Capítulo 11

Chegamos neste lugar maravilhoso e não sinto as horas passarem. Ficamos fazendo massagens de todos os tipos, manicure, pedicure, sobrancelhas, depilação e no final do dia estou toda dolorida.

Vamos dormir em quartos que são tão brancos que parecem de um hospital. Estou me preparando para dormir quando meu celular toca, abro um enorme sorriso e a Luiza na porta já sai falando.

- Bem vou para o meu quarto porque isso vai demorar.

- Ah Luiza ele não ligou o dia todo, dá um crédito.

- Verdade, ao contrário do Luke que a cada hora me liga, Ryan te deixa a vontade e não te perturba. Bem fique sossegada depois eu volto.

Ela sai e fecho a porta. O celular tinha parado de tocar e em seguida recomeça atendo:

- Oi.

- Oi, está ocupada?

- Não, a Luiza acabou de sair daqui e não queria atender na frente dela.

- Como estão indo as coisas por ai?

- Bem doloridas e não sei por que fazer tudo isso se ninguém vai ver tudo.

- Angel você só está ai para descansar. Só isso.

- Nossa se isso for descansar não quero saber como eles fazem o resto. Fui depilada, apertada, pinçada e cutucada o dia inteiro.

- Hum eu vou estar ai por volta das cinco horas da tarde junto com o Luke tá? Vamos todos no mesmo carro.

- Ok, você vai estar depilado? – dou risada da brincadeira.

- Não mais estarei acompanhando as cores do vestido. Você já viu?

- Ainda não, estou com medo de não gostar.

- Eu tenho certeza de que vai amar.

- Certo então nos veremos amanhã. – falo

Nos despedimos e uma hora depois chega uma mensagem no celular:

“Apesar desta distância ser por tempo curto queria você aqui do meu lado. Te amo. R.R.”

Acordo bem cedo, nosso café da manhã é muito requintado. Luiza está adorando toda a atenção. Me sinto mal por apenas eu não estar muito receptiva a tudo isso.

Vamos para sala, lá elas fazem massagem relaxante e depois uma imersão no ofurô e vamos arrumar os cabelos.

A Luiza tem cabelos castanhos e eles fazem um coque com vários cachos soltos que valorizam seu rosto, deixam-na com aparência de mais nova. A maquiagem não é pesada apenas ressaltam a beleza de seu rosto e valorizam seus olhos castanhos. Ela está muito linda e fico de boca aberta olhando para ela.

Eles fazem o processo de nos pentear e maquiar sem podermos olhar no espelho e é surpreendente quando ela vira minha cadeira e tenho que olhar para uma pessoa que não reconheço.

Não consigo me conter e faço um barulho que parece um soluço mais não é.

A pessoa que me olha está com o rosto luminoso. Olhos delineados de preto, sombra em tons de dourado com um pouco de preto nos cantos, cílios longos e lábios pintados de vermelho, os cabelos estão soltos e escovados bem lisos, caindo pelas costas até quase a cintura com uma franja lateral que me deixa sexy.

Me viro para Luiza e ela dá um suspiro.

- Angel você está linda.

- Bem você também está maravilhosa.

As atendentes nos informam que temos que colocar nossas roupas, o carro já está aguardando.

Luiza vai com um vestido tomara que caia azul noite com pequenos pontos de luz na parte de cima, salto alto fechado da mesma cor do vestido, bracelete e brincos com safiras completam seu traje.

Estou com um vestido vermelho vivo com decote frontal, parece até uma túnica grega, tem um drapeado que vem das alças que valorizam o busto, sapatos com um padrão de rendado de salto médio vermelho, um conjunto de pulseira, brincos e gargantilha com brilhantes e rubis.

Damos os últimos retoques, passamos nosso perfume preferido e as atendentes levam nossas bolsas para o carro. Somos levadas para uma sala próxima a recepção e quando a Luiza entra na frente eu já ouço o Luke ficando espantado, entro em seguida e procuro rapidamente o foco dos meus pensamentos e ele está lindo num terno cinza chumbo, camisa branca e gravata vermelha. Ele está de boca aberta. Caminho até ele colocando minha mão no seu rosto.

- Estou tão diferente assim?

Estou a ponto de chorar quando ele estende a mão e me puxa em sua direção, deposita um beijo na minha testa e me olha nos olhos.

- Não, você está linda demais, estou com medo de que todos os homens vão se apaixonar por você lá.

Eu estou sorrindo da brincadeira e o Luke nos chama para irmos embora logo ou nos atrasaremos.

Os agentes dos dois estão conosco orientando como proceder no tapete vermelho. Minha mente só processa: TAPETE VERMELHO!

Estamos a postos na fila de carros que aguardam para descarregar seus passageiros e estou começando a transpirar nas mãos.

- Angel relaxe vai ficar tudo bem é só ser você mesma, ok? Apenas não demonstre seus sentimentos claramente e sorria bastante.

- É fácil para você dizer isso já deve ter feito isso um montão de vezes. - diz Luiza.

Luke tenta amenizar os ânimos.

- Bem, sim, mas sempre ficamos um pouco tensos por não saber o que os entrevistadores irão nos perguntar, fora isso nada nos abala.

Chega nossa vez e quando a porta é aberta Luke desce e estende a mão para Luiza. Eles seguem em direção ao tapete, as pessoas gritam seu nome, ele acena para várias delas sorrindo sempre. Luiza segue seu exemplo, um pouco mais tímida, apoiada em seu braço.

Ryan desce e eu pego em sua mão para descer. Se pensei que os gritos foram incríveis com o Luke, para o Ryan é milhões de vezes pior. Ele passa um braço pela minha cintura e me ajuda a caminhar lentamente. Sempre sorrindo, ele acena para as pessoas que estão aguardando horas para vê-lo. Ele entrelaça os dedos de sua mão com os meus e me leva pelo tapete.

Em determinado momento alguns fotógrafos perguntam quem sou ele responde que sou sua futura noiva. Eles tiram fotos nossas, ele faz poses e fico rindo dele.

Uma entrevistadora pergunta sobre seus trabalhos e ele fala que estará começando a gravar em dois meses, ela elogia nossas roupas e pergunta a ele quem sou recebendo a mesma resposta que o fotógrafo.

O caminho todo é o mesmo frenesi de gritos, acenos, sorrisos e perguntas sobre sua vida pessoal que ficam sempre sem resposta. Entramos no teatro, que é maravilhoso, e sentamos nos lugares que nos foram destinados.

Antes do filme hávera a apresentação do elenco que participou. O filme é maravilhoso e fico com a cabeça apoiada no ombro do Ryan o tempo todo.

Assim que acaba somos levados para um salão onde será oferecido um coquetel para todos os convidados.

Ryan é querido por todos que já trabalharam com ele anteriormente e isso fica claro pela forma como muitos o abraçam e brincam.

A noite está maravilhosa, dançamos e rimos muito, mas de repente reconheço uma mulher que está próxima ao nosso grupo, sem pensar aperto a mão do Ryan ele se vira na hora e me olha.

- O que foi Angel?

- Não é Charlotte olhando na nossa direção ali?

Ele levanta os olhos por um segundo e me olha novamente.

- Parece que sim, mas não se preocupe ok?

Ele ergue nossas mãos que estão juntas e beija o nó dos meus dedos.

- Eu queria ganhar um beijo de verdade. - digo.

- Quer ir embora?

- Não, só estou brincando.

Ele me puxa, me leva até a pista de dança e começamos a nos mover no ritmo da música, estamos tão envolvidos que só percebo que ela se aproximou quando já não temos o que fazer.

- Nossa eu não te reconheci... Angel, não? Finalmente conseguiram revelar sua beleza de algum modo.

Ryan a surpreende:

- Charlotte você não precisa ser desagradável com a minha noiva.

Ela fica pálida na hora e tenta falar e começa a gaguejar.

- Você está precisando de algo?

- Não... Sim... É que eu queria...

- Você devia pedir ao pai do seu filho, não? Ou continua com a ideia maluca que sou o pai?

Ela se recupera.

- Ryan você não vai ficar noivo dela!

- Vamos oficializar o noivado na próxima visita aos meus pais, pergunte a minha mãe.

- Ela não é ninguém! - diz apontando na minha direção.

- Errado. Ela é alguém para mim. Talvez ninguém para você só que isso não nos incomoda, não é amor?

Eu apenas concordo com a cabeça e nesse momento percebo que Jessica Green está ao lado do seu namorado, Nigel Lawrence, nos chamando para alguma roda de amigos.

Saímos da festa sem cruzarmos mais com Charlotte. Vamos para casa totalmente cansados e esgotados.

No apartamento, mal entramos e ele me puxa para seus braços, me prende junto a porta, me beija loucamente e suas mãos me acariciam por cima do vestido com uma fome sem tamanho.

- Estava com vontade de fazer isso desde a hora em que te vi.

- Eu pensei que você tinha ficado com medo de borrar meu batom.

Ele começa a rir e suas mãos deslizam da minha cintura até meus seios. Arqueio as costas pedindo mais, ele espalha pequenos beijos no meu pescoço e colo, até chegar ao decote do vestido.

- Você é maravilhosa! Estava com vontade de te tirar de lá o mais rápido possível.

Seguro seu rosto e beijo sua boca e nossas línguas se enroscam numa busca frenética. Afasto-me lentamente e passo meu polegar sobre seus lábios, abro um sorriso imenso, ele está todo sujo de batom.

- Venha vamos para o quarto, quero tirar este terno que está me matando.

Me puxa pela mão e quando chego no quarto sento na beira da cama e começo a tirar a sandália, quando ergo a cabeça ele está me olhando.

- O que foi?

- Estou te olhando apenas. Quer ajuda para tirar o vestido?

- Claro o zíper fica na lateral esquerda.

Ele se aproxima afrouxando a gravata, ponho a mão sobre as deles e começo a tirar sua gravata, abro os botões de sua camisa.

Ele me ajuda a tirar meu vestido e depois vamos juntos para a cama. Só consigo dormir mesmo quando o dia está amanhecendo. Esgotada e feliz.

No dia seguinte ele me chama cedo.

- Ei pequena acorda.

- Oi, o que foi?

Esfrego os olhos estou com sono ainda.

- Vamos o pessoal está aqui para irmos a praia.

- Ok, ok já estou levantando.

Vou ao banheiro tomo uma ducha e coloco um vestido branco por cima do biquíni.

Ele me abraça:

- Vou sair com uma garota muito linda que faz meu dia cada vez melhor.

Beth e Luiza correm para me abraçar e estão falando sem parar sobre algo que tem a palavra foto, noite, melhor dia e fico olhando de uma para a outra sem entender.

- Ei eu não consigo acompanhar vocês nesse assunto. O que aconteceu?

Luke chega e abraça a Luiza. Carl está próximo a Beth e coloca a mão no seu cotovelo e, parece magia, elas param na hora.

- A première que fomos ontem teve cobertura na televisão e Beth e Carl viram nossa passagem pelo tapete vermelho. - diz Luke.

- Você estava linda Angel.

- Obrigado Carl.

- E saiu uma nota no jornal hoje sobre você e Ryan. Falando que você é a noiva dele. - Beth acrescenta.

Eu olho em sua direção e ele apenas dá de ombros.

- Nem eu que estava lá sabia disso! – Luiza fica me olhando ressentida. Luke a repreende.

- Luiza isso é assunto deles, nós não podemos nos meter.

- Eu sei Luke, só queria poder estar do lado dela quando acontecer.

- E vocês estarão, apenas foi um rompante do Ryan.

- Bem. Ainda não, mas vamos ter que fazer isso meus pais vão chegar amanhã à noite com meu irmão.

Fico olhando em seu rosto sem entender no que isso me atinge e a ficha cai. Começo a negar com a cabeça e ele vem até onde estou e segura minhas mãos.

- Não vou ficar noiva de você. Não é justo.

- O que aconteceu? - a Beth pergunta assustada com minha reação.

- Ele falou para uma pessoa da imprensa e depois a Charlotte nos encontrou e começou a me destratar. Ele falou que eu não era namorada e sim noiva. Deixou-a com cara de tonta, mas não quero isso. Não quero forçar nada.

- Você não forçou nada pequena.

Carl pega a Beth pela mão e se dirigi a porta.

- Bem vamos nos divertir um pouco e esquecer esses problemas. O que interessa é que a imprensa está amando Angélica Rodriguez e isso já é muito bom.

Todos dão risada, pegamos as cestas e coisas para levarmos. Descemos até a garagem e tem um carro enorme preto nos esperando, é um SUV com espaço de sobra.

Sento com o Ryan do meu lado, não muito feliz com a notícia que ele me deu. Ele me abraça e fico olhando pela janela.

- Você está brava comigo?

- Não.

- Angel, eles me ligaram de manhã e falaram que assistiram a tudo, eu não pude fazer nada. Quando chegarem nós conversaremos e tudo se resolve, ok?

- Está certo. Gostaria apenas de que ficasse uma coisa clara a você: não estou namorando você para me promover, não quero esse tipo de vida. Você ser famoso é um detalhe que eu só me lembro quando te vejo no cinema, televisão.

- Eu sei e é por isso que te amo.

Na praia, Carl para o carro próximo a um quiosque que tem vários adolescentes conversando. Pegamos nossas coisas e vamos em direção a areia. Ryan e Luke encontram alguns amigos e ficam conversando.

Carl estende uma toalha e coloca as cestas no centro, Beth deposita a sacola com toalhas e Luiza está bufando de ciúmes, acaba jogando o guarda-sol que estava trazendo. Carl começa a armá-los.

- Calma Luiza eles não podem fazer nada.

- Eu sei, mas não tenho sangue de barata.

Eu sei como ela está se sentindo e tento disfarçar também.

- Luiza, vamos entrar na água? - pergunto

- Vamos.

Tiramos nossos vestidos, ajusto o biquíni e vamos em direção ao mar. A água está um pouco fria, estamos quase desistindo quando alguns rapazes passam e brincam conosco.

- Ei se forem de uma vez não vão sentir tanto frio.

Olho na direção deles e dou um sorriso de agradecimento.

- Vamos contar até três e entramos juntas correndo ok?

- Ok.

Entramos correndo e mergulho na onda que se aproxima. O rapaz estava certo não é tão ruim assim quando entramos.

Depois de algum tempo saímos e vamos ficar com os outros, pegamos toalhas e ficamos sentadas participando da conversa.

Almoçamos todos juntos e depois aproveitamos para ficar conversando.

Luke está sentado com a Luiza deitada no seu colo. Carl e Beth estão andando de mãos dadas pela orla da praia. Eu estou sentada encostada no peito do Ryan e ele está brincando com meu cabelo nos seus dedos.

Com o tempo vamos juntando as coisas e Carl olha para o céu:

- Bem está na hora de irmos. Está começando a esfriar.

- O que acham de irmos curtir um filme juntos? – pergunta Ryan.

Todos concordam e vamos pegando as coisas e caminhando para o carro.

Depois de trocarmos de roupa vamos todos no mesmo carro para o cinema.

Carl sai do cinema imitando várias cenas, mas de repente fica sério.

- Sabe o que me deixa triste às vezes? É saber que nosso grupo não será eternamente assim.

Beth o abraça e eles caminham um pouco a frente conversando em sussurros.

Luiza está abraçada ao Luke e olha com um sorriso triste nos lábios. Ryan me abraça e sussurra.

- Espero que conosco não seja assim.

Olho em seus olhos e fico muito triste. Todo amor é frágil, temos responsabilidade de mantermos ele vivo e bem. Se não regarmos e podarmos ele não crescerá.

Dou um selinho em seus lábios.

- Se não for assim saiba que você será o único homem que vai passar pela minha vida.

Ele me abraça e vamos caminhando pelas ruas até chegarmos ao flat.

A semana começa agitada e após me arrumar vamos de carro para a faculdade porque depois da aula o Ryan tem que buscar seus pais no aeroporto.

O dia passou sem que percebesse e já era hora do almoço quando nos foi possível parar. Chego ao refeitório e pego apenas um suco e me sento com o pessoal. Beth está massageando as mãos.

- Nossa estou com os dedos duros de tanto tocar. Esses professores querem nos matar de tanto ensaiar e corrigir falhas que não existem.

- Estamos estudando os diálogos e está cada vez mais complicado. No cinema não precisamos dessa perfeição muita coisa sai no improviso. - um descabelado Luke nos observa.

- E ai pessoal se matando?

- Vou precisar de gelo quando chegar em casa pois estou com dores no joelho, tornozelo e ombros. Não paramos de dançar nas últimas quatro horas. E mudando de assunto vocês viram o Ryan?

- Ele foi para a diretoria de novo, ele bateu de frente com o professor com relação às cenas de amor e o professor falou que não se importava com a sua existência na vida dele. Ryan ficou muito bravo e falou que isso se devia ao fato dele não ter ninguém importante.

- Bem vou buscar algo para ele comer.

Levanto e vou comprar um lanche, sigo pelo corredor até a coordenação. Estou em frente à porta que está apenas encostada e não consigo sair de lá. Fico paralisada pela conversa.

- Rapaz você deve compreender que ela não te fará famoso e não poderá te acompanhar nessa vida. - diz o professor.

Nisso o Sr. Wilson intervém.

- Ryan você deve seguir seu coração sempre.

- O que não vou admitir e esse professor falar mal da minha namorada como se ela não fosse ninguém. Ela foi a melhor bailarina que já dançou naqueles palcos e vocês sabem disso porque tratá-la assim?

- Sabemos disso só que você ainda é melhor que ela. Você iniciou quando ainda era criança e é considerado um talento nato.

- Bem, ou eles mudam ou não farei a peça.

- Teremos que alterar parte da historia por uma garota? Não aceito isso! - o professor está fora de si.

Neste momento percebo que não posso permitir que ele acabe com suas oportunidades por minha causa. Bato na porta e entro. Não olho na direção do professor, apenas cumprimento o Sr. Wilson e dirijo minha atenção para o Ryan:

- Oi fiquei sabendo que tinha vindo fazer uma visita e te trouxe algo para comer. Bem, não vou fingir que acabei de chegar e não ouvi nada, seria idiota da minha parte, mas gostaria que você pensasse melhor sobre a peça e fizesse como está no roteiro. Para que mudar algo tão belo? Sei que você quer me proteger e já falei que não precisa. Quero você feliz e se para isso tiver que aguentar cenas de amor não existe problema da minha parte.

- Angel é só a cena da morte que não quero fazer...

- Você precisa! Tem que ser feita como foi escrita. Você tem que entender que eu não mudaria uma peça de dança por você então não mude nada por mim.

- Você mudaria sim.

- Se minha carreira dependesse disso não mudaria não e você sabe que precisamos sair daqui bem, talvez você não, mas a Beth, o Carl, a Luiza e eu precisamos. Estamos dando nosso sangue para conseguirmos isso e quero o mesmo de você.

Ele se aproxima e me abraça, sussurrando no meu ouvido.

- Você é muito melhor que esses idiotas e sabe disso. Está se fazendo de forte para não prejudicar ninguém.

- Estou sendo forte por nós dois e sempre serei assim.

- Bem, parece que o senhor ganhou dessa vez professor. Estou dispensado?

- Claro pode ir, mas gostaria apenas de acrescentar algo: Angel você é uma das melhores alunas em dança que esta instituição já teve e sei que mesmo que seu sucesso não seja estrondoso, você vai balançar as estruturas de algumas companhias de dança. Você brilha sem a necessidade de luz e sabe disso.

- Obrigado diretor eu realmente me sinto feliz por fazer parte de algo, mas esta será a única vez que o senhor me verá abaixar a cabeça para alguém que se sente melhor do que eu. Com licença.

Saímos da sala e ele me pega pela mão e vamos direto para o estacionamento.

- Ryan eu tenho que voltar.

- Eu sei. Vamos comer no pátio externo e depois você volta. Tenho que ir para o aeroporto e depois venho te buscar ok?

- Ok, então pode comer.

- Você comeu?

- Tomei um suco, não estou muito bem do estômago hoje.

- Vamos repartir.

- Não. Pode comer.

Ele me dá um pedaço na boca e dá uma mordida imensa em seguida. Ficamos sentados lá fora durante um tempo, depois me despeço e vou para o teatro ensaiar mais um pouco.

Para se vencer é necessário se aprimorar. Sempre. Estou esgotada fisicamente e conseguimos chegar ao ponto auge do que a Srta. Smith quer. Vou para o vestiário e tomo um banho, coloco minha roupa e vou para o pátio externo esperar o Ryan.

Encontro Beth, Luiza e Carl.

- E ai, estão melhores?

- Melhor onde? Olhe meus dedos? Estou com tanto ódio desse professor que quero esfolá-lo vivo.

- Eu fiquei sossegado só treinando falas. A parte fácil do teatro.

- Angel estou como você só que estou bem. Ela está exigindo mais de você e do Peter. Ele sim vai entrar em colapso.

- Bem, amanhã vamos começar a ensaiar toda a estrutura então vai ser mais sossegado.

Neste momento o Luke aparece com uma cara estranha.

- Oi tudo bem? Desculpem o atraso é que tive que mostrar as dependências para um aluno de intercâmbio.

Todos olham para ele com surpresa e Carl já começa a interrogá-lo.

- Quem é cara? Famoso?

- Sim famoso, ele veio apenas aprender algumas técnicas de encenação e depois volta para o país dele no final do ano.

- Bem tem como falar quem é? - pergunta Beth.

- Jacob Roberts.

Nesse momento ele olha no rosto da Luiza e fica observando sua reação. Ela disfarça bem, mas sei que no fundo ela quer gritar muito. Ela admira o trabalho dele como ator e já disse isso inúmeras vezes.

- Angel cadê o Ryan? – ela pergunta para disfarçar

- Foi buscar seus pais no aeroporto. Estou esperando por ele.

Nesse instante meu celular toca tem umas dez mensagens recebidas, todas com o Ryan me avisando que o voo está atrasado e que não sabe que horas irá voltar.

Mando uma resposta para não se preocupar e vou a pé para casa.

Chegando ao flat vou para o meu apartamento, deito na cama e acabo adormecendo, acordo com minha mãe me chamando.

- Oi, desculpa eu acabei dormindo.

- Fiquei preocupada, pois os pais do Ryan vieram aqui e vão voltar daqui a pouco para conversarmos sobre o noivado.

- Droga! Mãe eu ia te contar hoje o que aconteceu mais não consegui.

- Eu já sei o que aconteceu não se esqueça de que assisto televisão.

- Eu sei e para piorar foi confirmar para a Charlotte.

- Essa parte ninguém me falou, mas tudo bem. E você filha o que quer fazer?

- Quero terminar a faculdade, trabalhar e depois pensar nisso.

- Bem vai ser interessante esta conversa. Se arrume que daqui trinta minutos eles vão aparecer para conversarmos todos juntos.

Estamos sentadas na sala quando a campainha toca e minha mãe atende, todos entram. Sou abraçada, beijada e depois minha mãe convida a se sentarem. Fico com a cadeira, a mãe do Ryan acha melhor conversarmos com total atenção. Isso o desagrada, mas ele fica calado.

- Bem nós viemos aqui hoje para resolvermos a situação causada pelo Ryan. No final de semana ele fez a besteira de declarar que estava noivo da Angélica e isso criou um alvoroço na imprensa, há fotos dos dois em diversos lugares e situações.

Minha mãe não perde a oportunidade.

- Entendo. Ele falou a repórteres e depois confirmou a ex-namorada que estava noivo. Correto?

- Isso mesmo. Ryan foi precipitado em suas declarações..

- Eu falei a repórter que ela seria minha futura noiva.

- Megan e eu achamos mais viável eles ficarem noivos de verdade. – seu pai diz.

- Não vou fazer isso!

Todos me encaram e apenas olho para o Ryan explicando meus motivos. Só devo isso a ele.

- Somos muito jovens e você sabe disso. Você assinou um contrato muito bom recentemente e não vou te atrapalhar. Deixe assim como está.

A mãe dele não deixa a ideia.

- Angel, o Ryan nos contou que você está ficando mais com ele no apartamento do que aqui e isso vai acabar vazando de alguma forma.

- Sem problemas volto para cá definitivamente.

- Não você não pode simplesmente resolver por você. – ele fala

- Estou resolvendo por você. NÃO VOU ATRAPALHAR SUA VIDA E ESTÁ DECIDIDO.

Me sinto péssima. Seu pai vem em seu socorro.

- Angel, você já faz parte da vida do Ryan. A única coisa é que vai usar uma aliança no dedo.

Minha mãe pega minha mão.

- De vez noivar porque não usam uma aliança de compromisso?

- MÃE! NADA DE ALIANÇA! EU NÃO QUERO!

Levanto e vou para meu quarto trancando a porta, escuto baterem e não atendo.

Eles continuam conversando na sala.

- Vocês tem que entender que ela não quer este tipo de compromisso e acha que é cedo demais. – Ryan fala

- Filho você começa a filmar em quatro semanas ela precisa dessa proteção senão a vida dela vai virar um inferno. – sua mãe tenta convencê-lo

- Beatriz converse com ela, tente fazê-la entender que é apenas pelo bem dela. Sei que ela não quer prendê-lo e ele precisa disso também. - diz seu pai.

Até esse momento o irmão dele não falou nada e vendo que eles não entendem tenta ajudar.

- Vocês precisam entender que ela está protegendo o Ryan da única forma que ela sabe.

- Vou tentar, mas não posso garantir nada. A decisão será dela. Apenas dela. – sentencia minha mãe.

- Posso tentar falar com ela? - Ryan pede.

- Claro você sabe que pode. – minha mãe confirma.

Estou deitada olhando o teto do meu quarto e escuto baterem levemente na porta. Escuto o Ryan me chamando e viro meu rosto olhando para a porta.

- Angel abre, por favor?

Me levanto e vou até lá, apoio minha mão em sua superfície e fico de olhos fechados tentando senti-lo. Sinto as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

- Angel abre a porta?

Sua voz está contida como se ele estivesse segurando seu choro também. Minha mão gira a chave e em segundos estou de frente com ele.

- Oi pequena.

- Eu não quero te prejudicar.

Meus soluços são abafados por seu peito que está me prendendo junto dele num abraço apertado. Ele me leva até a cama e fica abraçado comigo até meu choro cessar, sua blusa está molhada e sei que são minhas lágrimas que estão gerando os suspiros que seu corpo solta.

Levanto a cabeça e ele me olha com ternura.

- Nossa! Sou tão ruim assim para você não me querer?

- Você é bom demais. Só quero que seja livre para viver sua vida sem pensar que tem alguém te prendendo.

- Angel, vamos usar as alianças de compromisso? Depois pensamos em noivado, mas faça isso para que eu te proteja quando for trabalhar?

Fico olhando em seu rosto e vejo a tristeza em seus olhos por me recusar a usar esta droga de aliança. Ele quer me deixar com algo dele e isso é o que ele pode fazer no momento. Percebo o quão idiota estou sendo.

- Só se for bem simples, não quero nada espalhafatoso, promete?

- Prometo. Vamos procurar juntos, ok?

Ele me abraça e beija. Seus lábios estão trêmulos e suas mãos são carinhosas. Estamos apenas nos olhado quando escutamos um barulho e olhamos para a porta, o Colin está parado ali nos observando.

- Fala Colin.

- Eu queria apenas saber se a Angel está bem.

- Estou sim.

- Sei que é ruim essa situação, mas saiba que estamos juntos nela, ok?

Eu concordo com a cabeça e ele se vai em direção a sala.

- Se arrume que vamos buscar sua aliança e depois almoçar em algum lugar.

- Está certo.

Ele me beija e sai do quarto me deixando sozinha, quando me levanto sinto uma leve tontura. “Deve ser por não ter comido nada.”

Minha mãe está na sala me esperando.

- Vou com vocês. Tudo bem?

- Claro mãe, você é meu alicerce e sabe disso.

- Só faça aquilo que tiver vontade, filha.

- Eu o amo mãe. Não sei se consigo viver sem ele.

- Sei como é isso. Tudo vai ficar bem.

Ela me abraça e saímos juntas para o saguão do flat onde eles já estão nos esperando.

Ryan caminha na minha direção e pega na minha mão.

- Parece que a chegada dos meus pais alvoroçou os fotógrafos, vamos sair juntos e não se preocupe só sorria ok?

Olho em seus olhos e apenas concordo.

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