O motor do barco rugia contra as ondas enquanto a noite caía, tingindo o céu de tons profundos de azul e violeta. Ayumi mantinha Renji apoiado em seu colo, o calor do corpo dele espalhando-se pelo seu. Cada respiração dele era um lembrete frágil de que ainda estavam vivos — juntos, mas machucados.
O pescador, um homem de poucas palavras, conduzia o barco para uma ilha pequena e esquecida do mapa, onde poderiam se esconder por um tempo. O cheiro de sal e madeira molhada impregnava o ar. O vento soprava, frio e cortante, mas Ayumi mal sentia. Tudo o que importava era Renji.
Quando finalmente chegaram, Kaori ajudou Ayumi a carregar Renji até uma pequena cabana abandonada à beira da praia. O lugar era rústico, de madeira velha e com uma cama improvisada no canto.
Renji gemeu baixinho quando Ayumi o deitou cuidadosamente no colchão duro.
— Vou buscar água — disse Kaori, deixando-os a sós.
Ayumi molhou um pano e começou a limpar o sangue seco do peito dele. Seus dedos tremiam. Cada cicatriz, cada marca em Renji contava uma história de dor — e agora, fazia parte da história dela também.
Quando tocou seu rosto, Renji abriu os olhos devagar.
— Ayumi... — murmurou, a voz rouca, carregada de dor e ternura.
Ela sorriu, mesmo com as lágrimas ameaçando cair.
— Você precisa descansar.
Mas Renji ergueu a mão e tocou a dela.
— Eu preciso de você.
O calor daquele simples toque incendiou algo dentro dela — algo que estivera adormecido em meio ao medo e à fuga.
Ayumi deslizou a mão pela bochecha dele, traçando as linhas de seu rosto magro, marcado pelo cansaço. Sentiu o peito apertar.
— Estou aqui — sussurrou ela.
Renji puxou-a com suavidade, e Ayumi se deitou ao lado dele, os corpos se tocando, compartilhando calor.
Os olhos dele encontraram os dela, intensos, cheios de promessas não ditas.
Ayumi hesitou apenas um instante antes de se inclinar e beijá-lo.
O beijo começou terno, frágil, como se temessem quebrar um ao outro. Mas rapidamente, a necessidade — alimentada pelo medo, pela perda, pela ânsia de estar vivo — tomou conta.
Renji a segurou com mais força, puxando-a para mais perto. Ayumi sentiu o corpo dele, quente e forte apesar dos ferimentos, moldar-se ao dela.
Ela deslizou os dedos pelo peito dele, sentindo o coração disparado sob sua pele. O desejo pulsava entre eles, urgente e incontrolável.
Renji gemeu baixinho contra a boca dela, e Ayumi sentiu cada som vibrar através de seu próprio corpo.
Seus beijos desceram pelo pescoço dela, leves como plumas, mas carregados de intenção.
— Eu pensei que ia te perder — murmurou ele contra sua pele.
— Nunca mais — respondeu ela, sem fôlego.
Suas mãos exploravam um ao outro com reverência, como se tentassem memorizar cada centímetro de pele. Cada toque, cada carícia, era uma promessa silenciosa de que, não importava o que viesse, estariam juntos.
Ayumi deixou escapar um suspiro quando Renji a puxou para cima de si, apesar da dor evidente. Ele a olhava como se ela fosse a única coisa certa em um mundo feito de caos e mentiras.
Sob o teto gasto daquela cabana esquecida, com o mar rugindo lá fora e as estrelas como únicas testemunhas, eles se entregaram um ao outro.
Foi intenso.
Foi cru.
Foi real.
**
Horas depois, Ayumi acordou com o som da madeira estalando. O fogo que Kaori havia feito na pequena lareira quase se apagava.
Renji dormia ao seu lado, a expressão finalmente tranquila.
Ela deslizou para fora da cama com cuidado e foi até a porta da cabana. O vento da noite acariciou sua pele nua sob a manta fina. Lá fora, Kaori vigiava, silenciosa, sentada numa pedra.
Ayumi se sentou ao lado dela, abraçando os joelhos.
— Ele vai ficar bem? — perguntou Kaori em voz baixa.
Ayumi olhou para as estrelas.
— Eu não sei. Mas ele é forte.
Kaori soltou um suspiro cansado.
— A guerra ainda não acabou, Ayumi. Kaito não vai esquecer.
Ayumi fechou os olhos.
Sabia disso.
Sabia que aquela noite de paixão roubada era apenas um breve refúgio antes da tempestade.
Mas por agora... por agora ela queria acreditar que era o suficiente.
**
De volta à cidade, Kaito acordava em um leito de hospital, o ombro latejando. Seu rosto, deformado pela raiva, iluminava-se de ódio.
— Encontrem eles — sibilou para seus homens. — E desta vez... matem.
**
No horizonte, nuvens pesadas começavam a se formar, prenunciando uma nova tempestade.
Mas Ayumi, deitada ao lado de Renji, o corpo ainda aquecido pelo toque dele, sabia que enfrentaria qualquer coisa.
Por ele.
Por eles.
Mesmo entre laços.
Mesmo entre mentiras.
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Atualizado até capítulo 53
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