O relógio na parede do café parecia correr mais devagar do que o habitual, e Ayumi sentia que o mundo estava, de alguma forma, se desdobrando ao seu redor de maneira estranha. Enquanto Renji falava ao telefone, a pressão de seu olhar penetrante ainda parecia acompanhar cada movimento seu. Ela não sabia o que sentia — se alívio por ter escapado de um momento tão íntimo ou se um desejo confuso de saber mais sobre aquele homem, mais do que qualquer pessoa teria o direito de querer.
Renji voltou à mesa com uma expressão séria, seu rosto agora marcado pela frieza que ele aparentemente escondia sob a superfície. Ele estava diferente, mais distante, como se a conversa ao telefone tivesse alterado algo dentro dele. Isso a incomodou de maneira inesperada, mas ela não sabia por quê. Talvez fosse a facilidade com que ele havia se afastado, ou a sensação de que ele agora estava mais fechado, mais inacessível.
— Desculpe pela interrupção — Renji disse, voltando a se sentar, sua voz carregada de um tom sério, quase formal. — Precisava resolver um problema de negócios. Não pensei que fosse demorar tanto.
Ayumi apenas assentiu, tentando manter a compostura, mas sentindo o desconforto crescer dentro dela. Ela queria que a conversa voltasse ao mesmo tom leve de antes, mas agora tudo parecia tenso demais. O ar entre eles estava denso, como se houvesse algo no espaço que os separava, algo que ela não conseguia identificar.
— Tudo bem, não foi nada — ela respondeu, forçando um sorriso que não alcançou completamente seus olhos. — Eu estava apenas… distraída.
Renji observou-a por um instante, como se estivesse tentando ler além de suas palavras. Ele parecia mais cauteloso agora, mais calculista, como se estivesse pesando cada um dos seus gestos e palavras. Mas o que mais a inquietava era a maneira como ele a estudava, como se estivesse tentando entender algo que não estava visível.
Havia uma tensão crescente no ambiente, como se algo estivesse prestes a acontecer, algo que ninguém poderia prever. E então, de repente, foi como se o tempo tivesse congelado. Ayumi não podia mais ignorar o fato de que aquela sensação que a envolvia era mais do que apenas curiosidade. Havia algo de perigoso, algo imprevisível, que fazia seu coração bater mais rápido, sem motivo aparente.
O silêncio entre eles foi quebrado por uma mensagem que vibrava no celular de Renji. Ele olhou rapidamente para a tela e suspirou profundamente, sua expressão ficando ainda mais fechada. Ayumi notou a mudança, mas não ousou perguntar.
— Eu realmente preciso ir — Renji disse, levantando-se de maneira brusca. — Um compromisso de última hora. Foi um prazer conhecê-la, Ayumi.
Seu tom era formal demais para o contexto de uma conversa amigável, e Ayumi sentiu a frustração crescer dentro de si. Ele estava se afastando. E não era apenas uma questão de sair do café. Era como se ele tivesse se fechado por completo, como se a parede invisível entre eles tivesse se levantado novamente.
— Tudo bem… — Ayumi murmurou, não sabendo o que mais dizer. A ideia de ver Renji se afastando sem mais explicações a deixou com uma sensação de vazio, como se algo fosse roubado dela, algo importante. Mas ela não sabia o que era.
Renji lhe lançou um olhar intenso antes de se virar para sair, como se estivesse hesitando, mas em seguida, como se algum tipo de obrigação o tivesse empurrado para a porta. Ayumi o observou ir embora, sentindo o peso de sua partida. Ela queria correr atrás dele, perguntar o que estava acontecendo, mas algo a impediu. Era como se ela soubesse que, se o fizesse, tudo o que havia de misterioso e intrigante se perderia. Talvez fosse melhor deixar as coisas como estavam.
Mas quando ela se levantou para pagar a conta, o destino a interrompeu novamente.
A porta do café se abriu com um estrondo repentino, e duas figuras entraram, uma delas sendo Renji, mas com um homem ao seu lado. O outro homem era mais alto, com uma presença imponente. Ayumi o reconheceu instantaneamente. Era **Kaito Sakamoto**, o irmão mais velho de Renji, o sucessor da poderosa família Sakamoto. Sua aparência era tão fria quanto a do irmão, mas havia algo de ainda mais intransigente em seus olhos. Kaito lançou um olhar rápido em direção a Ayumi, como se a conhecesse, e ela sentiu um calafrio subir por sua espinha. Renji, por outro lado, parecia desconcertado ao vê-la.
— Ayumi — Kaito disse em um tom que não deixava espaço para dúvidas. — Conheço você de algum lugar.
A tensão no ar aumentou instantaneamente. Renji olhou para Kaito, e algo passou entre os dois. Ayumi não sabia o que era, mas a mudança na postura de Renji era clara. Ele estava desconfortável, e Kaito parecia aproveitar aquele momento de vulnerabilidade.
— Ah… não, eu não acho que a conheço, senhor — Ayumi respondeu, com um sorriso tímido, tentando não mostrar o nervosismo que estava sentindo.
Renji olhou para ela, e seus olhos brilharam com algo entre arrependimento e culpa. Mas ele não disse nada. Ele apenas se afastou lentamente, acompanhando Kaito, que, por sua vez, parecia mais interessado em seguir com os negócios do que em realmente se importar com a presença de Ayumi.
O café ficou em silêncio por um momento, e Ayumi permaneceu ali, sentada, tentando processar o que acabara de acontecer. Algo estava acontecendo ali, algo que ela não compreendia completamente. O que era aquela conexão com Renji? Por que ele parecia tão distante e, ao mesmo tempo, tão próximo?
Enquanto ela pagava a conta, ainda sentia o peso da presença de Kaito e Renji em seu coração. Renji, o homem enigmático que havia cruzado seu caminho por pura casualidade, estava agora mais distante do que nunca. E Kaito, com seus olhos calculistas, parecia saber algo que ela não sabia.
Ela precisava descobrir mais. Mais sobre ele, mais sobre o que estava acontecendo entre eles, mais sobre os laços e mentiras que estavam se formando, sem que ela tivesse qualquer controle sobre isso.
O que Ayumi não sabia era que aquele encontro era apenas o começo. A vida dela, até então simples e tranquila, estava prestes a ser envolvida em uma teia de segredos, traições e desejos proibidos. E Renji Sakamoto, com seu olhar penetrante e misterioso, estava no centro de tudo isso.
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Atualizado até capítulo 53
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