capítulo 4

Capítulo 4: O Labirinto de Mentiras

A mansão era imponente, cercada por um muro alto e com uma entrada que dava a sensação de estar adentrando um mundo paralelo, afastado da realidade. O portão pesado se fechou atrás do carro, e Simone sentiu o peso da decisão se abater sobre ela. Havia algo na grandiosidade do lugar que a fazia se sentir pequena, insignificante. O medo, agora, não era só da situação em si, mas do que ela começava a pressentir sobre Diego.

Ele saiu do carro sem dizer uma palavra, e Simone ficou alguns segundos sentada, encarando a mansão à sua frente. O desejo de correr, de fugir, se intensificava a cada segundo. Mas ela sabia que não poderia. Não mais.

Quando finalmente abriu a porta do carro e se levantou, Diego estava esperando por ela, com uma expressão de paciência que beirava o desdém. Ele não a olhou com desinteresse, mas como se ela fosse uma peça em seu jogo, uma peça que ele podia mover quando quisesse.

"Entre", ele disse, o tom agora mais suave, mas com um claro comando por trás de suas palavras.

Simone hesitou por um momento, mas não teve escolha. Se tentasse algo, sabia que não teria outra chance. Respirou fundo e seguiu Diego até a porta principal, que se abriu automaticamente diante deles.

O interior da mansão era ainda mais opulento do que ela imaginara. O hall de entrada, com seu piso de mármore polido e lustres de cristal que iluminavam suavemente a escuridão da noite, a fazia sentir-se fora de lugar. Cada detalhe do lugar parecia meticulosamente planejado para impressionar, para deslumbrar quem entrasse. Mas, ao invés disso, tudo o que Simone sentia era desconforto.

"Esta é minha casa", Diego disse, olhando para ela por cima do ombro. "Aqui, você estará segura... ou pelo menos, tão segura quanto alguém pode estar no meu mundo."

Simone não respondeu. A última coisa que queria era se envolver nas manipulações dele, mas cada palavra, cada movimento, a forçava a estar presente, a enfrentar o que vinha pela frente. O que ele queria dela? O que ele pensava que ela tinha a oferecer?

Eles caminharam pelo corredor até uma porta imensa, que se abriu sem necessidade de toque. Dentro, o ambiente era ainda mais sofisticado, mas havia algo no ar que era palpável: um silêncio pesado, como se o próprio lugar tivesse algo a esconder.

Diego se virou para ela, mantendo os olhos fixos nos seus. "Você vai ficar aqui por enquanto", disse, apontando para um sofá grande e confortável no centro da sala. "Mas não se engane, Simone. Aqui, você vai aprender o verdadeiro significado de poder. E, quando aprender, estará em minhas mãos."

Simone não acreditava no que estava ouvindo. Ele estava falando como se fosse algo inevitável, como se ela não tivesse escolha. E, de certa forma, ela sabia que estava certa. O que ele queria dela não era apenas um segredo. Era algo maior, mais perigoso. Algo que ela não podia entender ainda, mas que estava disposto a fazer ela descobrir, no tempo dele.

"Eu não vou me submeter a você", ela respondeu, tentando esconder o quão impotente se sentia.

Diego deu um passo em direção a ela, o sorriso agora um pouco mais amargo. "Você já está submetida, Simone. Não percebeu isso ainda? Não percebeu que, desde o momento em que você entrou nesse jogo, não há mais volta?"

Aquelas palavras a fizeram parar. Ele estava certo. Ela não tinha mais como escapar. Seu passado, seus erros, tudo o que ela tentava deixar para trás, agora estava de volta, mais próximo do que nunca. E, de alguma forma, ela sabia que Diego não era apenas uma ameaça. Ele era a chave para tudo o que ela havia escondido de si mesma.

"Você acha que me conhece, Diego?", Simone perguntou, mais para si mesma do que para ele. "Você não sabe nada sobre mim."

Ele se inclinou ligeiramente para frente, os olhos penetrantes. "Eu sei muito mais do que você imagina, Simone. E logo você vai descobrir o que eu sei. Porque, até o final, você vai perceber que não pode fugir de mim. Não pode fugir de quem você realmente é."

Simone sentiu um calafrio percorrer sua espinha. As palavras dele eram como um aviso, uma ameaça sutil que a fazia questionar tudo o que ela pensava saber sobre si mesma.

"Eu não sou o que você pensa", ela sussurrou, sem confiança em sua própria voz.

Diego se afastou lentamente, como se tivesse dito tudo o que precisava. "Não se preocupe, Simone. Você vai entender. Só espero que não seja tarde demais."

Ele virou-se e caminhou em direção a uma escada, deixando Simone sozinha, em um lugar que já não parecia seguro. Ela não sabia o que o futuro lhe reservava, mas sabia que, a partir daquele momento, nada mais seria igual. Ela estava presa em um labirinto de mentiras, com um homem que conhecia mais sobre ela do que ela mesma.

E, de algum modo, ela não conseguia afastar o pensamento de que, apesar do medo e da raiva, havia algo em Diego que a atraía. Algo sombrio e perigoso. Algo que, de uma maneira estranha, a fazia querer descobrir mais sobre ele.

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