A neve começava a cair levemente sobre Tóquio quando Ayumi saiu do café. As palavras de Renji ecoavam em sua mente, misturando-se ao frio que cortava sua pele. Ela caminhava sem destino, tentando processar tudo: a responsabilidade dele, os segredos não revelados, a tensão no ar. Cada passo parecia pesar toneladas, como se a cidade ao seu redor estivesse se fechando.
Mas, no fundo, algo queimava dentro dela — uma chama de desafio. Ayumi não era o tipo de pessoa que fugia diante do desconhecido. Se havia uma história que Renji temia contar, ela precisava ouvi-la. Não era apenas sobre ele agora, era sobre ela também, sobre sua coragem de enfrentar o que viesse.
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Enquanto isso, do outro lado da cidade, Kaito observava tudo em silêncio.
De seu escritório luxuoso no alto de um arranha-céu, ele fitava a movimentação da cidade com olhos frios e calculistas. Em sua mão, girava um copo de uísque, mas sua mente estava a mil.
— Então, finalmente se encontrou com ela de novo, Renji... — murmurou, quase para si mesmo.
Kaito conhecia os segredos da família Sakamoto melhor do que ninguém. E sabia exatamente como usá-los contra Renji. Ele estava apenas esperando o momento certo — e Ayumi era a chave para isso. Seu sorriso se alargou lentamente, predador.
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No dia seguinte, Ayumi decidiu seguir em frente. Resolveu procurar Yumi, sua melhor amiga desde a infância, alguém em quem confiava de olhos fechados. Yumi, sempre prática e direta, talvez conseguisse ajudá-la a ver com mais clareza.
Encontraram-se em uma pequena cafeteria escondida em uma viela tranquila, longe da agitação habitual. Ayumi contou tudo — ou quase tudo — e esperou a reação da amiga.
— Ayumi, você está ouvindo o que está dizendo? — Yumi exclamou, arregalando os olhos. — Esse cara... Ele tem problemas sérios! E você está entrando de cabeça sem nem saber o que ele está escondendo!
Ayumi apertou a xícara entre as mãos, o calor reconfortante contrastando com a ansiedade em seu peito.
— Eu sei, Yumi. Mas eu… eu sinto que preciso entender. É como se estivesse conectada a ele de um jeito que não sei explicar.
Yumi a olhou com uma mistura de preocupação e ternura.
— Coração é burro, Ayumi. Cuidado pra ele não te levar para um lugar de onde você não consiga sair depois.
Antes que Ayumi pudesse responder, seu telefone vibrou. Uma nova mensagem.
Número desconhecido:
"Quer saber a verdade sobre Renji Sakamoto? Encontre-me esta noite, às 22h. Parque Aoyama. Venha sozinha."
Ayumi sentiu um arrepio na espinha. Mostrou o celular para Yumi, que imediatamente franziu a testa.
— Isso parece uma armadilha, Ayumi. Nem pense em ir sozinha!
Ayumi mordeu o lábio. Tudo dentro dela gritava que aquilo era perigoso. Mas e se fosse sua única chance de descobrir o que Renji estava escondendo?
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Às 22h em ponto, Ayumi estava no Parque Aoyama. O frio cortante da noite fazia suas mãos tremerem, mas ela manteve a postura firme. As árvores altas lançavam sombras ameaçadoras sob a luz fraca dos postes. Cada passo soava alto demais no silêncio.
— Você veio — disse uma voz masculina atrás dela.
Ayumi se virou rapidamente. Era um homem elegante, vestindo um sobretudo preto, parcialmente escondido pelas sombras. Mesmo sem vê-lo completamente, algo nele a fez se arrepiar.
— Quem é você? — ela perguntou.
O homem deu um passo à frente, revelando um rosto que ela reconheceria em qualquer lugar: era Kaito.
— Meu nome é Kaito. E eu sou… alguém que já sofreu muito nas mãos da família Sakamoto — disse, com um sorriso torto. — Vim te alertar, Ayumi. Você precisa se afastar de Renji antes que seja tarde demais.
Ayumi manteve o olhar firme, apesar do medo que começava a crescer dentro dela.
— Por que eu deveria confiar em você? — ela rebateu.
Kaito riu baixo.
— Não deve. Mas confie nas provas que eu tenho. Renji não é quem você pensa. Ele é responsável por muito mais dor e destruição do que você pode imaginar.
Ele tirou do bolso um envelope e estendeu para ela.
— Aqui está tudo o que você precisa saber. Leia e decida sozinha.
Ayumi hesitou, mas pegou o envelope. Seus dedos tremiam. O medo de descobrir algo horrível sobre Renji a corroía por dentro.
— Qual é o seu interesse nisso? — ela perguntou, desconfiada.
Kaito deu de ombros, com um sorriso frio.
— Digamos que é uma velha vingança pessoal. E… talvez um pouco de proteção para você. Não é todo dia que se encontra uma garota tão tola e corajosa como você.
Sem dar chance para mais perguntas, ele desapareceu na escuridão, deixando Ayumi sozinha com o envelope pesado em suas mãos.
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De volta ao seu pequeno apartamento, Ayumi ficou olhando para o envelope sobre a mesa da cozinha como se ele fosse uma bomba prestes a explodir. Respirou fundo várias vezes antes de finalmente abri-lo.
Dentro, havia fotos. Muitas fotos.
Fotos de Renji em reuniões clandestinas, conversando com homens de aparência perigosa. Fotos de documentos assinados, contratos obscuros envolvendo a empresa da família Sakamoto com negócios ilegais. E, no meio de tudo, uma foto que gelou o sangue de Ayumi: Renji segurando uma mulher desacordada nos braços — a mesma mulher que, segundo a legenda escrita à mão no verso da foto, havia desaparecido semanas depois sem deixar vestígios.
Ayumi caiu sentada, sentindo o mundo girar ao seu redor.
Não podia ser. Não queria acreditar.
As lágrimas começaram a brotar em seus olhos. Como Renji poderia ter feito parte de algo tão sombrio? Tudo dentro dela gritava que havia uma explicação, que aquilo era uma armação, mas as provas estavam bem diante de seus olhos.
Ainda assim, uma pequena voz dentro dela insistia: Confronte-o. Ouça-o antes de decidir.
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No dia seguinte, Ayumi mandou uma mensagem para Renji.
Ayumi: "Precisamos conversar. Urgente."
A resposta veio quase imediatamente.
Renji: "Claro. Onde você quiser."
Ayumi respirou fundo. O próximo encontro entre eles não seria como os anteriores. Ela não seria a garota encantada que mal conhecia o mundo dele.
Desta vez, ela seria a mulher que exigiria a verdade.
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E assim, entre a dor e a dúvida, Ayumi se preparava para enfrentar Renji de verdade — sem ilusões, sem medo.
Mas mal sabia ela que, enquanto se aproximava da verdade, Kaito e seus aliados já planejavam o próximo passo para destruir Renji de uma vez por todas — usando Ayumi como peça principal no jogo cruel que estava apenas começando.
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Atualizado até capítulo 53
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