- Minha mãe não ficou brava?

- Não, só falou para não fazermos muito barulho.

Estamos dando risada e acabo me aconchegando a ele, adormeço rapidamente.

Acordo sozinha na manhã seguinte. Encontro um bilhete ao meu lado:

“Fui me arrumar e já venho buscá-la. Aulas nos aguardam.”

Me arrumo e vou para a cozinha. Perco a fome assim que abro a geladeira,  sinto que meu estômago não está essas coisas e me forço a tomar um copo de leite.

Lavo o copo e estou pegando minhas coisas quando ouço a batida na porta. Estou abrindo para sair quando o Ryan entra.

- Você não comeu não é?

- Tomei um copo de leite e não estou muito bem do estômago.

- Angel, vamos ao médico para ver o que acontece?

- Não é nada só tensão devido ao musical do final do ano.

Ele balança a cabeça e pega uma maçã, vamos para a garagem.

Chegando estou vendo uma Luiza eufórica. Ela vem na minha direção e já solta a bomba.

- Angel é mesmo o Jacob Roberts que está aqui. Ele é maravilhoso. Quero vê-lo atuar. - ela leva uma cotovelada da Beth.

- Devagar ai amiga que Luke está chegando

Vamos nos juntar aos outros e ficamos batendo papo. O Jacob aparece, nos cumprimenta e comunica que o Sr. Wilson pediu para que os rapazes o ajudem a chegar ao teatro. Vamos todos para lá conversando. Jacob tem só a aparência de tímido.

- Adorei aqui, é muito legal.

- De onde você é? - pergunto

- Londres. Me formei lá e agora vim apenas para aprimorar alguns conhecimentos vou ficar apenas até o final do ano.

- Bem seja bem-vindo e se precisar de algo pode contar conosco. Estes são meus amigos: Carl que faz teatro, Beth violinista, Luiza bailarina, sou Angel bailarina também e esses são Luke Wade e Ryan Russell que você já deve conhecer ou ter ouvido falar.

- Nossa claro! São famosos por seus filmes. Prazer em conhecer todos. Espero que possamos ser amigos.

- O prazer é nosso. Então aqui é o teatro. - Ryan diz.

- Obrigado e até mais.

Nesse momento percebo que o Jacob está olhando na direção da Luiza que está de mãos dadas com Luke e ela retribui o olhar por segundos, desvia ao perceber que estou olhando.

Vamos para a sala e logo que sentamos já pergunto.

- Luiza o que está acontecendo?

- Eu não sei Angel, gosto do Luke, mas olhar nos olhos do Jacob me deixa esquisita, sinto minhas pernas bambas, meu coração parece que vai pular pela boca, transpiro nas mãos e sinto que ele está me revirando cada vez que me olha.

- Amiga você sofre de amor à primeira vista. Fiquei assim com o Ryan no elevador. Não deixei me dominar por ter visto ele com a namorada.

- E agora o que eu faço? Me ajude por favor?

- Desculpe amiga, mas você sabe que isso é você que tem que resolver. Só posso te aconselhar a escolher aquele que realmente te fará feliz.

A aula começa e não temos mais como conversar e ficamos entretidas com nossos respectivos grupos fazendo alguns ajustes de figurino.

Na hora do almoço me forço a pegar algo para comer, mas não consigo escolher nada e pego dois sucos. Vou para a mesa e me sento ao lado do Ryan. Ele olha para os sucos e depois para mim com uma interrogação no olhar. Dou de ombros.

Estamos conversando e Ryan fica colocando pequenos pedaços de sanduíche na minha boca quando o Jacob chega.

- Posso me sentar com vocês? - Ryan indica o banco vazio.

- Claro, fique a vontade.

- Bem parece que vocês todos namoram?

- Parece que sim. Luke namora a Luiza. Carl a Beth. E eu a Angel.

- Você tem sorte. Angel é linda, simpática e todos por aqui gostam dela.

Ponho minha mão no braço do Ryan sentindo que ele está começando a ficar nervoso.

- Obrigado pelo elogio, mas a sorte é minha também por ter o Ryan comigo sempre.

- Verdade, ele é um dos partidos mais requisitados.

Damos risada e ficamos conversando. Luiza continua com longos olhares na direção do Jacob e ele para ela.

Vamos para casa e no caminho comento com o Ryan sobre a tentativa do Jacob de desviar a atenção da Luiza para mim. Ele ri.

- Será que ela largaria o Luke para ficar com o Jacob?

- Eu penso que sim. O Jacob foi algo instantâneo e o Luke gostava dela antes. Ele a conquistou.

- Ele vai sofrer muito se ela terminar com ele. Ele estava pensando em ficar noivo dela daqui a alguns meses.

- Bem, eu a aconselhei a ficar com quem a faz feliz. Seria o certo.

Ele muda de assunto.

- E ai vamos buscar nossas alianças?

- Vamos e depois quero tomar sorvete. Um bem grande.

Deixamos o carro no estacionamento e caminhamos até a joalheria. Somos recebidos pelo mesmo senhor que nos entrega as duas caixinhas que encomendamos.

Vamos até uma sorveteira e tomo o maior sorvete que tem lá e ficamos conversando sobre as pessoas que passam. Percebo que ele está sério e me observando, olho na sua direção e dou um sorriso.

- Quer colocar as alianças aqui ou em casa?

- Hum quero colocá-las no lugar que percebi que você era alguém importante na minha vida. Vamos?

Buscamos o carro e falo para ele ir para o flat. Chegando lá ele estaciona o carro e saímos para a rua. Pego sua mão e o levo até o Central Park. Localizo o local em que estava conversando com minha mãe no dia que ele me seguiu com a Charlotte.

- Talvez você não se lembre mas foi daqui que nos olhamos pela primeira vez. Eu aqui e você bem ali.

Aponto o local com a lembrança fresca na memória. Ele me puxa até seus braços e concorda. Ele pega a caixinha de veludo azul escuro e abre retirando as duas alianças e pega a menor e coloca no meu dedo anelar da mão direita, me entrega a dele e faço o mesmo.

Fico olhando em seus olhos, ele está sorrindo muito e não consigo resistir e retribuo seu sorriso. Ele me leva até uma árvore grande e nos sentamos a sua sombra, estou entre suas pernas, apoiada no seu peito. Ele está de olhos fechados acariciando meu cabelo.

- Você quer ver o que comprei para você? Mas apenas quando estiver pronta para usar?

- Quero. Mas se não quiser mostrar não tem problema.

Ele pega a outra caixinha de veludo vermelho e abre na minha frente. Faço um “Oh!” de admiração. Dentro está repousando um anel de ouro que tem um diamante grande. Circundado protetoramente esse diamante tem-se duas pequenas asas douradas.

- É o anel mais lindo que já vi!

- Quer usá-lo? Vai ficar lindo na sua mão.

Ele pega minha mão direita e tira a aliança e coloca o anel e depois coloca a aliança em seguida. Fico observando a luz passar pelo diamante e tenho que concordar: realmente é lindo.

- Adorável! Você realmente tem bom gosto.

- Vai usá-lo? Ele significa que meu amor está na proteção de suas asas.

Sinto meu coração fraquejar e me vejo entre seus braços. Não consigo segurar meu choro. Ele está com lágrimas nos olhos também:

- Ah! Ryan... Eu te amo tanto.

Ficamos algum tempo ali e depois vamos para o flat. Ele me segura e olha dentro dos meus olhos.

- Angel que horas sua mãe chega?

- Não sei, ela não tem horário.

- Então troca de roupa, coloca algo confortável que vamos passar a noite fora hoje.

- Você está louco?

- Não, não estou. Quero ficar com você a noite toda sem que ninguém fique me falando o que é certo ou errado. Como não posso fazer isso na sua casa e a minha está com meus familiares nós vamos para algum lugar.

Ele se despede com alguns beijos no elevador e ainda estou sorrindo quando me deparo com a Luiza sentada na porta do apartamento. Seus ombros estão tremendo e sei que ela está chorando.

Aproximo lentamente e ponho minha mão em seu ombro ela levanta a cabeça. Seu rosto está marcado por lágrimas.

- Está há muito tempo me esperando?

- Um pouco, achava que estava no apartamento do Ryan, mas como os pais dele estão lá não quis incomodar.

- Venha vamos entrar.

Levo-a até o sofá e vou buscar um copo com água. Ela bebe tudo e depois começa a contar que está sem conseguir saber o que fazer. Luke a pegou conversando com o Jacob e teve um ataque de ciúmes. Isso porque o rapaz está apenas há um dia conosco.

Fico sem saber o que dizer. Nunca vivi esse tipo de situação na minha vida. Nesse momento Ryan bate a porta, entra no apartamento e fica sem saber o que dizer.

Luiza olha para a manta que ele tem na mão e se levanta pedindo desculpas fazendo menção de ir embora, mas não deixamos.

- Estraguei os planos de vocês, não queria fazer isso juro.

- Nós íamos sair para dar uma volta e nada mais. O que aconteceu? - Ryan pergunta.

Ela resume para ele, sem falar nada ele sai e vai até meu quarto. Posso ouvi-lo falando no celular com alguém. Ele retorna e senta do lado da Luiza.

- Lu, o Luke está vindo para cá, ele está desesperado te procurando a tarde toda. Você não avisou ninguém para onde estava indo?

Ela nega com a cabeça. Eu abraço seus ombros.

- Ryan, ele vai querer brigar com ela e não vai ser bom isso. Porque você o chamou?

- Ele havia me ligado na hora que estava descendo do elevador e falei que não tinha visto ela por aqui. Ele me falou que ele surtou de ciúmes, pois o Jacob estava dando em cima da Luiza. Falei que ligaria se ela estivesse por aqui.

- Ok, Lu você quer ir ao banheiro se lavar e descansar um pouco?

- Não, estou bem.

Vou para a cozinha faço alguns lanches, pego suco de laranja e levo para a sala. Quando estamos terminando de comer a campainha toca e Ryan vai atender. Luke entra como louco e se ajoelha perto da Luiza no sofá e fica conversando com ela.

- Luiza porque você sumiu? Eu estava tão preocupado.

- Você ficou nervoso, começou a brigar e fiquei sem saber o que pensar. Vim conversar com a Angel.

- Desculpe meu amor, mas não consegui me segurar. Ele me tirou do sério.

- Tudo bem.

Ele a abraça e ficam juntos no sofá. Ryan pega minha mão e vamos para meu quarto, nos deitamos de frente um para o outro e fico acariciando seu cabelo e ele brincando com a barra da minha camiseta.

Acabo cochilando e acordo com a Luiza se despedindo do Ryan. Ergo a cabeça.

- Você não quer ficar aqui hoje?

- Não, Angel, vou para casa e, depois, amanhã temos aula.

- Ok. Tchau Luiza.

- Tchau Angel obrigado por ficar comigo neste momento.

Apenas aceno com a cabeça e ela se vai. Ryan acompanha os dois até a porta e volta logo para ficar perto de mim.

- Quer tomar um banho? Falei com sua mãe agora a pouco e ela deixou que eu ficasse aqui hoje, vou buscar umas roupas e já venho.

Vou para o banheiro e me preparo para ficar em casa. Ele chega um tempo depois e fica comigo nesse marasmo. Vamos dormir um nos braços do outro e juro que durante a noite o senti pegando minha mão direita e beijando carinhosamente o dedo onde está o simbolo de seu amor.

Acordo no dia seguinte bem cedo e sinto seus braços em volta de mim. Me viro lentamente e encontro-o ainda dormindo. Levanto e me arrumo para a faculdade, quando volto ele está acordando.

- Oi pequena. Acordou cedo hoje.

- Oi, eu não consegui dormir mais e achei melhor levantar.

- Não quer ficar um pouco comigo aqui?

Dou risada e vou deitar do seu lado mais um pouco. Ele me abraça apertado e fica acariciando meu cabelo. Ficamos assim durante algum tempo até ele me afastar um pouco e erguer minha cabeça para que eu olhe em seus olhos.

- Eu tenho que conversar uma coisa com você.

- Pode falar.

- Esta semana vou a uma reunião com o diretor do filme que vou começar a gravar e vamos marcar a data de inicio das filmagens, estou quase certo que começam na segunda. Então vou viajar e ficarei fora por dois meses. Estava pensando em pedir para você ir ficar comigo alguns finais de semana. Se achar que não tem como vou entender.

- Nossa passou tão rápido! Vou sim, mas só alguns. Talvez fique difícil quando for mais próximo do musical, mas vou tentar.

Ele me abraça e me beija, vai para o banheiro tomar seu banho e se trocar. Levanto e vou para a cozinha, tomo um copo de leite e como alguns biscoitos que achei por aqui e mal acabo de comer já sinto que não caiu bem, corro para o quarto da minha mãe e invado seu banheiro. Fico algum tempo ajoelhada em frente ao vaso e coloco tudo para fora. Lágrimas inundam meus olhos, nunca me senti assim e realmente estou preocupada.

Estou ainda assim quando sinto braços me erguerem no colo e sou levada carinhosamente até o quarto. Ele me coloca com cuidado na cama e sai, volta logo em seguida com uma toalha úmida e limpa meu rosto. Estou olhando em seus olhos e eles apenas me passam sinais de preocupação.

- Desde quando você está assim?

- Hoje foi à primeira vez, eu estava com fome e hoje acordei melhor, juro.

- Vamos ao médico, pequena, por favor?

- Vou ligar para minha mãe e vou. Você tem que ir ensaiar com o pessoal enquanto ainda pode.

- Não. Vou com você.

- Então está certo, vou escovar os dentes e vamos.

Levanto e depois de algum tempo vamos para o consultório do médico que minha mãe indicou. Ficamos na sala de espera juntos, mas na hora da consulta vou sozinha.

O médico me faz várias perguntas e depois de algum tempo ele me olha e o que explica me deixa atordoada.  Dr. Robert me olha com um sorriso.

- Angélica, estou suspeitando que você esteja grávida.

- Não pode ser doutor, quer dizer pode. Eu tive relações algumas vezes sem camisinha, mas meu ciclo veio normal e ...

- Pode acontecer em alguns casos os ciclos ocorrerem normalmente. Bem vamos fazer o teste? Vou chamar a enfermeira.

Fico sem ação e me vejo desesperada. Queria minha mãe aqui, apesar de saber que ia levar uma bronca dela poderia abraçá-la e tudo seria um pouco mais fácil.

O que o Ryan não vai pensar? E os pais dele? E se acharem que fiz de propósito?

Paro de pensar nisso quando a enfermeira entra e me leva até um banheiro, me dá um potinho e fala que devo colocar minha urina ali. Entrego a ela e vou aguardar no consultório.

O Dr. Robert entra alguns tempo depois e me confirma que estou grávida.

- Você quer que eu fale com o pai? Seria o rapaz lá fora? Ele está preocupado, pois está andando de um lado para o outro na sala de espera.

- Estou com medo da sua reação, acabamos de noivar e vai ficar sabendo que estou grávida? Ele vai querer me matar isso sim.

- Vai ficar mais fácil comigo falando do que você esconder dele por algum tempo. Coragem, ele vai adorar a idéia pode acreditar.

- Não eu preciso conversar com minha mãe e depois conto para ele.

Ele concorda e me passa alguns remédios e vitaminas, me informa que tenho que voltar no próximo mês.

Agradeço e saio de sua sala. Ryan se aproxima e vamos embora.

- Ele me falou que estou sem apetite por problemas de estresse. Me receitou algumas coisas e disse que vou estar melhor logo.

Não vou contar sobre a gravidez agora.

- Certo, então vamos resolver isso de agora em diante.

Voltamos para o flat e ele me informa que vai para a reunião com sua mãe.

- Vou ficar bem pode acreditar.

- Bem, devo demorar umas duas horas para voltar. Qualquer coisa me ligue.

Ele sai e depois de algum tempo pego o telefone e ligo no escritório da minha mãe, conto por telefone mesmo tudo para ela.

Meus dias viram rotina. Os pais do Ryan vão embora e ele para o set de filmagem no interior. A faculdade não nos dá descanso e estamos ensaiando todos os dias sem parar. Estamos muito cansados e na maioria dos dias chego em casa e vou dormir direto sem comer mesmo.

Estou cada dia mais cansada e com menos fome, sei que perdi uns quatro quilos já. Minha mãe está preocupada e acha que deveria contar para ele, mas ainda não me sinto preparada para isso. Prometi fazê-lo quando for visitá-lo neste final de semana.

Estou preocupada e isso acaba com meu dia de ensaio no musical. Até a Luiza percebe que não estou bem e tenho que conversar com alguém sobre isso.

Quando chega a hora do almoço estamos todos sentados conversando quando a Luiza me questiona:

- Ei Angel você está realmente bem?

- Estou preocupada, pois vou dirigir a noite toda para ir ver o Ryan. Só isso.

- Porque não falou nada? Vamos com você para lá, vai ser legal. - Luke diz.

- Vamos de SUV e ninguém fica desconfortável. - Carl já arruma uma solução e é acompanhado pela Beth.

- Nossa vai ser muito legal e como não tem aula segunda podemos ficar por lá dois dias e descansar.

Eles decidiram e me vejo rindo dos seus planos da viagem. Saímos e vamos direto para a casa do Carl ele pega umas roupas e coloca numa mochila, seguimos para a casa do Luke e lá ele pega roupas, documento do carro e chaves. Fazemos este trajeto até chegarmos ao meu apartamento, pego algumas roupas e seguimos viagem.

Viajar de carro é muito legal e nos divertimos muito. Paramos para comer na estrada e depois de seis horas de rodízio no volante chegamos ao nosso destino.

Vamos para o hotel que o Ryan tinha me orientado a ficar e pedimos os quartos. Carl pergunta a recepcionista sobre o pessoal da filmagem e ela fica com uma cara estranha e chama o gerente.

- Boa noite senhores em que posso ajudá-los?

Como sou esperada tento explicar tudo ao gerente.

- Não queríamos incomodar, mas é que meu namorado faz parte da equipe de filmagem e está esperando minha chegada hoje.

- Desculpe-nos. Fui avisado de sua chegada Srta. Rodriguez e lamento pelo transtorno.

- Sem problemas só queríamos saber se eles já haviam voltado, pois cheguei antes do horário previsto.

- A Srta vai ficar no mesmo quarto que o Sr. Russell e os demais serão alojados no mesmo andar. Estarei providenciando imediatamente.

Vamos para o restaurante e ficamos jantando, estou dando risada da piada que Carl está contando quando sinto que alguém está me observando atentamente e olho para trás.

Não acredito que ela está aqui e quando todos percebem que estou calada, olham para o mesmo local que eu. Sinto a mão da Luiza no meu braço antes de perceber que estou quase levantando, me viro e olho em direção ao Luke e ele pede a conta na mesma hora.

Levantamos juntos, vamos para a recepção e são entregues os cartões dos quartos, mas recuso o do Ryan e peço para ficar com outro quarto qualquer. Subimos todos juntos e vamos cada um para o seu quarto se arrumar.

O mensageiro traz minhas malas e vou tomar um banho. Estou com muita raiva e não quero tirar conclusões apressadas de nada.

Estou lendo um livro quando batem a porta e vou ver quem é. A Luiza entra e ficamos conversando sobre banalidades até que ela toca no assunto.

- Angel, vou terminar com o Luke definitivamente. Percebi que depois do que aconteceu ele está diferente comigo e muitas vezes me liga perguntando onde estou e com quem estou. A confiança dele está abalada e nenhum relacionamento segue em frente assim.

- Eu já havia te falado que deve fazer o que for melhor para você e permaneço com o mesmo conselho.

- Sabe, você me ajudou muito hoje porque quando vi a Charlotte te olhando com cara de vitoriosa entendi que ela queria dizer que estava com o Ryan e você não se deixou vencer e saiu por cima. Pediu um quarto e não foi embora. Eu teria ido.

- Luiza, percebi que vir para cá foi um erro, mas não vou tirar conclusões erradas. Ele vai ser informado que estou aqui e quando vier me perguntar a história será diferente.

- Eu te entendo, de verdade.

- Não. Você sabe só de parte da história Lu. Eu estou grávida. E hoje eu iria contar para o Ryan, mas não sei se quero.

- Ah Angel, sinto muito, realmente não sei o que dizer.

- Estou feliz com meu bebê. Ele é um pedacinho do nosso amor, mas não quero contar a ele agora. Não antes de saber o que ela está fazendo aqui.

- Eu vou ficar quieta e não contarei nada a ninguém pode confiar.

- Obrigado Lu eu realmente não gostaria que ele soubesse por outra pessoa.

Ela fica mais algum tempo e depois vai para seu quarto.

Não tem tanto tempo que a Luiza saiu e escuto uma batida na porta. Quando abro encontro um Ryan extremamente bravo. Com cara de poucos amigos. Deixo a porta aberta e volto para a poltrona onde estava lendo. Ele entra e fecha a porta, vem até onde estou e se ajoelha na minha frente.

- O que você está fazendo aqui neste quarto sozinha? Eu já tinha avisado que você iria ficar comigo.

- Pensei que você gostaria de um pouco de privacidade, só isso.

- O que foi que aconteceu?

Ele se aproxima para me abraçar mais não quero me render a ele. Me afasto e estendo o braço para que ele entenda que não quero ele perto.

- Angel o que está acontecendo?

- Eu vi a Charlotte mais cedo hoje e, apesar dela não ter falado nada, eu realmente não gostei da expressão satisfeita que ficou evidente para todos nós.

- Todos nós quem?

- Carl, Beth, Luke e Luiza. Trouxeram-me de carro. E queriam vê-lo também, mas pelo jeito você já estava muito bem acompanhado. Me faz um favor volta para lá. Amanhã nós vamos embora e você pode curtir bastante.

- Eu não estou com a Charlotte! Angel, ela apareceu aqui ontem com uma conversa de que precisa falar sobre o exame. Que está namorando um dos atores. Ela não ficou comigo no meu quarto, juro.

- Na verdade não me importo, vou embora amanhã mesmo.

Dou-lhe as costas e vou até a janela. Não vejo nada além das lágrimas que estão prestes a rolar. Ele não se dá por vencido e quando menos espero me abraça por trás e me aconchega ao seu peito.

- Posso te mostrar uma coisa? Se depois disso você quiser ir embora vou aceitar sua decisão.

Olho em seus olhos e acabo apenas concordando com um aceno de cabeça. Ele me puxa pela mão e saímos pelo corredor do hotel. Somente cinco portas nos distanciam do destino, ele abre a porta com seu cartão e me coloca a sua frente.

- Você poderia confiar em mim e fechar os olhos.

Fecho meu olhos, ele me vira e entramos juntos no quarto e fico quase no centro quando ele me fala para abrir os olhos.

Não consigo conter minhas lágrimas só que dessa vez elas são de felicidade.

Quando posso olhar ao redor o quarto está cheio de rosas de todas as cores. O aroma é inebriante e tem uma mesa com velas prontas para serem acessas, pratos de porcelana, talheres de prata e um carrinho com várias baixelas tampadas em suas repartições.

A cama está cheia de pétalas de rosas e tem uma caixa em cima. Um presente. Na porta tem uma mala, mas deve ser alguma coisa que ele trouxe do set, foi jogada de qualquer jeito.

O clima é romântico. Me viro para olhar em seu rosto, estou sem graça, ele apenas tentou me agradar.

- Me desculpe! Eu sei que você queria fazer uma surpresa, mas eu realmente fiquei chateada com o que aconteceu quando cheguei.

- Eu não a trouxe aqui. Pedi para fazerem isso tudo hoje à tarde contando com o horário que achei que você ia chegar e não teria deixado seu presente sobre a cama com ela aqui.

- Eu sei.

- Posso pedir para fecharem a conta do seu quarto e trazer suas coisas para cá?

Fico olhando em seus olhos e vejo a mesma dor que sinto no meu coração. A saudade que tive dele nas últimas semanas foi imensa e tenho certeza que ele também.

Ele está me olhando e suas mãos acariciam meus braços constantemente.

Me aproximo e abraço seu pescoço e trago sua boca até a minha, beijo seus lábios calmamente e nossas línguas se brindam com nossos sabores.

Ele me abraça pela cintura, sobe sua mão pelas minhas costas e me segura pela nuca, me apertando forte de encontro ao seu corpo. Quando não temos mais fôlego ele me afasta.

- Suponho que isso é um sim.

- Eu estava com saudades de você.

- Eu também.

Ele me leva até a cama e me mostra a caixa. Me aproximo e passo a mão pelo laço dourado que tem em cima.

- O que é?

- Abre.

Ele pega o telefone, fala com a recepção e ainda estou pensando em abrir a caixa quando batem a porta. Ele vai até ela e a abre.

Escuto seu tom de voz mudar drasticamente.

- O que você quer?

- Queria conversar sobre o exame com você. - Charlotte responde.

- Charlotte, já deixei claro que esse exame não será diferente do primeiro e que você deve procurar o pai em outro lugar. Nossa relação não existe mais.

- Você não pode estar falando sério. E nosso amor? O que fez com todo aquele sentimento?

- Acabou. – ele entra um passo adentro. – Desculpe, mas estou curtindo minha noiva nesse momento e você nos interrompeu.

Ele vai fechar a porta e ela empurra com tudo e entra.

- Pensei que tinha ido embora depois da ceninha que fiz mais cedo.

- Acho melhor você se retirar.

- Nossa você fez tudo isso para ela? Você é um canalha. Nunca tinha tempo para mim e para essa daí você arruma? Quem comprou as flores? Seu agente? Quem escolheu tudo foi ele? Por que comigo você nunca tinha tempo, sempre arrumava desculpa.

- A diferença é que eu amo a Angélica. Isso é o que você precisa saber. Agora saia daqui.

Ela vira e dá um tapa no rosto dele. Sinto o sangue ferver ao ver essa cena. Não me contenho vou até ela e pego em seu braço, arrasto-a para fora do quarto.

- Saia daqui sua mal agradecida. Suma das nossas vidas. E se você ousar tocar num fio de cabelo dele, vou esquecer que você carrega uma criança e vou te arrebentar.

- Você não é...

Me viro e bato a porta na cara dela sem esperar terminar o que ia dizer. Vou até onde ele está e ponho minha mão no seu rosto sobre a marca que ela deixou.

- Você quer colocar um pano gelado no rosto?

- Não. Quero fazer amor com você. Só quero ficar com você a noite toda e me esquecer do que aconteceu. Você consegue me fazer esquecer?

Acordo no dia seguinte com pequenos beijos no rosto. Abro os olhos e ele está do meu lado sorrindo.

- Acorda dorminhoca.

- Olha quem fala.

- Bem como você estragou minha surpresa ontem eu vou fazer uma pausa nas gravações hoje e ficar o dia com você.

- Só não se esqueça do pessoal.

- Ok com vocês.

Levantamos e depois de um banho rápido me agasalho. Aqui está um pouco frio.

Ele me entrega o presente assim que apareço no quarto e abro o embrulho com todo cuidado. Ele perde a paciência e rasga todo o papel.

- Ryan! O presente é meu!

Ele está rindo muito e fica sério quando levanto a tampa da caixa. Dentro tem um vestido de noite maravilhoso, preto com um desenho em strass que reluz a qualquer movimento.

- Estou pensando onde vou usar um vestido assim.

- Você vai comigo no lançamento do filme que estou fazendo.

- Mas ainda vai demorar.

- Esta é minha forma de avisá-la que você vai comigo.

Dou risada e dou um abraço apertado nele e um beijo.

- Obrigado. Por todas as surpresas.

- Vamos logo antes que eu desista do passeio e queira ficar com você na cama o dia todo.

- Hum uma ideia muito boa.

- Não me tente Angel... Vamos?

Levanto e saímos do quarto em direção ao quarto da Beth e Carl. Chamamos todos eles e ficamos esperando no restaurante tomando café.

Passeamos por toda a cidade de bicicleta. Ele nos leva próximo ao local das filmagens e ficamos vendo tudo de longe.

- E ai não tem como nos apresentar o pessoal do filme? - Carl está fascinado.

- Carl pare de ser chato estamos curtindo um dia de folga depois nós voltamos.

O local é lindo cheio de árvores por suas ruas e depois de umas duas horas voltamos ao hotel. Devolvemos as bicicletas e Ryan recebe um recado.

- Venham vamos tomar um sorvete.

Ele guarda o papel no bolso e saímos para uma sorveteria próxima. Ficamos lá durante um tempo.

- Agora preciso voltar para resolver uma coisa, ok?

- Aconteceu algo?

- Nada demais. Ei Luke e Carl vocês ficam com a Angel por algum tempo? Vou ver se termino o mais rápido possível e volto.

Eles concordam e vamos todos para o hotel. Ryan vai até o gerente e depois retorna com um sorriso.

- O gerente falou que vai ceder a sala de cinema para vocês ficarem lá a tarde toda. Prometo que não demoro.

Ele se vira e vai em direção à saída do hotel. O gerente vem até onde estamos e pede a um mensageiro que nos leve a sala de cinema e providencia pipoca, refrigerante e suco.

Assistimos a dois filmes já e nada do Ryan aparecer. Vou até o quarto e tomo meus remédios, quando estou voltando encontro com a Charlotte no corredor, mas como ela está acompanhada por um homem não fala comigo.

Estamos com algumas luzes acesas conversando. Luke está preocupado com as apresentações.

- Vocês vão a todas as apresentações da Julliard?

- Vou sim, apesar de que a minha é primeiro que a de todos. – fala Beth

- Eu vou também, estou vendo a possibilidade de começar a trabalhar já no inicio do próximo ano. – Carl comenta.

- Eu vou para a Filarmônica de Nova York. Estou tão feliz!

- Parabéns Beth. Eu não sabia que já estava tudo certo. – digo.

- Eles foram ao último ensaio que tive e não querem abrir mão. Vou me apresentar durante o próximo ano e se der tudo certo fico como segunda violinista.

Comemoramos.

- Começo a filmar no primeiro dia depois do espetáculo e só volto depois de quatro meses. Estou tentando fazer algum laboratório para o personagem só que está difícil. - Luke comenta.

- Bem, parece que todos estão encaminhados menos eu. – Luiza não teve a mesma sorte, nossa arte é complicada.

- Não Lu eu também não tenho nada em vista. - digo

- Estou pensando em sair do país por algum tempo e meus pais aprovaram. – Luke pega a mão dela.

- Você poderia vir comigo, o que acha?

- Não, melhor não. Você tem um personagem difícil e eu acabaria atrapalhando.

Luke fica olhando em seu rosto por algum tempo, mas não diz mais nada. O silêncio é constrangedor.

- Estou pensando em fazer alguns testes para a Broadway. Quem sabe não entro em algum musical? - confesso a eles e Luke me elogia.

- Você é a primeira bailarina da Julliard e logo vai aparecer uma grande oportunidade.

Estamos ainda conversando sobre o futuro quando o Ryan chega.

- Desculpem a demora. E ai o que perdi?

Eles contam a ele sobre os projetos da Beth, Carl e Luke e depois ele e o Luke ficam conversando sobre o novo filme que o Luke irá fazer.

Vamos para o restaurante e jantamos juntos.

Vamos para nosso andar e nos separamos no corredor. No quarto nos preparamos para dormir.

Acordo no dia seguinte e fico deitada olhando o teto durante algum tempo. Encontrei um bilhete com uma rosa em cima do travesseiro ao lado. Ele foi para o set de filmagem hoje e volta na hora do almoço.

Fico ali curtindo a cama que está maravilhosa e relendo seu bilhete inúmeras vezes. Lembro que ele não falou o que o fez ficar fora por tanto tempo. Fazer o que? Eu nunca fui de cobrar nada dele.

Tomo um banho e vou até o quarto da Luiza. Luke atende a porta. Encontro a Luiza sentada num sofá lendo um livro e sento ao lado dela.

- Oi, você está com uma cara. O que aconteceu?

- Nada estou bem e você? Queria saber se quer dar uma volta comigo.

- Estou bem e claro que vou sim, deixe-me pegar minha bolsa.

Saímos e vamos caminhar pelas lojas que tem na parte central e acabamos comprando algumas coisas por ali mesmo.

Estamos vendo uma vitrine de roupas de bebê e sem pensar passo a mão na minha barriga ainda lisa, Luiza faz o mesmo gesto, e quando me viro dou de cara com a Charlotte nos observando, mas rapidamente ela desvia o olhar e continua seu caminho.

- Será que ela viu?

- Não sei, mas acho que não.

- Bem, espero também. Ela não é uma pessoa muito agradável.

- Vamos tomar um café e voltamos para o hotel.

Sentamos num café próximo e ficamos conversando sobre banalidades até que ela me fala de seus planos futuros.

- Angel, eu vou para a Inglaterra assim que terminar este ano. Já estou com minha inscrição feita. Vou conversar com o Luke assim que voltarmos.

- Entendo. E o Jacob?

- Ele falou que me espera o tempo que for. Ah, ele é tão meigo e carinhoso, nos falamos todos os dias e sempre tem algo lindo para me falar. Vou dormir sempre conversando com ele por telefone e só não tivemos nada por causa do Luke. Não quero fazê-lo sofrer só que não consigo mais.

- Entendo, eu ainda não sei o que vou fazer. Vou tentar a Broadway e depois vejo no que vai dar.

- Você tem o Ryan e ele te ama. Vai ficar tudo bem você vai ver.

- Verdade agora só tenho que contar, mas não sei como.

- Você vai saber quando chegar o momento certo.

Damos risada e voltamos caminhando para o hotel, Vamos para o meu quarto e dali a alguns minutos os outros chegam e ficamos conversando e assistindo um filme. Cochilo durante uma hora e quando menos penso estou sentindo seu calor reconfortante. Abro meus olhos sonolentos e brindo sua chegada com um sorriso.

- Oi, você demorou.

- Mesmo? Achei que tinha passado tão rápido!

- Não, demorou e muito.

- O que você fez o dia todo?

- Fui passear com a Luiza e depois ficamos aqui até você chegar e no mínimo mandar todos embora.

- Eu apenas cheguei e eles se despediram falando que você estava cansada e tinha dormido.

- Acordei e estou com muita fome, vamos jantar?

- Eu pedi para trazerem algo aqui mesmo no quarto. Já deve estar chegando.

- Hum que bom então vou tomar um banho e já venho comer.

Levanto e ainda dou uma espreguiçada, vou para o banheiro, posso sentir seu olhar me acompanhando.

Depois de comer, sinto que ele quer me perguntar algo e acabo me aproximando dele. Ponho um sorriso calmo no rosto e faço carinho em seu rosto que já está com a barba começando a crescer.

- Você quer me falar algo?

Ele pigarreia.

- Quero pedir para você ficar comigo na próxima semana.

- Eu não posso, amor. Tenho ensaio a semana toda, mas só vou embora amanhã a noite.

- Não sei se vou aguentar ficar longe de você.

- Vai sim, porque daqui quinze dias você vai para a as apresentações e vou estar lá.

- Eu não vou mais participar do teatro Angel, o filme tomou meu tempo e vou ter que ficar filmando.

- Você vai me ver dançar?

- Vou, mas só posso ir nesse dia.

- Sem problemas eu gravo e você assiste depois.

- Você não existe garota.

- Claro que existo não estou aqui perto de você então existo sim.

Damos risada e ele se levanta vai até um aparelho e coloca uma música bem lenta.

- Venha vamos dançar.

Eu levanto e fico nos seus braços seguindo o ritmo lento da música e sentindo seu coração batendo na palma da minha mão. Depois de algum tempo ele me afasta ligeiramente.

- Como você não vai embora hoje o que quer fazer?

- Não quero nada, só ficar assim com você já é o bastante.

- Vamos chamar o pessoal e darmos uma volta? Ainda está cedo.

Concordo e vamos buscá-los. Saímos todos juntos. Ficamos brincando e olhando vitrines e, num dado momento, ficamos um pouco a frente deles. Enquanto esperamos, um grupo de rapazes vem na nossa direção, eles estão já falando gracinhas e ficamos apenas olhando.

Beth é a primeira a vê-los e já sussurra.

- Eles já perceberam e estão vindo como um terremoto. O Ryan está furioso já.

- Não precisam se preocupar eles vão passar direto. - fala a Luiza.

Ela mal fala isso e um dos rapazes passa próximo pega uma mecha do meu cabelo e leva até seu nariz.

- Nossa que perfume delicioso. Quer passear ao meu lado?

- Não. Estou acompanhada já.

- Se eu tivesse uma gracinha dessas do meu lado nunca deixaria sozinha.

- Por isso você está sozinho.

Ele solta a mecha do meu cabelo com um leve puxão, mas nem ligo.

Falta menos de cinquenta metros e posso ver que o furacão vai chegar. Dou as costas para o rapaz, vou ao encontro do Ryan pego em sua mão e o puxo para o outro lado. As meninas seguem meu gesto e atravessamos a rua em direção a uma pizzaria.

- Vamos comer pizza?

Todos concordam e escolhemos uma mesa na parede bem reservada e mal sentamos já começa a discussão. Carl está furioso.

- Porque vocês se afastaram tanto?

- Não nos afastamos vocês que ficaram para trás, só percebemos depois. - Luiza tenta explicar.

- Até parece que caçamos aqueles caras para nos importunar! - Beth não consegue se segurar e Carl responde.

- Sorte deles que não encostaram em vocês senão eu não responderia por mim. – Ryan está com cara de poucos amigos.

- Você fala isso porque não mexeram com a Beth. Não gostei de vê-los importunando a Angel.

- Não foi nada e eu acabei com a graça do cara.

- Mesmo assim. Queria meter a mão na cara daquele filho de uma mãe.

Juro que vi ódio em seus olhos e me assustei. Nunca o vi assim, nervoso.

O garçom vem fazer o pedido e ficamos conversando sobre outros assuntos até que ele se acalme. O único que não falou nada foi o Luke e percebo que ele me olha com olhos tristes. Quando estamos saindo da pizzaria puxo o Ryan para um canto.

- Você sabe o que o Luke tem?

- Ele nos contou que ouviu a Luiza conversando com Jacob no celular ontem e que ela estava falando sobre terminar com ele.

Ponho a mão sobre a boca e olho em direção ao meu amigo que está andando de cabeça baixa, com as mãos enfiadas nos bolsos das calças, fico tão sentida por ele estar sofrendo.

- Você ficaria bravo se eu conversasse com ele?

- Não pequena pode ir lá. Ele precisa de alguém para ajudá-lo a superar e não vou poder estar ao lado dele agora.

Eu aperto sua mão e vou ficar perto do Luke. Pego em seu braço e dou um sorriso.

- Oi Angel.

- E ai? Porque está com essa cara de cachorro abandonado?

- Nada. Apenas um pouco triste com umas coisas, mas vou ficar bem.

- Luke você pode contar comigo sempre que precisar ok?

- Eu sei Angel e você também pode contar comigo.

Ele para de caminhar, me dá um abraço apertado. Ryan se aproxima e pega minha mão e vamos conversando até chegar ao hotel.

Acordo no dia seguinte e percebo que não estou sozinha e me viro para encontrar ele dormindo profundamente, Abro um sorriso imenso.

- Bom dia.

- Oi você não tinha que estar gravando?

- Está chovendo e suspenderam as gravações.

- Hum então podemos ficar mais um pouco aqui?

- Vou pedir o café da manhã podemos aproveitar e comer na cama. O que acha?

- Vai ser ótimo.

O dia fica assim nublado com pancadas de chuvas esparsas e acabamos ficando no quarto mesmo.

Lá pelas seis horas da tarde batem a porta. Ryan atende e é o Luke falando que dali a trinta minutos vamos embora.

Ele vem até a cama e vejo que seu semblante está triste, levanto e arrumo minhas coisas rapidamente. Fico esperando dar a hora de ir embora encostada em seu peito na cama. Seus braços estão em volta da minha cintura e seu queixo apoiado no topo da minha cabeça.

Eu me levanto quando faltam cinco minutos e coloco a calça jeans, sapatos e meia, vou trocar de blusa e ele fala da cama.

- Pode ir com ela.

Eu fico com sua camiseta e volto para perto dele, fico entre suas pernas e nos beijamos intensamente.

- Caramba você podia ficar.

- Não posso não.

- Você não vê que estou quebrando aqui?

- Será por pouco tempo e daqui duas semanas você volta para casa e nos vemos.

Ele me abraça e dali a pouco uma nova batida na porta nos avisa que já está na hora. Quando abrimos a porta a Luiza está aos prantos discutindo com o Luke e ele não responde a nada.

- Você queria que eu fizesse o que? Continuasse te enganando? – Carl interrompe e tenta acalmá-la

- Luiza vamos embora, depois vocês conversam. Temos que pegar a estrada e isso é cansativo e estressante.

Ela sai andando na frente e descemos todos em seguida. Luke pega o carro e o Carl vai na frente com ele.

Fico abraçada ao Ryan e seguro minhas lágrimas o máximo que posso. Ele me beija várias vezes e mesmo com o pessoal brincando ele não me larga.

- Já estou com saudades.

- Eu também, mas será por pouco tempo.

Me solto lentamente dele, entro no carro e fico olhando-o pela janela até perdê-lo de vista.

Paramos na estrada apenas para jantarmos. A Luiza está muito triste com tudo que aconteceu. Depois de algumas horas ela se acalma e conversa conosco normalmente.

Chegamos ao flat e desço me despedindo de todos e quando saio do elevador no meu andar estou frente a frente com a pessoa mais detestável do mundo: Charlotte.

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