Capítulo 4

Caramba, meu coração vem parar na garganta e juro que não tinha reparado no quanto ele é bonito, com seu cabelo castanho curto meio desordenado, seus olhos castanhos esverdeados, seu rosto marcante e seu sorriso torto que realmente me deixa com uma batida de coração a menos. Ele está de calça jeans, camisa xadrez e tênis. Seu sorriso aumenta quando ele me vê andando em sua direção e eu também sinto que estou sorrindo.

- Oi. - digo

- Oi. - ele responde

Ele me puxa para seus braços e me abraça muito forte. Ainda estou envolvida por seus braços quando escuto a tosse leve da minha mãe que chega empurrando o carrinho com as malas. Ele afrouxa um pouco o abraço e a cumprimenta, mas ele não me deixa escapar. Pega minha mão e entrelaça nossos dedos.

- Oi Ryan, como estão sendo suas férias? - minha mãe pergunta

- Até agora foram normais, estive gravando o tempo todo, mas agora já acabamos então posso descansar um pouco. E a senhora aproveitou a viagem?

- Que nada tive uma reunião atrás da outra e só parei hoje.

- Então agora a senhora vai descansar não?

- Espero que sim.

- Claro que vai! Vamos fazer muitas coisas nos próximos dias. - falo

- Você vai viajar comigo para a casa dos meus pais e sua mãe vai se divertir num cruzeiro que vou dar de presente para ela.

Fico olhando sem acreditar.

- Você está falando sério! Não acredito que você vai num cruzeiro, mãe! Ei eu não vou para a casa dos seus pais. De jeito nenhum!

- Vai sim, já conversei com eles e vamos ficar umas semanas lá enquanto sua mãe viaja.

- Não vou não. Vou ficar aqui no flat enquanto ela viaja.

- Angel, você vai comigo e fim de papo. Sua mãe vai concordar que você não pode ficar sozinha.

- Verdade filha, não iria viajar tranquila com você aqui sozinha.

Olho para o Ryan e apesar de estar chateada com seu tom de comando, sei que fez isso por mim. Ele quer que minha mãe tenha um descanso porque durante vários dias falei disso com ele. Fico com peso na consciência por estar estragando o descanso da minha mãe.

- Tá certo, vamos para casa dos seus pais.

Ele me abraça e me beija no rosto.

Juro que quase deu para ouvir o ar saindo dos meus pulmões.

Vamos para o estacionamento, a viagem é curta até chegarmos ao flat. Subimos para nosso apartamento. Como já é noite só tenho tempo de tomar um copo de suco e fico no sofá assistindo um filme com o Ryan.

Estou tão cansada que fico bocejando durante quase todo o filme, meus olhos estão pesados. Ele levanta e quando volta está com uma manta e travesseiro na mão.

- Deite aqui no meu colo. - ele fala.

- Não quero dormir agora.

- Angel, você está cansada e está dormindo sentada.

Fico olhando para ele e tenho que concordar que é verdade.

- Melhor ir para a cama. - digo

- Eu te levo para a cama quando for embora. Só fique mais um pouco aqui?

Concordo e deito minha cabeça no travesseiro que ele coloca no seu colo e me cubro com a manta. Durmo quase que imediatamente.

 

Não sei o que perturbou meu sono só sei que abro meus olhos lentamente e estou sentindo seu perfume de encontro ao meu nariz. Respiro fundo e vejo seu queixo de perto, sua barba está começando a crescer.

Estendo a mão e passo por seu rosto e fecho os olhos. Estou sonhando.

Sinto que ele está caminhando e logo os lençóis frios me recebem, ele me trouxe para a cama. Abro os olhos e ele está cobrindo meu corpo com a manta, ele está abaixado perto da cama.

- Ei volte a dormir. Vou para minha casa e prometo trancar a porta, amanhã cedo trago sua chave. Tudo bem?

- Tá, mas fica um pouco mais comigo?

Ele me olha e empurro meu corpo mais para o centro da cama e abro a manta para ele se deitar também. Ele me abraça e meu nariz respira seu perfume mais uma vez.

- Estava com saudade do seu cheiro. - digo

- Eu estava com saudades também. - ele responde

Sinto sua mão acariciar minhas costas e acabo adormecendo novamente.

 

Acordar no dia seguinte é muito difícil. Estou cansada da viagem ainda e acordar com minha mãe entrando no quarto com o café da manhã é a melhor coisa que poderia ter.

- Bom dia, mãe. Nossa! Não precisava.

- Só um agrado para minha filhinha que vai se sacrificar para me dar algum descanso. - ela está rindo da situação

- Ah mãe não vai ser sacrifício só que eu não me sinto a vontade em ir para a casa dos pais dele sendo apenas amiga.

- Por quê?

- Mãe, até um tempo atrás ele estava namorando e já pensou o que os pais dele vão pensar quando ele chegar comigo lá?

- Bem ele deve ter conversado com eles antes de decidir te levar, não acha?

- Espero que sim. Não quero criar uma situação que não existe. Somos amigos nada mais.

Ela me olha e sinto que lá vem coisa.

- Porque você não quer.

- Como assim?

- Angel, você não viu ainda como ele te olha? Ele gosta de você, filha.

- Somos amigos, claro que ele gosta de mim.

- Eu quis dizer gostar mesmo, não como amigos. Pare de se esconder e observe Angel.

- Mãe, você deve estar errada. Não tem como ele estar apaixonado por mim.

- Bem, o pior cego é aquele que não quer ver. Eu falo pelo seu bem, ele gosta de você e talvez essa viagem com ele mostre isso a você.

- Agora estou apavorada. No dia que viajamos para Barcelona ele me beijou, conversamos muito enquanto estive fora. Ele nunca tocou no assunto do beijo e quando chegamos ontem ele me tratou normal.

- Você o assustou com sua reação.

- Mãe, eu nem tive reação. Eu adorei o beijo. Só disse que tínhamos que conversar sobre o que aconteceu, ele me pegou de surpresa. Droga!

- Eu vi. Foi realmente surpreendente o sorriso que você tinha no rosto, mas ele não viu filha. Talvez ele ache que você não gostou.

- Caramba eu nem sei o que dizer ou pensar.

- Bem, você precisa se mostrar aberta para ele. Esqueça que ele namorava. Se ele gostasse da ex-namorada já teria voltado com ela. Quando ele vier até você aceite ou não.

- Tá bom, mãe. Só não sei se gosto dele tanto assim. Tenho que definir o que sinto, só assim vou poder saber o que quero. Estou confusa, mãe.

- Quer minha opinião? Você gosta dele. Se não gostasse não teria se entediado na viagem a Barcelona. Não teria pedido para voltar antes.

Dizendo isso ela se levanta e sai do quarto ainda rindo da minha cara.

 

Fico olhando para a bandeja no meu colo e tomo o café na cama pensando na conversa que tive com ela. Tomo um banho, escovo os dentes e coloco uma saia jeans, regata verde e chinelos.

Quando chego à sala encontro minha mãe conversando com o Ryan. Estão falando sobre a viagem dela. Eles estão com vários panfletos de viagens na mesa de centro e discutem os melhores lugares para visitar.

Fico encostada na parede do corredor e não reconheço minha mãe. Ela está alegre e sempre falando sobre alguns lugares. Já fomos a vários países e vejo que ela descarta todos os lugares que já conheceu.

Parece até que ele sente minha presença, seus olhos me localizam e entro de uma vez na sala.

- Bom dia.

Ele abre um sorriso.

- Bom dia.

Ele levanta e me abraça. Retribuo o abraço e pela milésima vez sinto o seu perfume invadir meus sentidos, penso que é diferente de tudo. Sua marca registrada. Quando abro os olhos vejo minha mãe rindo e mostro a língua para ela.

Ela começa a gargalhar e o Ryan me solta.

- O que aconteceu Dona Beatriz?

- Nada demais. Foi só algo que li.

Ele se volta para mim com um olhar interrogativo e eu dou de ombros.

- O que você vai fazer hoje? - me pergunta

- Acho que vou dar uma volta no Central Park. Quer ir comigo?

- Vamos.

Ele ainda fica vendo o itinerário com minha mãe e eles escolhem um que passará pelas ilhas gregas. Ele faz uma ligação e passa todas as informações da minha mãe.

- Bem, tudo certo. Daqui uma semana a senhora embarca.

- Que ótimo vou sair para comprar algumas coisas agora mesmo.

Ela vai até seu quarto, volta trocada e com sua bolsa. Toda sorridente e feliz.

- Tchau vejo vocês mais tarde. E comprem algo para comer não fiz nada para o almoço.

Fico olhando ela sair rapidamente.

- Agora é nossa vez. - digo

Vou para meu quarto coloco uma sapatilha e volto para a sala.

- Vamos?

Ele levanta do sofá e seguimos para o elevador. Caminhamos próximos até chegarmos ao parque e depois de andar durante algum tempo sentamos para observar as pessoas e tomarmos sorvete.

Ficamos conversando sobre assuntos neutros como faculdade, amigos em comum, ele me fala o que o pessoal anda fazendo, seus objetivos para o próximo semestre de aulas, fala da cidade, o que mais gosta, o que menos gosta, como fica linda no inverno, e eu conto como foram as férias, o que visitei, como é lá nesta época do ano, o que estou achando daqui, o que espero daqui para frente, etc.

Ele compra nosso almoço e vamos comer debaixo de uma árvore observando como fica cheio o dia todo por aqui. O dia passa sem sentirmos e quando nos damos conta já está no meio da tarde.

Nos levantamos e voltamos para o flat. Enquanto caminhamos percebo que o Ryan está quieto demais. Olho na sua direção e sem pensar pego na sua mão, ele olha para mim sorrindo e entrelaça nossos dedos. Vamos assim durante todo o caminho.

 

Ao entrarmos no elevador ele se vira e coloca sua mão no meu rosto me olhando profundamente.

Sinto meu coração batendo freneticamente no peito, acho até que ele pode ouvi-lo. Ele se aproxima lentamente com os olhos fixos em meus lábios e instintivamente eu os abro levemente, pois respirar pelo nariz não está dando muito resultado. Me falta ar.

Sua mão vai parar no meu pescoço e me puxa gentilmente na sua direção, cobre minha boca com a sua. Não tenho consciência de mais nada além da sua boca na minha, sua mão que acaricia meus cabelos, da minha mão apoiada em seu peito e as batidas do seu coração que se igualam as minhas.

Sinto que ele está se afastando e penso que não tive o suficiente deste beijo, solto sua mão e enlaço seu pescoço, nossos corpos estão colados e sinto suas mãos nas minhas costas, nosso beijo se aprofunda, posso invadir sua boca com minha língua e provar seu gosto completamente.

O som do elevador parando nos desperta de forma brusca. Nos afastamos ainda ofegantes e saímos. Paramos na porta do meu apartamento e ele me vira para olhar em seus olhos.

- Angel, eu não vou me desculpar pelo que aconteceu porque eu queria muito fazer isso já a algum tempo.

- Não precisa, eu também queria. Só achei que você ainda estava chateado com tudo que aconteceu com sua ex-namorada.

- Eu não quero mais nada com ela Angel, e já deixei isso bem claro a ela também.

- Só não sei o que foi que você viu em mim.

- Você não sabe o efeito que tem sobre as pessoas.

Ficamos nos olhando e ele me puxa para nos beijarmos de novo. Sinto minhas costas apoiadas na porta e suas mãos sobem pelos meus braços até encontrarem meu pescoço e meus cabelos. Apoio minhas mãos no seu peito e subo uma até sua nuca e passo minhas unhas pelo seu couro cabeludo. Ele solta um gemido e se afasta.

Em seu rosto aparece um sorriso bobo e passo meu polegar por seu lábio inferior.

- Que foi? - pergunto

- Se eu imaginasse que ia ser assim juro que teria te beijado antes.

- Não tinha não. Porque não ia deixar você me beijar namorando outra pessoa.

Ele me olha com uma expressão de puro deleite e seu sorriso me deixa em fogo. Sinto que estou suando nas palmas das mãos. Só que não vou deixá-lo perceber o que sinto.

- Hum será?

- Você está se sentindo não?

Ele me puxa e me dá um selinho. Pega a chave da minha mão abre a porta do meu apartamento e entramos.

- Vamos assistir a um filme? - pergunto

 Ele nem responde, já se instala no sofá e liga a televisão para procurar algo.

- Vamos fazer pipoca? - ele se levanta e vem para a cozinha

Pego o pacote da pipoca e ele já coloca no micro-ondas e ficamos esperando terminar. Ele pega uma mecha do meu cabelo, fica enrolando nos dedos e o movimento se torna hipnótico. Quando retiro a pipoca e despejo na tigela ouço a porta se abrir e minha mãe chega.

- Quer assistir filme conosco? - pergunto

 - Claro. Estou precisando de uma distração.

Sento no sofá maior com o Ryan e minha mãe se aconchega no menor com um travesseiro e sua manta.

Quando acaba o filme minha mãe se levanta e avisa que vai dormir.

Eu levanto para levar a tigela para a cozinha e já pergunto.

- Quer mais pipoca?

- Não, quero que você fique aqui do meu lado quietinha.

- Tá bom então. - dou risada. Levo a tigela e volto rapidamente.

Sento ao seu lado e ele me abraça, encosto minha cabeça no seu ombro e ficamos assim durante um tempo.

Me sinto envolvida por seu carinho e acabo não prestando atenção ao filme. Minha mente está analisando tudo que aconteceu neste dia e me sinto bem com os carinhos leves que ele está fazendo no meu ombro, puxando uma mecha do meu cabelo e enrolando em seus dedos. Nunca tive um namorado assim.

Quando namorei antes, os caras ficavam apenas me agarrando e depois iam embora, não tinha esse tipo de carinho e companhia. Nem ligações ou mensagens durante o tempo que ficava junto.

Estar com ele é diferente. Tem um que de querer mais de desejar mais. Ele me faz bem e sinto que estando ao seu lado as coisas ficam calmas e tranquilas.

Fico abraçada a ele e está tão bom que acabo fechando os olhos e cochilando por alguns minutos.

Acordo um tempo depois. Abro meus olhos, a televisão está desligada, me vejo envolvida pelos braços do Ryan. Estamos deitados lado a lado no sofá, ele está com a cabeça apoiada no braço do sofá e eu com a minha em seu peito.

Observo-o dormindo durante um bom tempo, ele parece um anjo. Ele está tão relaxado e sua boca está ligeiramente aberta. Sinto um calafrio subir por minha coluna.

Nem percebo que ele acorda quando estremeço. E me assusto quando ouço sua voz.

- Você está com frio?

Ele me abraça mais forte e esfrega meus braços.

- Não, estou bem. É que...

- O que foi?

- Nada, deixa para lá.

- Me fale não gosto quando começa a falar algo e para.

Olho em seus olhos e meu sorriso o deixa um pouco mais calmo.

- Eu apenas estava pensando em como você é bonito, só isso. E eu não sou lá essas coisas. O que você viu em mim?

Ele franze a sobrancelha e fica me olhando com espanto.

- Tá brincando, certo?

- Não!

- Angel, você é linda!

- Pare! Não sou não. Sou comum demais.

- Tá certo você é comum. E eu sou bonito? O que você acha mais bonito em mim?

- Seus olhos, seu sorriso, sua boca, seu cabelo, suas mãos. Tudo!

Rimos muito porque foi engraçado.

- Angel, você tem a boca mais linda e gostosa que já provei. Seus olhos são quase da cor do céu. Quando te beijo posso vê-los ficarem ligeiramente escuros. Seus cabelos são macios e para completar você cabe direitinho nos meus braços. Você é linda!

Fico rindo da sua comparação.

- Tá bom. Chega de discussão. Sou linda para você. Agora vamos para a cama. Quer dizer eu vou para a minha e você para a sua.

Estou vermelha feito um pimentão depois de dizer isso. Ele baixa os olhos.

- E se eu te pedisse para ficar mais um pouco aqui comigo?

- Ryan já é de madrugada.

Ele acaricia meu rosto e sussurra.

- Por favor?

Fico olhando em seus olhos e não consigo dizer não. Solto um suspiro.

- Ok. Vou pegar um cobertor e já volto.

Vou até meu quarto e pego um travesseiro e a manta. Cubro-o e me deito de novo. Sinto seus braços me envolverem, fico olhando para ele até que sinto meus olhos pesados de sono e durmo novamente.

 

Acordo com alguém fazendo carinho no meu rosto. Abro os olhos e dou de cara com o Ryan me olhando. Tento levantar e ele faz não com a cabeça. Tento argumentar.

- Você deve estar com o braço dolorido.

- Não estou, está tudo bem. Você dorme tão gostoso.

- Você tem certeza que está bem? - me espanto - Porque disse que durmo gostoso? Só pode estar doente.

- Tá bom. Não falo mais nada. Vamos tomar café?

- Vamos. Minha mãe já levantou?

- Não que eu tenha visto.

Vamos até a cozinha e pelo jeito minha mãe ainda está dormindo, pois não tem café pronto.

Preparo tudo com muita calma e arrumamos a mesa juntos. Comemos em silêncio e por diversos momentos eu sinto que ele está me olhando, mas não falo nada. Terminamos e retiro a mesa colocando a louça na lavadora.

Olho na direção dele.

- Ryan, eu vou tomar um banho e já volto.

- Vou para o meu apartamento me arrumar também. Quer dar uma volta?

- Hum eu queria ficar descansando mais um pouco.

- Então eu já desço para não fazermos nada juntos.

- Ok.

Ele se aproxima deposita um beijo na minha testa e sai porta afora.

Fico sorrindo feito boba enquanto tomo banho e lavo meus cabelos. Vou para meu quarto me trocar e secar meus cabelos ainda pensando no que está acontecendo.

 

Estou sentada no sofá com um short preto, camiseta preta e chinelos quando a campainha toca. Grito do sofá mesmo.

- Está aberta.

Percebo que a porta se abre e quem entra é ninguém mais, ninguém menos que a Charlotte. Levanto na hora e fico olhando para ela. O que ela veio fazer aqui?

- Desculpe pensei que era outra pessoa. Em que posso ajudá-la?

- Bem, eu estava no apartamento do meu namorado e como ele não atendeu a porta falei com o porteiro que comentou que talvez ele estivesse aqui. Fiquei curiosa para saber quem seria a nova vítima dele. - ela fala olhando para suas unhas bem cuidadas.

- Compreendo. Bem, sou Angélica, estudo na mesma universidade que o Ryan.

- Entendo, então você é colega de faculdade? E não é você que vai para casa dos pais dele na próxima semana?

- Acho que isso não lhe diz respeito, quem ele leva para casa dos pais dele é problema exclusivo dele. Não meu ou seu.

- Uau resposta afiada. Só que, querida, é meu problema sim. Sou namorada dele.

- Se você é a namorada dele o que está fazendo aqui ainda? Vai atrás dele e me deixe em paz.

- Vou mesmo. Só queria ver com que tipo ele está andando agora.

- Um tipo bem diferente de você. Pode acreditar. - aponto a porta - Tenha um bom dia.

Como ela não se mexe para sair, me aproximo de onde ela está, empurro-a porta afora e ainda fecho a porta na sua cara. Uso toda a força que tenho nisso.

Quando me viro minha mãe está de pé no corredor me olhando. Me sinto mal por tê-la acordado.

- Desculpe mãe, não queria te acordar.

- O que foi isso?

- Era a ex-namorada do Ryan que veio para conferir como eu era.

- Eu ouvi a conversa quero saber por que você deixou ela te tratar assim!

- Bem se eles voltaram, eu não vou me meter e criar problemas para ele.

- Voltaram? Ela está tentando deixar você chateada e parece que conseguiu. Bem, do jeito que vocês estavam dormindo ontem tenho certeza que ele não voltou.

- Bem, eu vou para meu quarto e não estou para ninguém.

- E se o ...

- Eu não quero falar com ninguém!

Me tranco no quarto.

Não quero chorar!

Pego meu celular e fico ouvindo música bem alto e quando me canso pego o livro que estava lendo e distraio meus pensamentos do que aconteceu.

Não consigo e acabo cedendo, as lágrimas chegam num volume absurdo e sufoco meus soluços no travesseiro. Chorar não alivia a dor mais me deixa um pouco melhor. Não sei por quanto tempo fico assim e acabo adormecendo. Acordo com batidas insistentes na porta do quarto. Deve ser minha mãe.

Levanto e abro uma fresta na porta, mas quem está de pé na minha frente não é minha mãe. Fico olhando em seus olhos e sinto que as lágrimas querem retornar. Ele é o primeiro a falar.

- Você está bem?

- Estou. Só quero ficar sozinha.

Ele se aproxima da porta e percebo que coloca o pé no vão que deixei.

- Eu quero conversar com você. Agora.

- Mas eu não quero. Poderia me deixar sozinha?

Ele empurra a porta e me afasto sentando na cama mantendo meu olhar em qualquer coisa menos nele. Ele se aproxima e se abaixa na minha frente.

- Angel, me ouve, por favor? Eu não tenho nada com a Charlotte acabou naquele dia que dormi aqui no seu apartamento. Ela me procurou hoje porque minha mãe falou que eu estava indo na próxima semana para casa e que iria levar alguém. Ela ficou louca de raiva e veio falar comigo, como eu não estava no apartamento ela perguntou para o porteiro. - ele dá um suspiro de desolação - Como ele nos viu juntos ontem comentou isso com ela. - ele passa a mão pelos cabelos - Eu falei para ela que você vai comigo. Que ela não pode me cobrar nada, pois o que nós tínhamos acabou. Não imaginei que ela viria até aqui para falar com você. Me desculpe! Conversei com sua mãe e ela me contou o que aconteceu. Sei que você pediu para ela não deixar ninguém te incomodar só que precisava falar com você hoje. Não gosto de deixar as coisas assim.

- Ok, entendi.

Cruzo meus braços e fico olhando para a janela do meu quarto. Não quero chorar, quero apenas que ele vá embora.

Ele se levanta e senta ao meu lado, sua mão acaricia meu rosto e ele pega gentilmente no meu queixo me forçando a olhar em seus olhos. Sinto que não consigo segurar as lágrimas, seus dedos começam a enxugá-las.

Ele me puxa para seus braços e começo a soluçar, não sei por que ela me magoou tanto com o que disse.

Eu consigo me acalmar, mas mesmo assim não quero conversar com ele. Até agora não entendo porque fiquei chateada com o que ela falou, não foi nada demais.

Seguro seu rosto com carinho.

- Ryan vai para casa. Amanhã eu converso com você.

- Não vou deixar você sozinha e, não quero ficar sozinho. Senão vou acabar indo atrás dela para tirar satisfação e se isso acontecer não sei do que serei capaz de fazer com ela.

Fico observando sua reação e sinto que preciso saber a verdade.

- Você ainda gosta dela?

- Não, não gosto mais dela e ela sabe disso. Se fosse em outros tempos eu teria voltado com ela, mas não quero mais.

Mesmo ouvindo me sinto mal e sinto que preciso me fechar um pouco. Preciso ficar só.

- Estou cansada, posso me deitar?

Ele me olha e sinto seus braços me apertarem mais um pouco.

- Claro. Eu posso ficar aqui com você?

Concordo apenas com a cabeça, ele se levanta me dando espaço para deitar.

Fico encolhida debaixo da manta e ele fica sentado acariciando meu cabelo. Eu fecho os olhos e ficamos assim por algum tempo. Acabo adormecendo.

Sinto seu afago acabar e ele toca meu rosto delicadamente, seus lábios depositando um beijo leve nos meus lábios, só que não consigo acordar.

Não sei dizer quanto tempo se passa e acabo dormindo pesadamente. Quando acordo durante a madrugada sinto seu braço na minha cintura e sua respiração no meu cabelo, involuntariamente dou um sorriso e volto a dormir.

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Comments

Maria Clara Aguiar

Maria Clara Aguiar

tá ficando quente

2024-04-17

0

Maria De Fatima Carvalho

Maria De Fatima Carvalho

amando 💖 💖 💖 💖 💖

2023-09-19

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Isadora Fernandes

Isadora Fernandes

mais um autora

2022-02-09

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