Capítulo 7

Me afundo no trabalho da faculdade que tenho que fazer e acabo deixando o Ryan um pouco de lado, apesar dele estar sempre por perto.

Ele me acompanha nas idas ao estúdio de dança, fica do meu lado enquanto monto todo o projeto.

O projeto tem peso dobrado na nota e dará participação garantida no espetáculo que temos no final do ano letivo. Vários nomes importantes comparecem, além de pessoas influentes na área da dança.

Na conversa que tive com minha mãe prometi dar o meu melhor para terminar a faculdade primeiro.  Sei que mais cedo ou mais tarde ele terá que sair para trabalhar, mas até lá quero aproveitar nosso tempo junto.

 Dormimos no sofá pela milionésima vez. Acordo-o com um selinho e me abraça mais forte, me beija a testa e suspira.

- Bom dia! O que temos para o dia de hoje? Ensaio?

- Hum, hoje teremos um dia de folga. Quero ficar com você num lugar bem aconchegante e nem vou pensar em faculdade. Segunda começam as aulas e você sabe que vamos nos ver bem pouco.

- Quer ir para o meu apartamento? Lá podemos ficar sossegados e ninguém nos perturbará.

- Grande ideia! Vou pegar algumas roupas lá no meu quarto e já volto para irmos, ok?

Volto para sala e deixo a minha bolsa no sofá, vou encontrá-lo na cozinha tomando algo. Dou um abraço e ele segura meus braços enquanto apoia o copo na pia e me puxa para ficar de frente para ele.

Fico ali, aninhada entre seus braços, minhas mãos acariciando suas costas, seu queixo está apoiado levemente na minha cabeça.

Eu ergo a cabeça para olhá-lo e ele está de olhos fechados, mas os abre assim que sente que o estou observando.

- Quer comer alguma coisa? – ele pergunta

- Você já tomou café da manhã? – pergunto

- Só um suco, mas estou com fome.

- Então vamos fazer algo para comermos, pois tenho que ligar para minha mãe e avisá-la.

- Vamos cozinhar juntos?

- Claro!

Dou risada da cara que ele faz e vamos organizando tudo, no final temos omelete, bacon, café, leite, cereal e frutas picadas. Arrumamos a mesa e comemos tudo.

Tiro a mesa e coloco a louça na lavadora. Ligo para minha mãe.

- Oi mãe bom dia. Eu só queria avisá-la que vou passar o final de semana fora e volto domingo à noite. Tudo bem?

- Tudo bem,  filha, vou chegar tarde mesmo. Aqui está uma bagunça e olha que fiquei fora por algumas semanas apenas. Fique bem.

- Pode deixar mãe. Te amo.

- Também te amo querida.

Ryan me avisa que teremos que sair para comprar comida, na casa dele só tem o básico já que ele esteve fora por quase um mês.

Entramos no seu apartamento e ele me leva até seu quarto e juro que foi difícil me segurar.

- Nossa que lindo!

- Você gostou? Eu troquei alguns móveis quando você foi para Barcelona.

Olho para ele sem entender. O quarto dele é lindo. Têm cortinas azul-marinho e branca, uma cama de dossel enorme bem no centro do quarto, televisão na parede oposta não muito grande. Tem duas portas: uma vai dar no banheiro que tem banheira de hidromassagem, com piso branco, duas pias e espelhos; a outra porta dá para o closet dele com suas roupas organizadas por cor, prateleiras com sapatos, gravatas e roupas casuais. Até seus bonés estão arrumados em ordem.

Quem será que deixa tudo assim? Ele que não deve ser.

Num dos cantos do quarto tem uma penteadeira linda no mesmo tom da madeira da cama, em cima tem escova de cabelo e alguns perfumes colocados.

Me dou conta que são coisas femininas e chego a dar dois passos para trás, mas ele segura minha mão e me puxa para perto dele.

- Eu comprei essa penteadeira pensando em você. Fico quase todas as noites imaginando você penteando seu cabelo antes de dormir. Sei que é idiota só que não consegui resistir.

- Ah Ryan e eu pensando que você tinha comprado tudo isso para Char...

Ele põe o dedo sobre meus lábios.

- Shiu. Não fale esse nome, por favor! Ela já tentou causar danos demais as nossas vidas não vamos dar mais uma razão para ela nos abalar. Eu fiz para você, pensando em você e em ninguém mais. Acredita em mim?

- Acredito meu amor! Acredito sim. Obrigado pelo presente, pena que ele fica aqui no seu apartamento.

Estou rindo, pois ele está com uma cara de quem foi pego de surpresa pelo comentário.

- Quem sabe você não vem ficar mais vezes comigo só para poder usar?

Eu olho em seus olhos e vejo o convite se formando, o medo aparece sutilmente  e acabo desconversando e lembrando sobre o mercado.

- Vamos logo antes que fique muito tarde.

Ele exagera e acaba comprando comida para uns dois meses. Quem liga? Vamos aproveitar o final de semana mesmo!

Depois de guardarmos tudo vou até o quarto e tomo banho. Ryan aparece depois do seu banho e vamos para cozinha.

Faço macarrão com queijo para o almoço e depois ficamos de bobeira. Estamos deitados no sofá e sinto o Ryan inquieto. Sinto sua respiração acelerar e seus dedos acariciam minha pele sob a blusa, me deixando arrepiada. Ele espalha beijos começando por meu ombro, pescoço até minha orelha.

Não consigo ficar mais nesta posição, me viro para ficar de frente para ele e consigo me ver em seus olhos que estão quase verdes. Seguro a respiração, ele me olha tão intensamente que sinto um aperto no coração.

Eu me aproximo e abro ligeiramente meus lábios, ele entende meu convite e cobre meus lábios com os seus e nos beijamos intensamente.

Ele me aperta de encontro a si e com muito custo nos separamos. Fico olhando para ele com o coração disparado. Sua voz está rouca.

- Preciso de você.  Não imagina o quanto.

- Posso imaginar, pois estou do mesmo jeito.

Ele me pega no colo e caminha em direção ao quarto. Me coloca com todo cuidado no centro da cama e apaga as luzes, deixando apenas um dos abajures ligado.

Ele não tira seu olhar do meu e se aproxima lentamente. Ele parece um tigre observando sua presa. Sem perceber eu passo a língua pelos meus lábios ressecados e seus olhos observam o movimento.

Meu coração está muito acelerado e tenho a impressão de que ele pode ouvi-lo. Ele fica aos pés da cama e puxa o cordão da sua bermuda. Meus olhos observam o movimento e ele está acompanhando a minha reação.

Eu seguro a respiração e quando ele tira a bermuda dou um pequeno suspiro, ele fica de cueca e deita ao meu lado.

Quando tento me afastar para lhe dar espaço ele me segura.

- Não! Fique quietinha.

- Ryan eu...

Ele me puxa pela nuca e nos beijarmos. Nossos beijos vão ficando cada vez mais intensos. Suas mãos descem por meu corpo e acaricia a minha cintura subindo até meus seios, sua boca percorre a lateral do meu pescoço descendo um rastro de fogo.

Suas mãos tocam meus seios, acariciando-os por cima da minha blusa, instintivamente arqueio as costas para sentir seu toque. Escuto gemidos e me assusto ao me dar conta que saem dos meus lábios.

Ele tira minha blusa e afasta meu sutiã e seus lábios se apossam de um dos meus seios, enquanto massageia o outro constantemente e isso faz ascender um fogo dentro de mim.

Preciso tocá-lo. Acaricio suas costas. Meu desejo aumenta e sinto um fogo líquido subindo por meu corpo, arranho suas costas levemente e seus gemidos invadem o quarto.

Ryan tira meu sutiã e seus olhos me observam, sinto vontade de me cobrir, mas resisto. Estendo a mão e acaricio seu peito, apertando seus músculos, vejo-o fechar seus olhos e gemer. Busco seus lábios com os meus. Sinto suas mãos nas minhas costas me apertando de encontro ao seu corpo.

Meu corpo responde aos seus carinhos e quando percebo, ele já me despiu completamente e está posicionado. Sinto um pequeno fisgar e uma dor que me corta, mas passa depois de alguns minutos.

Sinto meu corpo leve e quando me dou conta somos um só. Nossos gemidos se perdem no suor dos nossos corpos. Nessa dança rítmica que nossos corpos realizam.

Sinto uma explosão quente dentro de mim e seu ritmo desacelera. Fica apenas um pulsar constante dentro de mim.

Ele apoia sua cabeça no meu peito e seu coração está no mesmo ritmo do meu. Olho o teto do quarto enquanto acaricio de leve su costas e cabelo. Ele ergue sua cabeça e me olha.

- Eu queria poder ficar assim com você para sempre.

Dou um sorriso e sinto o tecido leve da colcha cobrir meu corpo. Sua voz chega sussurrada:

- Tente dormir um pouco.

E deixo o sono e cansaço me dominar.

Sou despertada por um cheiro maravilhoso e meu estômago está roncando de fome. Ainda de olhos fechados percebo que estou sozinha e me dou o direito de espreguiçar meu corpo.

Olho para a cama e vejo uma marca de sangue no lençol, decido tirar a roupa de cama. Me troco e sigo o aroma delicioso que está no ar e encontro o Ryan na cozinha preparando alguma coisa no fogão.

- Bom dia.

- Bom dia. Como você está? - me pergunta

- Estou ótima. Onde é a lavanderia?

Ele aponta para o cômodo próximo à cozinha, passo por ele com as roupas e coloco tudo na máquina de lavar o mais rápido que posso, aperto alguns botões para programar a lavagem e volta para cozinha.

- Está com fome?

- Faminta.

- Vai ficar tudo pronto daqui a alguns minutos.

- Ok vou até o quarto e já volto.

Procuro no armário roupa de cama limpa e estou terminando de arrumar tudo quando ele entra no quarto.

- Você não precisa arrumar nada, daqui a pouco a faxineira vem e ajeita tudo.

- Não é trabalho nenhum.

- Você sangrou durante a noite não foi?

- Só um pouco.

- Você está com dor? Algum incômodo?

- Não. Estou com fome. E pare de se preocupar é normal isso acontecer, minha mãe teve aquela conversa comigo, me explicou tudo diretinho e no colégio eu tive aula sobre educação sexual então não continue com o assunto.

- Só estou preocupado...

- Não precisa. Não sou feita de porcelana. Não sou frágil e se fosse assim não teria segurado a barra ao saber da gravidez da sua ex-namorada.

- Tá bom. Entendi. Vamos comer.

Ficamos o tempo todo juntos assistindo televisão e dormindo. Num momento ele me pergunta sobre o que pretendo fazer no futuro.

- O que você vai fazer depois de se formar? - ele pergunta

- Vou ver se consigo entrar numa companhia de dança e viajar o mundo me apresentando.

- E eu? Como é que fico?

- Você vai trabalhar ao lado de pessoas famosas e fazendo muito sucesso. Voltando para perto de mim toda noite.

- E quando eu estiver de um lado do mundo e você do outro?

- Ryan existe telefone, celular, internet e sinal de fumaça. Vai ser difícil ficar sem se falar, não acha? Sem contar que falta ainda um ano e meio para isso acontecer, porque não aproveitar agora e deixa acontecer naturalmente?

Ele passa os dedos pelos cabelos e toca no assunto.

- Angel, estou com medo de que o filho da Charlotte seja meu e isso torne nossa vida insuportável. Ela fará de tudo para nos separar.

- Eu sei, mas assim que confirmar você terá que tomar uma decisão e quem sabe ela nos deixe em paz?

 - Verdade. Vou ligar para minha mãe e perguntar se tem alguma novidade. Não adianta ficar querendo adiantar as coisas.

- Resolvido. Agora me dê um beijo e encerrar esse assunto.

Na madrugada acordo com a sensação de que algo está diferente, o quarto está escuro mas vejo que o Ryan não está do seu lado da cama.

Vou ao banheiro e depois para a cozinha. Ao passar pela sala vejo o Ryan dormindo no sofá.

Me aproximo e desligo a televisão, vou até o quarto pego uma manta e cubro seu corpo. Acabo decidindo ficar com ele aqui e me ajeito ao seu lado. Ele abre seus olhos quando estou me aconchegando ao seu lado.

- Oi, perdeu o sono?

- Eu acordei e você não estava na cama. Não queria ficar sozinha...

- Desculpe-me eu vim assistir a final de um jogo e não quis te perturbar. Vamos para cama.

Estou de olhos fechados ainda, mas posso sentir sua respiração na minha nuca, sua mão pousada na minha cintura. Me viro lentamente e fico de frente para ele.

Estendo minha mão e acaricio seu rosto com a ponta dos dedos, sua barba está crescida e mesmo assim ele fica charmoso.

Passo meus dedos por seus lábios e sinto a maciez deles. Dou beijos leves em seu rosto, queixo e lábios. Hoje será nosso último dia de férias e tento gravar estes pequenos momentos em minha mente.

No dia seguinte tudo voltará ao normal. Aulas, correria, ensaios, trabalho. Queria poder ficar aqui neste momento.

Ergo meu olhar e encontro-o a me olhar.

- Oi. - ele diz sorrindo

- Oi. - respondo

- O que você quer fazer hoje?

- Não sei e você?

- Hum você quer mesmo saber?

- De novo? Não sei não, mas acho que a partir de amanhã ficarei solteira...

- De jeito nenhum! Amanhã vamos juntos, almoçar, voltar e essa será nossa rotina. Se eu não soubesse que você nasceu para dançar iria te pedir para mudar para teatro.

- Ryan não precisa ser assim, podemos ir juntos mas o restante vai depender do que teremos que fazer. Terei que ir a aulas fora da faculdade e isso irá alterar minha rotina.

- Esse próximo semestre será puxado para todos. Imagino como seremos sugados e obrigados a melhor cada dia mais.

- Estava pensando em como é o espetáculo no final de ano.

- Bem, este ano nós iremos participar, mas no próximo não, então temos que dar o melhor de nós desta vez, não haverá outra oportunidade.

Fico com o pensamento perdido em como deve ser. Na minha cidade o espetáculo é apenas no último ano mas aqui? Vamos participar este ano e se não atingirmos a nota necessária teremos nossa segunda chance no último ano.

Acabo adormecendo com esses pensamentos.

O dia começa comigo na cozinha preparando nosso café da manhã e como Ryan não apareceu ainda vou até o quarto e vejo que ele não está mais deitado. Caminho até a porta do banheiro e bato:

- Preparei nosso café da manhã, você vem comer?

- Vou sim, só estou terminando de fazer a barba.

- Te espero então.

Quando sentamos ele morde uma torrada e me olha, percebo que ele quer falar algo e acabo erguendo levemente a sobrancelha em questionamento.

- Sei que combinamos de ficar o final de semana todo juntos, mas queria saber o que acha de irmos ao cinema? Se não quiser podemos ir em algum outro lugar. O que acha?

- Tudo bem.

Seu sorriso surge e vejo que só o fato de ter aceitado o deixa assim. Por mim ficaríamos aqui. Isolados. Puro egoísmo meu.

Estamos nos arrumando quando surge o assunto sobre a carreira dele.

- Angel estive pensando e acho que vou ficar fora das gravações durante este ano para poder me aplicar mais nos estudos e poder participar das atividades que a faculdade exige.

- Será realmente necessário? Não seria melhor realizar pequenos trabalhos em semanas que ficam mais tranquilas?

- Vou pensar, mas só não vou abandonar os eventos que sou convidado, nesses você vai comigo.

- Não te preocupa o assédio que vai ter quando nos virem juntos?

- Não. O que importa somos nós. Temos que manter nossas vidas entre nós.

- E quando a gravidez da Charlotte for confirmada? Estarei perdida.

- Minha mãe prometeu que tentará manter sigilo o máximo de tempo possível. Isso não irá afetar nossas vidas e se acontecer de descobrirem não poderemos fazer nada. Escolhi ficar com você independente dela estar grávida ou não. – se aproxima e me puxa para seus braços – Vamos viver um dia de cada vez? Termine de se arrumar temos que pegar um táxi para irmos a Coney Island.

Olho assombrada em sua direção.

- Jura? Vamos mesmo lá?

- Você nunca foi?

- Não, esqueceu que estou aqui há seis meses apenas?

- Às vezes tenho a impressão que já estamos juntos uma vida inteira.

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