capítulo 9

Capítulo 9: O Jogo das Sombras

Simone correu pelas ruas vazias, cada passo reverberando na noite silenciosa. O medo a impulsionava, mas algo dentro dela, talvez uma necessidade de entender o que estava acontecendo, a fazia não parar. Ela sentia que algo estava errado, e ainda assim, se sentia impotente para mudar qualquer coisa. A presença de Diego parecia ser a única constante nesse pesadelo, e quanto mais ele a afastava, mais ela sentia que estava sendo puxada para dentro de algo maior.

O som de um motor chegou aos seus ouvidos, interrompendo seus pensamentos. Ela olhou para trás, e um carro escuro se aproximava, mas ao ver quem estava dirigindo, seu estômago se revirou. Era Diego.

Mas ele não parecia normal.

O carro parou com um rangido dos pneus, e a porta do motorista se abriu com uma violência que quase a fez dar um passo para trás. Diego estava lá, mas não parecia ser o mesmo homem de antes. Seu rosto estava pálido, suado, e havia manchas de sangue em sua camisa. Ele parecia ter levado uma surra, seus movimentos, normalmente firmes e controlados, estavam vacilantes, como se estivesse lutando contra uma dor intensa.

"Simone", ele disse com a voz rouca, como se cada palavra fosse um esforço. "Você precisa entrar agora. Rafael está perto... Não temos muito tempo."

Simone hesitou, mas a urgência em seus olhos a fez tomar uma decisão impulsiva. Ela entrou no carro, e Diego acelerou imediatamente, a pressão do cinto de segurança contra seu corpo enquanto o carro rugia pela rua deserta.

"O que aconteceu com você?" Simone perguntou, a voz tensa. Ela olhou para ele, vendo o sangue em sua camisa e as marcas de dor em seu rosto. Era claro que ele estava ferido, mas ainda assim, sua expressão estava dura, como se estivesse tentando esconder o quanto a dor estava o consumindo.

"Rafael... ele mandou seus homens", Diego respondeu com uma voz baixa e abafada, ainda focado na estrada. "Eu... fui pego de surpresa. Mas não vou deixá-lo ganhar. Eu vou te proteger."

Simone olhou para ele, observando o sofrimento estampado em seu rosto. Mas, por mais que a raiva e a dor se misturassem nele, havia algo mais. Algo que ela não conseguia explicar, mas que a fazia sentir que ele estava sendo sincero. No entanto, as palavras dele não a tranquilizavam. O que ele estava escondendo?

"O que Rafael quer?" Simone perguntou, sua voz tensa. Ela não entendia, não sabia se estava sendo usada ou se realmente Diego estava tentando protegê-la.

Diego olhou para ela brevemente, os olhos cansados, mas ainda com uma chama de determinação. "Ele... ele quer destruir tudo, Simone. Mas você é a chave para ele. Você tem algo que ele precisa. Algo que só você pode... revelar."

A tensão crescia entre eles, e Simone sentiu o peso das palavras dele. Ela sabia que estava no centro de algo muito maior, mas o que exatamente? E por que Diego, de todas as pessoas, estava agora tão envolvido nisso?

Eles estavam se aproximando de um lugar seguro, segundo Diego, mas Simone sabia que a segurança era relativa. Nada estava garantido.

"Você vai me contar tudo, Diego", Simone disse com firmeza, olhando para ele com olhos que não se contentavam com meias verdades. "Eu mereço saber o que está acontecendo, o que você esconde. Tudo isso... já me envolve de um jeito que eu não posso mais negar."

Ele não respondeu imediatamente, mas seu olhar, cheio de dor e pesar, disse tudo. Ele estava tentando encontrar as palavras certas, mas nada parecia suficientemente bom para explicar o que ele sabia. O carro continuava a ser conduzido pelas ruas, mas Simone sentia que, a cada minuto que passava, as respostas ficavam mais distantes.

Finalmente, ele falou, com a voz quase inaudível, como se cada palavra fosse um peso. "Rafael... Ele está atrás de algo que ele acha que você tem. Algo que pode destruir a minha família, Simone. Algo que envolve seu passado... e o meu."

Simone franziu a testa. "O que meu passado tem a ver com isso?"

Ele não respondeu imediatamente, e o silêncio entre eles parecia pesar ainda mais. Até que, de repente, o carro deu um solavanco, quase fazendo Simone se perder em seus pensamentos. Ela olhou para Diego, que estava visivelmente mais fraco agora, sua respiração mais pesada. O sangue em sua camisa parecia se espalhar mais, e ele não parecia estar em condições de continuar dirigindo por muito mais tempo.

"Diego... você precisa parar", Simone disse, alarmada, olhando ao redor, percebendo que ele estava se forçando a ir mais rápido do que deveria. "Nós precisamos parar e cuidar de você."

Ele ignorou as palavras dela, mas, ao ver o sangue escorrendo pelo seu pescoço e as mãos trêmulas no volante, sabia que estava perdendo o controle.

Com dificuldade, ele parou o carro em um beco escuro, o motor desligando com um estalo. Diego se inclinou para frente, os olhos fechados por um instante enquanto tentava se recompor. Quando os abriu, Simone viu algo nos seus olhos — algo que ela não queria ver.

"Eu... não posso deixá-lo ganhar, Simone. Não vou permitir."

Simone olhou para ele, sua raiva e dor misturando-se com um medo profundo. "Diego, por favor... você precisa se cuidar."

Mas ele a ignorou novamente, sua voz fria e distante. "Eu sei o que está em jogo. E você... você vai ser a chave para impedir tudo isso."

Simone sentiu o peso das palavras dele caindo sobre seus ombros. Ela não sabia como se proteger, não sabia o que fazer, mas uma coisa era clara: o jogo deles estava apenas começando, e as sombras do passado eram mais profundas e perigosas do que ela imaginava.

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