A tempestade lá fora parecia ser o reflexo perfeito da batalha interna que **Lara** travava. Os relâmpagos iluminavam a mansão escura, enquanto o vento batia contra as janelas com uma força implacável. O que antes parecia ser um simples confronto de verdades agora se transformava em algo maior, mais profundo. O momento que todos temiam, e que, de alguma forma, todos sabiam que teria que chegar, estava finalmente diante deles.
**Ayumi** estava ali, parada diante deles, o olhar gélido e calculista, como uma serpente pronta para atacar. Ela sabia que esse era o seu último movimento. A última carta que restava em sua mão. Ela sorriu de maneira fria, como se fosse impossível alguém escapar da teia que ela havia cuidadosamente tecido.
— Então, aqui estamos, no final — disse **Ayumi**, com uma risada baixa, quase sádica. — Eu sempre soube que esse momento chegaria. Mas não temam, **Lara**... você e **Rafael** estão prestes a entender a verdadeira razão por trás de tudo isso.
**Lara** estava paralisada. O coração batia forte, como se quisesse sair do peito. Ela olhou para **Rafael**, que estava ao seu lado, com a respiração pesada. Eles haviam chegado até aqui, mas agora, tudo parecia um grande pesadelo. O que **Ayumi** tinha em mãos, o que ela sabia, poderia destruir tudo o que eles haviam reconstruído, todos os sacrifícios que fizeram até agora.
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O silêncio entre eles parecia interminável. **Ayumi** parecia se alimentar daquele momento de tensão, como se fosse a vitória final de sua guerra pessoal. Mas, dentro de **Lara**, algo mudou. Ela não queria mais ser a vítima, não queria mais estar na sombra das mentiras e manipulações. Ela olhou para **Rafael**, e em seus olhos havia uma determinação que ela não sabia que possuía. O jogo deles ainda não estava perdido.
— Ayumi, você acha que sabe de tudo. Mas você não sabe nada do que realmente importa — disse **Lara**, sua voz mais forte do que ela imaginava que fosse. — Você pode manipular o que quiser, mas não pode destruir o que eu sinto. Não pode destruir o amor que tenho por **Rafael**.
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**Ayumi** deu um passo à frente, o olhar mais ameaçador agora.
— O que você sente por ele? — perguntou com um tom de deboche. — Você realmente acredita que o amor de vocês pode sobreviver a tudo isso? Depois de tudo que aconteceu? Depois de todas as mentiras, traições, manipulações? Você ainda acha que ele vale a pena?
Lara engoliu em seco, mas sua voz não vacilou.
— O amor vale. Ele vale mais do que qualquer mentira, qualquer traição. **Rafael** e eu somos mais fortes do que você pensa, **Ayumi**. Não importa o que você faça agora. Não importa o que você revele. Nós vamos continuar. E, no final, você será a única que ficará sozinha.
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O olhar de **Ayumi** se estreitou, e uma onda de raiva percorreu seu corpo. Ela havia sido a mente por trás de tudo isso, ela havia armado o jogo, ela havia controlado as peças, e, agora, sentia-se ameaçada. A verdade que ela guardava, que poderia destruir tudo, estava em suas mãos. Mas ela sabia que o tempo estava se esgotando.
— Você não entende, **Lara** — disse **Ayumi**, sua voz agora mais calma, mas carregada de ódio. — Eu não sou a vilã da sua história. Eu sou a vítima. Você me usou, assim como todos os outros. E **Rafael**, ele nunca te amou. Ele me amava, e você me roubou isso.
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Nesse momento, **Rafael** deu um passo à frente, sua voz carregada de tristeza e arrependimento.
— Eu te amei, **Ayumi**. Mas eu não posso mais viver em um mundo de mentiras. Eu não posso mais esconder a verdade. Eu não posso mais ser o homem que você queria que eu fosse. O que eu sou agora… é o homem que está disposto a enfrentar as consequências das minhas escolhas. E eu escolhi **Lara**.
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Aquelas palavras, ditas de forma tão sincera, atingiram **Ayumi** com um impacto que ela não esperava. O olhar de desprezo em seu rosto vacilou por um momento. Ela olhou para **Rafael**, e por um instante, algo mudou em seus olhos. Mas, logo, esse momento de fraqueza foi substituído por uma frieza gelada.
— Você pode escolher, **Rafael**, mas a verdade vai te consumir. Não há como fugir dela. E, quando ela vier à tona, nada mais importará. Você e **Lara** vão se afundar juntos.
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O silêncio na sala foi tão denso que quase dava para ouvi-lo. **Lara** olhou para **Rafael**, seus olhos buscando algo ali, algo que pudesse provar que ele estava certo, que tudo o que haviam enfrentado não seria em vão. Mas, no fundo, ela sabia que o maior desafio estava por vir. Ela precisava confiar nele, e, mais importante ainda, precisava confiar nela mesma.
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De repente, a luz do escritório piscou, e a porta se abriu violentamente. **Helena** entrou, com os olhos arregalados, como se estivesse correndo contra o tempo.
— Não! — gritou ela, correndo até eles. — **Ayumi**, você não pode fazer isso!
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**Ayumi** se virou, surpresa, mas logo sorriu com um tom amargo.
— Você sempre esteve do lado errado da história, **Helena**. Agora, não há mais volta.
Mas **Helena** não se abalou. Ela caminhou até a mesa e puxou uma pasta de documentos. Os papéis estavam espalhados pela mesa, mas um estava em particular em suas mãos. Ela olhou para **Lara** e **Rafael** com uma expressão de dor e alívio.
— O que **Ayumi** está escondendo não é a verdade. O que ela nunca contou é que ela… — Helena hesitou por um momento, respirando fundo antes de finalmente deixar as palavras escaparem. — **Ayumi** sabia que seu pai estava envolvido na morte de **meu marido**. Ela sabia, e foi ela quem armou para incriminar **Rafael**. Ela te usou, **Lara**, para destruir tudo o que você amava.
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O choque foi imediato. **Ayumi** tentou se aproximar, mas **Rafael** foi mais rápido, pegando a pasta das mãos de **Helena**.
— Você… sabia disso tudo, **Ayumi**? Você sabia e ainda assim tentou destruir tudo?
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**Ayumi** olhou para **Lara** e, pela primeira vez, a máscara caiu. Ela não era a mulher que todos viam. Ela não era a manipuladora imbatível que acreditava ser. Ela era apenas alguém que havia se perdido no jogo que criara. A raiva e a amargura desapareceram por um segundo, deixando apenas a dor crua.
— Eu… eu só queria que as coisas fossem diferentes… — sussurrou ela, a voz trêmula. — Eu só queria ser amada.
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**Lara** olhou para **Ayumi**, e pela primeira vez, sentiu pena dela. A raiva que ela sentia desapareceu, dando lugar à compreensão. **Ayumi**, por mais que tivesse causado tanto dano, também era uma vítima de suas próprias escolhas. Era uma mulher perdida, tentando encontrar seu lugar em um mundo que a rejeitava.
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Em um ato inesperado, **Lara** se aproximou de **Ayumi**, colocando a mão em seu ombro. Não havia ódio em seu gesto, mas sim uma tristeza profunda.
— Eu te entendo, **Ayumi**. Mas a dor que você causou não pode ser desfeita com mais dor. Você tem que escolher um novo caminho agora.
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Os olhos de **Ayumi** se encheram de lágrimas, e a verdade que ela temia mais do que qualquer outra coisa veio à tona. Ela se afastou, deixando que as lágrimas caíssem livremente. A batalha estava perdida. Mas, no fundo, **Lara** sabia que, talvez, **Ayumi** tivesse encontrado a única coisa que realmente procurava — a compreensão.
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No silêncio que se seguiu, a chuva lá fora pareceu diminuir, como se o mundo tivesse encontrado um momento de paz. **Rafael** e **Lara** estavam juntos, mais fortes do que nunca, mas com a consciência de que o amor verdadeiro não é perfeito. Ele exige perdão, sacrifícios e, acima de tudo, coragem para enfrentar a verdade.
**
O jogo finalmente havia acabado, e o amor deles, mesmo marcado pelas cicatrizes do passado, estava prestes a recomeçar. **Ayumi**, embora derrotada, finalmente compreendeu que a verdadeira vitória não era destruir, mas se libertar.
E, assim, o ciclo das mentiras chegou ao fim.
Obrigada por me acompanhar até aqui, querido leitor.
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Atualizado até capítulo 53
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