Capítulo 2

Estou caminhando distraída e admirando os prédios por onde  passo quando percebo que tem alguém me chamando de longe, tiro os fones de ouvidos e olho para trás. É o Ryan.

- Angel me espera!

Ele corre na minha direção e fico esperando ele se aproximar.

- Ah desculpa estava distraída ouvindo música, você está com sorte estou ouvindo música com volume baixo, senão nem tinha te ouvido me chamar.

- Eu também sou assim, na maioria das vezes é para espantar os fotógrafos. Só que hoje esqueci os meus fones e como vamos para o mesmo lugar pensei em irmos juntos.

Fico sem graça por perceber que ele me reconheceu. Só não entendo porque não falou nada na frente dos outros?

- Hã hã. Mas como você sabe que vamos para o mesmo lugar?

- Vai me dizer que não me reconheceu de sábado? Eu te vi no prédio onde moro.  Estava você e sua mãe, certo?

Eu dou um sorriso.

- Sim, e você estava com sua namorada, certo?

- Sim aquela é minha namorada, Charlotte. Ela não mora aqui e veio passar alguns dias comigo. Ela volta para Paris amanhã.

- Legal, eu já fui a Paris com minha mãe. É realmente muito lindo e romântico. Passei férias lá uma vez. Adoro conhecer lugares novos e como danço, sempre íamos competir em outros países.

- Bem, quando eu te vi no sábado achei que já te conhecia, mas depois percebi que não teria como. Quem sabe não nos vimos em Paris? Eu já fiquei lá durante algum tempo e conheci vários lugares. Viajei a passeio uma vez.

- Será? Hum tudo bem é normal me confundirem com outras pessoas. Sou um tipo bem comum.

- Você não tem nada de comum para mim.

Eu paro e fico olhando para ele, não acreditando em suas palavras. Ele tem uma namorada bonita porque estaria me paquerando? Ele percebe que não estou ao seu lado e olha para trás.

- Aconteceu alguma coisa?

Olho nos seus olhos e balanço a cabeça em negação. Continuamos a caminhar calados até o flat. Estamos na portaria quando o elevador abre e sua namorada sai.

- Ryan porque você demorou tanto? Estou morrendo de fome!

Ele a olha com ar de irritação.

- Porque você não fez nada para você comer? A geladeira está cheia.

Ela faz um biquinho de charme e se aproxima colando seu corpo no dele, ela abraça seu pescoço e cola seus lábios. Essa é minha deixa e aproveito para sair de mansinho. Caminho rapidamente na direção do elevador. Fico pensando como uma pessoa pode ser tão bonita e antipática ao mesmo tempo. Ela nem se dignou a me cumprimentar.

Quando entro no elevador reparo que mesmo com ela pendurada em cima dele, seu olhar está fixo nos meus e dou um aceno antes das portas se fecharem. Fico sem graça com sua insistência em ignorar sua namorada e ficar me olhando.

Chego ao apartamento e vou para meu quarto, tomo um banho, coloco um short jeans, uma regata vermelha e chinelos. Aproveito para comer uma fruta e estudar um pouco. Como ainda estou tendo aulas teóricas faço todas as anotações necessárias e fico assistindo televisão depois disso.

Na hora do jantar minha mãe chega e está com uma aparência horrível.

- Oi mãe como foi seu dia hoje?

- Nossa filha nem imaginava que teria tanto a fazer. Tudo caminha para um final de semana de muito trabalho.

- Precisa de ajuda? Qualquer coisa traz alguma coisa que te ajudo aqui em casa.

Sempre ajudei minha mãe e sei que ela deve estar precisando de muita ajuda.

- Não ofereça muito, sou capaz de aceitar. Estamos com quadro deficiente de funcionário. Vou ver com o pessoal se tem como você trabalhar de casa, assim não perde suas aulas.

- Certo mãe.

- Vamos fazer algo para comer?

- Eu adiantei o arroz, só falta temperar a salada e fazer algo para acompanhar.

- Ah que bom! Vou tomar um banho rápido e já venho para fazer algo rapidinho.

Conversamos e depois vamos para sala assistir um filme, acabo cochilando no sofá e acordo com batidas na porta. Estranho o fato da minha mãe não estar aqui e olho as horas no celular, já passam das nove horas da noite.

Minha mãe já tinha ido se deitar, então sobrou para mim.

Vou até a porta e abro apenas uma fresta e dou de cara com o Ryan. Ele me presenteia com um meio sorriso.

- Oi, tudo bem?

Percebo que ele está sem graça.

- Espere um pouco que vou abrir a porta. - destranco e lhe dou passagem.

- Oi será que você poderia me ajudar?

- Claro!

- Eu poderia usar seu telefone? É que minha namorada surtou e não quer me deixar entrar no apartamento. Vou ver se consigo falar com a mãe dela para pedir para vir buscá-la. Senão não poderei continuar na faculdade. Ela realmente se excedeu hoje.

- Pode usar. Está ali na sala na mesinha ao lado do sofá.

Ele me olha de cima a baixo.

- Realmente me desculpe por atrapalhar. Você estava indo dormir?

Só então eu percebo que atendi a porta de camiseta e chinelo. Peço licença e corro para o quarto e coloco um short.

Quando volto, ele está ao telefone falando com alguém e para deixá-lo à vontade vou para cozinha. Me sirvo de um suco. Estou distraída pensando no que leva uma mulher a ser tão maluca assim quando escuto uma tosse leve, olho para trás e ele está encostado no batente da porta.

- Pronto! Quando vier a conta te pago a ligação.

- Sem problemas.

Ele fica me olhando e acabo percebendo que algo está incomodando ele.

- Você quer um suco? Água?

- Não, obrigado. Só preciso arrumar um lugar para dormir já que a Charlotte não permite minha entrada. Agora vou indo, não quero mais te atrapalhar.

Ele dá um sorriso de canto de boca que é tão lindo que nem percebo o que falo em seguida:

- Se você quiser pode dormir aqui. Eu arrumo o sofá para você.

Ele me encara e fico sem graça. Foi automático.

- Não iria incomodar?

- Não, vou falar com minha mãe e já volto.

Caminho até o quarto da minha mãe e depois de algum tempo consigo fazê-la me ouvir.

- Mãe? Mãe?

- Oi filha, o que foi?

- Sabe aquele garoto que encontramos no elevador sábado? - espero ela concordar - Então ele estuda comigo, acontece que a namorada dele surtou hoje e o deixou para fora do apartamento. Ele veio me pedir para usar o telefone. E juro, mãe, acabei oferecendo sem querer para ele ficar no sofá hoje até a mãe da namorada vir buscá-la. Tem problema?

- Hummm aquele bonitão do parque? - ela está brincando comigo só pode – Sem problemas querida só tenha juízo certo?

- Credo mãe! Ele é meu colega de faculdade e não sinto nada por ele.

- Ainda. Mas mesmo assim tranque a porta do seu quarto.

- Está bom!

 

Saio do seu quarto sorrindo e volto para sala. Ele está me esperando de pé próximo a porta.

- Você pode dormir aqui hoje. Vou arrumar tudo. Você quer me ajudar?

- Tudo bem!

Acabo mostrando para ele onde fica o quarto da minha mãe e o meu. Entro no meu quarto, vou até o armário e pego lençóis limpos, fronhas, travesseiro e toalhas. Coloco tudo nos seus braços. Ele coloca tudo sobre a mesa de centro e ajudo a forrar o sofá.

Volto até meu quarto e pego uma camiseta larga que uso para dormir e empresto para ele. Mostro onde é o banheiro.

- Você pode ficar a vontade, no armário do banheiro tem uma embalagem com uma escova nova pode usá-la se quiser.

Ele está olhando a camiseta e fico sem graça com sua pergunta.

- A camiseta é de algum namorado que ficou em Barcelona?

- Não, era do meu pai, quando ele ainda morava com a gente. - dou risada da expressão que ele tem no rosto.

- O que aconteceu com ele? – ele passa a mão pelos cabelos – Desculpe, não tenho o direito de perguntar.

- Sem problemas. Ele achou que era muito ruim minha mãe ter mais sucesso profissional que ele e nos deixou.

- Nossa como ele foi idiota.

- Também acho.

Ficamos nos olhando e damos risada.

- Você comeu? Se estiver com fome pode fazer um sanduíche na cozinha.

- Não, está tudo bem, não quero incomodar.

- Não incomoda. Vamos lá que faço um para você.

Na cozinha tiro os ingredientes da geladeira e preparo um lanche suculento para ele. Pego um pote de sorvete e sento na bancada.

Ele come em silêncio e percebo que ele está chateado com toda a situação.

- Quer sorvete? - ofereço

Ele balança a cabeça em negação.

- Quer um suco? Ou leite?

- Suco está bom.

Sirvo o suco, pego meu pote de sorvete e vou para sala. Me aconchego na poltrona. Quando não estou bem gosto que me deixem sozinha e costumo respeitar isso nas pessoas.

Ele continua na cozinha comendo seu lanche tranquilamente. Escuto quando ele lava o prato que usou e o copo. Ele aparece na porta e fica me observando. Faço sinal para ele se sentar. Ele ainda fica um pouco parado na porta olhando para o nada.

Eu sei bem como é essa sensação de não saber o que fazer.

Depois de um tempo ele vem para sala e senta no sofá. Ainda está calado.

Não tem problema, algumas feridas demoram a cicatrizar.

Estou assistindo um filme de ação. Amo filmes de ação. Tenho verdadeira paixão pelas sequências com carros e muitos tiros. Só que não estou prestando muita atenção neste momento.

Olho de esguelha e ele está vidrado no filme, tirou seu tênis e está com uma aparência relaxada. Balanço a cabeça levemente. Como uma pessoa poderia viver atuando? Isso não existe. Ele deve ter um momento só seu, um momento em que a máscara cai e ele se torna apenas o Ryan.

Estou distraída com meus pensamentos e não o vejo estender a mão e pegar o pote de sorvete da minha, tomar uma colherada e me devolver o pote.

- Hei não vale!

Ele sorri e pisca para mim.

- Humm sempre é mais gostoso quando é roubado.

Não aguento e começo a rir da brincadeira. Ficamos assistindo o filme e dividindo colheradas de sorvete. Isso é relaxante e me sinto bem ao seu lado.

O filme acaba e quando me viro para falar com ele percebo que ele está me observando. Eu tinha acabado de colocar uma colherada na boca e estava estendendo o pote para ele.

Fico sem graça, meu rosto está quente e sinto um frio na barriga e não é causado pelo sorvete.

Ficamos durante algum tempo nos olhando e seus olhos estão fixos na minha boca. Ele estende a mão e toca meu queixo, só então percebo que ele limpa um pouco de sorvete e leva seu dedo a sua boca e lambe.

Sinto um leve estremecimento, juro que não é de frio. Minha mente viaja em sensações e na mesma hora afasto isso. Ele tem namorada e não é para mim. Me afasto de sua mão o mais delicadamente possível, mas ele nota minha reação.

- Hei não fique chateada.

Olho em seus olhos e vejo que não foi por maldade, mas tem algo acontecendo aqui e não posso permitir que aconteça. Dou um meio sorriso.

- Está tudo bem.

Ele balança rapidamente sua cabeça e passa a mão pelos cabelos.

- Você se incomoda se eu for tomar um banho? – me pergunta.

- Claro que não. Fique a vontade. Eu vou ficar aqui mais um pouco vendo se encontro mais alguma coisa interessante.

Desvio meus olhos e me concentro em ver se acho alguma coisa para assistir. Percebo que ele ainda está sentado e assim que fixo um canal que está passando um seriado de comédia, olho na sua direção.

Ele sorri, levanta e vai em direção ao banheiro com a toalha e a  camiseta. Perco o interesse na televisão e fico olhando o corredor de minuto a minuto. Que droga! Preciso me policiar! Ele tem alguém na vida dele e só está aqui por precisar de um lugar esta noite.

Depois de algum tempo ele volta com a camiseta que emprestei, calça jeans e uma toalha que usa para secar os cabelos. Acabo pegando o controle e sintonizo num programa de entrevistas, e fico assistindo sem entender o que se passa. Não presto a mínima atenção.

Ele se deita no sofá e começa a prestar atenção no programa, eu fico olhando para ele e para os movimentos que suas mãos fazem para secar o cabelo. Ele apoia a toalha na sua perna e penteia os cabelos com os dedos. De repente ele olha na minha direção me pegando no flagra olhando para ele. Fico sem graça e sinto o meu rosto quente, posso ter certeza que estou corando de vergonha.

Levanto do sofá, vou até a cozinha, lavo a colher que usamos e jogo fora a embalagem de sorvete vazia. Faço hora na cozinha, mas tenho que ir me deitar logo.

Vou até próximo ao sofá e ele olha na minha direção.

- Bem, vou me deitar porque amanhã tenho aula.

- Também vou. - ele responde.

Desligo a televisão e caminho até o corredor e me viro para desligar a luz.

- Boa noite, Ryan!

- Boa noite, Angélica! - ele me lança um sorriso que derrete a calota polar, meu coração dispara no peito.

Entro e fecho a porta. Preciso me apoiar nela. Ele tem um jeito de falar meu nome que me tira o fôlego, sinto meu rosto quente e acabo abrindo um sorriso.

Nunca ouvi meu nome de forma mais bela.

Escorrego até o chão e fico ali pensando em como vou conseguir dormir sabendo que ele está a alguns metros apenas.

Vou ao banheiro escovo os dentes, volto para o quarto me deito e fico observando a lua caminhar pelo céu, até o sono me alcançar e eu adormecer, tenho sonhos e sei que eles não são reais.

 

Acordo na manhã seguinte com minha mãe batendo na porta e me chamando.

- Já estou acordada mãe. Estou indo tomar café.

- Você está atrasada! Vamos logo!

Olho o relógio da cabeceira e dou um pulo começo a me trocar freneticamente, acabo optando por calça jeans, camiseta básica branca e tênis. Pego meu horário na mochila e vejo que terei a primeira aula prática e arrumo minha mala com toalha, malha de balé, sapatilha, meia-calça, faixa de cabelo e coloco minha nécessaire na bolsa para poder prender meu cabelo nas aulas de dança.

Saio do meu quarto e vejo que o sofá está sem vestígios de uma noite. Está tudo arrumado como antes.

Vou para a cozinha, minha mãe está tomando café sozinha.

- Bom dia. – digo – O Ryan já foi embora?

- Bom dia! Tem ovos e bacon aqui para você só falta pegar um café. E sim, ele já foi logo cedo, disse algo sobre resolver um problema.

Concordo enquanto me sirvo e sento a mesa. Não como, engulo tudo muito depressa, minha mãe me dá uma bronca.

- Calma assim vai passar mal.

- Estou atrasada. Vou perder o ônibus.

- Mesmo assim coma mais devagar. - ela está com um sorriso estranho no rosto.

- Não vou não. E que sorriso é esse?

- Ele é bonito Angel.

- Ok mãe, pode parar. Ele tem namorada e sem contar que ele é famoso. Não quero ser notícia nas revistas. Obrigada, mas passo.

- Por quê?

- Não quero falar sobre isso.

- Filha, você precisa ver que algo está acontecendo. Não está sentindo?

- Não e pode para com essas ideias. Vou de ônibus hoje. Tchau mãe.

- Tchau filha.

Pego minha mochila e saio correndo para pegar o elevador. Chego à faculdade com alguns minutos de atraso, não espero nada nem ninguém e corro para a sala.

Como o professor ainda está entrando aproveito a deixa e me sento no meu lugar na janela.

As aulas correm normalmente, mas não consigo me concentrar. Ele foi embora e nem se despediu. Fico pensando como ele irá falar comigo na hora do intervalo e meus olhos ficam grudados no relógio no alto da parede.

As horas demoram a passar e depois da segunda aula vamos para a sala de balé que fica próxima ao teatro.

A Srta Smith é exigente e deixa isso muito claro assim que entra na sala, ficamos por mais de uma hora e meia fazendo exercícios de alongamento e aquecimento.

Vou para o vestiário e nem ligo para as dores. Tomo um banho para tirar o suor do corpo e coloco minha roupa novamente. Sou a primeira a sair e ir para o refeitório, quando encontro os outros sinto o gosto amargo da decepção. Ele não está na mesa.

Coloco minha mochila perto de uma cadeira vazia ao lado do Luke e vou buscar algo para comer. Sento com minha bandeja e sou presenteada com a alegria de uma discussão sadia sobre o mundo do cinema que está acontecendo entre Luke e Carl.

- Carl você sabe que teatro é muito mais difícil que cinema. Muitas vezes fazemos cenas que nem imaginamos como vai ficar.

- Tá cara, mas aquele professor falar que não nasci para o cinema é ridículo.

- Você tem talento no teatro amigo deveria investir nele.

- Quero minha estrela na calçada da fama Luke. Quero poder andar ao lado de você e do Ryan como um igual.

- E falando em Ryan alguém sabe dele? - pergunta Luke.

Todos se olham e dão de ombros. Olho para o Luke e ele está com o celular na mão digitando. No mínimo vai ver o que aconteceu.

Ele coloca o aparelho na mesa e logo em seguida ele toca. Pela sua expressão não são notícias muito boas.

- Bem ele não virá essa semana. Está resolvendo um problema.

Percebo que ele apenas contou parte da mensagem, pelo canto dos olhos vi que o texto é enorme. Ele coloca o aparelho na mesa e fica numa troca de olhares estranho com o Carl.

Estou comendo minha maçã quando seu telefone toca de novo e ele atende com rapidez, mas consigo ver que a chamada é do Ryan.

O Luke atende a ligação e ficamos olhando na sua direção ouvindo suas respostas e acabo rindo da cara da Beth que faz sinal para o Carl se calar, ela quer ouvir.

- E ai cara! Tudo bem? Certo. Estamos na hora do intervalo. - ele vira e me olha – Veio sim. Não sei cara, quer que pergunte? - ele dá um sorriso enorme e faz cara de quem não acredita no que está ouvindo – Certo cara vou fazer isso. Até semana que vem.

Ele desliga e fico assombrada com a Beth e suas perguntas.

- Ele já te pediu para cuidar da Angel?

- Beth ele só ficou preocupado. Ela vai embora a pé.

- Caramba, ele está com a Charlotte e já está de olho na novata? Ele é muito cara de pau isso sim.

- Ei ele apenas pediu para nós revezarmos para levá-la para casa. - diz Luke

- Então hoje eu levo. - Fala o Carl

Não acredito que eles estão falando como se eu não estivesse aqui.

- Ei eu estou bem aqui sabiam e não preciso de babá. Pode falar isso para o Sr. Russell.

Levanto, levo minha bandeja até o lixo e juro que meu sangue está fervendo de ódio. Como ele ousa! Não sou uma das suas amiguinhas coloridas que precisam de cuidados. Saio bufando do refeitório e vou para as aulas restantes.

O tempo passa voando e quando estou saindo vejo os três me esperando. Já chego falando um monte.

- Nem vem com história. Vou para casa sozinha.

O Carl põe as mãos na frente do corpo e está sorrindo quando fala.

- Calma! Só íamos te chamar para ir ao cinema conosco.

Olho desconfiada para eles.

- Valeu pessoal só que estou sem dinheiro aqui e tenho que ajudar minha mãe no trabalho dela.

- Quer uma carona então? - pergunta Beth - Vamos passar na frente do seu prédio.

- Tudo bem.

Vou com eles para o estacionamento e em poucos minutos estou descendo na porta do flat. Me despeço deles e subo para o apartamento. Encontro um monte de pastas sobre a mesa da sala de jantar e sei que vou ficar por um bom tempo ocupada.

Coloco um short amarelo e uma camiseta branca, fico descalça e depois de me servir de um copo de suco começo a pegar as pastas e trabalhar no que é necessário.

Quando minha mãe chega à pilha está bem mais baixa e ela fica muito feliz e me dá um abraço.

- Filha isso merece uma comemoração. Vou comprar algo para comermos e já volto ok?

- Só se for pizza mãe.

Ela concorda e sai com a bolsa pendurada no ombro. Quando volta com a pizza percebo que não comi nada sólido, só o suco e devoro um pedaço.

- Filha pode descansar. Amanhã você faz mais um pouco.

Concordo com ela e depois de comer vou para meu quarto e durmo imediatamente. Estou exausta.

 

A semana passa acelerada e nem percebo que já é sexta-feira até na hora do intervalo. Estamos sentados conversando sobre os trabalhos que estão aumentando de volume a cada dia. O Luke pega e solta à bomba.

- Vocês viram o escândalo que saiu envolvendo o nome do Ryan?

- Brincou? Cadê? - diz a Beth.

Ele joga uma revista na sua direção e vejo que na capa tem uma foto do Ryan saindo do flat de boné e óculos escuros junto com uma mulher de mais idade e sua namorada que está com cara de choro.

- Coitado, ele passa cada situação com essa menina que só com muita paciência mesmo – ela diz folheando a revista até achar a reportagem completa. – Ouçam isso!

 

“Ryan Russell, 19, declarou que está solteiro mais uma vez. Ele teve uma briga com sua namorada Charlotte Sariego no começo da semana e declarou que o relacionamento não estava dando certo. Alguns amigos do casal disseram que tudo aconteceu por ciúmes. Russell teria encontrado com uma amiga no último final de semana numa festa badalada em Nova York.”

 

- Viu o que dá ficar com a megera? - diz Beth.

- Sabe eu achava que ele não voltaria mais com ela quando fez aquele escândalo todo com você, Beth. – Luke está rindo da cara que ela está fazendo.

Beth está com cara de poucos amigos, mas consegue sorrir e sua indireta é mais do que direta.

- Ele estava me ajudando com uma busca interna dos meus sentimentos e aquela idiota chegou bem na hora em que ele me abraçou. Pelo menos alguém acordou um pouco, só falta abrir outro olho, não é Carl?

O Carl toma um susto e olha na sua direção.

- Caramba você já me falou isso umas duzentas vezes. Nós já estamos juntos e não vou ficar te idolatrando o tempo todo. Sossega mulher.

Todos estão rindo deles, pois ela abraça seu pescoço e deposita um beijo barulhento na sua face.

- Ei Carl menos, não quero ficar de vela aqui. – diz o Luke.

- Você pode ficar com a Angel. Não é Angel? Seria legal!

Olho para o Carl e não acredito no que ele acabou de falar e quando olho para o Luke ele está vermelho parecendo um tomate.

- Somos amigos e se for para sair como amigos tudo bem. – digo

O Luke solta a respiração e me dá um sorriso.

- Não falei.

- Caramba Angel, deu um fora no meu amigo. – diz o Carl.

- Não é um fora. Já namorei, mas depois da última decepção estou tranquila com relação a isso. Decidi esperar a pessoa certa.

O Luke passa o braço por cima do meu ombro e me dá um meio abraço e um sorriso.

- Vamos para a sala senão vamos nos atrasar. Até a saída gente. – digo

Fico desejando que o final de semana passe logo e me recrimino por isso. Acabei de dispensar um solteiro para desejar ver um enrolado?

Estou com problemas mesmo.

Quando chego em casa o que tenho me esperando é mais algumas pastas, coloco uma roupa confortável e termino tudo rapidamente.

Fico assistindo televisão até tarde e quando olho no relógio já são oito da noite e minha mãe não chegou. Pego o telefone e descubro que vai ficar no escritório terminando alguns relatórios.

- Mãe você não pode ficar trabalhando assim.

- Só este final de semana e depois volto ao normal. Prometo. Tem dinheiro no pote de biscoitos se quiser comprar algo para comer. Até mais filha.

Desligo, pego algum dinheiro e desço para comprar algo para jantar.

Caminho lentamente até chegar a um restaurante chinês. Decido comer isso mesmo e entro.

Peço para uma pessoa e saio de lá carregada de sacolas.

Estou na porta quando encontro com o Ryan no caminho, mas ele está tão desligado discutindo no celular que não me vê.

Na mesma hora que meu coração dá um pulo no peito e dispara sinto um sabor amargo por ele nem ter me visto ou mesmo reconhecido. Sigo meu caminho observando as ruas e quando chego ao flat fico aguardando o elevador. Percebo que tem alguém me olhando, mas não me viro e quando o elevador chega entro e aperto o meu andar. O Ryan entra logo atrás e fica me olhando. Me sinto na obrigação de falar com ele.

- Boa noite, tudo bem?

- Boa noite. O que você estava fazendo na rua uma hora dessas?

- Fui comprar o jantar. Por quê?

- Você devia ter pedido para entregar. É muito perigoso sair este horário por ai.

- Não se preocupe sou invisível. As pessoas que conheço conseguem passar por mim sem me ver, imagine quem não me conhece!

Neste momento o elevador para no meu andar e saio direto para o meu apartamento deixando um Ryan boquiaberto.

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Comments

Maria De Fatima Carvalho

Maria De Fatima Carvalho

gostando 👏 💯 👏 💯 👏 💯

2023-09-19

0

Lena Macêdo E Silva

Lena Macêdo E Silva

Gato escaldado tem medo de água fria 😏 ele beijando a namorada e de olho nela o que parece ser uma atitude comum...o que impede dele não fazer o mesmo caso esteja com a Angel ⁉️... é bom não dar chance para mais uma decepção 🙃🤝

2023-08-21

0

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